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2.2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL

2.2.1 Políticas públicas

O setor público cumpre papel importante no desenvolvimento de um país, seja garantindo um ambiente estável e seguro para os investimentos, seja oferecendo políticas públicas que estimulem a eficiência da economia e a equidade na distribuição dos recursos. Sendo assim, políticas públicas são ações e programas que são desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos que são previstos na Constituição Federal e em outras leis. São medidas e programas criados pelos governos, dedicados a garantir o bem estar da população (MENDES, 2017).

As políticas públicas tratam do conteúdo concreto e do conteúdo simbólico de decisões políticas, e do processo de construção e atuação dessas decisões. Dessa forma, uma política pública é uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público. Uma política pública possui dois elementos fundamentais: intencionalidade pública e resposta a um problema público. Sendo assim, a razão para o estabelecimento de uma política pública é o tratamento ou a resolução de um problema entendido como coletivamente relevante (SECCHI, 2013).

O governo, com sua estrutura administrativa, não é a única instituição a servir à comunidade política, isto é, a promover políticas públicas. A essência conceitual de políticas públicas é o problema público. Exatamente por isso, o que define se uma política é ou não pública é a sua intenção de responder a um problema público (SECCHI, 2013).

Chama-se de políticas governamentais aquelas políticas elaboradas e estabelecidas por atores governamentais. Dentre as políticas governamentais, estão as realizadas pelos diversos órgãos dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Nos dias atuais, as políticas governamentais são o subgrupo mais importante das políticas públicas, e são as que recebem maior atenção (SECCHI, 2013).

A economia mundial sofreu profundas transformações no último quarto do século passado, decorrentes, principalmente, da transição do antigo paradigma fordista- keynesiano para um novo regime de acumulação que, por sua vez, requereu a construção de um novo modo de regulação que lhe desse suporte. Esta mudança, dentre outros efeitos, acabou por colocar as aglomerações de pequenas e médias

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empresas no centro do debate contemporâneo do planejamento regional e urbano e da Economia Industrial (COSTA, 2010).

Embora já existissem sinais aparentes de esgotamento do modelo keynesiano ou fordista, que vigorava desde o início do século XX, foi com a crise mundial acentuada pelo choque do petróleo, em 1973, que se criaram as condições necessárias para a sua substituição. Um contexto de mudança de paradigmas afetou o sistema econômico vigente. Nesse período, houve a ascensão de um novo sistema de organização baseado na flexibilidade do capital, de processos de trabalho, do mercado de trabalho e dos produtos, de acordo com novos padrões de consumo (CARGNIN, 2014). O novo contexto retoma as percepções e abordagens das políticas públicas, e nesse trabalho aborda-se as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento regional.

No Brasil, a partir do final da década de 1990, o planejamento territorial foi retomado, através da contratação do Estudo dos Eixos Nacionais de Integração Nacional e a criação do Ministério da Integração Nacional, em 1999. O estudo dos Eixos marcou a retomada do planejamento territorial como instrumento de planejamento de longo prazo e de integração territorial. Já a criação do Ministério de Integração Nacional foi o reconhecimento institucional de que as disparidades existentes não se resolveriam sem a participação efetiva do Estado (CARGNIN, 2014).

Diversas iniciativas governamentais têm sido implementadas desde 2003 através da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), coordenada pelo Ministério da Integração Nacional, com o objetivo de reverter à defasagem entre regiões desenvolvidas e não desenvolvidas. Reconhece-se que as desigualdades regionais se manifestam não apenas entre grandes regiões, mas também no contexto de cada região, criando a necessidade de uma política de Estado voltada a atuar nacionalmente, em múltiplas escalas geográficas (CARGNIN, 2014).

A organização social dos atores regionais e a geração de emprego e renda, utilizando-se para tal, de sistemas e arranjos produtivos locais, constituem-se como efetivos instrumentos de desenvolvimento regional por fortalecerem e desenvolverem todo o sistema produtivo das regiões nas quais estão inseridos, sendo que estas aglomerações devem conter políticas públicas adequadas, por dependerem de um todo sistêmico, considerando esses sistemas como um dos mais importantes instrumentos

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de geração de emprego e renda para a estratégia de redução das históricas desigualdades regionais brasileiras (COSTA, 2010).

Desta forma, torna-se necessário um amplo esforço de identificação dos sistemas produtivos existentes. Posteriormente, deve-se diagnosticar os sistemas identificadas de modo a fornecer um quadro adequado para que os formuladores de políticas possam delinear programas e ações adequadas, potencializando e otimizando a intervenção do Estado. Como parte deste processo, e com base nos diagnósticos, deve-se classificar os sistemas de modo a enquadrá-los com base em problemáticas capazes de fornecerem linhas gerais de intervenção. Somente após isto é que o Estado pode selecionar os casos que serão objeto de intervenção de acordo com o programa de governo e com as diretrizes estratégicas de atuação das instituições governamentais com foco no apoio ao desenvolvimento de arranjos produtivos. Após a seleção dos casos, a ação pública deve proceder com base nas características e potencialidades de cada aglomerado (COSTA, 2010).

Todas as ações exigem de forma complementar e em paralelo com a melhoria da infraestrutura social uma melhoria na infraestrutura econômica urbana e regional, sendo um dos mais sérios pontos de estrangulamento ao desenvolvimento destes aglomerados, já que planejar a reordenação do espaço construído implica em boa medida criar uma infraestrutura econômica que dê suporte às ações implementadas. Neste sentido, a infraestrutura econômica é sem dúvida parte determinante ou limitante do desenvolvimento dos aglomerados (COSTA, 2010).

O apoio público não deve se limitar ao desenvolvimento da cadeia produtiva interna do aglomerado. Deve procurar o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva regional. Desta forma, além do aumento do grau de cooperação, devem-se instituir ações que facilitem as interações ao longo da cadeia da qual o aglomerado participa. Esta ação visa o não estrangulamento do desenvolvimento do aglomerado e a dinamização de todo o sistema produtivo regional, com consequente agregação de valor aos produtos regionais (COSTA, 2010).

No ano de 2019, surge o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), com o desafio de integrar, em uma única pasta, as diversas políticas públicas de infraestrutura urbana e de promoção do desenvolvimento regional e produtivo.

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