• Nenhum resultado encontrado

PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE E TEMPO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR

No documento Lucas de Souza Silva (páginas 39-41)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE E TEMPO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR

Pneumonia adquirida na comunidade permanece uma causa significativa de internação hospitalar e morte. As taxas de mortalidade estabilizaram em 12% desde 1950, apesar dos avanços no conhecimento doença, melhorias na gestão de doenças infecciosas graves, a disponibilidade de cuidados intensivos, uso de potentes agentes antimicrobianos e vacinas eficazes (GARAU et al., 2008).

Considera-se a presença de pneumonia na vigência de sinais e sintomas congruentes com infecção de trato respiratório inferior associado a um novo infiltrado evidente em radiografia de tórax sem outra explicação para tal, sendo a PAC aquela em que o paciente é acometido fora do ambiente hospitalar ou que surge dentro das primeiras 48 horas da internação hospitalar (SCHWARTZMANN et al., 2010).

A incidência de PAC varia de 5 a 11 casos por 1.000 indivíduos/ano, sendo que essa incidência é variável levando-se em conta diferentes faixas etárias, uma vez que aquela é maior em crianças e idosos. É considerada uma doença com potencial de gravidade, sendo a principal causa de óbito entre as doenças infecciosas (JARDIM; PINHEIRO; OLIVEIRA, 2008).

O desenvolvimento de qualquer infecção, independentemente da localização no organismo, deve-se geralmente a uma das seguintes três circunstâncias: invasão do tecido ou órgão por um agente contra o qual o hospedeiro não possui imunidade; invasão por um inóculo bacteriano que supera os mecanismos de defesa do organismo; invasão por qualquer microrganismo em um hospedeiro que apresente mecanismos de defesa deficitários. Assim, os microrganismos podem chegar ao parênquima pulmonar a partir da aspiração de secreções provenientes da orofaringe, inalação de aerossóis, disseminação hematogênica a partir de foco à distância, disseminação por contiguidade ou reativação local (JARDIM; PINHEIRO; OLIVEIRA, 2008).

Há uma variação na incidência dos patógenos envolvidos na etiologia das PAC, dependendo da procedência do paciente, de suas comorbidades associadas e de sua idade, no entanto, o germe mais comumente identificado é o S. pneumoniae, seguido por M. pneumoniae, vírus respiratórios (influenza A e B, parainfluenza e adenovirus) e H. influenzae. Em pacientes idosos, ou com doenças crônicas, fatores associados com PAC grave, identifica-se também os patógenos S. aureus, bacilos gram negativos e Legionella sp. (PIASTRELLI et al., 2009; SCHWARTZMANN et al., 2010).

O diagnóstico de pneumonia se dá pela presença de sintomas agudos de doença do trato respiratório inferior, a exemplo de expectoração, dispneia associada ou não a dor torácica, achados focais ao exame físico como redução localizada do murmúrio vesicular, aumento de frêmito tóraco-vocal, macicez à percussão, pectorilóquia afônica, presença de pelo menos um achado sistêmico (confusão mental, cefaleia, sudorese, calafrios, mialgia e febre), e presença de infiltrado radiológico previamente ausente. Deve-se considerar que em idosos os sinais e sintomas típicos podem estar ausentes, sendo que a pneumonia manifestar-se-á apenas por alteração da capacidade funcional, confusão mental e descompensação de doença crônica que se apresentava estável anteriormente, a exemplo de DPOC ou Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) (SCHWARTZMANN et al., 2010).

O critério CURB-65, desenvolvido pela British Thoracic Society, busca identificar pacientes com PAC grave e que requerem obrigatoriamente tratamento hospitalar. Pela facilidade de sua aplicação, sua utilização tem crescido no meio médico (SCHWARTZMANN et al., 2010). Utiliza-se das seguintes variáveis: presença de confusão mental (C); ureia plasmática acima de 50 mg/dL (U); frequência respiratória maior ou igual a 30 inspirações por minuto (R); pressão arterial (PA) sistólica abaixo de 90 mmHg ou diastólica menor ou igual a 60 mmHg; idade maior que 65 anos (JARDIM; PINHEIRO; OLIVEIRA, 2008). A cada critério preenchido, atribui-se um ponto, de modo que o escore varia de 0 a 5 pontos. De acordo com consenso da American Thoracic Society e Infectious Disease Society of America, pacientes que apresentam escore de zero ou um ponto podem ser tratados no domicílio, os demais requerendo internação hospitalar (JARDIM; PINHEIRO; OLIVEIRA, 2008).

Pneumonia é a doença infecciosa com os maiores custos de saúde (CARRETERO GRACIA et al., 1999; MONGE; SAN-MARTIN; GONZALEZ, 2001; SAGINUR, 2001; VILA-CORCOLES et al., 2009), e somado ao fato de que aproximadamente um terço de todos os pacientes com PAC são tratados no hospital, os custos resultantes constituem uma parte significativa dos custos diretos de doenças infecciosas (FINE et al., 2000; GUEST; MORRIS, 1997; NIEDERMAN et al., 1998). O mais importante componente desses custos é o tempo de permanência em hospital e as estimativas indicam que esses custos são mais elevados do que dos testes para diagnósticos e os subsequentes tratamentos antimicrobianos administrados (FINE et al., 2000).

Existe uma variabilidade considerável no LOS entre hospitais ao redor do mundo. Os diferentes relatos são discordantes e dependem dos

tipos de hospitais em que os diferentes estudos foram conduzidos (HARPER et al., 1997; LAVE et al., 1996). As diferenças podem refletir variações nas preferências na prática clínica, características hospitalares e características do paciente (MENÉNDEZ et al., 2003). Nos últimos anos, o LOS teve um decréscimo de nove para seis dias nos casos de PAC no mundo (METERSKY et al., 2000; RHEW et al., 2001), como resultado de várias estratégias e diretrizes práticas propostas a fim de reduzirem com segurança o número de dias de internação (WEINGARTEN et al., 1996).

O LOS é influenciado por vários fatores clínicos, como a comorbidade associada ao índice de gravidade da pneumonia (PSI) e a presença de complicações clínicas. Esses fatores foram avaliados em diferentes trabalhos (FINE et al., 2000; MCCORMICK et al., 1999; MENÉNDEZ et al., 2001; SIEGEL, 2000), mas ainda não houve uma identificação clara das variáveis que determinam o LOS usando métodos eficientes (MENÉNDEZ et al., 2003). Menéndez et al., (2003) também ressalta que, tampouco, houve estudos sobre as possíveis diferenças no LOS entre pacientes internados em hospital com diferentes graus de gravidade da doença.

2.3 FEATURE ENGINEERING (ENGENHARIA DE RECURSOS)

No documento Lucas de Souza Silva (páginas 39-41)