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4.2 Análise comparativa entre os grupos ETGC+EMGC versus ETGC

4.2.3 Portfólios formados por 30 títulos de empresas

Os valores presentes na TAB. 7 mostram que para carteiras montadas com 30 títulos os retornos dos portfólios de empresas tradicionais e modernas no campo da governança corporativa superam, de forma consistente, aquelas montadas apenas com títulos de empresas tradicionais em governaça. É importante enfatizar que portfólios com esse número de títulos atendem efetivamente aos critérios de cautela recomendados pelos pesquisadores como Statman (1987) no que se refere à necessidade de compor carteiras mais amplas como forma de se obter os benefícios da diversificação de investimentos.

Tabela 7 – Média de retornos dos portfólios formados por 30 títulos de empresas nos três intervalos de risco dos grupos ETGC+EMGC e ETGC

1999–2000 2005–2006

Intervalos de Risco

ETGC+EMGC ETGC ETGC+EMGC ETGC

[0,040 a 0,045] 0,0826 0,0814 0,0829 0,0770

[0,080 a 0,085] 0,1434 0,1408 0,1464 0,1395

[0,100 a 0,105] 0,1738 0,1691 0,1755 0,1636

Fonte – Elaborada pela autora da dissertação, com base nos dados da pesquisa.

Verifica-se que a média dos retornos dos portfólios formados por 30 empresas do grupo ETGC+EMGC é maior (0,0826 e 0,0829) que do grupo ETGC (0,0814 e 0,0770) para os dois períodos em estudo, ao nível de risco de [0,040 a 0,045]. Para 1999–2000, a diferença entre os retornos dos portfólios nos grupos foi pequena, uma vez que as boas práticas de governança corporativa ainda não eram adotadas pelas empresas da amostra. Já no segundo período, 2005–2006, os portfólios que possuíam em sua composição títulos de empresas que adotavam tais práticas apresentaram uma média de retorno evidentemente maior.

Ao nível de risco de [0,080 a 0,085], a média dos retornos dos portfólios do grupo ETGC+EMGC (0,1434 e 0,1464) é ligeiramente maior que do grupo ETGC (0,1408 e 0,1395) tanto no período 1999–2000 quanto no 2005–2006. De qualquer forma, ainda se percebe um melhor desempenho de portfólios formados com títulos de empresas pertencentes aos NDGC.

De modo similar, observamos que a média dos retornos dos portfólios formados por 30 empresas do grupo ETGC+EMGC, ao nível de risco de [0,100 a 0,105], foi sensivelmente mais elevado (0,174 e 0,176) do que do grupo ETGC (0,169 e 0,164) para ambos os períodos. Para o período 1999–2000, quando as empresas ainda não estavam listadas nos NDGC, a diferença entre os retornos dos portfólios entre os grupos foi relativamente pequena (0,1738 e 0,1691). Já no segundo período, 2005–2006, a diferença alcança realce significativo (0,1755 e 0,1636).

Os resultados dos testes t para os portfólios constituídos por títulos de 30 títulos de empresas dos grupos ETGC+EMGC versus ETGC encontram-se na TAB. 8 e corroboram inteiramente as análises feitas nos parágrafos precedentes desta seção. Verifica-se que esses portfólios apresentaram resultados satisfatórios nas dimensões conjuntas de risco e retorno nos três níveis de risco, o que leva à conclusão de que o investidor é beneficiado em qualquer nível de risco que selecione. Assim, os resultados para os portfólios constituídos por títulos de 30 empresas são ainda mais contundentes que para 20 títulos, na medida em que sustentam a existência de desempenhos superiores do grupo ETGC+EMGC sobre ETGC em todos os três níveis de risco, a níveis de significância bastante baixos.

Tabela 8 – Teste t dos retornos dos portfólios formados por 30 títulos de empresas dos grupos ETGC+EMGC

versus ETGC

1999–2000 2005–2006 1999–2000 2005–2006 1999–2000 2005–2006

Teste t

Risco [0,040 a 0,045] Risco [0,080 a 0,085] Risco [0,100 a 0,105]

Estatística t 0,5869 3,5678 0,5853 1,9530 0,8084 3,1639

p-value 0,2793 0,0003 0,2798 0,0268 0,2104 0,0010

t crítico 1,6599 1,6596 1,6596 1,6596 1,6596 1,6596

Decisão Não rejeitar

H0 Rejeitar H0

Não rejeitar

H0 Rejeitar H0

Não rejeitar

H0 Rejeitar H0

Conforme se depreende dos resultados específicos para o intervalo de risco de [0,040 a 0,045], houve mudança drástica nos desempenhos dos portfólios montados com papéis do grupo ETGC+EMGC em relação ao do grupo ETGC, o que é evidenciado, por exemplo, pelo

p-value de 0,0003 no período 2005–2006, contra 0,2792 no período 1999–2000. Como se recorda, aquele resultado para o segundo período nos diz haver certeza de 99,97% (=1,0000 – 0,0003), com base em evidências amostrais, para não rejeitar a hipótese central deste estudo de que portfólios superiores surgem a partir da inserção de papéis representativos do capital de empresas envolvidas com boas práticas de governança corporativa e que, por conta disso, estejam listadas nos NDGC da Bovespa.

Para o intervalo de risco de [0,080 a 0,085], o p-value de 0,0268 implica em rejeição da hipótese nula a um nível de significância menor do que no caso anterior, porém ainda bem impactante. Lembramos que tal nível de p-value implica um grau de certeza de 97,32%, com base em evidências amostrais de que portfólios superiores nas dimensões conjuntas de risco e retorno podem ser montados a partir da inserção de ações de empresas presentes nos NDGC.

As mesmas conclusões aplicam-se ao nível de risco de [0,100 a 0,105], inclusive quanto ao valor impactante dos resultados. Assim é que vemos a hipótese nula já ser rejeitada ao nível de significância de 0,10% (p-value de 0,0010), ou seja, com um grau de certeza estatística para essa afirmação de 99,9%. Ademais, é notável a consistência dos resultados quanto à não observância de diferenças significativas no período 1999–2000, quando ainda não haviam sido instituídos os NDGC pela Bovespa, e o período 2005–2006, quando esta iniciativa já havia sido implantada. Enfim, observa-se que os investidores percebem ganhos de valor quando inserem em seus portfólios de investimentos papéis de empresas listadas nos NDGC.

Como discutido anteriormente, a questão primordial da governança corporativa na perspectiva financeira consiste em construir regras para alinhar os interesses dos

administradores e dos proprietários, uma vez que modifica o grau de informações assimétricas entre as partes. Nesse sentido, observa-se ganhos ao investidor racional nos três níveis de risco para os portfólios formados por 30 empresas. Tal resultado mostra que a adoção das boas práticas de governança corporativa significa o uso de padrões de conduta superiores aos exigidos pela lei para as companhias que as utilizam.

Ademais, as boas práticas de governança corporativa buscam alinhar as atitudes dos administradores aos interesses dos acionistas por meio de mecanismos de incentivo e controle internos e externos. Dessa forma, a transparência é definida como a disponibilidade de informações relevantes e confiáveis para os participantes do mercado. A divulgação de informações de qualidade, abordando aspectos que reflitam a real situação da companhia, resulta em um clima de confiança, interna e externamente. Já o conselho de administração faz parte de uma solução de equilíbrio do mercado para os problemas de agência presentes na maioria das organizações. Assim, a adoção das boas práticas de governança corporativa visam assegurar o direito de voto a todos os sócios, de forma a favorecer o alinhamento de seus interesse, o que foi plenamente obtido com os portfólios formados por 30 títulos de empresas nos três intervalos de risco estudados.