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CAPÍTULO 4 – SIMILARIDADE ENTRE CALDAS FITOSSANITÁRIAS E

3.2. Porcentagem de evaporação

Entre as leituras dos tratamentos e das repetições houve pequena variação nas condições de temperatura do ar e de umidade relativa. Os valores anotados foram correlacionados com as porcentagens de evaporação pelo cálculo de correlação linear de Pearson. Foi verificada pequena correlação negativa de -0,19 e -0,15 para as variações na porcentagem de evaporação em função de variações na umidade relativa e temperatura do ar, respectivamente. Assim, as variações entre médias da porcentagem de evaporação foram decorrentes dos efeitos dos tratamentos empregados no experimento, assegurando a veracidade na análise de variância.

Não houve efeito significativo das concentrações de óleo e das dosagens de MnSO4, separadamente, na porcentagem de evaporação das gotas após 30, 60 e

180 segundos avaliados no experimento. Entretanto, houve interação significativa a 5% de probabilidade, para a interação entre os tratamentos, nos tempos de 30 e 60s. A porcentagem de volume evaporado das gotas aumentou de forma linear ao longo do tempo para todos os tratamentos.

O uso de 25% (v v-1) de óleo, sem a presença de MnSO

4, teve média de

evaporação de gotas significativamente menor em relação à calda com 5% de óleo e 50 g L-1 de MnSO4 aos 30 e 60s (Tabela 5). Esses dois tratamentos, no entanto,

tiveram médias iguais aos demais tratamentos (Tabela 5).

É esperado que, nas maiores concentrações de óleo, ocorra menor evaporação na gota, uma vez que a pressão de vapor do óleo e de soluções que a contenham é menor que a da água (WODAGENEH; MATTHEWS, 1981). Todavia, as gotas que mais evaporaram também continham óleo, em menor concentração

(5%) associado à maior dosagem de MnSO4. Este último, em alta concentração na

calda, pode ter reagido com o pequeno volume de óleo e diminuindo a afinidade das moléculas do adjuvante com a água, ficando esta última mais fracamente ligada e mais suscetível à evaporação. Esse mesmo padrão foi observado para as caldas com 25% de óleo em mistura com as dosagens crescentes de MnSO4(Tabela 5).

Tabela 5. Porcentagem do volume evaporado de gotas de 1500 µm de diâmetro obtidas por caldas fungicidas contendo diferentes concentrações de óleo mineral e de MnSO4. Óleo (%) MnSO4(g L-1) 30s 60s 180s 0 0 3,31 ab1 5,94 ab 16,52 a 20 3,17 ab 5,41 ab 16,21 a 50 2,94 ab 5,32 ab 15,57 a 5 0 2,96 ab 5,83 ab 16,09 a 20 3,00 ab 5,60 ab 16,64 a 50 4,43 a 8,27 a 21,89 a 15 0 3,73 ab 6,80 ab 18,69 a 20 3,44 ab 6,20 ab 16,05 a 50 3,61 ab 6,68 ab 18,57 a 25 0 1,66 b 4,03 b 13,20 a 20 3,80 ab 7,45 ab 20,31 a 50 3,62 ab 7,13 ab 20,11 a Água - 4,33 a 6,91 ab 18,91 a DMS (5%) 2,58 4,14 10,61 Erro padrão 0,52 0,83 2,13 CV (%) 30,52 26,5 24,2

1Médias dos tratamentos seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem

significativamente entre si pelo teste de Tukey (p>0,05).

O efeito dos tratamentos na evaporação de gotas não está relacionado com as alterações provocadas na tensão superficial das caldas. À partir do cálculo de Pearson, verificamos que, entre a tensão superficial e a porcentagem de evaporação, há correlação negativa com valor muito baixo de -0,12.

Para as caldas somente com o fungicida, sem o uso do óleo mineral, a adição de MnSO4 reduziu a porcentagem de evaporação em todos os tempos, embora sem

diferenças significativas. A presença desse sal, bem como de qualquer outro, dissolvido na calda aquosa diminui a pressão de vapor da solução.

O tempo de 180 segundos pode não ter sido suficiente para evidenciar diferenças significativas no experimento. Pengfei, Cunjing e Feng (2012) verificaram, em uma superfície super hidrofóbica, que o processo de evaporação de gotas de

água de 5 µL compreendia um tempo bem maior em relação aos 180 segundos avaliados neste experimento.

Para que a metodologia empregada neste trabalho seja validada para futuros experimentos, visando verificar o efeito da calda na evaporação de gotas pendentes, alguns ajustes precisam ser feitos. O uso de gotas com volume maior que 1,767 µL certamente permitiria realizar a leitura em tempo igual ou superior a 5 minutos, que provavelmente seria suficiente para expressar mais intensamente o efeito de cada calda com relação à maior ou menor evaporação de suas gotas.

4. CONCLUSÕES

A adição do adjuvante óleo mineral nas caldas é uma ferramenta viável para reduzir a tensão superficial das gotas e melhorar seu espalhamento nas folhas de laranjeira. A concentração de 5% (v v-1) é suficiente para manifestar maiores efeitos na tensão superficial e no ângulo de contato de gotas.

As concentrações de sulfato de manganês utilizadas neste trabalho não modificam a tensão superficial das caldas contendo fungicida, porém influenciam no ângulo de contato de gotas aplicadas na superfície foliar e de vidro, aumentando ou diminuindo seu valor, dependendo de sua concentração e do óleo mineral.

Com a redução na tensão superficial e aumento no espalhamento de gotas, a cobertura nas folhas de laranjeira por gotas é melhorada durante a pulverização.

A metodologia descrita neste trabalho não foi apropriada para medir a evaporação de gotas a partir das crescentes adições de óleo mineral e de sulfato de manganês nas caldas fungicidas.

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