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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

3.2.4. Poluição da água e suas fontes

Tomaz (2006) define poluição como a mudança indesejável no ambiente, geralmente a introdução de concentrações exageradamente altas de substâncias prejudiciais ou perigosas, calor ou ruído. Como consequência dessa mudança, há alteração da composição e das propriedades do ar, da água e do solo, decorrente do lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos.

Segundo Gastaldini & Mendonça (2001), poluição do ambiente aquático significa a introdução pelo homem, direta ou indiretamente, de substâncias ou energia que resultam em efeitos deletérios tais como: danos aos organismos vivos; riscos à saúde pública; prejuízos a atividades aquáticas, incluindo pesca; prejuízos à qualidade de água no que diz respeito a seu uso na agricultura, indústria e atividades econômicas em geral.

Para Maciel Filho (1997), poluição da água constitui-se em toda alteração artificial das características físicas, químicas e biológicas naturais de uma água ou, mais precisamente, uma deterioração pejorativa que ocasione um distanciamento das normas. De acordo com a SEMA/SP (2000) e com a CETESB (2000), a poluição da água está diretamente associada ao tipo de uso e à ocupação do solo na bacia hidrográfica.

Conforme Von Sperling (1996), existem duas formas em que a fonte de poluentes pode atingir um corpo d’água: poluição pontual (os poluentes atingem o corpo d’água de forma concentrada no espaço) e poluição difusa (os poluentes adentram ao corpo d’água distribuindo-se ao longo de parte da sua extensão).

As cargas pontuais se devem aos efluentes da indústria e ao esgoto cloacal e pluvial, e as cargas difusas se devem ao escoamento rural e urbano, distribuído ao longo das bacias hidrográficas. As cargas podem ser de origem orgânica ou inorgânica, sendo que as cargas orgânicas têm origem nos restos e dejetos humanos e animais e na matéria orgânica vegetal, enquanto as cargas inorgânicas têm origem nas atividades humanas, no uso de pesticidas, nos efluentes industriais e na lavagem pelo escoamento de superfícies contaminadas, como áreas urbanas (TUCCI et al., 2001).

Porto (1995) define poluição difusa como aquela gerada pelo escoamento superficial da água em zonas urbanas, as quais provêm de atividades que depositam poluentes, de forma esparsa, sobre a área de contribuição da bacia hidrográfica.

Tomaz (2006) diferencia claramente a poluição pontual e difusa, afirmando que uma cidade que lança o seu efluente num curso de água através de uma única tubulação constitui uma poluição pontual. Entretanto, uma poluição difusa, comenta o mesmo autor, ocorre quando a poluição não pode ser identificada e cobre uma área extensa, como aquela provinda das chuvas, molhando os telhados, os jardins, as ruas, etc. e levando consigo uma infinidade de poluentes para os cursos de água.

Os aspectos qualitativos do escoamento superficial em áreas urbanas são abordados por Porto (1995) como uma poluição de origem difusa. Segundo ele, a origem da poluição difusa é bastante diversificada, sendo que contribuem para ela a abrasão e o desgaste das ruas pelos veículos, o lixo acumulado nas ruas e calçadas, os resíduos orgânicos de pássaros e animais domésticos, as atividades de construção, os resíduos de combustível, óleos e graxas deixados por veículos, poluentes do ar entre outros.

De acordo com Porto (1995), a poluição difusa é um fenômeno com origem no ciclo hidrológico, iniciando-se com o arraste dos poluentes atmosféricos pela chuva, e sendo o escoamento superficial direto, responsável pelo transporte dos poluentes dispostos sobre a superfície da área urbana até o lançamento final do corpo receptor. Ainda, segundo Porto (1995), as concentrações de poluentes no escoamento gerado variam ao longo do evento hidrológico, esperando assim, que tais valores formem um “polutograma”, isto é, a variação da concentração com o tempo.

Um dos fenômenos discutidos quando se tratar de prever “polutograma ou polutógrafo" é a ocorrência da chamada carga de lavagem ou “first flush” (TOMAZ, 2006). Esse autor define o “first flush” como o escoamento superficial no início de uma chuva, que carrega grande concentração de poluentes que ficaram acumulados nos dias sem chuva, tornando-se esse escoamento mais pronunciado nas superfícies impermeáveis.

É importante ressaltar que a contaminação pela poluição de origem difusa acontece segundo duas situações bem diferenciadas. A primeira delas compreende os períodos sem chuvas, o que é denominado “deposição seca”. Para essa etapa, os poluentes existentes na atmosfera depositam-se sobre as superfícies de telhados, ruas e outras áreas do espaço urbano. A segunda etapa abarca os períodos com chuvas, também denominada “deposição úmida” Nessa etapa, os poluentes acumulados nas superfícies, durante a “deposição seca”, são lavados pelo surgimento dos escoamentos

superficiais e, assim, tais poluentes são transportados até os corpos d’água (PORTO, 1995).

A severidade da poluição não é determinada apenas pela intensidade dos poluentes, mas pela capacidade de assimilação dos corpos d’água, que dependem das interações entre condições físicas, químicas e biológicas desse ambiente. A ação antropogênica sobre o meio aquático tem despontado como uma das maiores responsáveis por essas alterações, considerando que os rios vêm sendo, ao longo dos anos, utilizados como depositários de rejeitos. Os esgotos domésticos contribuem com elevadas cargas orgânicas, as indústrias com uma série de compostos sintéticos e metais pesados e as atividades agrícolas respondem pela presença de pesticidas e excesso de fertilizantes na água. Segundo Branco et al. (1991), as alterações da qualidade da água representam uma das maiores evidências do impacto das atividades humanas sobre a biosfera.