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Política de Segurança Alimentar

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Keywords: ITR (Rural Territorial Taxation); Index for Collection of ITR; Tax Equity; Agrarian Reformation.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.2 Política de Segurança Alimentar

Segundo Silva (2006), o volume da produção de alimentos não constitui a principal questão da política de segurança alimentar, e sim o controle da produção e da distribuição que condiciona o acesso e a destinação daquilo que é produzido, inclusive esta era uma posição defendida por Castro (1984), entre outros pensadores, em sua batalha contra a fome.

A discussão sobre segurança alimentar cresce num contexto em que, de um lado, a capacidade e os recursos técnicos são avançados para produzir alimentos, por outro lado, o acesso efetivo aos alimentos é fortemente desigual, seja no que se refere a diferentes áreas do mundo, ou aos diversos segmentos populacionais de uma mesma área geográfica. Esta discussão ocupa a cada dia um maior espaço nas agendas públicas nacionais e internacionais, a partir das demandas promovidas por entidades da sociedade civil em muitos países.

A formulação da agenda de discussão e a construção de instrumentos para que ocorram ações de combate ao problema alimentar só vem sendo possível no Brasil em razão da força que as entidades do movimento social conseguem demonstrar e, por consequência, conquista espaços de interferência junto ao governo.

Dentro de um padrão de desenvolvimento socioeconômico cujo centro é a área urbana, avança nas diferentes sociedades o debate e as experiências de revalorização do mundo rural. As possibilidades de transformação qualitativa do meio rural passam necessariamente pela promoção da unidade familiar de produção para sustentação do modo de vida no campo. Segundo Silva (2006), o desenvolvimento das potencialidades da agricultura familiar é a alternativa mais adequada para promover as condições de vida no campo e garantir a segurança alimentar para o conjunto da população.

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Segundo Reis (2006), o movimento social pela segurança alimentar e nutricional no Brasil chegou a uma definição13 que veio a se tornar de uso bastante difundido. Essa definição foi, originalmente, formulada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional - SAN - em 2003, tendo sido referendada na II Conferência Nacional de SAN realizada em Olinda/PE, em 2004.

Segundo o Programa Fome Zero – Brasil (2003), a Segurança Alimentar e Nutricional é a garantia a todos ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais ao sistema alimentar futuro, devendo ser realizada em bases sustentáveis. É responsabilidade dos Estados Nacionais assegurarem este direito e devem fazê-lo em obrigatória articulação com a sociedade civil, cada parte cumprindo com suas atribuições.

A regulamentação do CONSEA – Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional –, inserido no Programa Fome Zero, propõe diretrizes da Política Nacional de Segurança Alimentar e Combate à Fome, fundamentadas na construção participativa de políticas públicas voltadas ao problema, com mobilização do Governo e da sociedade civil organizada, pautadas em ações e políticas estruturais e específicas, tendo como objetivo maior resolver o problema da fome no Brasil.

Importante destacar que projetos de incentivo à produção, distribuição e comercialização de derivados da caprinocultura foram criados pelos governos municipal, estadual e federal, com o apoio da sociedade civil, através dos movimentos das associações de criadores de caprinos da Região do Cariri. Porém, só a partir da iniciativa do CONSEA (Conselho Estadual de Segurança Alimentar) em incluir o leite de cabra no Programa do Leite da Paraíba, que atua de acordo e com recursos do Programa do Leite do governo federal foi que a produção do leite de cabra desenvolveu-se.

O fortalecimento de modelos de produção sustentável, para esta atividade agropecuária, através de todas as questões discutidas, bem como a agregação de valor às matérias-primas nas próprias regiões de produção, dentro do contexto de políticas de segurança alimentar, proporciona sustentação às cidades do interior,

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Segurança alimentar e nutricional é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis.

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influenciando de forma significativa o grande desafio da sociedade nordestina. Essa é a garantia de seu desenvolvimento, o qual vincula-se a um modelo justo de cidadania tendo a Segurança Alimentar e Nutricional como um dos seus pilares.

O desenvolvimento do criatório caprino no Nordeste, em especial na região do Cariri paraibano, com visão empresarial, tecnologia e crédito, resulta tanto no aumento da oferta quantitativa e qualitativa de carne, pele e leite, produtos com demanda crescente, quanto na geração de grande número de empregos no campo, com o efeito de reduzir o fluxo migratório campo-cidade.

Com a política pública de fortalecimento da agricultura familiar nos últimos anos pelo governo federal, passaram a entrar em cena os trabalhos das organizações não governamentais e instituições públicas e privadas de assessorias a esse público. Segundo MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário (2007), as unidades familiares representam 85% do total de estabelecimentos rurais e é responsável por 60% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros e pela matéria-prima para muitas indústrias.

Pesquisa realizada por Cavalcanti (2007) revela que a atividade da caprinocultura no Cariri paraibano é exercida, em sua maioria, por agricultores familiares, tendo em vista que 81,69% da mão-de-obra utilizada são da família dos próprios produtores, e 18,31% da atividade são de mão-de-obra contratada, contribuindo para geração de emprego e desenvolvimento da região.

Segundo Menezes (2006), diretor do Instituto Brasileiro de Análises Socioeconômicas (IBASE) e presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar) pode ser um importante instrumento na alimentação escolar, como está sendo para a região do Cariri, na Paraíba, no sentido de promover uma forte conexão da produção do leite de cabra com o fornecimento desse leite para a merenda escolar, razão pela o qual CONSEA vem fazendo esforços no sentido de emitir resoluções na direção de garantir mais recursos para o PAA.

Cordeiro (2008) diz que a atividade de criação de cabras está ligada ao homem desde o início da civilização e foi importante para ajudar na fixação dos primeiros núcleos de assentamentos, fornecendo leite, carne e pele. Para a civilização ocidental, a criação de cabras foi importante como fator de sobrevivência nos inícios de assentamentos, e no Brasil não foi diferente, com os primeiros colonos portugueses trazendo caprinos logo no início da colonização, e com isto

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deixando em nosso país uma importante fonte de suprimentos, principalmente naquelas áreas mais inóspitas quanto ao clima.

O consumo de carne e do leite de cabra na região nordestina é muito antigo. Josué de Castro, médico, escritor, político, professor e cientista social, pioneiro em pautar os problemas da forme no mundo e sugerir o combate à fome através da distribuição de renda e do respeito aos limites da natureza, quando escreveu o livro “Geografia da Fome”, já destacava o consumo do leite e carne caprina na dieta básica do sertanejo (CASTRO, 1984).

Relativo a caprinocultura leiteira, muitos estudos mostram dados sobre o rendimento e a composição do leite. A expansão da caprinocultura leiteira, com a viabilização de produtos de qualidade, poderá resultar em um aumento do nível de aceitabilidade, com consequente ampliação da agroindústria regional, contribuindo, desta forma, para a melhoria do nível de vida e fixação do homem ao meio rural e, sobretudo, influenciando positivamente na segurança alimentar e nutricional da população.

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