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3.3 Caracterização da pesquisa

3.3.3 População e amostra da pesquisa

Com o propósito de atingir o objetivo geral que é “identificar as práticas de produção/obtenção, compartilhamento e (re)uso de dados de pesquisa em Química, Antropologia e Educação”, a população estudada foi constituída por pesquisadores que atuam em programas de pós-graduação em Química, Antropologia e Educação. A escolha das disciplinas para este estudo considerou as áreas do conhecimento que constam no modelo conceitual da pesquisa – Ciências Exatas, Ciências Sociais e Humanidades.

Logo, compreendeu-se que a Química, a Antropologia e a Educação são disciplinas que representam as áreas das Ciências Exatas, Ciências Sociais e Humanidades, respectivamente.

Nesse contexto, reitera-se a classificação de Biglan (1973b), na qual Química é considerada uma disciplina rígida e pura. Por sua vez, a disciplina de Antropologia é classificada nas categorias de disciplinas flexíveis e puras, enquanto Educação é classificada como uma disciplina flexível e aplicada.

Ademais, reitera-se o conceito de “culturas epistêmicas” trazido por Knorr-Cetina (1999b) e a importância de que sejam reconhecidas as divisões culturais na comunidade de pesquisadores. Assim, considerou-se nesta pesquisa que cada uma das disciplinas analisadas – Química, Antropologia e Educação – caracteriza-se, sobretudo, por dinâmicas e padrões específicos relacionados à prática da pesquisa científica.

Segundo Levin e Fox (2004), o desenvolvimento da pesquisa dispõe de recursos limitados. Por conseguinte, raramente o pesquisador terá contato com todos os indivíduos da população na qual está interessado. Por isso, ele estudará um número determinado de participantes, que é a amostra. Ademais, Toledo e Ovalle (2014, p. 17) afirmam que a amostra pode ser entendida como “um subconjunto, uma parte selecionada da totalidade de observações abrangidas pela população, através da qual se faz um juízo ou inferência sobre as características da população”.

A amostra selecionada nesta pesquisa foi estabelecida por meio de amostragem intencional não probabilística. Deslaurierse e Kèrisit (2008) afirma que esse tipo de amostra não é constituído ao acaso, mas em razão dos aspectos muito específicos que o pesquisador busca compreender. Sobre a amostra não probabilística, Deslaurierse e Kèrisit (2008, p. 138- 139) ainda destacam:

A amostragem não probabilística, ou teórica, não é uma estratégia à qual se recorre quando não se pode estabelecer a probabilidade. Ao contrário, inúmeros fenômenos não podem ser pesquisados de outra maneira, sendo a amostra teórica, em geral, a única apropriada (...) Se a regularidade e a dimensão da amostra probabilística nos possibilitam conhecer aspectos gerais da realidade social, o caráter exemplar e único da amostra não probabilística nos dá acesso a um conhecimento detalhado e circunstancial da vida social. É, pois, em relação aos resultados que ela acarreta, bem como à sua pertinência, que a amostra não probabilística se justifica.

A definição da amostra também foi feita em consonância com o princípio de diversificação, na forma externa (intergrupo), também chamada de contraste. Pires (2008) afirma que a diversificação externa aplica-se em pesquisas cujo objetivo é mostrar uma visão panorâmica de determinado contexto ou contrastar diferentes realidades. Essa é uma abordagem muito comum em pesquisas comparativas que utilizam a entrevista como técnica de coleta de dados, com objetos de estudo relacionados às atitudes e representações sociais de participantes de diferentes grupos. Pires (2008, p. 200) ressalta a diversidade cultural presente nesses grupos,

ao afirmar que “são as diferenças entre os grupos que vêm reforçar a pertinência da descrição proposta para cada grupo”.

Nesse sentido, foram feitas buscas na Plataforma Sucupira – ferramenta criada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que permite a coleta de informações e a realização de análises e avaliações relacionadas aos programas de pós- graduação brasileiros. É uma plataforma que disponibiliza conteúdos em tempo real, sendo fonte de referência para o Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) (CAPES, 2017).

Ao acessar a plataforma, selecionou-se a área “Coleta CAPES” e, em seguida, a área “Docentes”, na qual foram definidos os filtros para a pesquisa. Os campos de busca foram preenchidos da seguinte forma:

Ano – 2017.

Instituição de Ensino Superior – 53001010 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB).

Programa – foram selecionados (um programa por busca): QUÍMICA

(53001010005P5); ANTROPOLOGIA (53001010010P9); EDUCAÇÃO

(53001010001P0).

Categoria – PERMANENTE.

Os resultados das buscas permitiram a identificação dos docentes permanentes da UnB, que, por sua vez, foram agrupados em planilhas de acordo com a disciplina na qual atuam. Eles receberam um convite, via e-mail, para participar de entrevistas para a pesquisa. Aqueles que aceitaram o convite constituíram a amostra do estudo.

Portanto, a amostra selecionada para a pesquisa foi composta por docentes permanentes dos programas de pós-graduação de Química (três pesquisadores), Antropologia (três pesquisadores) e Educação (quatro pesquisadores), da UnB. Ressalta-se que a quantidade de pesquisadores que constituíram a amostra em cada disciplina foi diferente no campo da Educação, apenas em razão de um pesquisador a mais ter aceitado o convite para participar de entrevista para este estudo, no período da coleta de dados.

Sucintamente, o Quadro 5 apresenta a descrição dos pesquisadores entrevistados nesta pesquisa, que pode auxiliar na composição do perfil desses pesquisadores. As características apontadas referem-se aos seguintes aspectos: nomeação atribuída a cada um dos pesquisadores, uma vez que suas identidades foram mantidas sob privacidade; gênero; área de concentração das pesquisas que realizam; e tempo de atuação como docentes na UnB. Estes dois últimos dados foram obtidos, respectivamente, por meio dos sites dos programas de pós-graduação em

Química, Antropologia e Educação da UnB e pelo acesso ao Currículo Lattes dos pesquisadores.

Quadro 5 – Descrição dos pesquisadores entrevistados.

Fonte: Elaboração própria.

Tal recorte amostral justifica-se, sobretudo, pelos aspectos descritos:

 Diferentemente da amostragem na pesquisa quantitativa, que verifica a distribuição de características em determinada população, por meio de uma amostra representativa em termos numéricos, a amostra na pesquisa qualitativa deve ser consistente, principalmente por selecionar participantes cujas experiências, práticas e visão de mundo são relevantes para o estudo. Flick (2009) afirma que a amostragem na pesquisa quantitativa deve ser representativa, com vistas à generalização (estatística) das características em relação à população estudada. Já a amostra na pesquisa qualitativa, deve ser expressiva, no intuito de “representar a relevância do fenômeno que queremos estudar em termos de experiência e envolvimento dos participantes de nossa pesquisa com esses fenômenos” (FLICK, 2009, p. 47). O autor também explica que, geralmente, esses são estudos interessados na diversidade de experiências encontradas em determinada área de conhecimento.

 Os docentes permanentes são participantes importantes na realização de pesquisas científicas, principalmente nos programas de pós-graduação de universidades. O contexto acadêmico é tradicionalmente reconhecido pela intensa produção, disseminação e uso de informações para a geração de novos conhecimentos. De acordo com o artigo 2º (incisos I a III) da Portaria nº 174, de 30 de dezembro de 2014, publicada na Seção 1 do Diário Oficial da União:

Art. 2º - Integram a categoria de permanentes os docentes enquadrados, declarados e relatados anualmente pelo Programa de Pós Graduação (PPG) na plataforma Sucupira e que atendam a todos os seguintes pré-requisitos:

I - desenvolvam atividades de ensino na pós-graduação e/ou graduação; II - participem de projetos de pesquisa do PPG;

III - orientem alunos de mestrado ou doutorado do PPG, sendo devidamente credenciado como orientador pelo mesmo e pela instância para esse fim considerada competente pela instituição (CAPES, 2014).

 Limitações geográficas, financeiras e de tempo contribuíram para que os dados da pesquisa fossem coletados somente em Brasília (Distrito Federal), especificamente na Universidade de Brasília (UnB). Todavia, destaca-se que a amostra selecionada atende a todos os parâmetros de análise utilizados no estudo das três disciplinas.

A coleta dos dados ocorreu por meio de entrevistas gravadas, que foram transcritas posteriormente. Os dados foram analisados após serem codificados e categorizados.

O Quadro 6 apresenta a síntese dos principais procedimentos adotados em relação ao universo e à amostra da pesquisa:

Quadro 6 – População e amostra da pesquisa.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo refere-se à apresentação e análise dos dados obtidos a partir das entrevistas realizadas com os pesquisadores de Química, Antropologia e Educação. São abordados aspectos relacionados à diversidade de linhas de pesquisa, às práticas de produção ou obtenção, compartilhamento e (re)uso de dados de pesquisa em cada uma dessas disciplinas.