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Política Nacional de Resíduos Sólidos

No documento MARIA CAROLINA ACIOLI DE MELO (páginas 30-33)

Em razão da corrente preocupação ambiental, e a ausência de uma política de educação ambiental mais eficiente, foi publicada em 02 de agosto de 2010, a Lei nº 12.305/10, regulamentada pelo Decreto nº 7.404 de 23 de dezembro de 2010, a qual trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e através dela, o legislador ordinário normatizou e definiu os princípios, as ações e os objetivos para a gestão dos resíduos sólidos no Brasil, envolvendo e atribuindo responsabilidades a todos os agentes compositores da cadeia produtiva. A referida lei é ampla, tratando em seu bojo de todos os tipos de resíduos sólidos. Contudo, apenas o conteúdo aplicável ao óleo de cozinha usado, o qual é considerado um resíduo sólido, comporá o objeto da nossa preocupação científica.

A formulação de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), assim compreendida com a superveniência da Lei Federal nº 12.305/2010, representou um marco da consciência e preservação ambiental, na medida em que disciplina a destinação e a disposição de produtos descartados pelos consumidores, e atribui o cuidado com seu retorno aos próprios fabricantes, ampliando e deslocando a atenção legal também para o desfecho do ciclo produtivo (COSTA; MACIEL, 2017).

Vê-se, também, que a PNRS vem com o intuito de manter relacionamento com os mais variados órgãos instituidores de políticas que protegem e conservam o meio ambiente, tais como Plano Nacional de Mudança de Clima (PNMC), de Recursos Hídricos (PNRH), de Saneamento Básico (PLANSAB) e de Produção e Consumo Sustentável (PPCS) e ainda apresentar conceitos e propostas que refletem a interface entre diversos setores da economia compatibilizando crescimento econômico e preservação ambiental com desenvolvimento sustentável, o alvo direto são os resíduos sólidos urbanos (RSU) exatamente para buscar

soluções para o descarte e reaproveitamento dentro de políticas sustentáveis (VENTURA, 2014).

Assim, a disciplina preponderante na PNRS é o compartilhamento de responsabilidades dentro da cadeia produtiva e de consumo, denotando preocupação acentuada também com a etapa de conclusão do ciclo produtivo e a sustentabilidade ambiental do sistema de produção e consumo, o que representa um avanço considerável (COSTA; MACIEL, 2017).

A legislação é inovadora, pois ao propor a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e a logística reversa de retorno de produtos, como também a prevenção, precaução, redução, reutilização e reciclagem de resíduos, metas de redução de disposição final de resíduos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos em aterros sanitários.

Em meio a essa disciplina, temos a regulamentação da logística reversa como um dos instrumentos para aplicação da inovadora responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, definida pela norma como um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (COSTA; MACIEL, 2017).

Entre os principais conceitos introduzidos na legislação ambiental em apreço, PNRS, estão a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, como abordada anteriormente, a logística reversa e o acordo setorial, os quais serão explanados, com riqueza de detalhes.

2.4.1 A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos

Um marco na propositura de preservação ambiental brasileira, a formulação de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), representa, claramente, um meio de combate à poluição por resíduos sólidos.

Ao disciplinar a destinação e a disposição final de produtos descartados pelos consumidores, atribuindo o seu retorno aos respectivos fabricantes, a norma ampliou seu universo de tutela e deslocou, pela primeira vez, a atenção para a problemática verificada no final ou ocaso do ciclo produtivo (COSTA; MACIEL, 2017).

O art. 30° e seu parágrafo instituem a responsabilidade compartilhada e demonstra seus objetivos com a seguinte redação, que é instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares de serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, consoante as atribuições e procedimentos previstos, tem como objetivo principal da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produto: compatibilizar interesses entre os agentes econômicos e sociais e os processos de gestão empresarial e mercadológica com os de gestão ambiental, desenvolvendo estratégias sustentáveis; promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para sua cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas; reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a poluição e os danos ambientais; incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e de maior sustentabilidade; estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis; propiciar que as atividades produtivas alcancem eficiência e sustentabilidade; incentivar as boas práticas de responsabilidade socioambiental. (BRASIL, 2012).

O ciclo estabelecido por este artigo acarreta uma associação entre o conceito biológico de ciclo de vida (nascimento, crescimento, maturidade e morte) com as etapas que abrangem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a destinação final dos resíduos gerados” (ARAÚJO; JURAS, 2011).

Segundo Giovanelli (2015) alude que a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é o conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos.

Mas, com isso, na verdade, o que se procura é que não há uma faceta meramente precaucional dos responsáveis, mas, principalmente, preventiva. E não se perder de vista que, em matéria de resíduos, uma atuação preventiva significa

adotar medidas anteriormente ao próprio surgimento destes (COSTA; MACIEL, 2017).

À medida que o setor empresarial é física e economicamente responsabilizado a dar a destinação ambientalmente adequada aos produtos que produz e coloca no mercado, promover-se-á, com isso, determinada influência a que venha a repensar todo o processo de produção de seus produtos, isto é, desde o seu início, com vistas à concepção de produtos menos intensivos em materiais e cujo uso não gere ou gere menos resíduos ou, ainda, permita o seu reuso, afinal, quanto menor a quantidade de resíduos sólidos gerados, menores serão os custos com a destinação final (COSTA; MACIEL, 2017).

O instrumento legislativo que ofereceu maior ênfase na legislação em apreço foi a logística, a qual oferece um apoio aos entes iniciadores da cadeia produtiva.

No documento MARIA CAROLINA ACIOLI DE MELO (páginas 30-33)

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