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PARTE III: ESTUDO DE CASO

10. Gestão de Stock

10.2 Política P2

A política P2 aparece associada à política P1. Ignorando o restante stock e partindo das 54 referências, obtém-se como resultado da política P2 o stock diário necessário para as 60 referências de componentes, envolvidas na produção dos 54 produtos em análise.

As referências de produto foram convertidas em referências de componentes. As componentes de P2 são as que, através das árvores de produto, estão identificadas como fazendo parte da conceção das referências de produto em P1.

A conversão do stock de produto em stock de componentes tem de ter em conta o tempo de produção, bem como a capacidade de produção, por isso o esquema de necessidades tem de ser desmontado do fim para o início. Ou seja, antes de passar o

stock de produto a componentes, é necessário saber quando é necessário iniciar a

produção, de modo a satisfazer as necessidades.

O primeiro passo é identificar os produtos em stock em cada instante. O que já foi feito na política P1. Depois determina-se as referências dos seus componentes (árvore de produto) e as operações (identificadas no início deste capítulo) necessárias à produção dos produtos, bem como os tempos de produção associados a cada operação. Este é um processo de cálculo de necessidades diárias de cada componente. Após o que

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é necessário verificar se existe capacidade de produção ou se é necessário antecipar novamente a disponibilidade dos componentes. A JPM ainda não dispõe de um sistema de cálculo de necessidades integrado e automático, designado de MRP4. Existe a perceção de que o sistema pode ser otimizado com a introdução desta ferramenta, que atualmente está numa fase inicial de implementação. Contudo, como à data ainda não está em execução o processo de cálculo de necessidades foi realizado em folhas de cálculo.

Para melhor entendimento do processo de cálculo, a explicação será feita através de exemplos. Considerando a referência de produto 401016101, a 10 de Fevereiro de 2012 foram vendidas 6 unidades. De acordo com P2 não haverá stock deste tipo de referências logo, terão de ser produzidas para esta data. Recorrendo ao que está definido nas operações para esta referência, o tempo de produção para as 6 unidades é de 14,56 horas.

Tabela 2: Detalhe de produção por operação da referência 401016101.

Este processo foi repetido para todas as referências para os dois anos. Sempre que em alguma das operações era ultrapassada a capacidade diária, era necessário fazer ajustes na produção, para que se começasse a produzir mais cedo.

Por exemplo, dia 16 de Julho de 2012 deram saída as seguintes referências:

4 MRP – Material Requirement Planning, ou seja, planeamento da necessidade de materiais. Traduz-se

num sistema de cálculo das previsões de venda em programação da necessidade dos constituintes, atendendo aos tempos de produção alimentados no sistema ou programa escolhido para essa função.

Operação Tempo Unitário Tempo Total

Tirar rebarbas 0,07 0,40 Quinar 0,17 1,00 Limpar 0,10 0,60 Cravar 0,17 1,00 M ontar 0,83 5,00 Limpar 0,05 0,30 Inspecionar 0,08 0,50 Embalar 0,13 0,80 Total 1,60 9,60

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Tabela 3: Vendas efetuadas a 16 de Julho de 2012 - Teste à capacidade.

De acordo com os tempos por operação, nesse dia não haveria capacidade para proceder à operação “maquinar”, para as referências anteriores nas quantidades pedidas.

Tabela 4: Exemplo de capacidade excedida.

A capacidade diária da operação maquinar é de 20 horas, e nesse dia as necessidades eram de 28,15 horas, pelo que estariam 8,15 horas em excesso. A opção foi antecipar a produção de 2 unidades da referência 400901001, para dia 13 de Julho, dado que os dias 14 e 15 correspondem a sábado e domingo, respetivamente.

Este tipo de ajuste foi sendo feito, de forma a partir ao mínimo as produções por referência. As vendas para todas as referências estão representadas em anexo. No caso do produto, devido aos problemas de capacidade, à semelhança do exemplo anterior foi necessário ajustar um total de 26 dias de produção que se encontravam desajustados. O levantamento desses desajustes, comparado com a capacidade encontra-se em anexo. A operação mais problemática e que gerou a maior parte das necessidades de antecipação das produções foi a operação de montagem.

Depois de efetuados os ajustes foram tomadas duas medidas: 1º Recálculo do stock de componentes;

2º Determinação da capacidade produtiva remanescente, depois de considerado o produto, para a produção de componentes.

Referências Quantidade 401301001 6 400901001 9 401002001 10 401002003 4 400302001 3

Referências Quantidade M aquinar

401301001 6 0 400901001 9 20,49 401002001 10 0 401002003 4 6 400302001 3 1,66 28,15

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O recálculo do stock de componentes, surge com a multiplicação das quantidades de produto em stock para um determinado período pela quantidade de componente de acordo com a árvore de produto. Por exemplo, 4 unidades do produto da referência 401016003 são convertidas em componentes de acordo com a informação dada na Tabela 5.

Tabela 5: Árvore de produto da referência 401016003.

Assim, o stock de componentes necessário é o seguinte:

Tabela 6: Componentes em stock para a referência de produto 401016003.

Correndo este procedimento para todas as referências para o período em análise, obtém-se uma primeira versão do stock de componentes.

À semelhança do que foi feito com as referências de produto, foram apuradas as produções e os tempos de produção necessários para cada uma das 60 referências de componentes. Esta informação encontra-se em anexo. A única alteração em relação ao apuramento efetuado, para as componentes, é que agora a capacidade disponível não é igual à representada na Tabela 1. A capacidade disponível para as componentes

resultará da diferença entre as disponibilidades constantes na Tabela 1 e a capacidade já utilizada, ou necessária para a produção das referências de produto.

O resultado desta passagem traduz-se num aumento das quantidades em stock, como se pode ver pelo gráfico apresentado abaixo.

Produto Componente Quantidade

401016003 800901003 10 401016003 801204007 2 401016003 801204008 2 401016003 802303014 4 401016003 802303029 2 Componente Quantidade 800901003 40 801204007 8 801204008 8 802303014 16 802303029 8

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Gráfico 2: Quantidade de componentes em stock, para a política P2.

De notar que desta forma, a política P2 assegura a disponibilidade dos produtos nas quantidades procuradas sem recorrer a trabalho extraordinário ou subcontratação. O que não é o caso da política P1. Na verdade, a JPM nos anos em análise teve de recorrer a trabalho extraordinário para satisfazer a procura e como tal teve custos acrescidos. Estes custos e o seu impacto no custo de capital associado aos stocks não foi tido em consideração.

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