Portal de acesso à informação do município de Natal

O portal de acesso à informação da Prefeitura de Natal também conta com um módulo integrado do Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão, e-SIC. Para acessar o sistema de informações, o cidadão precisa realizar um cadastro e efetuar o login. Da mesma forma que foi citado anteriormente, quanto ao portal da transparência, também representa um canal que permite ao cidadão solicitar e obter informações que podem ser utilizadas em um contexto de manutenção de direitos e em favor da cidadania.

Abaixo pode ser verificado, através de estatísticas retiradas do portal, referentes ao período compreendido entre 2014 e 2020, que desde 2018 o quantitativo de pedidos atendidos tem sido menor do que o de pedidos de informações realizados pelos cidadãos.

Figura 23 - Print: Quantitativo de pedidos atendidos e respostas de 2014 a 2020

Fonte: Portal de acesso à informação da Prefe itura de Nata l (2020)

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na análise anterior, evidencia-se a existência de múltiplos canais cuja relevância pode ser observada no contexto da comunicação pública, dentre os quais figuram como participantes e/ou agentes os cidadãos, enquanto trabalhadores e usuários dos serviços públicos. Estes espaços, onde relacionam-se os cidadãos com a administração pública, por exemplo, podem ser compreendidos como componentes integrantes da chamada esfera pública, uma vez que por eles trafegam informações de interesse público, conforme já foi citado através das considerações de Matos (2012). Levando em consideração, também, que as informações acerca dos direitos ao trabalho, abordadas neste estudo, constituem-se como de interesse público, capazes de interferir na maneira com que os cidadãos desenvolvem tais direitos e acessam os serviços públicos.

Nesse contexto, verifica-se com mais intensidade em âmbito federal canais com forte caráter participativo, como os que viabilizam as audiências, consultas públicas e conselhos, além das ouvidorias e sistemas de acesso à informação, que também são observados nas esferas estaduais e municipais. Estes canais, que incentivam maior participação social na discussão e deliberação de questões públicas, reiteram, conforme Duarte (2012), a importância do princípio da participação como pilar indispensável no processo de desenvolvimento da cidadania.

Cidadania esta que, ainda de acordo com os pensamentos de Duarte (2012, p.111), “implica em mobilização, cooperação e formação de vínculos de corresponsabilidade para com os interesses coletivos [...]”. Ou seja, são questões que suscitam a necessidade de os cidadãos estarem engajados e exercerem uma cidadania ativa, acessando estes canais, manifestando-se, fiscalizando e controlando não só a formulação das políticas e o serviço público, como também é necessário fiscalizar os próprios canais de comunicação. Isso porque Duarte (2012) também problematiza que, embora existam todos estes ca nais, o cidadão ainda enfrenta um problema que se refere à possibilidade de eles estarem representando apenas o que interessa a administração pública divulgar, e não aquilo que interessa realmente aos cidadãos, como também sobre a possibilidade de as instituições não estarem respondendo as referidas demandas.

De maneira geral, os canais citados garantem aos cidadãos o direito, o acesso e a liberdade de informação, que também é fundamental para o processo de desenvolvimento da cidadania, conforme Studart (2012). A informação é essencial não só para o cidadão exercer seus direitos, como também para defendê- lo e manifestar-se em caso de violação destes. Porém é necessário reiterar que, de acordo com Rubim (2003, apud DUARTE, 2012) a desigualdade social é capaz de comprometer completamente o acesso à informação e, consequentemente, o desenvolvimento da cidadania, já que é um princípio que a integra.

A análise evidencia canais que representam iniciativas de um processo de desburocratização da comunicação e diálogo com os órgãos governamentais, como, por exemplo, o Fala.br, que integra vários serviços e gradativamente está incluindo instituições de toda a federação. Ainda assim, embora os canais citados constituam-se como integrantes da comunicação pública e como espaços para exercício da cidadania, é necessário o desenvolvimento de canais que sejam mais democráticos, incluindo e dando voz àqueles cidadãos menos privilegiados, que são os mais afetados pela falta de informação. Principalmente em âmbito local, já que, conforme a análise, são poucos os espaços para comunicação e participação social desenvolvidos pelo estado e pelo município. Da mesma

forma, as estatísticas apresentadas quanto aos pedidos de informação, por exemplo, representam baixos índices de participação, o que também suscita a necessidade do estado e município desenvolverem métodos para educar e incentivar a participação dos cidadãos.

Quanto ao público trabalhador, foco deste estudo, evidencia-se através das estatísticas grande percentual de participação nos canais em âmbito federal, referente ao Ministério da Economia, enquanto prefeitura e estado carecem de canais de comunicação pública diretos para participação do cidadão quanto ao desenvolvimento das políticas de emprego e renda e os serviços públicos, localmente.

Ou seja, a partir dos desdobramentos da hipótese inicial, que propunha uma reflexão se a administração pública estava informando e educando o trabalhador para o exercício de seus direitos, de cidadania e, principalmente, quanto à importância e a eficácia do processo de comunicação pública neste contexto, pode-se concluir após a análise que essas proposições foram atendidas parcialmente. Não basta apenas as instituições governamentais disponibilizarem canais para comunicação, fornecimento de dados públicos ou manifestações, por exemplo, é preciso também tornar conhecidos tais canais, e conduzir os cidadãos até eles. Da mesma forma, as instituições estaduais e municipais precisam criar, gerir e divulgar mais canais que fomentem outras formas de participação para debate acerca dos direitos do trabalhador, assim como existem em âmbito federal.

Portanto, este estudo tem caráter introdutório ao propor a observação e aplicação dos conceitos do campo da comunicação pública sobre questões de interesse público, como o contexto dos direitos do trabalhador e das políticas de emprego. Aspirando, também, contribuir academicamente e socialmente ao incentivar e fomentar a importância da comunicação para desenvolvimento da cidadania, assim como no desenvolvimento de outras análises sobre o processo de comunicação pública na perspectiva de outros temas que influenciam diretamente a vida, relações e direitos soc iais dos cidadãos. Por fim, este estudo pode ser complementado, por exemplo, através de investigações a partir da perspectiva e da opinião dos trabalhadores, enquanto cidadãos, para compreender se estes têm acesso aos canais analisados.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Elizabeth Pazito. Conceito de comunicação pública. In: DUARTE, Jorge (Org.). Comunicação pública, estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2012. 3a. ed. p. 1-33.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 02 mar. 2020.

BRASIL. Decreto nº 76.403, de 8 de outubro de 1975. Cria o Sistema Nacional de Emprego

(SINE) e dá outras providências. Disponivel em:

<www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D76403.htm>. Acesso em: 24 mar. 2020.

BRASIL. Decreto- lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponivel em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm

>. Acesso em: 26 mar. 2020

BRASIL. Decreto-Lei nº 926, de 10 de outubro de 1969. Institui a Carteira de Trabalho e Previdência Social, altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho e do Estatuto

do Trabalhador Rural, e dá outras providência s. Disponivel em:

<www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0926.htm#art2>. Acesso em: 26 mar. 2020

BRASIL. Lei nº 13.667, de 17 de maio de 2018. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Emprego (Sine). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2018/Lei/L13667.htm>. Acesso em: 24 mar. 2020.

BRASIL. Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017. Dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública. Brasília, DF, jun 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13460.htm>. Acesso em: nov. 2020.

BRASIL. Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014. Institui o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas - eSocial e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011- 2014/2014/Decreto/D8373.htm>. Acesso em: 27 mar. 2020.

BRASIL. Portal do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Ministério da Economia. Sistema Nacional de Emprego - SINE. Disponível em: http://portalfat.mte.gov.br/programas-e-acoes- 2/sistema- nacional-de-emprego-sine/. Acesso em: 24 mar. 2020.

BRASIL. Portal do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Ministério da Economia. Convênios Plurianual do SINE (CP-SINE). Disponível em: http://portalfat.mte.gov.br/programas-e- acoes-2/sistema- nacional-de-emprego-sine/rede-sine/convenios-plurianual-do-sine-cp-sine/. Acesso em: 24 mar. 2020.

BRASIL. Portal do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Ministério da Economia. Estatísticas SINE. Disponível em: http://portalfat.mte.gov.br/programas-e-acoes-2/sistema-nacional-de- emprego-sine/rede-sine/estatisticas-sine/. Acesso em: 24 mar. 2020.

BRASIL. Portal da Secretaria de Trabalho. Ministério da Economia. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Disponível em: <trabalho.gov.br/carteira-de-trabalho-e- previdencia-social-ctps>. Acesso em: 26 mar. 2020.

BRASIL. Portal Emprega Brasil. Ministério da Economia. Ministério do Trabalho lança o

Seguro-Desemprego pela Internet. Disponível em:

https://empregabrasil.mte.gov.br/545/ministerio-do-trabalho- lanca-o-seguro-desemprego- pela-internet/. Acesso em: 18 mar. 2020.

COMUNICAÇÃO. In: MICHAELIS, Dicionário online de português. Disponível em < encurtador.com.br/mouyN>. Acesso em 29 set. 2020.

COSTA BUENO, Wilson da. Comunicação, iniciativa privada e interesse público. In: DUARTE, Jorge (Org.). Comunicação pública, estado, merc ado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2012. 3a. ed. p. 134 - 153.

DUARTE, Eduardo. Por uma epistemologia da comunicação. In: LOPES, Maria Immacolata Vasalo de (Org.). Epistemologia da comunicação. São Paulo, SP: Loyola 2003. P. 41-54. DUARTE, Jorge. Instrumentos de comunicação pública. In: DUARTE, Jorge (Org.). Comunicação pública, estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2012. 3a. ed. p. 59-71.

DUARTE, Márcia Yukiko Matsuuchi. Comunicação e cidadania. In: DUARTE, Jorge (Org.). Comunicação pública: estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2012.

3a. ed. p. 95-115.

KOÇOUSKI, Marina. Comunicação pública: construindo um conceito. In: MATOS, Heloiza (org.). Comunicação pública: interlocuções, interlocutores e perspectivas. São Paulo: ECA/USP, 2013. P. 41-58.

KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Comunicação pública: direitos de cidadania, fundamentos e práticas. In: MATOS, Heloiza (org.). Comunicação pública : interlocuções, interlocutores e perspectivas. São Paulo : ECA/USP, 2013. P. 3-14.

MARCONDES FILHO, Ciro (Org.). Dicionário da Comunicação. São Paulo, SP: Paulus, 2ª Ed. 2014

MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria da comunicação: ideias, conceitos e métodos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 286p.

MATOS, Heloiza. Comunicação pública, esfera pública e capital social. In: DUARTE, Jorge

(Org.). Comunicação pública, estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2012. 3a. ed. p. 47-58.

MEDEIROS DE FARIA, Armando. Imprensa e interesse p úblico. In: DUARTE, Jorge (Org.). Comunicação pública, estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2012. 3a. ed. p. 174 - 179.

MONTEIRO, Graça França. A singularidade da comunicação pública. In: DUARTE, Jorge (Org.). Comunicação pública, estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2012. 3a. ed. p. 34-46.

MORE: Mecanismo online para referências, versão 2.0. Florianópolis: UFSC Rexlab, 2013. Disponível em: http://www.more.ufsc.br/. Acesso em: 18/03/2020

OLIVEIRA, M. J. C. Comunicação Organizacional e Comunicação Pública. In: MATOS, H. (org.) Comunicação Pública: Interlocuções, interlocutores e Perspectivas. São Paulo, ECA/USP, 2013. p. 15 - 28.

STUDART, Adriana. Cidadania Ativa e Liberdade de Informação. In: DUARTE, Jorge (Org.). Comunicação pública: estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2012. 3a. ed. p. 116 - 133.

TAFNER, Paulo (Ed.). Brasil : o estado de uma nação – mercado de trabalho, emprego e informalidade. Rio de Janeiro : IPEA, 2006. p. 397 - 446.