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2- Quais os critérios utilizados, durante a primeira gest do governo Ja c ques Wagner, para a seleção e priorização de programas/projetos a serem financiados pelo

1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS

Do ponto de visto político administrativo o desenvolvimento de umasociedade é resultante da ação ou inação dos governos dos Estados nacionais, subnacionais e supranacionais em conjunto com as demais forças vivas sociedade (HEIDEMANN;

SALM, 2009). Assim, o desenvolvimento se constitui em uma ação política.

Na acepção operacional a política é entendida como ações, práticas, diretrizes fundadas em lei e empreendidas pelos diversos níveis de governo. No campo teórico o conceito de política avança para representar o conhecimento dos fenômenos relacionados com a regulamentação e controle da vida humana em sociedade

(HEIDEMANN; SALM, 2009).

Deve-se atentar, portanto, que a administração para o desenvolvimento de uma sociedade, no sentido da ação, se materializa na formulação, implementação e execução de políticas públicas. Nesta direção, Enrique Saravia e Elisabete Ferrarezi (2006)

definempolíticas públicas como,

[...]estratégias que apontam para diversos fins, todos eles, de alguma forma, desejados pelos diversos grupos que participam do processo decisório. A finalidade última de tal dinâmica – consolidação da democracia, justiça social, manutenção do poder, felicidade das pessoas – constitui elemento orientador geral das inúmeras ações que compõem determinada política. (SARAVIA; FERRAREZI, 2006, p.28)

Dentre os diversos setores de alcance das políticas públicas, as políticas sociais

destacam-se como políticas públicas de maior demanda pelos movimentos civis organizados e sindicatos. Além disso, a importância das políticas públicas sociais também pode ser reforçada pelo surgimento da concepção do Estado de Bem-Estar

Social do Estado Moderno, que impulsionou o Estado a intervir e estabelecer certas garantias sociais na medida em que o mercado não atendia a uma série de necessidades consideradas socialmente relevantes. O Estado passaria a organizar o sistema de garantias legais ao acesso a bens e serviços que garantissem a proteção social da pessoa diante dos riscos e vulnerabilidades sociais (JACCOUD, 2009).

O Estado de Bem-Estar social tornou-se “arena de lutas por acesso à riqueza social” (SILVA, 1997 CUNHA; CUNHA, 2002) uma vez que as sociedades são formadas por diferentes atores, portadores de uma pluralidade de interesses. As políticas públicas funcionam, então, como respostas do Estado às demandas da sociedade e se traduzem em compromisso público de atuação.

A partir dessa concepção, pode-se entender as políticas públicas de corte social como políticas de Estado que devem dar respostas aderentes e responsivas às demandas, trazidas por novos atores e domínios sociais, originárias das diversas formas de privação e destituição a que está submetido uma significativa parcela da população,

não por desejo ou pelas características naturais dos seus indivíduos e sim em

decorrência dasescolhas políticas, sociaise econômicas adotadas ao longo da história.

Deve-se considerar que as políticas públicas inserem-se como premissa básica para consolidação dos direitos humanos e a expansão da cidadania. Portanto, precisam refletir não somente leis, programas, normas, ou metas que possibilitem a inclusão social, precisam contemplar uma “forma de “fazer”, construída na busca permanente pela participação e pelo diálogo entre os poderes constituídos democraticamente e a população” (CFP, 2009, p.13).

Ainda sobre o assunto, Cohen e Franco (2007), acrescentam que as políticas públicas para a redução da pobreza estão associadas às políticas voltadas para o aumento da atividade econômica, a dinâmica setorial do PIB, o comportamento do

mercado de trabalho,com impactos na composição da renda familiar:

[...] elas têm um caráter mais amplo influenciando também o crescimento econômico garantido por elas através de formação de ca humano e aumento da renda família. (COHEN; FRANCO, 2007)

Celina Souza (2003a) defende que com o aprofundamento e expansão da democracia e a adoção de políticas restritivas de gasto, o desenho e a execução de políticas públicas, tanto as econômicas quanto as sociais, ganharam maior visibilidade. Para a autora, não existe definição única para o que seja política pública. Neste sentido, política pública seria a ação que os governos utilizam para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade. Para ilustrar a sua defesa, a autora utiliza-se do conceito de Mead (1995 SOUZA, 2003a) definindo-as como “[...] um

campo dentro do estudo da política que analisa o governo à luz de grandes questões públicas” ou citando Peters (1986 SOUZA, 2003a), “[...] é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos”. A autora ainda utiliza Dye (1984 SOUZA, 2003a) que sintetiza a definição de política pública como “o que o governo escolhe fazer ou não fazer” (SOUZA, 2003a, p.3).

Das diversas definições e modelos sobre políticas públicas citadas por Souza (2003a),a autora conclui que se trata de um:

[...] campo de conhecimento que busca ao mesmo tempo colocar o governo em ação e/ou analisar essa ação e, quando necessário, mudanças no rumo ou curso dessas ações.(SOUZA, 2003a, p.3)

E, a sua formulação, constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão

apud

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resultados ou mudanças no mundo real. Assim, para a autora, os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de decisões) selecionariam as políticas públicas dentre aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade.

Nesta direção, Souza (2003a) defende que o bem-estar da sociedade é sempre

definido pelo governo, que age conforme a força ou à fraqueza dos grupos de interesse. Para Souza (2002), estes grupos de interesse são compostos por indivíduos que têm objetivos em comum e se formam para aumentar as possibilidades de êxito na competição pelos recursos, que são lim itados ou escassos, para ofertar os bens e

serviços públicos desejados pelos diversos indivíduos.

Souza (2003a) conclui que as Políticas Públicas são o resultado da competição entre os diversos grupos ou segmentos da sociedade que buscam defender (ou garantir) seus interesses. Tais interesses podem ser específicos – como a construção de uma estrada ou um sistema de captação de água em determinada região – ou gerais – como demandas por segurança pública e melhores condições de saúde. Não só os indivíduos ou grupos que têm força relevante influenciam na tomada de decisão, mas, também,as regras formais e informais que regem as instituições.

Nesta esteira, Dagnino e Amorim (1993) consideram como principal atributo para que demandas ou expectativas da sociedade se transformem em política pública a sua capacidade de entrar na agenda política dos tomadores de decisão.

O autor organiza as agendas entre Agenda Pública (interesses dos diversos atores sociais); a Agenda de Governo (conjunto de ações programadas no interior das estruturas de governo originárias do seu programa de governo ou inserida pela dinâmica social que pauta sua gestão); e, a Agenda Política como sendo o conjunto de ações que

serão implementadas. A possibilidade de uma ação entrar na Agenda Política é definida a partir da força dos grupos de interesse a quem ela atende.

Ainda sobre a temática, Thomas R. Dye (2005) define a política pública como tudo que os governos decidem fazer ou deixar de fazer. Assim, este autor insere a inação no campo das políticas públicas e a sua análise consiste em “descobrir o que os governos fazem, porque o fazem e que diferença isto faz” (DYE, 2005

HEIDEMANN; SALM, 2009). Ou seja, o “vazio” de políticas públicas em

determinadas áreas pode significar uma intenção de inação. Em síntese, são deixadas de lado intencionalmente.

Comentando Dye (2005), Heidemann e Salm (2009) entendem que a não intervenção governamental frente a uma questão significa uma decisão de manter esta questão fora da arena de intervenção do governo.

Existe ainda uma discussão (HEIDEMANN; SALM, 2009) que amplia o conceito de políticas públicas e que vai além da perspectiva de políticas de governo, visto não ser este a única instituição a servir à comunidade política. Outras entidades,

como Organizações Não Governamentais, Associações, órgãos de classe, também, se incluem entre os agentes de política pública.

A contribuição de Faria (2003) dá-se em destacar o lugar que ocupam as variáveis idéias e o conhecimento no processo de produção de políticas públicas. Os estudos sobre a interação entre os diversos atores no so de produção de políticas públicas têm sofrido significativas reformulações, principalmente devido à participação de organizações não-governamentais de atuação transnacional e redes de especialistas (FARIA, 2003), o que diversifica o processo de formação e gestão das políticas

públicas, exigindo um arcabouço teórico-conceitual com novas vertentes analíticas que contribuam para a efetivação das políticas públicas em um mundo cada vez mais complexo e marcado por incertezas (FARIA,2003).

Em síntese, as políticas públicas que considerem as necessidades dos seus beneficiários e o nível de articulação e complementaridade requerido para que se tornem efetivas, devem se constituir em importante instrumento para o enfrentamento da

pobreza.