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CAPITULO 3 PROJOVEM – PROGRAMA NACIONAL DE INCLUSÃO DE JOVENS

3.9 Política Municipal de Esporte e Lazer Programa Círculos Populares de

A qualificação profissional inicial do arco de esporte e lazer foi desenvolvida seguindo as orientações administrativas da Coordenação Municipal do Projovem e as ações formativas seguem orientações pedagógicas através dos pressupostos do Projovem e dos fundamentos do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer, programa estruturante da Política Municipal de esporte e lazer sob coordenação do Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães/Prefeitura do Recife.

O Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães é uma Autarquia Municipal criada pela Lei 10.275/70, cujas atribuições eram: “(...) promover o desenvolvimento das atividades esportivas - amadorísticas e culturais da Cidade do Recife (...)”. Em 2005 foi realizada uma reforma administrativa, através da Lei 17.108/2005, que ampliou as atribuições do referido órgão, passando a vinculá-lo à Secretaria de Educação, Esporte e Lazer.

Segundo Documento (GEGM, 2005), a Autarquia Geraldão tornou-se o órgão responsável pela coordenação da Política Municipal de Esporte e Lazer, suas atribuições foram ampliadas, visando aumentar sua capacidade de oferecer serviços à população que viessem garantir o acesso ao Esporte e Lazer como Direito Social de crianças, jovens, adultos e idosos.

Para tanto, uma das diretrizes principais da nova gestão do Geraldão foi aperfeiçoar a gestão da autarquia e convalidar o programa estruturador da Política Municipal de Esporte e Lazer, os Círculos Populares de Esporte e Lazer, que teve

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A Fundação Darcy Ribeiro atua no processo de formação continuada dos profissionais do ProJovem, através de uma formação específica de 160 horas, antes do início das atividades formativas do programa. E ao longo do Projeto Piloto desenvolveu a formação continuada dos profissionais, ao longo dos doze meses com uma carga horária de 12 horas mensais. Na nova estrutura, os profissionais do Projovem estão inseridos em um curso de especialização em Política de juventude sob responsabilidade do Núcleo de Política Educacional, Planejamento e Gestão da Educação, Centro de Educação/ UFPE. www.fundar.org.br/projovem_educadores

início em 2001, na então Diretoria Geral de Esportes da Secretaria de Turismo e Esporte, migrando em 2005 para ser coordenada pelo órgão em destaque.

A proposta norteadora do Programa círculos populares de esporte e lazer tem como fundamento que a educação não-formal deve ser entendida para além do entretenimento e da ocupação do tempo ocioso das pessoas com práticas espontaneístas. Para Silva e Silva (2003, p. 21-22),

É importante considerar que o lazer é um conjunto de práticas sociais desenvolvidas no tempo liberado das obrigações de sobrevivências, políticas e religiosas, em sua multiplicidade de formas – culturais, artísticas, recreativas e esportivas, entendemos que no seu exercício crítico, este deve ser compreendido para além da sua função, reprodutora e de recuperação psicossomática.

Na perspectiva da transformação social, considera-se que a educação é “(...) mediadora de um contexto social determinado, ela relaciona-se com o seu tempo e não pode deixar de refleti-lo. Ela sempre está a serviço dos interesses de classe e de certo projeto histórico de sociedade” (Idem, p. 23).

Os princípios que orientam a organização do trabalho pedagógico segundo Silva e Silva (2004, p. 33-42) são os seguintes:

QUADRO 7 – Princípios da organização do Trabalho Pedagógico

TRABALHO SOCIALMENTE ÚTIL

O propõe o entendimento de que toda educação que está ligada a uma perspectiva emancipatória deve se dar através do trabalho como princípio educativo, esta deve ter como elemento integrador com a realidade social o trabalho socialmente útil, que se organiza a partir da satisfação das “(...) necessidades humanas, seja qual for à natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia” (MARX, 2002, p. 57).

DESENVOLVIMENTO DA CULTURA POPULAR

A cultura popular é aquela que, ao lado da chamada cultura erudita, transmitida na escola e sancionada pelas instituições, “(...) é criada pelo povo e articula uma concepção do mundo e da vida em contraposição aos esquemas oficiais”. Na verdade, ela é resultado de uma apropriação desigual do capital cultural e realiza “(...) uma elaboração específica das suas condições de vida através de uma intenção conflitiva com os setores hegemônicos” (CANCLINE, 1983 apud SILVA; SILVA, 2004, p. 36). Portanto, (...) é ambígua e contraditória, tecida de ignorância e de saber, de atraso e de desejo de emancipação. A cultura popular é fundamentalmente, segundo Gramsci (2001), “(...) uma concepção desagregada, incoerente, inconseqüente (...)” em relação à posição social das multidões das quais ela é a filosofia: as classes populares. Na cultura popular podemos encontrar “(...) elementos dos homens das cavernas e princípios da ciência mais moderna e

progressista, preconceitos de todas as fases históricas passadas, estreitamente localistas e intuições de uma futura filosofia que será própria do gênero humano mundialmente unificado” (Idem, ibidem, p. 37).

ESTIMULO À AUTO-ORGANIZAÇÃO E TRABALHO COLETIVO

Materializa-se a partir do exercício do trabalho coletivo, que significa: “saber organizar e dirigir um grupo quando é necessário e também saber obedecer quando for preciso. Tal exercício pode se dar através da organização de grupos de dança, de música, equipes esportivas, grupos de ginástica e também da organização de eventos participativos, onde todos assumam responsabilidades no interior da estrutura de organização (a própria organização dos Círculos, que pressupõe a divisão de responsabilidades e tarefas)” (SILVA, K., 2005).

INTERGERACIONALIDADE

Princípio que aponta uma complexidade em virtude de que, na Prática Social dos sujeitos, em qualquer idade, se ter que conviver com três problemáticas principais: a necessidade do resgate da memória cultural; a necessidade do acesso ao moderno e a necessidade de se construir soluções coletivas. As duas primeiras temáticas dizem respeito ao princípio da contemporaneidade, que significa a inter-relação do tradicional e do moderno para a construção do novo. Sendo assim, é direito social das crianças, jovens, adultos e idosos, o acesso e o domínio desses elementos da contemporaneidade, aliado ao amadurecimento da construção coletiva” (SILVA; SILVA, p. 41-42).

MÉTODO DIDÁTICO

É como organizamos as condições para a realização do processo educativo, ou seja, como organizamos o trabalho pedagógico no sentido de garantir: “a formulação dos objetivos de ensino, a proposição de conteúdos, a utilização de métodos, formas de planejamento e avaliação, a relação entre educadores e educandos, a gestão do processo pedagógico”, tendo como finalidade a produção de conhecimentos sobre a realidade social

De acordo com o método, a Prática social é sempre o ponto de partida e o ponto de chegada, ou seja, a referência deste método didático, sendo comum a professores e alunos, considerando que estes se posicionam de maneiras diferentes como agentes sociais inseridos nesta prática: o professor, a princípio, com uma compreensão sintética da realidade, na medida em que já domina uma série de conhecimentos e experiências sobre a mesma (SILVA; SILVA, 2003).

O outro momento é o da Problematização, onde os problemas da realidade são evidenciados e as questões precisam de solução e devem ser consideradas em relação à prática social, sendo identificados os conhecimentos que serão necessários para resolvê-los.

A instrumentalização é onde os conhecimentos produzidos e preservados historicamente são objetos de apropriação, seja pela transmissão direta ou pela indicação de meios de investigação. Trata-se da aquisição de ferramentas culturais necessárias à transformação social no sentido da emancipação humana, a

expressão elaborada da nova forma de entendimento da prática social que ascendeu a partir da problematização e instrumentalização.

O momento da Catarse é o momento da criatividade, onde se efetiva a incorporação dos instrumentos culturais em elementos ativos de transformação social e o retorno do pensamento à Prática social seria o quinto momento. Ou seja, é a construção do conhecimento sintético sobre a realidade, reduzindo-se a precariedade da parcela de síntese existente anteriormente, transformando-a em algo mais rico e orgânico (SILVA; SILVA, 2004, p. 44-46).

CAPITULO 4 JUVENTUDE: ESCOLARIZAÇÃO, QUALIFICAÇÃO INICIAL E