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Figura 19 – Vendo-se o porto e os trapiches, década de 30, do século XX

Fonte: Arquivo Municipal Genésio Miranda Lins

Em toda a história contada, há, invariavelmente, muitas narrativas, contadas das mais diversas formas. Não é diferente quando é eleito como objeto um porto. Marcado pela passagem, por ser atracadouro de tantas vidas, um porto é sempre um mar de possibilidades a serem desveladas e, consequentemente, escritas, abrindo precedentes para inúmeras leituras. Por isso, os meandros da história do porto serão cortados e recortados, de modo a preencher algumas lacunas percebidas na historiografia referente às questões portuárias.

Um repertório de imagens sobre a trajetória do porto permeia a análise, corroborando as mudanças e transformações advindas do progresso, e, portanto, privilegiando essa dimensão simbólica da cidade, do porto e de suas imagens através do tempo empreende-se esse estudo. O porto e suas nuances econômicas e culturais, ponto de encontro de muitos mundos, é uma das principais vertentes que entrelaça essa história, marcada pelas chegadas e partidas, pelas trocas de produtos, pela abertura de novas frentes, capitaneadas pela vocação marítima.

Quando se enveredou na busca de respostas para a problemática que se estabelecera, a questão circundava Itajaí e seu porto, formando e conformando novos mercados. A pergunta era: Qual a importância do porto para Itajaí? No decorrer da pesquisa, utilizando a História

Oral, teoria e método auxiliaram na captura das impressões dos muitos entrevistados. Na ocasião, todos foram unânimes em afirmar que o porto era Itajaí e Itajaí era o porto. Alguns depoentes foram além, dizendo que a região e sua riqueza, desenvolvimento e transformação deviam muito ao porto de Itajaí em todos os seus múltiplos estágios. Ouvir os inúmeros depoentes, que foram entrevistados no decorrer da pesquisa, e perceber tais afirmações coloca-se como um dos principais embasamentos da problemática que se escolheu trabalhar – a de que toda a especificidade econômica, cultural e urbana provém da íntima ligação de Itajaí com a tradição marítima.

De trapiche a porto, de pequenas cargas a grandes escoações de produções, assim pode ser descrito o Porto de Itajaí, o qual conforma alguns séculos159 de existência e de rastros de um comércio que surge com múltiplas possibilidades, proporcionando as mais diversas atividades para Itajaí e para o Vale do Itajaí. Diante dessas assertivas, buscou-se entender os meandros da história do porto ligada à história da cidade, cujos elementos propiciaram a formação de novas culturas empresariais, consequentemente a aprendizagem de novos ofícios e o surgimento de outras habilidades no mercado empresarial local. Ana Bela Machado, em “A cidade revelada”, texto escrito para os anuários de Itajaí, sublinha a importância do porto para o deslocamento, comércio e fluxo de pessoas:

O porto da cidade era uma via de acesso importante e, durante anos, a principal via de transporte marítimo do Estado. Com a necessidade de dar à barra uma profundidade compatível com as exigências de navegação de grande e pequena cabotagem, foram iniciadas as obras para essa finalidade em 1925. Na década de 30, foi construído na Av. República Argentina o prédio da fiscalização dos portos de Itajaí, com fins de abrigar o escritório e o depósito de materiais necessários às obras do porto160.

Mesmo distante da capital federal, Itajaí já se destacava no cenário brasileiro por ser um dos portos para a entrada de imigrantes no país e ajudar o governo a colocar em prática os processos de substituição de mão de obra e branqueamento da nação. Dessa forma, merecia o investimento de aumentar a profundidade da sua barra.

Gestão, personalidades empresariais, busca de novos mercados e novos círculos empresariais também permearam a história de Itajaí e de seu porto. Como assevera o Anuário de Itajaí de 1959:

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Conforme Antonio Ayres dos Santos Júnior: “As atividades do Porto de Itajaí iniciaram na segunda metade do Século XV, como atracadouro natural, de forma precária e pouco expressiva, e cresceram com o passar dos anos. O mar e o rio moldaram a cidade de Itajaí e o porto, que serviu de entrada para toda a região do Vale do Itajaí há mais de quatro séculos.” In: RUSSO, Hilene do Amaral Pereira Granja (org.). Porto de Itajaí. Itajaí, Atraka Studio Gráfico, 2013, p. 5.

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Itajaí pela sua posição geográfica, situada que está na foz do rio Itajaí-Açu, e pela sua vizinhança com o Atlântico, é uma cidade cujos filhos sentem a atração magnética do mar, o que influiu fortemente na nossa vida. Dessa ânsia marinha, dessa busca da amplidão e das rotas marítimas, surgiu desde os albores da sua colonização, a indústria de construção naval, solução e meio de atender àquela natural inclinação dos itajaienses. Plantaram-na às margens do grande rio, e com a madeira colhida no próprio local, deram início a uma atividade que por mais de um século conseguiu produzir admiráveis frutos. Tornou-se uma tradição; e, não foram poucos os mestres carpinteiros os chamados carpinteiros da ribeira que deixaram seus nomes ligados a ousados empreendimentos161.

O anuário de Itajaí do ano de 1959 diz muito sobre seu tempo, pois quando o excerto acima fora escrito, o mar e o rio já eram reconhecidos como grandes protagonistas e responsáveis pelo escoamento do principal produto do período – a madeira. Também o mar era o principal elemento de comunicação entre muitas cidades e regiões no início do século XX, o que de certa forma ficara na memória coletiva. Sobre isso, Giralda Seyferth, observa:

Pelo menos nos vinte primeiros anos da colonização, não havia uma comunicação por terra que fosse suficiente entre a vila de Brusque e o porto de Itajaí. Apenas uma picada mal traçada, sem pontes e intransitável a maior parte do ano em virtude das chuvas e enchente do rio, fazia esta ligação. Restava, então, a comunicação fluvial, também prejudicada por constantes cheias e estiagens162.

Ainda que prejudicada por intempéries, como afirma Seyferth, era o tipo de transporte que marcava o cotidiano daquelas comunidades e que fora intensamente falado nos anuários e na literatura dos memorialistas. Abaixo, uma das imagens que mais traduzem o passado da navegação e da economia voltada para a extração de madeira.

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Anuário de Itajaí de 1959, Itajaí, SC, n.p. 162

SEYFERTH, Giralda. A colonização alemã no Vale do Itajaí-Mirim. Porto Alegre: Movimento, 1974, p. 100.

Figura 20- Carregamento de madeira em 1922

Fonte: Arquivo Municipal Genésio Miranda Lins

Em 1949, Marcos Konder, ao escrever sobre os aspectos do Itajaí antigo no anuário de Itajaí, relaciona a cidade ao que demonstra a imagem acima – um grande depósito de madeira. Entretanto, ele invoca o progresso que precisa ser levado a cabo, pois ele afirma:

Diga-se a verdade, sem querer ofender os brios da nossa terrinha, o Itajaí daquele tempo não era se não um porto atrasado. O atraso de uma época, em que o principal negócio girava em torno da madeira – a história se repete –, mas madeira serrada, em taboado ou pranchões ou pernas de serra que se alteavam em grandes enormes para secar e para distinguir a lei, do refúgio bom e da qualidade, a exportável do refugo ordinário. As pilhas começavam no alto da rua Pedro Ferreira, no porto do Coronel Antônio Pereira Liberato- o tio Antonico e iam rio abaixo até o trapiche dos Konder, tendo de permeio os trapiches de João Bauer, Nicolau Malburg Júnior e Guilherme Asseburg163.

Como as palavras de Marcos Konder ratificam, havia um desejo crescente da classe dirigente por aumentar e alargar as fronteiras do porto. Sua estrutura e a demanda que começara a se desenhar exigia que o porto sofresse obras de reestruturação. Dessa forma, a faceta marítima é contada em quase todas as edições dos anuários editados pelo poder público de Itajaí. Por eles circulam, entre a comunidade, essa identidade voltada ao mar, relembrando

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e rememorando a criação do Porto e os processos que ele sofrera em sua existência. Pontua- se, todavia, o caráter ufanista das edições que eram distribuídas. Dessa forma, a história do porto irá sendo contada e recontada, com enfoques diferentes, mas não deixando a verve do mar e a vocação do povo itajaiense para as lides marítimas de lado. Todavia, as dificuldades para implementar as reformas no porto também são contadas, como no texto de Marcos Konder observa:

Está visto que não havendo ainda ruas traçadas ao longo do rio, não era divertimento algum flanar por aquelas paragens. A beira do Itajaí se amontoavam pilhas de madeira, pois quase todo o taboado vinha em balsas pelo rio, a fim de ser puxado, taboa por taboa, escolhidas estas com um golpe de enxó na ponta e transportadas depois para as grades. Mais tarde começou-se a construir pelas obras do porto, que aqui existem desde os primórdios da primeira república, mas que merecia a crítica do nosso padre João Baptista Peters, vigário da paróquia, mais amante da filosofia do que dos ritos teológicos e redator do único jornal da época – Progresso – o cais era intitulado por ele em letra de forma: cais de marmelada164.

Os contornos dos rios moldaram a vivência do povo de Santa Catarina e, mais especificamente, de Itajaí, e isso, pois, mostra-se com ênfase nas versões contadas, tanto pelos anuários quanto pelos depoentes. De 1966 à atualidade, o porto e toda a estrutura que o circunda modificaram-se, causando uma transformação severa na urbanidade de Itajaí. Dito isso, ir-se-á atracar em muitas temporalidades que colaboraram para que o porto de Itajaí fosse internacionalmente conhecido e admirado nas suas muitas atribuições. O anuário de Itajaí de mil novecentos e quarenta e nove já demonstra as mudanças que ocorriam naquele período:

Construiu-se ainda um cais acostável para fazer de Itajaí um porto capaz de permitir a atracação dos navios, especialmente os de grande tonelagem. O cais já construído em concreto armado, ao longo do rio, na rua Eugênio Muller abrange um comprimento de 233,60 metros, dispondo de um armazém de 2 mil metros quadrados. Cogita-se ainda do aumento desse cais, visto o mesmo ser insuficiente para o tráfego do porto cada vez maior. Para se dar uma ideia da melhoria da nossa barra, basta mencionar a entrada do navio ‘Mormaclarck’, norte-americano com 140 metros de comprimento, calando 15 pés e de 6.689 toneladas brutas. O nosso porto já teve ancorados em sua barra 13 navios de grande porte em um só dia, todos recebendo carga de madeira, fécula e outros produtos para a Argentina e outros países165.

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Anuário de Itajaí de 1949, Itajaí, SC. Fonte: Arquivo Público Municipal Genésio Miranda Lins. 165

Figura 21 - Cais acostável construído no mesmo período em que o anuário era lançado- 1949

Fonte: Arquivo público municipal Genésio Miranda Lins

Reconhece-se, de antemão, que o porto assumira lugar de destaque nas temáticas empreendidas pelos anuários que se seguiram e o aumento da sua estrutura física fora contado, ensejando um novo momento para o porto, o que não surpreende, pois um dos elementos que fora possível verificar através da pesquisa é que Itajaí e o porto são tecidos da mesma estrutura; são, portanto, coexistentes na mesma dimensão. Entretanto, concorda-se com Bussinger, nas demais dimensões que o porto assume em determinado espaço:

Elo da cadeia logística (equipamentos, processos e organizações necessários para a movimentação de cargas); Agente econômico (alteração do valor dos produtos – mercadoria- pelo seu fluxo e presença no mercado, gerando riqueza, parte na região onde opera, parte em hinterlândia); agente físico (infraestrutura aquaviária e terrestre, espaço e equipamentos que compõem as instalações portuárias)166.

Dessa forma, todas as dimensões observadas por Bussinger e pelos que estudaram as relações porto e cidade serão vistas no que se falou sobre as obras de ampliação do porto e seus impactos dentro da esfera da urbe:

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SALES, Pedro Manuel Rivaben de. Santos: a relação entre o porto e a cidade e sua (re)valorização no território macrometropolitano de São Paulo. 1999. 278f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo)- Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999, p. 97.

Em Itajaí, desde muitos anos que a Cobrasil vem operando. Aqui construiu o porto, obra grandiosa e que demandou longos anos de trabalho. Situado que está o nosso porto na foz de um grande rio a areia carregada pela correnteza se ia acumulando no ‘Saco da Fazenda’ e o lençol arenoso com o correr dos anos foi obstruindo a estreita ‘garganta’ de entrada até torna-la impraticável à entrada de embarcações de regular calado. Diversos cascos de navios encalhados à entrada da barra são um atestado de que as obras do porto de Itajaí eram a primeira pedra a remover no caminho do nosso progresso. Para afastar os ‘bancos’ existentes e aprofundar a nossa barra teve a Cobrasil que construir dois extensos molhes que, começando na curva da foz e protegendo a ‘garganta’ de acesso. Feito o porto, era inadiável construir o cais acostável. E ainda aqui foi a Cobrasil que o governo recorreu para executar essa obra de grande envergadura. Com efeito, os obsoletos trapiches estaqueados e cobertos de madeira que na verdade ainda hoje prestam grandes serviços a navegação, não se adaptavam a atracação de grandes transatlânticos, que com a melhora da barra passaram a fazer escalas regulares por Itajaí.

A reorganização do espaço em uma lógica moderna e capitalista implicou em muitas reestruturações ao longo da história do porto, por isso as obras que foram conduzidas de modo a deixá-lo competitivo e pronto a receber novas linhas e navios maiores foram tão importantes para o reconhecimento do porto de Itajaí como um dos mais bem preparados portos brasileiros. E nisso, o cais acostável e as estruturas para armazenagem foram os grandes protagonistas desse período, como explicita o excerto a seguir:

Conta também o cais com um armazém de cimento armado de dois mil metros quadrados. Essas obras recentemente terminadas, já estão prestando assinalados serviços ao comércio exportador e importador do Vale do Itajaí, visto que os grandes navios que têm visitado o porto ultimamente, fazem as suas operações de carga e descarga do cais acostável. Sabe-se que o governo já aprovou a construção de mais de 270 metros lineares de cais em prolongamento ao já existente. Com essas obras complementares e mais a dragagem permanente da barra – que certamente será incluída no plano geral de melhoramento do porto – Itajaí ficará com um ancoradouro a altura do seu progresso. Conjugado com a estrada de ferro, cujos trilhos já se acham assentados em grande extensão no trecho Itajaí- Blumenau, os produtos do Vale do Itajaí poderão sair diretamente dos vagões para os porões dos navios. Além de todos os benefícios enumerados é de se salientar que a Cobrasil emprega em seus serviços um número elevado de operários itajaienses que transformaram um extenso e feio trecho da Rua. Cel. Eugenio Muller na bela obra de engenharia que é o cais acostável de Itajaí. É evidente que os 240 metros lineares de cais acostável não atendem às necessidades mais imediatas do porto, cujo o movimento aumenta dia a dia. Mas é certo que o governo já autorizou a construção de mais de 270 metros lineares de cais, o que tudo dá à obra uma extensão de 510 metros de ancoradouros de concreto.

Sobre o cais acostável do porto de Itajaí:

Características: profundidade do canal de acesso: 5,00 mts; Profundidade da barra: 5,35 mts; profundidade da bacia de evolução: 5,00 mts; Largura do canal: 80 a 180 mts; comprimento da barra:3,45 kms; largura da bacia: 200 mts;. Páteo com 30.000 mts – cais acostável com 500,00 mts, dois armazéns com 10400 mts – 3 guindastes, um com capacidade para 5 toneladas e dois com uma tonelada e meia cada. Um

rebocador com 250 HP. Em construção o armazém frigorífico, silos para cereais, edifício da administração e mais 200 metros de cais167.Movimento do porto de Itajaí nos primeiros seis meses do ano de 1899, colhido do jornal “Progresso” que se editava em Itajaí naquela época:

Entradas:

58 vapores com 19.088 tons; 8 palhabotes com 440 tons; 19 hiates com 514 tons; 51 lanchões com 299 tons; 1 cuter com 45 tons; 6 lugars com 1436 tons; 5 patachos com 1204 tons; 3 escunas com 447 tons; 151 navios com 23473 tons168.

Figura 22 – Construção do cais acostável, 1948

Fonte: Arquivo público municipal Genésio Miranda Lins

Das informações colhidas e analisadas da movimentação do porto em mil novecentos e quarenta e nove, há muita diferença com a atualidade. Entretanto, a evolução da modalidade de transporte marítimo e consequentemente do porto de Itajaí confunde-se com a própria história dos sistemas de transporte do Brasil. Os portos169, como as ferroviárias, estavam

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Anuário de Itajaí de 1959, Itajaí, SC. 168

Anuário de Itajaí de 1949, Itajaí, SC. 169

ROCHA, Cristine Fursel. O transporte de cargas no Brasil e sua importância para a economia. 2015. 71f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Econômicas)-Universidade Regional do Oeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, RS, 2015.

inseridos em uma política de industrialização que privilegiara o modal rodoviário em detrimento dos demais. Um ponto também importante para a desagregação do sistema hidroviário anterior aos anos cinquenta, momento histórico que mudara essa perspectiva, eram os pontos negativos que estavam envoltos o sistema de transporte marítimo:

A situação dos portos acompanhou o processo de desagregação da navegação costeira – constituindo um círculo vicioso -, na medida em que suas condições operacionais insatisfatórias e a cristalização de uma legislação não-funcional encareciam os fretes. A cabotagem tornou-se, assim, pouco confiável em razão das constantes esperas para atracação, das sobrestadas dos navios nas operações de carga e descarga, assim como das perdas e avarias170.

Fora nos idos dos anos cinquenta, na primeira metade do século XX que essa visão fora alterando e mudando o curso da história dos transportes no Brasil e um dos principais agentes dessa mudança fora a política levada a cabo para a recuperação dos portos brasileiros. Josef Barat afirma:

Na segunda metade dos anos 50, foram feitos esforços para a recuperação da navegação de cabotagem e dos portos. Vale a pena recordar duas iniciativas importantes tomadas pelo governo federal: criação, em 1958, do fundo da marinha mercante – FMM, visando fomentar o desenvolvimento da navegação e da construção naval; e criação, também em 1958 do fundo portuário nacional – FPN, visando dar sustentação, no longo prazo, aos investimentos nos portos. Apesar desses esforços, nos grandes portos brasileiros sempre persistiram baixos índices de produtividade e dificuldades estruturais para a absorção de modernas tecnologias de manuseio e acondicionamento. A própria configuração física dos maiores portos estagnou nos padrões do início do século XX, com reduzidas possibilidades de expansão nas suas retaguardas. Sem a adequada previsão de expansão, as faixas portuárias ficaram circunscritas aos cais e armazéns e cercadas por malhas viárias urbanas ou edificações ligadas aos portos que perderam sua funcionalidade171.

Com efeito, essas mudanças foram substanciais e figuraram como protagonistas nas mudanças que ocorreram no setor marítimo no que concerne à logística dessa área e sua respectiva ruptura com a ineficiência que outrora lhe era peculiar. Com essas medidas relativas às políticas de desenvolvimento, também fora importante o incremento concedido aos armadores nacionais, revigorando, dessa forma, a indústria náutica brasileira, incentivando a renovação da frota mercante. É imperativo dizer que o Itajaí nesse momento

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BARAT, Josef. Logística, transporte e desenvolvimento econômico: a visão setorial. São Paulo: Cla, 2007, p. 61. v. IV.

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estava sob uma política amplamente difundida no Brasil, a política do nacional desenvolvimentismo172.

Com a mudança no cenário do transporte naval, os portos passaram a serem vistos novamente, mas o que define um porto, como as populações que não conhecem a vida marítima podem entender a importância desse objeto para economia? Segundo Arnaldo Bastos Santos Neto e Paulo Sérgio Xavier Ventilari:

Por definição de porto temos que ‘se trata de um local abrigado ligado ao mar por entrada navegável, com profundidade adequada para permitir a ancoragem segura de