• Nenhum resultado encontrado

Este capítulo apresenta algumas políticas públicas realizadas em prol dos Catadores de materiais recicláveis. Tais políticas propiciam o fortalecimento das associações através de iniciativas como: capacitação dos Catadores voltada à gestão do empreendimento por meio do Projeto Cataforte, aquisição de equipamentos de reciclagem e caminhões de coleta dos materiais, patrocinadas pela FUNASA e FBB. A RESOL e a AREPI foram contempladas neste último item.

É obrigação do poder público promover a redução da desigualdade e colocar em prática políticas públicas que acelerem a efetivação dos direitos fundamentais de todos os brasileiros (MNCR, 2008).

O MNCR também vem alcançando conquistas na área de políticas públicas como: a inclusão do Catador na categoria de ocupação no CBO número 5192-05, que define a profissão do Catador na ocupação denominada Catador de Material Reciclável; a criação de políticas municipais de coleta seletiva com a inclusão social dos Catadores; a destinação de imóveis vazios para área de trabalho e moradia de Catadores; a criação do CIISC (Decreto de 11/09/2003); a alteração da Lei 8.666/83 que dispensa a licitação para as cooperativas e associações de Catadores; a aprovação da Lei Nacional de Saneamento 11.445 de 2007 que inicia o tratamento da política de resíduos sólidos (MNCR, 2008).

Para Guareschi et. al. (2004, p. 180), política pública é “o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas. Expressa a transformação daquilo que é no âmbito privado em ações coletivas no espaço público.” Mediante esta abordagem, os principais projetos apoiados por Órgãos Públicos Federais em prol dos EOCAC podem ser vistos pelo gráfico 7.

Gráfico 7 – Investimento em Projetos de Empreendimentos de Catadores

Fonte: MDS (2010).

As políticas públicas do governo federal voltadas ao apoio dos EOCAC são apresentadas na sequência.

O Ministério das Cidades (MCIDADES) está investindo através do Plano de Aceleração do Crescimento 1 (PAC) o valor de R$50 milhões, em municípios com população superior a 50.000 habitantes, na construção de 125 galpões de triagem para a coleta seletiva, beneficiando 8.800 Catadores de 88 municípios do país. Está planejado no PAC2 investimentos de R$1,5 bilhões no Programa Resíduos Sólidos Urbanos, recursos destinados para construção de barracão e aquisição de equipamentos de seleção e triagem nas atividades voltadas a organização de Catadores (MDS, 2010).

Para o ano de 2012 planeja-se investir R$8 milhões pelo MDS para organização de redes de comercialização e cadeia produtiva em comunidades de Catadores.

O Ministério da Educação (MEC) criou o Curso Técnico em Reciclagem que foi

aprovado e incluído no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos do MEC

(http://catalogonct.mec.gov.br/). Os cursos serão inseridos no programa Nacional de Integração

da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) no Ensino Fundamental e Médio, sendo ofertados por Instituições

2007 2008 2009 2010 Total 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 em m il h õ es MCIDADES BNDES MTE FUNASA PETROBRÁS MEC MDS FBB/Parcerias CAIXA MCT/CNPQ MI/CODEVASF

Federais de Ensino Superior e pelos Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. O objetivo é disseminar o conhecimento sobre a gestão de resíduos sólidos urbanos como: coleta, triagem, enfardamento, armazenamento e beneficiamento de diferentes tipos de materiais recicláveis pelas organizações dos Catadores, tendo como estratégia de ação a promoção do cooperativismo e associativismo e a educação para a sustentabilidade como orientação (MDS, 2010).

O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) investiu entre 2008 e 2010 R$3 milhões, para apoio de projetos de Inclusão Social de Catadores no Brasil (MDS, 2010).

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em conjunto com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES/MTE) realizaram o Projeto Cataforte que objetivou a promoção de ações de formação, autogestão e assessoria técnica para estruturação das unidades de coleta/triagem/ processamento e comercialização dos materiais recicláveis, visando o fortalecimento das organizações sociais e produtivas dos Catadores. Este Projeto foi realizado em parceria com a FBB (Convênio SENAES número 003/2007 – FBB). No Estado do Paraná o projeto foi realizado em 2010 pela Organização Não Governamental (ONG) ILIX. A RESOL e a AREPI participaram deste projeto através da capacitação dos seus associados. A Presidente da RESOL, a Sra. Edna Freitas atuou na função de educadora (ILIX, 2011).

Em Colombo, onde está situada a RESOL, a prefeitura possui como política pública para os EOCAC a destinação do material reciclado às associações. Esta associação ainda assinou em conjunto com a EMBRAPA o termo de comodato da área onde está situada.

Em Pinhais, onde está situada a AREPI, a prefeitura possui como política pública para os EOCAC a destinação do material reciclado à associação, o consentimento em regime de comodato do terreno e construção do barracão. Além disso, também adquiriu todos os equipamentos de reciclagem e paga as despesas de água e luz.

A FBB apoia os EOCAC patrocinando a capacitação, assistência técnica e fortalecimento da rede, com foco em investimentos para a consolidação de centrais de comercialização. Através do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) a AREPI teve um Projeto aprovado no Edital Cataforte 001/2011, tendo recebido 01 caminhão no valor de R$130.000,00 que coleta os materiais recicláveis doados por empresas, órgãos governamentais e indústria. Este projeto foi desenvolvido pelo Mestrando desta pesquisa, que o realizou em regime de trabalho voluntário à estas associações. A consolidação do projeto ocorreu através de: análise do edital público DRS; negociação de parcerias para o apoio no patrocínio do projeto com o BB agência Pinhais e a Prefeitura local, aonde a FBB doou o

recurso da compra do caminhão e a prefeitura realizou a contrapartida (compra da carroceria sbaú, contratação do seguro do veículo, pagamento do seguro obrigatório e taxas do Detran); planejamento e escrita do projeto nos moldes do edital; execução do projeto conforme valor do recurso aprovado, análise e escolha técnica do modelo de caminhão e carroceria baú considerando a melhor eficiência logística e menor custo de manutenção; aquisição do veículo; prestação de contas mediante 3 orçamentos e notas fiscais.

A FUNASA em 2010 realizou um chamamento público com o objetivo de selecionar projetos de cooperativas e associações voltadas diretamente às atividades de coleta e processamento de material reciclável. Para tanto, disponibilizou R$24 milhões do PAC/FUNASA, beneficiando 113 empreendimentos de Catadores. A RESOL foi contemplada neste chamamento público 002/2010, através da proposta 101312/2010 do Projeto no valor de R$200.000,00 que contempla a aquisição de 1 caminhão baú e equipamentos para a reciclagem como: esteira automática, prensa, balança digital e movimentador de fardos eletrônico. O Mestrando deste estudo também gerenciou este projeto de forma voluntária em prol do desenvolvimento da associação, realizando as seguintes atividades: análise do edital; preparação e coleta das assinaturas das documentações necessárias; escrita e planejamento do projeto no sistema do Ministério da Fazenda (SICONV); acompanhamento dos projetos aprovados e da liberação do recurso; execução do projeto conforme valor do recurso aprovado, análise e escolha técnica do modelo de caminhão e carroceria baú considerando a melhor eficiência logística e menor custo do produto e manutenção; análise e escolha técnica dos equipamentos considerando melhor custo/benefício, produtividade e segurança do trabalho; aquisição do veículo e equipamentos; prestação de contas mediante 3 orçamentos e notas fiscais.

A duração e trâmite do projeto FUNASA foi de 3 anos, desde a fase de planejamento até a concretização da execução. O caminhão foi disponibilizado à RESOL e começou a operar no início do ano de 2012 e os equipamentos serão instalados ate o final do mesmo ano. O Projeto DRS teve a duração de 7 meses e o caminhão foi entregue no início do ano de 2012.