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PONTOS FORTES/ FRACOS, INCERTEZAS E TENDÊNCIAS

No documento M E T R O D O P O R T O, S. A. (páginas 111-115)

As análises efetuadas e as hipóteses de solução colocadas sugerem uma arrumação de argumentos nos seguintes 18 pontos relevantes.

9.1. Seis pontos fortes deste projeto

PRIMEIRO A necessidade de definição do futuro crescimento da rede metro na área metropolitana determina, por sua vez, a necessidade de se encontrar uma solução para o canal da antiga linha ferroviária na Trofa. A possibilidade de se encontrar uma solução que resulte de uma concertação e cooperação estratégica entre a Câmara Municipal da Trofa e a Metro do Porto, representa uma força que não deverá ser desbaratada.

SEGUNDO Durante anos a Câmara Municipal da Trofa viu nesse corredor uma

oportunidade de desenvolvimento económico e de aumento da atratividade do seu concelho e da cidade no quadro de uma concorrência subregional, tendo moldado a sua estratégia de uso do solo a uma ideia de projeto de transportes para esse canal. O não abandono dessa ideia, mas a sua adaptação às condições efetivas representadas pelas diferentes instituições envolvidas neste processo, constitui um exercício de realismo que a todos poderá beneficiar.

TERCEIRO A existência de projetos municipais e intermunicipais na subregião em questão tendo em vista a utilização da bicicleta como instrumento de desenvolvimento do padrão de mobilidade da população, a par com a sustentabilidade económica e ambiental, é um argumento que fortalece esta solução.

QUARTO A significativa apetência da população residente na subregião para a utilização da bicicleta como meio de locomoção para atividades lúdicas, desportivas e de manutenção física, assim como o excelente enquadramento ambiental e paisagístico das margens do Rio Ave e do Rio Pelhe, são um conjunto de fatores que determinam a existência de um apreciável parque de bicicletas privadas.

QUINTO A capacidade da Metro do Porto para traçar um modelo de negócio adaptado ao conceito de metrobici, a que se associa uma capacidade de investimento em infraestrutura de base adaptada a esse conceito – autoestrada bici –, mobilizando valores desejavelmente compatíveis com os benefícios que podem ser gerados.

SEXTO Existência de evidências claras quanto ao potencial interesse em alargar esta solução/ projeto piloto aos territórios vizinhos de Santo Tirso e Vila Nova de Famalicão, o que poderá constituir a abertura de um novo mercado de transporte.

9.2. Dois pontos fracos a contrariar ou evitar

SÉTIMO Desadaptação do parque de veículos existente – bicicletas demasiado onerosas – tendo em vista a sua utilização como meio de transporte para viagens pendulares ou para motivos que não sejam os lúdicos ou de manutenção física/ desporto, e o seu parqueamento em lugares públicos e supostamente inseguros poderá ser uma contrariedade inesperada implicando mais investimento em segurança. OITAVO A aposta numa operação de transportes públicos tendo por base veículos autocarros no antigo canal ferroviário entre o ISMAI e a Trofa, a concretizar-se, seria muito provavelmente um enorme fracasso na medida em que a procura está atualmente estruturada ao longo do canal (paralelo e próximo) da N14, cujas condições de operacionalidade deverão melhorar com a construção já prevista variante a essa estrada.

9.3. Duas oportunidades de peso

NONO A simultaneidade de projetos de infraestrutura dedicada no âmbito do desenvolvimento do transporte intraurbano em bicicleta num território de urbanização relativamente difusa e em que as três sedes de concelho se encontram a distâncias muito próximas (inferiores a 10 km), constitui uma oportunidade para a viabilização de um serviço e o aproveitamento de um espaço-canal que se afigura estratégico para a mobilidade futura no espaço interurbano.

DÉCIMO A época de escassez de recursos e a consequente necessidade de redução do

investimento público, deverão constituir uma oportunidade para trabalhar soluções inovadoras que tenham por base custos relativos amplamente inferiores, e que promovam uma mobilidade sustentável e baseada no respeito pelo meio ambiente.

9.4. Quatro aspetos ameaçadores

DÉCIMO PRIMEIRO A dificuldade que irá existir na adesão da população a um meio de transporte que apesar de tudo ainda significa uma desqualificação relativamente ao acesso ao automóvel particular, até porque algumas décadas atrás, a bicicleta estava associada ao meio laboral de muito poucos recursos.

DÉCIMO SEGUNDO A questão da segurança em termos de circulação numa autoestrada-bici com componentes de percurso mais isoladas, pode constituir uma dificuldade ao alargamento da solução a uma procura que a justifique em pleno, pelo que este aspeto não pode ser descurado.

DÉCIMO TERCEIRO A manutenção do não aproveitamento do canal da antiga linha ferroviária constituiria um fator de desagregação da cooperação institucional entre entidades públicas com responsabilidade na gestão do território e do sistema de transportes, e também representaria um fator de desqualificação territorial que não favorece a atratividade de um espaço urbano que compete pela atração de investimento externo.

DÉCIMO QUARTO A continuação de uma procura débil em sistemas de transportes alternativos ao automóvel e que apresentam um forte potencial do ponto de vista da sustentabilidade ambiental e económica, constitui um sinal negativo quanto à capacidade de inverter mais rapidamente o enorme desequilíbrio existente na repartição modal, em que é elevada dependência dos cidadãos relativamente ao ‘carro próprio’.

9.5. Duas tendências notórias

DÉCIMO QUINTO A generalização próxima da bicicleta elétrica e a aposta tecnológica em meios de locomoção individuais em duas rodas alternativos ao automóvel, constituem tendências claras que justificam a aposta numa autoestrada-bici como infraestrutura de transportes com futuro, ainda que a adesão da procura possa ter uma grande inércia inicial.

DÉCIMO SEXTO O aumento da consciência individual com o ambiente e o papel dos transportes nas alterações climáticas, assim como a crescente dificuldade económica das famílias jovens em aceder à aquisição de automóvel, constituem fatores muito positivos que justificam a aposta em soluções alternativas e limpas que acompanhem as necessidades de mobilidade associadas ao desenvolvimento da qualidade de vida dos cidadãos.

DÉCIMO SÉTIMO A diminuição percentual das viagens pendulares no conjunto das viagens que estruturam as necessidades de mobilidade de pessoas resulta da melhoria do padrão de mobilidade da população, e essa evolução só será sustentável se suportada por soluções públicas de transportes, o que justifica encarar o conceito de metrobici como uma solução de futuro no âmbito do transporte público individual. DÉCIMO OITAVO Sabendo-se que o desenvolvimento do transporte público individual

está em geral associado ao aumento da procura em transporte público coletivo, não deverá o projeto metrobici ser encarado como concorrente direto do autocarro, antes como um parceiro estratégico.

No documento M E T R O D O P O R T O, S. A. (páginas 111-115)