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CAPÍTULO 2: POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA, CARACTERIZAÇÃO E

2.2. Políticas e programas voltados para população em situação de rua

O termo “população em situação de rua” surge no cenário das políticas públicas sociais, de forma regulamentada, na Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004- Resolução nº 145 de 15 de outubro de 2004, que sinaliza a inauguração de uma outra perspectiva de análise ao tornar visíveis aqueles setores da sociedade invisíveis, excluídos das estatísticas (PNAS, 2004). A inclusão deste segmento no texto da PNAS foi feita devido ao acirramento da questão social com o visível aumento do número de pessoas em situação de rua, além de cobranças feitas aos gestores das políticas e a visibilidade nacional que o setor ganhou por meio do Movimento dos Catadores de Materiais recicláveis, dos fóruns na luta pelos direitos humanos das pessoas em situação de rua (KLAUMANN, 2016). Além disso, destacam-se as inúmeras mortes de pessoas em situação de rua, como ocorreu em 2004 no Centro de São Paulo, quando 15 moradores de rua foram agredidos sendo que 07 vieram a óbito (BERABA, 2004).

Em 2005 foi criado o Movimento Nacional da População em situação de Rua (MNPR) que começa a exigir políticas públicas para este segmento, tendo como importante marco o I Encontro Nacional para População em Situação de Rua que organizou subsídios para o texto da Lei nº 11.258, de 30 de dezembro de 2005. Essa lei altera o texto da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS – lei nº 8742 de 7 de dezembro de 1993 - que dispõe sobre a organização da assistência social e que em seu artigo 23, indica, que na organização dos serviços da assistência social serão criados programas de amparo, entre outros, às pessoas que vivem em situação de rua (KLAUMANN, 2016).

Em 2009 a Resolução do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009 – refere-se à Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, que, em relação aos serviços para pessoas em situação de rua na Proteção Social Especial de média complexidade destaca: Serviço Especializado de Abordagem Social e Serviço Especializado para pessoa em Situação de Rua e da Alta Complexidade, Serviço de Acolhimento Institucional, Casa de Passagem e Acolhimento em República, no item seguinte serão detalhadas as especificidades de cada serviço.

Com a PNAS e a LOAS, a população em situação de rua passou a ser detentora de direitos a políticas públicas específicas para o atendimento de suas necessidades. Em 23 de dezembro de 2009, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, institui a Política Nacional da População em Situação de Rua, decreto nº 7053/2009, que visa orientar a construção e a execução de políticas públicas voltadas a este segmento da sociedade, historicamente à margem das prioridades dos poderes públicos. Esse Decreto foi fruto da mobilização da sociedade civil e das ações do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), instituído pelo Decreto s/nº, de 25 de outubro de 2006.

O Decreto nº 7053/2009 também cria o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, porém, mesmo com toda essa articulação, infelizmente não tem a força normativa de uma lei o que inviabiliza a criação de sanções para o seu descumprimento. Muitos estados e municípios não aderiram a Política Nacional da População em Situação de Rua (BRASIL, 2009).

Após o Decreto nº 7053, destaca-se a Instrução Operacional conjunta do CNAS de 22 de novembro de 2010, que determina a inclusão de pessoas em situação de rua no Cadastro Único do Governo Federal o CADÚNICO. Essa medida, em tese,

fortaleceria a inclusão das pessoas em situação de rua nos programas sociais do governo, como os de transferência de renda, inclusão produtiva, habitação e ampliaria o conhecimento da realidade dessa população. Segundo dados do IPEA,

Com efeito, apenas 47,1% da população de rua estimada está cadastrada no Cadastro Único. A ampliação da cobertura deste cadastro neste segmento populacional permitiria, para além do acesso deste público aos programas sociais, a realização de estudo de perfil desta população com base nos dados do cadastro (IPEA, 2016, p. 25, 26).

Além dessas, outras resoluções e portarias instituídas destinam recursos do governo federal e fontes de financiamento para os Centros de Referência Especializados para população em situação de rua e para serviços de abordagem e de acolhimento institucional para pessoas em situação de rua.

Quadro 2: Resumo das Principais Normativas específicas para pessoas em situação de rua

Normativas Descrição

Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004 - Políticas Nacionais de

Assistência Social – PNAS

A PNAS coloca como público de maior grau de risco social e parcela excluída e invisível a população em situação de rua e como público da proteção especial. Lei 11.258 de 2005 de 30 de dezembro

de 2005

Altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social, para acrescentar o serviço de atendimento a pessoas que vivem em situação de rua.

Decreto s/nº de 25 de outubro de 2006 Institui o Grupo de Trabalho

Interministerial (GTI) com a finalidade de apresentar proposta de políticas públicas para população em situação de rua

Portaria do MDS nº 381, de 12 de dezembro de 2006

Assegura Recursos do Cofinanciamento federal para municípios com mais de 300.000 habitantes com população em situação de rua, para oferta de serviço de acolhimento.

Resolução do CNAS 109 de 11 de novembro, de 2009 – Tipificação Nacional dos Serviços

Socioassistenciais.

Documento que tipifica os serviços socioassistenciais, inclusive os de atendimento à população em situação de rua, na Proteção Social Especial temos: Serviço Especializado em Abordagem Social; Serviço Especializado para Pessoa em Situação de Rua, Serviço de Acolhimento Institucional e Serviço de Acolhimento em República.

Decreto nº 7053, de 23 de dezembro de 2009

Institui a Política Nacional para Pessoa em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento

Instrução Operacional Conjunta Secretária Nacional de Assistência Social – SNAS e Secretaria Nacional de Renda e Cidadania – SENARC nº 07, de 22 de novembro de 2010

Orientações aos municípios e Distrito Federal para a inclusão de pessoas em situação de rua no Cadastro Único do Governo Federal – CADÚNICO. Resolução da Comissão Intergestores

Tripartite – CIT nº 07 de junho de 2010

Destina recurso para o Serviço

Especializado para pessoas em situação de Rua para municípios com 250.000 habitantes.

Portaria 843, de 28 de dezembro de 2010

Piso Fixo de Média Complexidade recursos para o Centro de Referência Especializado em População em Situação de Rua.

população em situação de rua e para o reordenamento do serviço de

Acolhimento Institucional.