• Nenhum resultado encontrado

MARIA CAROLINA ACIOLI DE MELO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "MARIA CAROLINA ACIOLI DE MELO"

Copied!
65
0
0

Texto

(1)

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

MARIA CAROLINA ACIOLI DE MELO

DESENVOLVIMENTO DE UM MATERIAL EDUCATIVO COM

APLICABILIDADE NA TEMÁTICA SÓCIOAMBIENTAL: uma

abordagem ligada aos profissionais do turismo

MACEIÓ-AL 2019.1

(2)
(3)

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

MARIA CAROLINA ACIOLI DE MELO

DESENVOLVIMENTO DE UM MATERIAL EDUCATIVO COM

APLICABILIDADE NA TEMÁTICA SÓCIOAMBIENTAL: uma

abordagem ligada aos profissionais do turismo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário CESMAC, na modalidade Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestra, sob a orientação da professora Drª Vanessa Doro Abdallah Kozlowiski

MACEIÓ-AL

(4)

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

MARIA CAROLINA ACIOLI DE MELO

DESENVOLVIMENTO DE UM MATERIAL EDUCATIVO COM

APLICABILIDADE NA TEMÁTICA SÓCIOAMBIENTAL: uma

abordagem ligada aos profissionais do turismo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário CESMAC, na modalidade Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestra, sob a orientação da professora Drª Vanessa Doro Abdallah Kozlowiski

Data da defesa: 31/05/2019 BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Profa. Drª. Vanessa Doro Abdallah Kozlowiski

Orientadora

_________________________________ Prof. Dr. José Antônio Madalena

Examinador Externo

________________________________________ Prof. Dr. Rodney Kozlowiski de Azevedo

Examinador interno

____________________________________________________ Prof. Dr. Selenobaldo Alexinaldo Cabral de Sant’Anna

(5)

DEDICATÓRIA

(6)

AGRADECIMENTOS

Aprendi com minha mãe que gratidão é um dos sentimentos mais importantes e nobres que o ser humano deve ter, assim tento levar isto para todas as searas de minha vida! Primeiramente, sou extremamente grata a Deus e a minha Mãezinha do Céu por mais esta etapa de vida concluída, na verdade não só nesta etapa, mas em tudo em minha vida, sempre grata a Eles por tudo!

Agradeço a minha mãe, meu esteio durante toda minha existência aqui na terra, sem ela nada seria possível, pois ela é minha inspiração como mãe, como filha, como profissional, na verdade ela inspira a todos que a conhecem, quem conhece Osmandina sabe do que estou falando!

Agradeço meu marido, um presente que Deus me deu, homem bom que também me inspira todos os dias pela sua garra e determinação, que me trata igual a uma rainha e quem sem a ajuda dele eu nunca teria feito mestrado!

Agradeço a também a coisa mais linda da minha vida, minha razão de tudo, minha filha, por ter me acompanhado nas aulas e por me impulsionar todos para eu ser uma pessoa melhor!

E por derradeiro, e não menos importante, pois sem ela eu também não estaria terminando esta jornada, professora Vanessa, agradeço imensamente a paciência, compreensão, pois não é fácil fazer mestrado com casa, filho, marido e trabalho, e ela sempre me ajudando e me compreendendo, muito obrigada, tia!

(7)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Coleta de RSU ... 14 Gráfico 2 - Distribuição dos municípios com iniciativas de coleta seletiva no Brasil 15 Gráfico 3 - Disposição final dos RSU por tipo de destinação (por dia) ... 16 Gráfico 4 - Disposição final dos RSU coletados no Brasil (por ano) ... 16 Gráfico 5 - Destino do óleo de cozinha utilizado nas residências dos participantes da pesquisa ... 45

(8)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Quantidade de municípios com iniciativa de coleta seletiva ... 15 Quadro 2 - Principais vantagens e desvantagens da reciclagem e compostagem ... 17 Quadro 3 - Consórcios Regionais de Resíduos em Alagoas ... 20 Quadro 4 - Taxa de geração per capita de resíduos por faixas de população. ... 23 Quadro 5 - Estimativa da geração de Resíduos Sólidos Urbanos nas regiões de Alagoas (continuação) ... 24 Quadro 6 - Porcentagem das respostas ao questionário sobre a utilização de óleo de cozinha vegetal aplicado no Jatiúca Hotel Resort e nove funcionários do Maceió Mar Hotel, ambos no município de Maceió. ... 44

(9)

LISTA DE FIGURAS

(10)

RESUMO

Apesar de uma constante preocupação com o meio ambiente, onde se fala diariamente sobre sustentabilidade, existe um contrassenso, onde se vê o descarte incorreto de óleo de origem vegetal ou animal proveniente de frituras, tanto no campo residencial, quando comercial, diretamente no sistema de esgoto, no solo e até mesmo no lixo. As consequências destes atos são diversos problemas, como o entupimento dos encanamentos, impermeabilização do solo, encarecimento do tratamento na rede de esgoto, dentre outros. O presente trabalho teve como principal objetivo desenvolver um material educativo voltado para a temática ambiental, com foco nos profissionais do turismo, elaborando, discutiu-se também a importância e a aplicabilidade da Logística Reversa para o problema do descarte incorreto do óleo de cozinha usado, bem como o impacto deste para o meio ambiente, por intermédio da aplicação de um questionário, que visou estabelecer uma percepção dos participantes da pesquisa em relação as consequências, oferendo uma visão real sobre o descarte deste resíduos sólido. Não obstante, ocorra tanta discussão sobre o assunto em escolas, universidades e mídia, durante a aplicação do questionário, verificou-se que nem todos os entrevistados sabiam a forma correta do descarte e também dos seus malefícios para o meio ambiente. O questionário fora aplicado em dois hotéis, ambos no município de Maceió, foram 19 participantes da pesquisa, sendo 10 funcionários de um Resort e nove funcionários de um Hotel. Para a devida apreciação dos resultados, os funcionários dos hotéis foram divididos em dois grupos, nomeados como colaboradores dos serviços gerais e colaboradores administrativos, sendo o primeiro composto por funcionários dos serviços gerais, funcionários da cozinha e funcionários da recepção e o segundo grupo composto por chefes de cozinha, responsáveis pela cozinha e gerência do hotel. Diante do apanhado, foi notório que no primeiro grupo, a maioria das respostas foi “sim”, revelando que estes tinham conhecimento acerca das questões referentes ao uso e descarte do óleo de cozinha, onde mostraram interesse sobre o desenvolvimento de uma cartilha sobre o ensino do descarte adequado do óleo, assim como o que pode ser feito com este resíduo já utilizado.

PALAVRAS-CHAVE: Óleo de cozinha. Logística reversa. Política Nacional de Resíduos sólidos.

(11)

ABSTRACT

Despite a constant concern for the environment, where there is daily talk about sustainability, there is a contradiction, where the incorrect discarding of vegetable or animal oil from fried foods, both in the residential and commercial fields, is seen directly in the sewage, soil and even garbage. The consequences of these acts are several problems, such as the clogging of pipes, waterproofing of the soil, increasing treatment in the sewage network, among others. The main objective of this work was to develop an educational material focused on the environmental theme, focusing on the tourism professionals, elaborating, also discussed the importance and applicability of Reverse Logistics to the problem of incorrect disposal of used cooking oil, as well as its impact on the environment, through the application of a questionnaire, which aimed to establish a perception of the participants of the research in relation to the consequences, offering a real view on the disposal of this solid waste. However, there is so much discussion on the subject in schools, universities and the media, during the application of the questionnaire, it was verified that not all the interviewees knew the correct way of discarding and also their harm to the environment. The questionnaire was applied in two hotels, both in the municipality of Maceió, were 19 participants of the research, being 10 employees of a Resort and nine employees of a Hotel. For the proper evaluation of the results, the employees of the hotels were divided into two groups, appointed as employees of the general services and administrative employees, the first consisting of general service employees, kitchen staff and reception staff and the second group composed of chefs in charge of kitchen and hotel management. In the first group, most of the answers were "yes", revealing that they had knowledge about the questions related to the use and disposal of cooking oil, where they showed interest in the development of a primer on teaching of the proper disposal of the oil, as well as what can be done with this residue already used.

(12)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

1.1 Objetivos ... 10

1.2 Justificativa ... 10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA ... 11

2.1 Aspectos Gerais dos Resíduos Sólidos ... 11

2.2 Panorama dos resíduos sólidos no território nacional ... 12

2.2.1 Coleta dos resíduos sólidos urbanos ... 14

2.2.2 Tratamento de RSU: reciclagem e compostagem ... 16

2.2.3 A situação dos resíduos sólidos urbanos no Estado de Alagoas ... 18

2.2.4 Periculosidade dos Resíduos Sólidos Urbanos ... 22

2.3 Óleos lubrificantes e suas embalagens ... 25

2.4 Política Nacional de Resíduos Sólidos... 26

2.4.1 A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos ... 27

2.5 Logística reversa ... 29

2.6 Óleo de cozinha vegetal ... 33

2.6.1 A ingestão do óleo de cozinha e a saúde humana ... 34

2.6.2 O uso do óleo de cozinha no âmbito nacional ... 35

2.6.3 O descarte do óleo de cozinha ... 36

2.6.4 A logística reversa do óleo de cozinha ... 37

2.6.5 A situação do óleo de cozinha na cidade de Maceió ... 37

3 METODOLOGIA ... 39

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 42

(13)

1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal da República Federativa do Brasil, instrumento que rege todo o território nacional, em seu art. 225, inserido no capítulo 6, que abrange os direitos relativos ao Meio Ambiente, aduz que todos os brasileiros possuem o direito constitucional de se ter um Meio Ambiente equilibrado, impondo uma responsabilidade compartilhada ao Poder Público e à coletividade, com o fim de defesa e preservação para as gerações vindouras (BRASIL, 1988).

No parágrafo primeiro do mesmo artigo, é aludido que a Educação Ambiental é o meio hábil de conscientização pública para que aconteça a preservação do meio ambiente, como forma de afiançar este direito inalienável (BRASIL, 1988).

Em consonância com a Lei Ordinária, nº12.305, de 2 de agosto de 2010, a chamada Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), onde apregoa que é de responsabilidade estatal, assim como da iniciativa privada e do coletivo, ações relativas à adoção de práticas sustentáveis (BRASIL, 2012).

Daí a existência desta lei, como uma forma importante de pensar nos danos ao meio ambiente causados pelo descarte inadequado do óleo de cozinha vegetal, objeto da presente pesquisa, o qual afeta a saúde humana e o meio ambiente.

Destarte, ao se analisar a questão ambiental, independente do resíduo gerado, na ótica econômica, a degradação do meio ambiente está intimamente ligada ao modelo de desenvolvimento que fora adotado pelo modelo capitalista, onde a lei da oferta e da procura de produtos e serviços, que têm a natureza como fonte inesgotável de matéria-prima, serve como receptáculo de resíduos produzidos pelas cidades (BORTOLUZZI, 2011).

Devido à existência latente de resíduos de natureza sólida, faz-se necessário um estudo mais aprofundado sobre os resíduos e suas espécies, como também um olhar cauteloso sobre os danos que estes causam ao meio ambiente e à saúde do homem, em especial o óleo de cozinha vegetal, utilizado nas frituras.

Assim, é de se ressaltar que no território brasileiro, apesar da problemática econômica, é notório o olhar atento para o meio ambiente, já que existem organizações em sua defesa, como também legislações pertinentes; contudo existe um descaso, que ainda se caracteriza de forma alarmante, devido à carência de política de educação ambiental mais eficiente.

(14)

No que tange ao objeto de nossa preocupação, uma das finalidades da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a amenização dos impactos ocasionados pelo descarte incorreto do óleo de cozinha. Nesse sentido, é preciso refletir se a lei em apreço consegue efetivamente dirimir a aparente ambivalência entre o descarte incorreto imoderado e o desenvolvimento sustentável.

1.1 Objetivos

Objetivo geral desenvolver um material educativo voltado para a temática ambiental, com foco nos profissionais do turismo. E os objetivos específicos são:

 Realizar uma análise do uso da logística reversa, para o óleo de cozinha usado, no plano regional;

 Aplicar um questionário em dois hotéis da cidade de Maceió, tendo como fim a verificação do descarte e reuso do óleo de cozinha vegetal;

 Verificar se existe um liame entre hotéis e cooperativas da cidade de Maceió e qual o destino dado pelas mesmas ao óleo vegetal;

1.2 Justificativa

Diante da fundamentação abordada e dos objetivos que firmam o presente trabalho, é notável perante a realidade e a corrente preocupação com o meio ambiente, a necessidade de um olhar mais apurado para o descarte do óleo de cozinha vegetal, tornando a cartilha um objeto de importância para que aconteça uma educação ambiental e esclarecimentos sobre o óleo de cozinha vegetal e seu descarte incorreto. Desta feita, a cartilha proposta se torna um instrumento indispensável para que a população conheça, de forma clara e lúdica, os malefícios do descarte incorreto, de um produto tão usual na culinária mundial.

(15)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA

2.1 Aspectos Gerais dos Resíduos Sólidos

Desta feita, fazendo um raso apanhado histórico, o agravamento da situação do meio ambiente veio após a Revolução Industrial, onde ocorreu uma melhoria nas condições da vida do homem, ocasionando o crescimento populacional, que acarretou a necessidade de investimentos em técnicas inovadoras de produção, para o atendimento da demanda de bens e serviços que cresciam gradativamente. Isto resultou na exploração intensificada dos recursos naturais e, consequentemente, o aumento da produção de resíduos com natureza poluente (BORTOLUZZI, 2011).

Os indicadores atuais demonstram o valor econômico dos detritos sólidos, como é notado em algumas leis ordinárias, como Política Nacional de Saneamento Básico, Lei nº 11.445/2007, na qual o plano municipal de resíduos sólidos deve integrar o plano municipal de saneamento, outra lei é a 12.305, de 02 de agosto de 2010, regulamentada pelo decreto Lei 7.404, de 23 de dezembro de 2010, que dispõe sobre a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil, a qual obriga os Municípios a elaborarem um Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PMGIRS), definindo resíduos sólidos em seu art. 3º, XVI, como: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (BRASIL, 2010).

Esses, de acordo com legislação pertinente, a PNRS, em seu art. 13º, possuem a seguinte classificação: quanto à origem: são os resíduos domiciliares, originários de atividades domésticas em residências urbanas; resíduos de limpeza urbana, advindos da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; resíduos sólidos urbanos, ou seja, resíduos domiciliares e de limpeza urbana; resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; resíduos dos serviços públicos de saneamento básico; resíduos industriais,

(16)

os quais são gerados nos processos produtivos e instalações industriais; resíduos de serviços de saúde, os que são gerados nos serviços de saúde; resíduos da construção civil, provocados pelas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis; resíduos agrossilvopastoris, os quais são os motivados pelas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; resíduos de serviços de transportes, os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; e por fim, resíduos de mineração, os produzidos da atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios; há também a classificação dos resíduos quanto à periculosidade, que são: resíduos perigosos, aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, proporcionam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental; e por derradeiro, os resíduos não perigosos: aqueles não relacionados a resíduos domiciliares (BRASIL, 2010).

2.2 Panorama dos resíduos sólidos no território nacional

No Brasil, é complexo quantificar os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) gerados per capita, pois a disposição irregular, coleta informal e insuficiência do sistema de coleta pública impedem que parte dos resíduos sólidos gerados sejam coletados e contabilizados (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, 2012).

Outro aspecto para ser destacado, é da geração per capita dos resíduos, pois esta pode ser considerada como um indicador dos hábitos de consumo, padrão de vida, fatores culturais, renda familiar e até mesmo economia de determinada sociedade (NASCIMENTO et al. 2015).

Há um liame entre a produção de resíduos e a economia de um país, de forma que quanto maior a renda, maior é o consumo e, geralmente, maior é a produção de resíduos. Este aspecto transforma os resíduos sólidos em importantes indicadores socioeconômicos, tanto pela quantidade de geração quanto pela sua caracterização. Em países mais ricos, a porcentagem de recicláveis nos RSU é

(17)

maior do que em de países mais pobres. Nestes, a maior parte dos resíduos é de matéria orgânica (CAMPOS, 2012).

Todavia, este perfil vem se transformando em alguns países em desenvolvimento como, por exemplo, no Brasil, onde os resíduos ainda são predominantemente formados por matéria orgânica, mas apresentaram, nos últimos anos, um aumento porcentual significativo na geração de recicláveis (BRASIL, 2012).

Os números referentes à geração de RSU revelam um total anual de 78,4 milhões de toneladas no país, o que demonstra uma retomada no aumento em cerca de 1% em relação a 2016.O montante coletado em 2017 foi de 71,6 milhões de toneladas, registrando um índice de cobertura de coleta de 91,2% para o país, o que evidencia que 6,9 milhões de toneladas de resíduos não foram objeto de coleta e, consequentemente, tiveram destino impróprio. (ABRELPE, 2017).

No tocante à disposição final dos RSU coletados, o Panorama não registrou avanços em relação ao cenário do ano anterior, mantendo praticamente a mesma proporção entre o que segue para locais adequados e inadequados, com cerca de 42,3 milhões de toneladas de RSU, ou 59,1% do coletado, dispostos em aterros sanitários. O restante, que corresponde a 40,9% dos resíduos coletados, foi despejado em locais inadequados por 3.352 municípios brasileiros, totalizando mais 29 milhões de toneladas de resíduos em lixões ou aterros controlados, que não possuem o conjunto de sistemas e medidas necessários para proteção do meio ambiente contra danos e degradações, com danos diretos à saúde de milhões de pessoas (ABRELPE, 2017).

Os recursos aplicados pelos municípios em 2017 para fazer frente a todos os serviços de limpeza urbana no Brasil foram, em média, de R$10,37 por habitante por mês. A geração de empregos diretos no setor de limpeza pública manteve-se estável, com ligeira variação de 0,3% em relação ao ano anterior e atingiu cerca de 337 mil postos de trabalho formal no setor. O mercado de limpeza urbana movimentou recursos correspondentes a R$ 28,5 bilhões no país, com variação positiva em todas as regiões (ABRELPE, 2017).

(18)

2.2.1 Coleta dos resíduos sólidos urbanos

Segundo a Abrelpe (2017) a quantidade de RSU coletados em 2017 cresceu em todas as regiões em comparação ao ano anterior, e manteve uma cobertura um pouco acima de 90%. A região Sudeste continua respondendo por cerca de 53% do total de resíduos coletados, e apresenta o maior percentual de cobertura dos serviços de coleta do país.

Gráfico 1 - Coleta de RSU Fonte: ABRELPE, 2017

Uma pesquisa direta realizada pela Abrelpe (2017) permitiu projetar que 3.923 municípios apresentam alguma iniciativa de coleta seletiva; cabe ressaltar, para o correto entendimento, que em muitos municípios as atividades de coleta seletiva não abrangem a totalidade de sua área urbana.

Os gráficos e quadros abaixo demostram os resultados alcançados para o Brasil, bem como admitem a comparação destes com os resultados obtidos na pesquisa de 2016.

(19)

Gráfico 2 - Distribuição dos municípios com iniciativas de coleta seletiva no Brasil

Fonte: ABRELPE, 2017

Quadro 1 -Quantidade de municípios com iniciativa de coleta seletiva

Fonte:ABRELPE, 2017

Desta feita, a disposição final adequada de RSU registrou um índice de 59,1% do montante anual encaminhado para aterros sanitários1. As unidades inadequadas

como lixões e aterros controlados, porém, ainda estão presentes em todas as regiões do país e receberam mais de 80 mil toneladas de resíduos por dia, com um índice superior a 40%, com elevado potencial de poluição ambiental e impactos negativos à saúde.

1 Lixões são áreas que recebem os resíduos sólidos em seu estado bruto sobre o terreno, sem

nenhum preparo de impermeabilização e de tratamento dos efluentes líquidos derivados da decomposição do lixo, como o chorume, que por sua vez acaba infiltrando no solo, contaminando todo o lençol freático, e, consequentemente, toda a população que se utiliza desse recurso hídrico” (IBGE, 2011). Os aterros controlados são considerados uma fase intermediária entre o lixão e aterro sanitário. Sua principal característica consiste no cuidado de cobrir diariamente os resíduos sólidos com uma camada de terra ou outro tipo de material visando diminuir a incidência de animais transmissores de doenças. Esta forma de disposição de resíduos sólidos, apesar de ser considerada atualmente inadequada vem sendo cada vez mais utilizada, principalmente pelos municípios de pequeno e médio porte” (IBGE, 2011).

(20)

Gráfico 3 - Disposição final dos RSU por tipo de destinação (por dia) Fonte: ABRELPE, 2017

Gráfico 4 - Disposição final dos RSU coletados no Brasil (por ano) Fonte: ABRELPE, 2017

2.2.2 Tratamento de RSU: reciclagem e compostagem

Os resíduos sólidos urbanos podem ser tratados por meio de técnicas como gaseificação, pirólise, incineração, plasma, compostagem, reciclagem e digestão anaeróbica (MARCHEZETTI et al., 2011). Estes tratamentos apresentam algumas vantagens e desvantagens e podem ser utilizados paralelamente (IPCC, 2006).

Segundo Andrade e Ferreira (2011), independente do tratamento ou técnica a ser utilizada, é necessário realizar a caracterização da composição gravimétrica dos resíduos.

(21)

O tratamento e a gestão de resíduos sólidos urbanos devem ser observados com cautela e planejamento, principalmente devido ao impacto sobre o meio ambiente (SANTIBAÑEZ-AGUILAR et al., 2013). Dois processos importantes para o tratamento de resíduos sólidos, reciclagem e compostagem, são salientados na literatura técnico-científica e na PNRS (BRASIL, 2010).

Ambos os processos envolvem a alteração de algumas propriedades físicas, químicas ou biológicas dos resíduos, com o objetivo de transformá-los em insumos ou novos produtos. Algumas vantagens e desvantagens associadas aos dois tratamentos mais comuns no Brasil, são:

Quadro 2 -Principais vantagens e desvantagens da reciclagem e compostagem

COMPOSTAGEM RECICLAGEM

VANTAGEM VANTAGEM

A prática da compostagem da matéria orgânica, diminui a quantidade de resíduos que devem ser depositados nos aterros sanitários, gera um composto que, quando não contaminado, pode ser utilizado como adubo na agricultura por ser muito rico em nutrientes. Além disso, este composto pode melhorar a estrutura dos solos,

aumentando acapacidade de retenção de água e controlando alguns processos erosivos.

A prática de reciclagem, além de preservar o meio ambiente através da valorização dos resíduos, minimização da utilização de fontes naturais e utilização mais racional dos recursos naturais, também gera riqueza através da geração de emprego e renda, tornando-se um componente importante do processo de logística reversa.

DESVANTAGEM DESVANTAGEM

Para que o adubo proveniente da compostagem possa ser utilizado na agricultura, é necessário que os resíduos orgânicos não estejam contaminados com outros materiais. Além disso, são necessários grandes espaços para a implantação em grande escala e o processo pode liberar odores desagradáveis se as condições aeróbicas não forem mantidas, o que exige uma vigilância e manutenção frequentes da pilha de compostagem. Por último, pode-se dizer que no Brasil este composto ainda tem uma comercialização limitada.

A coleta seletiva pode ser pouco eficiente; os materiais recicláveis podem ser contaminados, diminuindo seu valor comercial de venda; nem sempre os materiais reciclados são mais baratos do que retirar a matéria prima da natureza; pode ocorrer uma baixa demanda para compra de recicláveis; e pode haver a ausência de infraestrutura e incentivos públicos.

Fonte: Marchezetti et al. (2011, adaptado pelo autor)

O fundamental a se pensar a respeito do gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos é a proteção da saúde populacional, com a promoção da qualidade

(22)

ambiental, para que ocorra a amplificação da sustentabilidade, assim como o fornecimento do suporte para a produtividade econômica. Compreender as características da geração dos RSU é o ponto de partida fundamental, porque auxilia no cumprimento da legislação e no próprio manejo e planejamento das ações de coleta, tratamento e disposição final (CAMPOS, 2012).

2.2.3 A situação dos resíduos sólidos urbanos no Estado de Alagoas

Acompanhando a evolução e o crescimento mundial da população do globo, o volume da geração dos resíduos sólidos seguiu a progresso da civilização ao longo do tempo, tendo seu marco inicial o período em que o homem deixa de ser nômade e muda seu modo de viver coletivamente, tornando-se sedentário.

É possível sinalizar que neste momento, em que ao se tornar sedentário, e consequentemente precisar desenvolver técnicas e ferramentas que o apoiem em seu novo meio de vida, a geração de resíduos produzidos pelo homem pode ser identificada, pois a quantidade dos resíduos sólidos gerados pelas comunidades começou a expandir, bem como sua composição, variando conforme os aspectos sociais e culturais de uma população.

Pode-se inferir, a destarte, que a geração e característica dos resíduos sólidos variam em função do desenvolvimento socioeconômico e ambiental de uma cidade, evidenciados principalmente pelo crescimento populacional aliado à forma de vida e hábitos de consumo da população.

Impulsionados pelo desenvolvimento do segmento industrial e o êxodo rural ocorrido no Brasil, a partir da segunda metade do século XX, a geração de resíduos nas cidades cresceu significativamente, especialmente nas grandes metrópoles e nas cidades, cuja economia gira em torno do comércio e turismo. Este quadro não se reflete apenas no aumento da geração de resíduos sólidos urbanos, mas também no crescimento da geração de resíduos industriais, de serviços de saúde, de construção civil, de serviços de saneamento, de transportes e de mineração (SEMARH, 2016).

Apesar do referido processo de êxodo rural que ocorre até os dias atuais, em menor proporção, refletir no quadro recente de concentração da população do Brasil e do Estado de Alagoas em áreas urbanas, respectivamente, de 84% e 73,64%

(23)

(IBGE, 2010), nota-se também, ao longo das últimas décadas, um aumento da geração de resíduos agrossilvopastoris uma vez que os principais alimentos dos habitantes das cidades provém da agricultura e pecuária, que se desenvolveram na zona rural concomitantemente ao crescimento da população urbana nas cidades.

Usando como comparativo o quadro de evolução do país no último século e o contexto socioeconômico atual, com economia baseada no consumo e fabricação de bens e produtos com vida útil cada vez menor, um dos principais desafios para os gestores públicos nos municípios tem sido a gestão eficiente das crescentes quantidades de resíduos sólidos gerados nas cidades do país ao longo dos anos. Este desafio aumentou após a sanção da Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, Lei Federal nº 12.305/2010), que previu prazo para encerramentos dos lixões e diversos instrumentos a serem implementados, inclusive os Planos de Resíduos Sólidos e a Coleta Seletiva.

Ocorre que, ao contrário do desenvolvimento econômico do país no último século, ainda que de forma desigual, as ações de saneamento ambiental foram negligenciadas neste período, especialmente em municípios de pequeno e médio porte, evidenciadas pela situação atual de déficit nos índices de coleta e tratamento de esgoto, sistemas de drenagem pluviais obsoletos e insuficientes, além do gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos, com significativos impactos socioeconômicos e ambientais, cenário que se encontra hoje na grande maioria dos municípios do Estado de Alagoas (SEMARH, 2016).

Há que se destacar também a negligência ou insuficiência nas ações de educação sanitária e ambiental neste mesmo período, uma vez que a população é parte integrante e importante do processo de saneamento de uma cidade. Entretanto, percebe-se muitas vezes o desconhecimento do cidadão em relação às questões ambientais básicas e até mesmo do seu papel na manutenção e desenvolvimento sanitário e ambiental da cidade (SEMARH, 2016).

Evidencia-se, ainda, na esfera municipal, despreparo técnico e gerencial para devida prestação dos serviços, fazendo-se necessário, não só o fornecimento de equipamentos e implantação de estruturas e unidades para gerenciamento dos resíduos sólidos nos municípios, mas também capacitação dos técnicos para operar estas unidades de segregação, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos. Como alternativa para alterar este quadro geral dos municípios do país, a lei máxima

(24)

sobre resíduos sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010) prevê, como um dos seus instrumentos, o incentivo à adoção dos consórcios públicos ou de outras formas de cooperação entre os entes federados, visando à obtenção de maiores escalas de aproveitamento e redução dos custos envolvidos na gestão dos resíduos, sendo que, entes que se constituam desta forma têm prioridade na obtenção dos recursos fornecidos pelo Governo Federal para tal fim. A constituição destes consórcios é prevista e disposta na chamada Lei dos Consórcios Públicos (Lei Federal nº 11.107/2005) que objetiva viabilizar a descentralização e a prestação de serviços públicos. (SEMARH, 2016).

De acordo com a Secretaria de Estado e Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (2016), com o intento da melhora do cenário crítico de gestão de resíduos no Estado de Alagoas, foram articulados, mobilizados e constituídos 07 (sete) Consórcios Públicos no Estado de Alagoas, que atualmente se encontram em fase de estruturação, apresentados no Quadro 3.

Quadro 3 -Consórcios regionais de resíduos em Alagoas

Fonte: AMA (2014). * número de municípios que até o presente momento (agosto de 2015) fazem parte dos consórcios regionais de resíduos em Alagoas.

Isto posto, é perceptível que o Estado de Alagoas é marcado pelo quadro deficitário em relação à organização, estrutura e prestação de serviços de manejo dos resíduos sólidos, conforme detalhado na etapa anterior de Diagnóstico dos Resíduos, porém com perspectiva de mudanças, uma vez que houve a formação dos consórcios regionais de resíduos envolvendo até agosto de 2015, noventa

(25)

municípios dos 102 do Estado, que correspondem a 88,23% do total de Alagoas, além das iniciativas para a elaboração deste Plano de Estadual de Resíduos Sólidos e dos Planos Intermunicipais de Resíduos Sólidos, com objetivo de melhorar o cenário atual do saneamento ambiental e gerenciamento de resíduos sólidos no Estado (SEMARH, 2016).

Figura 1 - Regiões do Estado de Alagoas quanto à gestão de resíduos sólidos. Fonte: SEMARH, 2016.

Este item possui como premissa o levantamento da situação dos resíduos sólidos em Alagoas, consoante com a Lei Federal nº 12.305/2010. Uma investigação sobre a conjuntura dos resíduos sólidos no Estado é basilar para uma idealização da gestão integrada dos resíduos, sendo que, a partir deste é admissível impetrar um perfil que defina a origem, composição, periculosidade, quantificação ou estimativa da geração dos resíduos e qualificação do gerenciamento existente, permitindo portanto, que sejam delineadas estratégias para a concretização de ações de manejo acertado, incluindo redução, reciclagem, reaproveitamento, coleta,

(26)

transporte, tratamento e destinação adequada dos resíduos sólidos (MAIELLO, BRITTO, VALLE, 2017).

Diante da visão estabelecida na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os resíduos sólidos são os materiais suscetíveis de aproveitamento, ao mesmo tempo que os rejeitos são produtos que precisam ser enviados para uma destinação final ambientalmente acertada, logicamente depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento, recuperação ou reaproveitamento.

Dentre as diferentes classificações dos resíduos sólidos, a PNRS estabelece que os RSUs são originários de atividades domésticas em residências urbanas, varrição, limpeza de logradouros e vias públicas, além de outros serviços de limpeza urbana.

2.2.4 Periculosidade dos Resíduos Sólidos Urbanos

A NBR 10.004/2004 da ABNT define uma classificação para os resíduos sólidos urbanos, assim a Classe II são os resíduos não perigosos, sendo composto por matéria orgânica biodegradável, metal ferroso e não ferroso, alumínio, borracha, papel, papelão, couro, pano/trapo, plásticos, vidro e madeira, dentre outros (ABNT, 2004).

Entretanto, devido a heterogeneidade existente e ao descarte realizado de forma conjunta com outros resíduos como pilhas, baterias e resíduos de serviços de saúde, situação bastante comum em Alagoas, estes podem ser contaminados, caracterizando-se como resíduos perigosos. (SEMARH, 2016).

Desta feita, com o pensamento na minimização do impacto ambiental da disposição destes resíduos, os municípios têm o dever de implantação de aterros sanitários, estes previstos na NBR 8419/1992, referente à apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos, a qual delibera sobre estas unidades da seguinte configuração que os aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos, consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza os princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma

(27)

camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores se for necessário. (ABNT, 1992).

Ainda se faz válido a citação de uma outra norma advinda da Associação Brasileira de Normas técnicas, NBR 13896/1997 que tem como fim os aterros de resíduos não perigosos, a qual, com riqueza de detalhes, define parâmetros técnicos no projeto e construção destas unidades, e não se pode olvidar que é de extrema relevância a impermeabilização da base do aterro, bem como a existência de um sistema de drenagem e tratamento do lixiviado (chorume), pois é principal agente poluidor.

É inegável que existe uma relação direta entre o tamanho da população urbana do município e a geração de resíduos sólidos urbanos, expressa no Quadro 3. Percebe-se que, em municípios com populações inferiores a 15.000 habitantes, a geração per capita de resíduos sólidos, isto é, a contribuição diária de resíduos por habitante, é de 0,57 kg (Quadro 4). Já nos municípios com mais de um milhão de habitantes, a geração per capita é mais que o dobro, com valores de 1,39 kg/hab./dia. Desta forma, os municípios e as regiões com maiores populações se caracterizam como os principais geradores de RSUs no Estado de Alagoas. (SEMARH, 2016).

Quadro 4 - Taxa de geração per capita de resíduos por faixas de população.

Fonte: SEMARH, 2016.

Conforme a Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Recursos Hídricos (2016) existe uma dificuldade na obtenção da informação referente à geração de resíduos sólidos urbanos nos municípios, uma vez que não é promovida uma pesagem dos resíduos, na quase totalidade, dos municípios do Estado. Por

(28)

conseguinte, a estimativa de geração de resíduos sólidos urbanos para cada município alagoano foi feita pela multiplicação da população urbana e pela respectiva taxa de geração per capita apresentada no Quadro 3 acima. O Quadro 4 abaixo apresenta a geração de RSUs nas sete regiões definidas para a gestão de resíduos em Alagoas.

Quadro 5 - Estimativa da geração de Resíduos Sólidos Urbanos nas regiões de Alagoas

Fonte:Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010).

Observa-se a geração total de 2.022,08 toneladas de RSUs diariamente no Estado de Alagoas, sendo que 62,49% dos resíduos são gerados na Região Metropolitana, o que a configura como a principal geradora destes resíduos, em função do porte da cidade de Maceió (Quadro anterior). A Região do Agreste é a segunda maior geradora (11,76%) de resíduos do Estado, principalmente pela influência da cidade de Arapiraca (SEMARH, 2016).

Quadro 6- Estimativa da geração de Resíduos Sólidos Urbanos nas regiões de Alagoas (continuação)

(29)

2.3 Óleos lubrificantes e suas embalagens

No Plano de Gestão dos Resíduos Sólidos do Estado de Alagoas (2016), elaborado ela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), fez referência à coleta e tratamento dos resíduos de óleos e lubrificantes em Maceió. Não foi advertido no plano, estudos sobre a reutilização de óleos de cozinha.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2012), foram comercializados no Brasil 1.260.533,41 m³ de óleos lubrificantes, sendo coletados 381.023,80 m³, o que representa um índice de coleta de 30,2% do material comercializado.

Com o interesse na ênfase ambiental, o Estado de Alagoas assinou um termo de compromisso, instrumento este criado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, com o Instituto Jogue Limpo, responsável pela logística reversa de embalagens de óleos lubrificantes em todo o país, Assim, a fim de divulgar e aumentar a adesão ao programa os representantes do instituto visitam os principais estabelecimentos onde são armazenadas as embalagens de óleos lubrificantes, que são os postos de combustíveis, oficinas mecânicas e concessionárias de automóveis e, caso haja interesse pela adesão ao programa, o responsável pelo estabelecimento assina um termo de adesão ao programa (SEMARH, 2016).

No momento de adesão ao programa, são deixados nos estabelecimentos um latão identificado (tambor de 200 litros, equivalente a capacidade de 9 kg de embalagens), onde deverão depositar as embalagens de óleos. Semanalmente o caminhão baú, equipado com uma balança digital, visita os estabelecimentos, coletando as embalagens dos latões e pesando em sacos em sistema que emitirá um comprovante do peso coletado. Assim, são coletados semanalmente em Alagoas entre 130 a 150 mil litros de óleo, provenientes das trocas veiculares de empresas participantes ou não do Programa Jogue Limpo, das usinas sucroalcooleiras, e dos processos de separação de óleos das flanelas, estopas e filtros veiculares realizados pela empresa Terra Ambiental (SEMARH, 2016).

A coleta do óleo pela empresa, quando em atuação com parceiros que não fazem parte do Programa Jogue Limpo, ocorre de forma similar, com empréstimo do tambor de 200 litros que ficam nos estabelecimentos geradores armazenando os óleos contaminados das trocas veiculares até que, após o esgotamento, a Lubrasil

(30)

compra o óleo armazenado no tambor. A empresa paga R$ 0,05 por litro de óleo ao doador e, no caso do tambor cheio, paga-se de R$ 10,00 (SEMARH, 2016).

Consoante informações do Instituto do Meio Ambiente (2015) foi criada a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) de Alagoas, situada no Município de Pilar, sendo uma alternativa para os municípios que não dispõe de aterros sanitários.

2.4 Política Nacional de Resíduos Sólidos

Em razão da corrente preocupação ambiental, e a ausência de uma política de educação ambiental mais eficiente, foi publicada em 02 de agosto de 2010, a Lei nº 12.305/10, regulamentada pelo Decreto nº 7.404 de 23 de dezembro de 2010, a qual trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e através dela, o legislador ordinário normatizou e definiu os princípios, as ações e os objetivos para a gestão dos resíduos sólidos no Brasil, envolvendo e atribuindo responsabilidades a todos os agentes compositores da cadeia produtiva. A referida lei é ampla, tratando em seu bojo de todos os tipos de resíduos sólidos. Contudo, apenas o conteúdo aplicável ao óleo de cozinha usado, o qual é considerado um resíduo sólido, comporá o objeto da nossa preocupação científica.

A formulação de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), assim compreendida com a superveniência da Lei Federal nº 12.305/2010, representou um marco da consciência e preservação ambiental, na medida em que disciplina a destinação e a disposição de produtos descartados pelos consumidores, e atribui o cuidado com seu retorno aos próprios fabricantes, ampliando e deslocando a atenção legal também para o desfecho do ciclo produtivo (COSTA; MACIEL, 2017).

Vê-se, também, que a PNRS vem com o intuito de manter relacionamento com os mais variados órgãos instituidores de políticas que protegem e conservam o meio ambiente, tais como Plano Nacional de Mudança de Clima (PNMC), de Recursos Hídricos (PNRH), de Saneamento Básico (PLANSAB) e de Produção e Consumo Sustentável (PPCS) e ainda apresentar conceitos e propostas que refletem a interface entre diversos setores da economia compatibilizando crescimento econômico e preservação ambiental com desenvolvimento sustentável, o alvo direto são os resíduos sólidos urbanos (RSU) exatamente para buscar

(31)

soluções para o descarte e reaproveitamento dentro de políticas sustentáveis (VENTURA, 2014).

Assim, a disciplina preponderante na PNRS é o compartilhamento de responsabilidades dentro da cadeia produtiva e de consumo, denotando preocupação acentuada também com a etapa de conclusão do ciclo produtivo e a sustentabilidade ambiental do sistema de produção e consumo, o que representa um avanço considerável (COSTA; MACIEL, 2017).

A legislação é inovadora, pois ao propor a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e a logística reversa de retorno de produtos, como também a prevenção, precaução, redução, reutilização e reciclagem de resíduos, metas de redução de disposição final de resíduos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos em aterros sanitários.

Em meio a essa disciplina, temos a regulamentação da logística reversa como um dos instrumentos para aplicação da inovadora responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, definida pela norma como um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (COSTA; MACIEL, 2017).

Entre os principais conceitos introduzidos na legislação ambiental em apreço, PNRS, estão a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, como abordada anteriormente, a logística reversa e o acordo setorial, os quais serão explanados, com riqueza de detalhes.

2.4.1 A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos

Um marco na propositura de preservação ambiental brasileira, a formulação de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), representa, claramente, um meio de combate à poluição por resíduos sólidos.

Ao disciplinar a destinação e a disposição final de produtos descartados pelos consumidores, atribuindo o seu retorno aos respectivos fabricantes, a norma ampliou seu universo de tutela e deslocou, pela primeira vez, a atenção para a problemática verificada no final ou ocaso do ciclo produtivo (COSTA; MACIEL, 2017).

(32)

O art. 30° e seu parágrafo instituem a responsabilidade compartilhada e demonstra seus objetivos com a seguinte redação, que é instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares de serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, consoante as atribuições e procedimentos previstos, tem como objetivo principal da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produto: compatibilizar interesses entre os agentes econômicos e sociais e os processos de gestão empresarial e mercadológica com os de gestão ambiental, desenvolvendo estratégias sustentáveis; promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para sua cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas; reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a poluição e os danos ambientais; incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e de maior sustentabilidade; estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis; propiciar que as atividades produtivas alcancem eficiência e sustentabilidade; incentivar as boas práticas de responsabilidade socioambiental. (BRASIL, 2012).

O ciclo estabelecido por este artigo acarreta uma associação entre o conceito biológico de ciclo de vida (nascimento, crescimento, maturidade e morte) com as etapas que abrangem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a destinação final dos resíduos gerados” (ARAÚJO; JURAS, 2011).

Segundo Giovanelli (2015) alude que a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é o conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos.

Mas, com isso, na verdade, o que se procura é que não há uma faceta meramente precaucional dos responsáveis, mas, principalmente, preventiva. E não se perder de vista que, em matéria de resíduos, uma atuação preventiva significa

(33)

adotar medidas anteriormente ao próprio surgimento destes (COSTA; MACIEL, 2017).

À medida que o setor empresarial é física e economicamente responsabilizado a dar a destinação ambientalmente adequada aos produtos que produz e coloca no mercado, promover-se-á, com isso, determinada influência a que venha a repensar todo o processo de produção de seus produtos, isto é, desde o seu início, com vistas à concepção de produtos menos intensivos em materiais e cujo uso não gere ou gere menos resíduos ou, ainda, permita o seu reuso, afinal, quanto menor a quantidade de resíduos sólidos gerados, menores serão os custos com a destinação final (COSTA; MACIEL, 2017).

O instrumento legislativo que ofereceu maior ênfase na legislação em apreço foi a logística, a qual oferece um apoio aos entes iniciadores da cadeia produtiva.

2.5 Logística reversa

A logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação (GIOVANELLI, 2015).

A ferramenta a merecer destaque a esse intento é, devidamente prevista no art. 3º, inciso XII, da lei nº 12.305/10, merecendo destaque da doutrina ambiental, a exemplo de Machado (2011, p. 607), o qual afirma trata-se de “um sistema que enseja a aplicação da responsabilidade pós-consumo. ”

A PNRS ofereceu uma maior ênfase à logística reversa definindo três diferentes instrumentos que poderão ser usados para a sua implementação, que são: regulamento, acordo setorial e termo de compromisso.

O regulamento expedido pelo Poder Público, ou seja, poderá ser implantada diretamente por regulamento, veiculado por decreto editado pelo Poder Executivo, desde que avaliada e confirmada a viabilidade técnica e econômica da logística reversa, precedidos de consulta pública (COSTA; MACIEL, 2017).

(34)

Os acordos setoriais, que são atos de natureza contratual, firmados entre o Poder Público e os fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, que visam a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos (COSTA; MACIEL, 2017).

E os termos de compromisso são instrumentos, por meio dos quais o Poder Público poderá celebrar ajustes com fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes visando o estabelecimento de sistema de logística reversa nas hipóteses em que não houver, em uma mesma área de abrangência, acordo setorial ou regulamento específico ou para a fixação de compromissos e metas mais exigentes que o previsto em acordo setorial ou regulamento, sendo que terão eficácia a partir de sua homologação pelo órgão ambiental competente do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), conforme sua abrangência territorial (COSTA; MACIEL, 2017).

Desta forma, existe uma tendência de se permitir que empresas se responsabilizem cada vez mais por todas as etapas de produção dos seus produtos e serviços, incluindo não só a responsabilidade pelo pós-venda, como também o impacto ambiental acarretado por todo o processo produtivo.

A logística reversa, inversa ou verde, segundo a PNRS, é a uma lógica de sistematização inversa do ciclo de vida dos produtos; ou seja, de trás para frente na gestão dos fluxos físicos de produtos e embalagens, desde os locais de consumo até e em direção aos locais de produção, a fim de implementar ações de reciclagem e reaproveitamento de materiais e resíduos na própria cadeia de abastecimento (COSTA; MACIEL, 2017).

Também pode ser compreendida como uma técnica que prioriza a utilização de rejeitos para reintroduzi-los no ciclo de vida produtiva, conforme inciso XII, do artigo 3º, da Lei nº 12.305/10, apresentando-se interessante economicamente ao próprio fabricante, uma vez que este poderá reaproveitar componentes e materiais que seriam perdidos com o fim da vida útil dos produtos colocados no mercado (COSTA; MACIEL, 2017).

Costuma-se dividir a logística em pós-consumo e pós-venda. Os produtos de pós-venda se referem a todas as ações que se seguem à venda, porém, norteadas pela busca de relacionamento, não de venda imediata e os pós-consumo são

(35)

aqueles que tiveram sua vida útil encerrada e que podem ser enviados a destinos finais, retornando ao ciclo produtivo, porventura através de desmanches, reciclagem e reuso. A logística reversa de pós-consumo, alvo da norma federal, está voltada para a gestão de materiais e informações referentes aos bens de consumo de pós-venda descartados pela sociedade em geral que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meio de canais de distribuição reversos específicos (COSTA; MACIEL, 2017).

Melhor dizendo, ao contrário da logística reversa de pós-venda, a qual os fluxos reversos se processam através de um componente da mesma cadeia de distribuição direta, o que é exigido é uma cadeia pós-consumidora própria, que cria as condições hábeis à sua efetivação junto todos os segmentos, isto é, o empresariado, o Poder Público e também o consumidor.

O art. 33 º da lei em destaque, aduz que todos são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos seguintes produtos: agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista e produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Quanto aos resíduos de natureza radioativa, não obstante, permanecem, ao menos quanto a sua destinação final, a ater seu tratamento específico na Lei nº 10.308/2001.

Contudo, não existe óbice para que a logística reversa seja estendida a produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados. No caso dos demais produtos, a competência é dos Municípios, que devem realizar a coleta seletiva, a reutilização e a reciclagem (COSTA; MACIEL, 2017).

(36)

É de claro entendimento, que os termos “logística reversa” e “ciclo de vida de produtos” estão intimamente ligados, porém este derradeiro aborda o conhecimento sobre todas as etapas de um produto, da sua fabricação até o seu destino final.

A logística reversa, técnica de sustentabilidade na cadeia de abastecimento, admite que se constitua um circuito fechado, no qual a logística reversa complementa a logística tradicional de mercado e passa a ter um papel estratégico no ciclo de vida dos produtos, ao religar os resíduos da etapa de pós-consumo a um novo ciclo produtivo ou à sua disposição final em locais seguros e passíveis de ocasionar um menor risco ambiental.

A responsabilidade pela implementação do sistema de logística reversa atinge, obviamente, a fase final do processo, impondo aos responsáveis a obrigação de dar destinação ambientalmente adequada aos produtos e às embalagens reunidos ou devolvidos, sendo o rejeito encaminhado para disposição final ambientalmente adequada, na forma estabelecida pelo órgão competente do SISNAMA e, se houver, no plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos do disposto no parágrafo 6º, do artigo 33, do novo Diploma legal. (COSTA; MACIEL, 2017).

Isto não significa que a preocupação com a logística não deva se iniciar com a oportuna eficiência na fabricação dos produtos, como também uma melhor forma de embalar, com atenção aos impactos no meio ambiente no decorrer dessas fases. A logística reversa é um meio pelo qual um produto irá voltar ao seu fabricante. Apenas desta forma este realizará a correta destinação final do produto. É latente que inexiste alguém mais apto do que o próprio fabricante de um produto para proferir como determinado produto pode ser reciclado, daí o porquê desses atores possuírem um papel determinante na implementação da PNRS.

Traçado esse estrato do sistema logístico reverso, sobressaem como seus formadores, especialmente, os princípios da prevenção e da precaução, do desenvolvimento sustentável, da responsabilidade compartilhada e do poluidor-pagador e protetor-recebedor têm papel fundamental na implementação do instituto da logística reversa, pois imputam a sustentabilidade por meio do compartilhamento entre todos os atores do processo produtivo e de consumo, com escoro na poluição gerada ou que podem gerar e no favorecimento daquela evitada ou reduzida, com

(37)

foco, nestes termos, na destinação ou disposição ambientalmente adequada. (COSTA; MACIEL, 2017).

A logística reversa possui uma perspectiva preventiva, de forma impositiva ao setor empresarial, já que este deve estruturar, implementar e operacionalizar o retorno dos resíduos, produtos pós-consumo, com destinação ou disposição final ambientalmente adequada, quando devolvidos.

O sistema de logística reversa é o elemento basal de materialização da destinação apropriada de resíduos, uma já que fomenta a integração e o elemento reversibilidade no sistema de produção e de consumo quanto aos resíduos produzidos. Através desse instituto também se dá uma modificação conceitual e nos próprios processos de produção, que devem preocupar-se com os fluxos de retornos dos materiais (COSTA; MACIEL, 2017).

Destarte, para se entender a forma que o material chega ao seu ciclo final, ou seja, seu descarte definitivo, é necessário entender sobre um dos conceitos que se encontra por trás da logística reversa, que é o ciclo do produto, o qual é dividido em quatro estágios: lançamento, crescimento, maturação e declínio.

A fase de introdução refere-se ao lançamento do produto no mercado, com demanda mínima e ainda são necessários ajustes. Na fase de crescimento, o produto começa a ser conhecido no mercado e, consequentemente, competitivo. Na fase de maturidade o produto já é aceito pelos consumidores e a concorrência já se encontra igualada. Com isso, inicia-se a fase de declínio pela obsolescência do produto (WILLE; BORN, 2010).

Verifica-se, desta forma, que a logística reversa é um importante instrumento oferecido pelo legislador ordinário, para que ocorra o devido gerenciamento do ciclo de vida do produto, evitando o descarte inadequado, pois o seu descarte errôneo acarreta danos irreversíveis ao meio ambiente, os quais são prejudiciais ao homem e a natureza.

2.6 Óleo de cozinha vegetal

Nesta esteira de raciocínio, é válido e pertinente se pensar sobre os produtos de alta contaminação, e que estes representam riscos de poluição ambiental. Deste modo, depara-se com os óleos vegetais usados em processos de fritura, utilizados

(38)

em residências, restaurantes e nas indústrias alimentícias. O óleo de cozinha usado, gerado por estes processos, no momento em que não é destinado corretamente, poderá ser lançado em canalizações urbanas ou outros locais, acarretando danos nos encanamentos e custos adicionais no tratamento de água, poluição dos lençóis freáticos, impedimento da oxigenação de rios e lagos, além de impermeabilizar o solo, causando enchentes (BORTOLUZZI, 2011).

2.6.1 A ingestão do óleo de cozinha e a saúde humana

Destarte, faz-se urgente uma pequena explanação sobre o óleo vegetal, seu uso e consumo, pois estes são utilizados na alimentação, sendo uma fonte importante de vitaminas lipossolúveis, fornecimento de ácidos graxos essenciais e formação de hormônios esteroides (SANIBAL; MANCINI FILHO, 2004). O consumo de alimentos fritos tem aumentado nos últimos anos, possivelmente em função das mudanças nos hábitos alimentares. Pesquisas apontam que os brasileiros consomem aproximadamente 3 bilhões de litros de óleo de cozinha por ano (SEGATTO, 2013).

Algumas pesquisas apontam que frituras realizadas até uma temperatura de 196 Cº não geram produção de substâncias tóxicas e que a fritura realizada a temperaturas entre 200 e 220 Cº, ou mesmo a reutilização do óleo, promove o aparecimento de subprodutos lipídicos. Estes subprodutos compreendem peróxidos, aldeídos, radicais livres, ácidos graxos, dentre outros. Eles são tóxicos e prejudiciais à saúde humana, podendo causar doenças de natureza cardiovascular, que comprometem o fluxo de sangue, câncer, artrite e envelhecimento precoce. Assim, existem relatos que as doenças cardiovasculares são a causa de um grande número de óbitos nos países desenvolvidos e também naqueles em desenvolvimento, como o Brasil, e que o derrame cerebral (acidente vascular encefálico) é a terceira causa de morte mais comum nos países desenvolvidos (MARTINS et al., 2016).

Portanto, o óleo de cozinha, utilizado na fritura de alimentos é visto hoje não só como grande vilão da saúde do homem, mas também como um grande agente poluidor, quando descartado incorretamente no meio ambiente. A forma mais usual do descarte deste óleo comestível é jogá-lo diretamente no esgoto e lixo comum,

(39)

prática feita diariamente nas residências, restaurantes, hotéis e bares (MARTINS et al., 2016).

Estes elementos são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), que podem ser de origem animal, vegetal ou mesmo microbiana, formadas predominantemente de produtos de condensação de “glicerol” e “ácidos graxos” chamados triglicerídeos. Portanto, os óleos e gorduras comestíveis são constituídos, principalmente de triglicerídeos (MORETTO, 1998).

A ingestão de determinados tipos de gorduras pode ser perigosa, pois nos processos de frituras, os óleos são expostos a vários fatores que levam a reações químicas indesejáveis tais como a hidrólise, oxidação e polimerização dos ácidos graxos e muitos outros compostos, este óleo não deveria ser reutilizado, justamente pelo grande teor de gorduras trans, nas quais podem trazer sérias consequências à saúde de muitos consumidores, uma vez que a ingestão desse resíduo pode acarretar em tromboembolismo, aterosclerose, infartos e acidentes cerebrais vasculares. A recomendação é de que o óleo seja exposto uma única vez à temperatura que o altera (MARTINS et al., 2016).

À medida que o óleo alcança certo estágio de degradação, as reações de oxidação estão avançadas, o óleo enfumaça e pode conter compostos tóxicos. Outros fatores, como a composição química do alimento, o tipo de preparo e até mesmo o sal e o açúcar, influenciam na degradação do óleo durante o processo (KRÜGER, 2009).

Desta feita, é importante o friso, de que óleo de cozinha usado pode servir como matéria-prima na fabricação de diversos produtos, tais como biodiesel, tintas, óleos para engrenagens, sabão, detergentes, entre outros. O ciclo reverso do produto pode trazer vantagens competitivas e evitar a degradação ambiental e problemas no sistema de tratamento de água e esgoto (MARTINS, 2016).

2.6.2 O uso do óleo de cozinha no âmbito nacional

De acordo com a Oil World, o Brasil produz cerca de 9 bilhões de litros de óleos vegetais por ano, dos quais 1/3 corresponde aos óleos comestíveis. Segundo a entidade, o consumo per capita gira em torno de 20 litros/ano e mais de 200 milhões de litros de óleos usados por mês vai para rios e lagos. O impacto ambiental

(40)

disso é grande. Para se ter uma ideia, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) estima que um litro de óleo de cozinha pode contaminar até 25 mil litros de água (SIBALDE, 2018).

2.6.3 O descarte do óleo de cozinha

Como de todo material orgânico, a decomposição do óleo, emite gás metano na atmosfera, esse gás de efeito estufa contribui para o superaquecimento terrestre. Por conseguinte, quanto mais o cidadão evitar o descarte do óleo no lixo comum, mais estará contribuindo para a preservação da atmosfera do planeta onde vive. Há um arremate consensual a ser feito, atualmente inexiste um modo de descarte ideal para o óleo usado. Seja misturado ao lixo orgânico, seja jogado no ralo, na pia ou na privada, o produto vai custar caro ao meio ambiente (FREITAS; BARATA; MOREIRA NETO, 2010).

A PNRS classifica o óleo de cozinha como resíduo sólido, por ser um resíduo descartado resultante de atividades humanas, que está contido em um recipiente e por ser inviável a opção de descarte em rede pública de esgoto ou em corpos d’água (BRASIL, 2010). Sendo um potencial poluidor, caso descartado de maneira incorreta, podendo trazer danos significativos ao meio ambiente, como a impermeabilização do solo, que acarreta enchentes, o entupimento de ralos e canos, como também a contaminação dos lençóis freáticos (MIGUEL; FRANCO, 2014 apud CORRÊA et al., 2018).

O despejo de óleo de fritura provoca impactos ambientais significativos, como: nos esgotos pluviais e sanitários, este óleo se mistura com a matéria orgânica, ocasionando entupimentos em caixas de gordura e tubulações, quando lançado diretamente em bocas-de-lobo, o óleo provoca obstruções, com retenção, inclusive, de resíduos sólidos. (FREITAS; BARATA; MOREIRA NETO, 2010).

O óleo que não fica retido no encanamento (fato que pode atrair pragas) é tratado e separado da água nas estações de tratamento de esgoto das cidades. O problema é que, no Brasil, nenhuma cidade tem 100% do esgoto coletado efetivamente tratado. O óleo que chega intacto aos rios e às represas das cidades fica na superfície da água e pode impedir a entrada da luz que alimentaria o fitoplâncton, organismos essenciais para a cadeia alimentar aquática. Além disso,

Referências

Documentos relacionados

O candidato e seu responsável legalmente investido (no caso de candidato menor de 18 (dezoito) anos não emancipado), são os ÚNICOS responsáveis pelo correto

O primeiro carregamento analisado foi o de pressão interna, associada aos modos de falha por escoamento e vazamento, onde observou-se que os valores de

A Variação dos Custos em Saúde nos Estados Unidos: Diferença entre os índices gerais de preços e índices de custos exclusivos da saúde; 3.. A variação dos Preços em

o transferência interna: poderá requerer transferência interna o aluno que esteja regularmente matriculado na Universidade no semestre em que solicitar a transferência e

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

Apothéloz (2003) também aponta concepção semelhante ao afirmar que a anáfora associativa é constituída, em geral, por sintagmas nominais definidos dotados de certa

A abertura de inscrições para o Processo Seletivo de provas e títulos para contratação e/ou formação de cadastro de reserva para PROFESSORES DE ENSINO SUPERIOR