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A Política Pública do PRONATEC

No documento ROSELIANE DE FÁTIMA COSTA FERREIRA (páginas 55-61)

I. INTRODUÇÃO

2. Breve história económica e política da Educação Profissional

2.3 A Política Pública do PRONATEC

Uma política pública é uma ação de governo dentro de um processo composto por um conjunto de metas/atividades que visa atender demandas da sociedade. Essas atividades partem

de decisões tomadas por autoridades detentores de legitimidades de acordo com as normas legais.

As políticas públicas são, então, programas de ação governamental com a finalidade de oferecer benefícios para a sociedade, tal como transporte público, abastecimento de água e energia elétrica, alimentação, saúde, educação. Enfim, trata-se de ações que o governo realiza para viabilizar as condições básicas de sobrevivência da sociedade que governa. (VIANA, 2016 p.7)

É importante, que as relações de etapas sobre as construções de políticas públicas são implementadas por diversos instrumentos de orientação e diretrizes transformadas em ação. Nesse aspecto, as políticas públicas tomam forma de programas públicos, projetos de lei, campanhas publicitárias, dentre outro. Assim, o PRONATEC, é uma política pública. Portanto, suas ações na Educação Profissional, devem ser conhecidas pela sociedade em geral.

Relevantes ações voltadas para a Educação Profissional (EP) foram desencadeadas a partir dos anos finais da primeira década deste século, fundamentadas, nos marcos da expansão e da privatização da esfera educacional. Nesse contexto, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), criado pela Lei nº 12.513/2011, veio para consolidação de uma política pública de qualificação profissional, sendo considerada prioritária pelo governo do país. Pois esse programa chegou capilarizado, despertando aos jovens a esperança de empregabilidade e ascensão profissional para os diversos setores do mercado de trabalho.

Para corroborar neste assunto, as autoras Caires et al (2016 p. 169) diz que:

Em 2011, também, foi promulgada a Lei nº 11.523, de 26 de outubro, que estabeleceu o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), com a finalidade de ampliar a oferta da Educação Profissional e Tecnológica, por meio de programas, projetos e ações de assistência técnica e financeira, contando com ampla participação do denominado Sistema S.(Brasil 2011ª) cit in Caires et al (2016). A partir dessa ampliação surge a necessidade de organizar a rede que irá ofertar os cursos profissionalizantes pelas instituições parceira e pelos Institutos Federais. A princípio o maior demandante foi a iniciativa privada, através do demandante do Sistema S, de acordo com cada categoria de representatividade. Portanto, de acordo com o artigo segundo da Lei, o PRONATEC foi focado ao atendimento prioritariamente aos estudantes do ensino médio da rede pública, inclusive da EJA; trabalhadores, beneficiários dos programas federais de

transferência de renda; e estudantes que tenham cursado o Ensino Médio completo, em escolas da rede pública ou em instituições privadas, na condição de bolsistas integral.

Nesse aspecto sua oferta mais transparente foi os Cursos técnicos e os FICs através da modalidade bolsa-formação (estudante e trabalhador). Este programa foi uma iniciativa do governo federal despertar na classe trabalhadora grande esperança de mudar os rumos profissionais de uma parcela da população. Os jovens é o principal alvo dessa política pública, na medida em que o setor da sociedade mais sensível ao desemprego e maior ocupador de funções precarizadas no mercado de trabalho.

Desse modo, esta foi uma iniciativa que surgiu para mudar o quadro de colocação de oportunidades de capacitação profissional ao mercado de trabalho. Este programa também veio com o papel de certificar os jovens egressos que após conclusão dos cursos profissionalizantes, terão melhores oportunidades profissionais de inserção no mercado de trabalho e, possibilidades de desenvolvimento educacional ampliando os horizontes para as conquistas sociais de cidadania.

As ações do Pronatec, são ofertadas em diversas instituições públicas e privadas e chama atenção sua presença nos Institutos Federais, como acontece no IFMA do Maranhão, onde desde a sua criação foram ofertados cursos técnicos, integrado, concomitantes, subsequentes e os FICs através dessa política pública. Assim, foi estimulada a expansão de vagas ofertadas as pessoas com deficiência, inclusive com a articulação dos Institutos Federais, Estaduais e Municipais de Educação, e, também, articular com o Sistema Nacional de Emprego e o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – PROJOVEM nos termos da Lei 11.692, de 10 de junho de 2008. Essa ação foi incluída pela Lei de nº 11.816, de 2013. (Brasil, 2011 cit in Caires et al 2016).

Esta ação governamental, foi desdobrada em várias ações e principalmente pelas pessoas que apresentam vulnerabilidades sociais. Esses cursos são financiados pelo governo federal que pretende combater as desigualdades sociais que envolvem a educação e o trabalho, mas passa por uma estrutura complexa para sua implementação. Diante disto, foi anunciado pelo governo que:

O governo federal anuncia que, por meio desse Programa, proporcionou mais de 8 milhões de matrículas, no período de 2011 a 2015, com, aproximadamente, 2,3 milhões em cursos técnicos na forma concomitante e 5,8 milhões em cursos de formação inicial e continuada (FIC). Esses últimos de curta duração e com carga horária a partir de 160 horas. MELO & MOURA (2016)

Contudo, o Pronatec tem como objetivos declarados:

I - expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional técnica de nível médio presencial e a distância e de cursos e programas de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II - fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da educação profissional e tecnológica; III - contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio público, por meio da articulação com a educação profissional; IV - ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores, por meio do incremento da formação e qualificação profissional; V - estimular a difusão de recursos pedagógicos para apoiar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. VI - estimular a articulação entre a política de educação profissional e tecnológica e as políticas de geração de trabalho, emprego e renda. (Incluído pela Lei nº 12.816, de 2013) (BRASIL, 2011, p. 1).

Uma leitura superficial dos objetivos anunciados pode nos levar ao entendimento de que o Programa traz aspectos muito positivos para a expansão e o fomento à Educação Profissional. Não obstante, faz-se necessária uma análise mais profunda quanto aos fundamentos desse Programa, buscando ir além de sua aparência, ou seja, assumir a tarefa de desvendar a sua essência.

A Confederação Nacional do Trabalhadores em Educação (CNTE, 2011), diz que o PRONATEC oferece riscos da Educação Profissional, em relação as questões que não dimensiona e nem flexibiliza o papel do Estado em ofertar educação gratuita e pública da formação profissional e tecnológica no ensino médio; estimula a reserva do mercado educacional, direcionando o aluno para o ingresso nos financiamentos estudantis; contrapõe o recente acordo para o aumento do número de matrículas gratuitas, no Sistema S; inibe a expansão de instituições públicas de Educação Profissional; e promove o reducionismo curricular na formação para o trabalho, através de Cursos de Qualificação Profissional de curta duração, nos casos dos FICs. (Caires et al 2016 p. 171).

Também Silva (2012), critica o PRONATEC, devido transferir os recursos públicos para as instituições privadas, e de outro modo, ofertar cursos pontuais, pragmáticos, de curta duração e descomprometidos com a formação de qualidade, usando os recursos pagos pelos

impostos do povo brasileiro para negociatas de bastidores. Ele chama atenção que o Sistema S é administrado por Confederações nacionais da indústria e do comércio (CNI e CNC), estas entidades há anos vivem às custas de recursos parafiscais, e o programa citado, negociados pela lógica do capitalismo selvagem, oferece cursos rápidos, frágeis do ponto de vista formativo e desarticulado da formação geral, humanística e científica, do ensino médio. Esses cursos são inviáveis para atender as demandas do mercado. (Silva, 2012 cit in Caires et al 2016 p. 171 - 172).

Entretanto, as autoras também referenciam o estudo de caso, do PRONATEC, feito por Contarine e Oliveira (2014), estudo este, numa instituição ligada ao Sistema S vinculada ao SENAI, o mesmo evidenciou que os sujeitos pesquisados, apesar de reconhecerem algumas limitações do programa, fizeram uma avaliação positiva em relação a essa política pública. Sintetizaram da forma seguinte: de acordo com a realidade socioeducacional brasileira, resultou em um histórico processo de dualismo educacional, ofertar cursos técnicos de qualidade significando a capacidade de muitos jovens carentes se qualificarem para o mercado de trabalho. Assim, nessa área de profissionalização, tem se o desejo de formar técnicos capacitados, neste âmbito os jovens, para a sua inserção no mundo do trabalho. Neste contexto toda a crítica de muitos autores pode ser minimizada. Dentre, não ter ou ter os cursos técnicos profissionalizantes, o melhor é tê-los mesmo que de forma desconexa com o mundo do trabalho. (CONTARINE; OLIVEIRA, 2014 P. 124-125 cit in Caires et al 2016 P. 173).

Por outro lado, Fidalgo et al (2010), afirma que a educação só pode ser analisada, de forma correlacionada com o ensino médio, no qual tem vínculo ou não vínculo ao longo de sua história. No entanto, o ensino médio sofre oscilações quanto aos objetivos e definições. Tradicionalmente vem tendo um caráter acadêmico, formando sujeitos de formação desinteressada, uma educação de adorno, direcionada para o ingresso no ensino superior. Entretanto, a educação profissional, destina-se a camadas menos favorecidas, sendo quase sempre marginalizada e estigmatizada, assumindo tanto um caráter assistencialista e de preparação para um ofício, quanto um cunho pragmático, de atendimento aos interesses do setor produtivo. (Fidalgo et al, 2010 p. 168).

A grande maioria das pesquisas enfatizam que a Reforma da Educação Profissional afetou, radicalmente, a qualidade do ensino ministradas pelas instituições, sobretudo por

inviabilizar a prática da educação tecnológica, consubstanciada na integração entre educação geral e a profissional (ensino médio e ensino profissional), historicamente valorizada e reconhecida pelos setores societário e produtivo.

No documento ROSELIANE DE FÁTIMA COSTA FERREIRA (páginas 55-61)