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POSSE E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO

4. DOS CRIMES E DAS PENAS

4.6 POSSE E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;

II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;

III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;

V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e

VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.

OBS.: Quando se tratar de arma de fogo de uso restrito, tanto a posse quanto o porte estão tipificados no artigo 16 da Lei.

4.6.1 Objetividade jurídica

A proteção da incolumidade pública, representada pela segurança coletiva.

4.6.2 Sujeito ativo

O crime pode ser praticado por qualquer pessoa.

Vale lembrar, mais uma vez, da causa de aumento de pena prevista no artigo 20 do Estatuto do Desarmamento.

4.6.3 Sujeito passivo

O sujeito passivo é a coletividade.

4.6.4 Elemento normativo do tipo

O tipo penal contém um elemento normativo: sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. É possível, portanto, o porte e a posse de arma de fogo de uso restrito quando o agente possuir autorização para tanto (porte) ou registro (posse).

A aquisição de arma de fogo de uso restrito deve ser concedida pelo Comando do Exército e seu registro também será feito nesse órgão.

4.6.5 Conduta

A conduta típica vem expressa por 14 (quatorze) verbos, traduzindo tipo misto alternativo, no qual a realização de mais de um comportamento pelo mesmo agente implicará um único delito.

Indiferente, também, para a configuração do delito, estar a arma de fogo desmuniciada por ocasião da apreensão.

4.6.6 Consumação e tentativa

O crime se consuma com a prática de uma ou mais condutas previstas no tipo penal.

Cuida-se de crime de perigo abstrato, a lei presume o perigo com a prática de qualquer uma das condutas descritas no artigo 16.

4.6.7 Figuras equiparas

No artigo 16, parágrafo único, o legislador descreve vários tipos penais autônomos, sendo que cada um deles possui condutas típicas e objetos materiais próprios, tendo sido aproveitadas tão somente as penas do artigo 16, caput. Não há, assim, nenhuma exigência de que essas condutas típicas sejam relacionadas a arma de uso proibido ou restrito. Caros alunos, a memorização dos incisos do parágrafo único é de fundamental importância para sua prova.

Aqui, vou trabalhar com vocês dois incisos que entendo relevantes:

01) Inciso III – Posse, detenção, fabricação ou emprego de artefato explosivo ou incendiário.

Explosivo é, em sentido amplo, um material extremamente instável, que pode se decompor rapidamente, formando produtos estáveis. Esse processo é denominado de explosão e é acompanhado por uma intensa liberação de energia, que pode ser feita sob diversas formas e gera uma considerável destruição decorrente dessa energia.

Em razão disso, o STJ já decidiu:

2. Não será considerado explosivo o artefato que,

embora ativado por explosivo, não projete e nem disperse fragmentos perigosos como metal, vidro ou plástico quebradiço, não possuindo, portanto, considerável potencial de destruição.

3. Para a adequação típica do delito em questão, exige-se que o objeto material do delito, qual seja, o artefato explosivo, seja capaz de gerar alguma destruição, não podendo ser

tipificado neste crime a posse de granada de gás lacrimogêneo/pimenta, porém, não impedindo eventual

tipificação em outro crime.

4. Recurso especial improvido. (REsp 1627028/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/02/2017, DJe 03/03/2017)

02) Inciso IV - Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado.

Quem suprime ou modifica responde pelo inciso I, enquanto quem porta, possui, adquiri, transporta ou fornece responde pelo inciso IV.

Conforme já decidiu o STF, para a caracterização do crime previsto no artigo 16, parágrafo único, inciso IV, do Estatuto do Desarmamento, é irrelevante se a arma de fogo é de uso permitido ou restrito, bastando que o identificador esteja suprimido.

Se liga na jurisprudência:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ART. 16,

PARÁGRAFO ÚNICO, IV, DA LEI N. 10.826/2003. POSSE DE ARMA DE USO PERMITIDO COM NUMERAÇÃO RASPADA. EQUIPARAÇÃO À DE USO RESTRITO. CRIME

PRATICADO APÓS 23-10-2005, FORA DO PERÍODO DA VACATIO LEGIS. TIPICIDADE DA CONDUTA.

1. Conforme o posicionamento firmado pelo STJ no julgamento do Recurso Especial 1.311.408/RN, eleito como representativo da controvérsia, o termo final da incidência da abolitio criminis temporária constante dos arts. 30 e 32 da Lei 10.826/2003, no que toca à conduta de possuir armas de fogo de uso restrito ou de uso permitido com a numeração suprimida ou raspada, é 23 de outubro de 2005, pois tais hipóteses não foram alcançadas pela prorrogação do prazo de descriminalização previsto na Lei n. 11.706/2008.

2. É típica, pois, a conduta atribuída aos agravantes, porquanto ocorrida em 20-1-2008, data posterior ao termo final da abolitio criminis temporária quanto ao referido tipo de armamento.

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1359671/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 30/09/2014)

4.6.8 Rol dos crimes hediondos

ATENÇÃO CONCURSEIROS!!

A Lei n. 13.497/2017 alterou a redação do parágrafo único do artigo 1.º da Lei n. 8.072/90 prevendo que também é considerado como crime hediondo o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento.

Por ser mais gravosa, a Lei n. 13.497/2017 não tem efeitos retroativos.

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