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LEGISLAÇÃO ESPECIAL POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL - PRF PROF. BRUNO BATISTA

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Academic year: 2021

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

POLÍCIA

RODOVIÁRIA

FEDERAL

-

PRF

(2)

Sumário

OBSERVAÇÕES INICIAIS ... 3

SOBRE O CURSO ... 3

2. SISTEMA NACIONAL DE ARMAS ... 5

3. AQUISIÇÃO, REGISTRO E PORTE DE ARMA DE FOGO ... 7

3.1AQUISIÇÃO DA ARMA DE FOGO ... 7

3.2REGISTRO ... 9

3.3AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE... 11

3.4AUSÊNCIA DO REGISTRO OU DE AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE E ADEQUAÇÃO TÍPICA ... 15

4. DOS CRIMES E DAS PENAS ... 15

4.1POSSEIRREGULARDEARMADEFOGODEUSOPERMITIDO... 15

4.1.1 Conceitos ... 16

4.1.2 Objetividade jurídica ... 16

4.1.3 Sujeito ativo ... 16

4.1.4 Sujeito passivo ... 16

4.1.5 Consumação e tentativa ... 16

4.1.6 Abolitio criminis temporária ... 17

4.1.7 Questões relacionadas à pena ... 18

4.2OMISSÃODECAUTELA ... 19 4.2.1 Objetividade jurídica ... 19 4.2.2 Sujeito ativo ... 19 4.2.3 Sujeito passivo ... 19 4.2.4 Elemento subjetivo ... 20 4.2.5 Consumação e tentativa ... 20 4.2.6 Concurso de crimes ... 20

4.3PORTEILEGALDEARMADEFOGODEUSOPERMITIDO ... 21

4.3.1 Objetividade jurídica ... 22 4.3.2 Sujeito ativo ... 22 4.3.3 Sujeito passivo ... 22 4.4.4 Conduta ... 22 4.4.5 Consumação e tentativa ... 23 4.4.6 Arma desmuniciada ... 23 4.4.7 Armas de brinquedo ... 24

4.4.8 Transporte de arma de fogo no interior do veículo ... 25

4.4.9 O porte ilegal de arma de fogo deve ser absorvido pelo crime de homicídio? ... 26

4.4.10 Porte de munição ... 26

4.4.11 Crime inafiançável ... 27

4.5DISPARODEARMADEFOGO ... 27

4.5.1 Objetividade jurídica ... 28

4.5.2 Sujeito ativo ... 28

4.5.3 Sujeito passivo ... 28

4.5.4 Conduta ... 28

4.5.5 Consumação e tentativa ... 28

4.5.6 Porte ilegal e disparo de arma de fogo ... 28

4.6POSSEEPORTEILEGALDEARMADEFOGODEUSORESTRITO ... 29

4.6.1 Objetividade jurídica ... 30

(3)

4.6.3 Sujeito passivo ... 30

4.6.4 Elemento normativo do tipo ... 30

4.6.5 Conduta ... 30

4.6.6 Consumação e tentativa ... 30

4.6.7 Figuras equiparas ... 31

4.6.8 Rol dos crimes hediondos ... 32

4.7QUADROSSINÓTICOS ... 32

4.7.1 Posse não registrada de arma de fogo ... 33

4.7.2 Porte ilegal de arma de fogo ... 33

4.8COMÉRCIOILEGALDEARMADEFOGO ... 33

4.8.1 Objetividade jurídica ... 34

4.8.2 Sujeito ativo ... 34

4.8.3 Sujeito passivo ... 34

4.8.4 Objeto material ... 34

4.8.5 Consumação e tentativa ... 35

4.8.6 Vedação à liberdade provisória ... 35

4.9TRÁFICOINTERNACIONALDEARMADEFOGO ... 35

4.9.1 Objetividade jurídica ... 35

4.9.2 Sujeito ativo ... 35

4.9.3 Sujeito passivo ... 36

4.9.4 Consumação e tentativa ... 36

5. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR OS CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ... 36

(4)

OBSERVAÇÕES INICIAIS

Olá amigos (as)!

Bem-vindos ao Explica Concursos!

Antes de iniciarmos, vou me apresentar. Me chamo Bruno Batista da Silva e sou graduado em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e pós-graduado em Direito Civil e Processo Civil (UCDB).

Atualmente trabalho como assessor de 2.ª instância no Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (área criminal).

Estou no mundo dos concursos públicos há, aproximadamente, uns 05 anos. Já fiz muitas e muitas provas. Estou aprovado para o cargo de Promotor de Justiça do Estado do Amazonas e analista judiciário do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul.

Trago sempre comigo a seguinte frase: “Ninguém derrota aquele que nunca desiste!”. Então, tenhamos fé e foco nos estudos!!!

No presente curso analisaremos toda a parte de legislação penal especial prevista no seu edital. O conteúdo do material é extraído de doutrina sólida, pesquisa jurisprudencial, legislação e várias questões de concursos. O objetivo é que vocês tenham reunidos num mesmo material todas essas fontes, o que facilita e otimiza os estudos.

Vamos juntos nessa caminhada!

Sobre o curso

Iniciaremos nosso curso de Legislação Especial abrangendo teoria e prática, o que engloba muitas questões comentadas.

Meu compromisso é condensar em cada aula as principais doutrinas, aliadas a uma pesquisa jurisprudencial atualizada e, é claro, aos principais dispositivos legais cobrados em provas de concurso público.

Além disso, no decorrer do material existem algumas questões de prova para vocês irem se acostumando como o assunto é cobrado pelas bancas. Ao final de cada aula, haverá sempre uma bateria de exercícios comentados.

Nossa primeira aula foi elaborada com a junção das seguintes fontes: Legislação penal especial esquematizado, Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Júnior, 3.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017; Leis Penais Especiais: volume único, Gabriel Habib, Salvador: Ed. Juspodivm, 2016; Legislação penal especial, Ricardo Antônio Andreucci, 7.ª ed. São Paulo: Saraiva; Concursos públicos:

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terminologias e teorias inusitadas. João Biffe Júnior, Joaquim Leitão Júnior, Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017; Comentários do site Dizer o Direito; jurisprudência do STJ.

AULA CONTEÚDO DATA

00 Lei n. 10.826/2003 e alterações (Estatuto do Desarmamento 19/03/2018 01 Lei n. 7.716/1989 e alterações (crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor). Lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de documentos de identificação pessoal). 20/03/2018 02 Lei nº 4.898/1965 (direito de representação e processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade).

Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de tortura).

26/03/2018

03 Lei nº 8.069/1990

(Estatuto da Criança e do Adolescente), Título II, Capítulos I e II, Título III, Capítulo II, Seção III, Título V e Título VII.

28/03/2018 04 Lei nº 10.741/2003 e alterações (Estatuto do Idoso). 02/04/2018 05 Lei nº 9.034/1995 e alterações (crime organizado). 05/04/2018

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06 Lei nº 9.099/1995 e alterações (juizados especiais cíveis e criminais), Capítulo III. Lei nº 10.259/2001 e alterações (juizados especiais cíveis e criminais no âmbito da Justiça Federal).

08/04/2018

07 Lei nº 11.340/2006 (Maria da Penha – violência doméstica e familiar contra a mulher).

12/04/2018

08 Lei nº 11.343/2006 (sistema nacional de políticas públicas sobre drogas).

16/04/2018

09 Decreto-Lei nº 3.688/1941 (Lei das contravenções penais).

20/04/2018

10 Lei nº 9.605/1998 e alterações (Lei dos crimes contra o meio ambiente), Capítulos III e V. 26/04/2018 11 Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº 7901/2013 (Tráfico de pessoas). 30/04/2018 12 Revisão e Questões 08/05/2018

2. SISTEMA NACIONAL DE ARMAS

Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no

Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.

(7)

Esse sistema foi implantado pela Lei n. 9.437/97 com o intuito de centralizar os registros e autorizações de portes de armas que, até então, eram feitas pelas polícias estaduais, uma vez que os dados ficavam restritos a cada ente da Federação.

A Lei n. 10.826/2003 acrescentou ao SINARM outras competências, a fim de viabilizar e modernizar o banco de informações acerca das armas, desde o seu surgimento, até sua possível destruição.

Vejamos as competências do SINARM:

Identificar as características e a propriedade de arma de fogo, mediante cadastro;

Cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País; Cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;

Cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores; Identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo;

Integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;

Cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;

Cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade;

Cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;

Cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante;

Informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro atualizado para consulta.

O SINARM é o responsável pelo cadastro dos registros das armas de fogo institucionais da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, das Polícias Civis, das Guardas Municipais e demais órgãos, instituições, corporações e seus integrantes, elencados no artigo 1.º, § 1.º do Decreto n. 5.123/2004.

Por sua vez, serão cadastradas no SIGMA (Sistema e Gerenciamento Militar de Armas) as armas de fogo institucionais das Forças Armadas, das Polícias Militares, da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e demais instituições e seus integrantes, previstas no § 1.º do artigo 2.º do Decreto n. 5.123/2004.

(8)

QUESTÃO: (CONSULPLAN/2017; TRF-2.ª Região; Técnico judiciário –

Segurança e Transporte)

Ao Sistema Nacional de Armas – SINARM compete, EXCETO:

a) Cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País. b) Identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro.

c) Cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Civil.

d) Cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores. RESPOSTA: LETRA C

3.

AQUISIÇÃO, REGISTRO E PORTE DE ARMA DE FOGO

Vejamos, de forma detalhada, cada uma das fases constantes da Lei n. 10.826/2003.

3.1 Aquisição da arma de fogo

Conforme estabelece o artigo 28 do Estatuto do Desarmamento, é vedado ao menor de 25 anos adquirir arma de fogo, salvo se:

a) Integrante das Forças Armadas;

b) Integrante dos órgãos definidos no artigo 144 da Constituição Federal (polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária federal; polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares);

c) Integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados (não importa a quantidade populacional) e dos Municípios com mais de 500 mil habitantes;

d) Os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

e) Integrantes dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal;

f) Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, das escoltas dos presos e as guardas portuárias;

g) Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.

(9)

O indivíduo para adquirir uma arma de fogo de uso permitido, além de ter que contar com 25 anos de idade ou mais, e declarar a efetiva necessidade do objeto, deverá:

Quando os requisitos acima elencados estiverem presentes, o SINARM expedirá autorização de compra de arma de fogo em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização (art. 4.º, § 1.º).

QUESTÃO: (FCC/2017; TST; Técnico Judiciário – Segurança Judiciária)

Josué teve expedição de autorização de compra de arma de fogo pelo Sinarm, após apresentação dos requisitos legais em seu nome e para a arma indicada. Por estar com viagem marcada para um intercâmbio nos Estados Unidos da América, resolve transferir a autorização para seu melhor amigo, Nicolas, pessoa de ilibada conduta, que com certeza também preencheria os requisitos da lei para a autorização. A autorização da arma é:

a) intransferível para compra de arma obtida no Sinarm.

b) intransferível para compra de arma obtida no Sinarm, apenas para pessoas com antecedentes criminais.

c) transferível para compra de arma obtida no Sinarm, tendo em vista o princípio da economicidade.

d) transferível para compra de arma obtida no Sinarm, tendo em vista o princípio da celeridade.

Requisitos

Art. 4.º

Comprovação de idoneidade Ocupação lícita e residência certa Comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo

(10)

e) transferível para compra de arma obtida no Sinarm, tendo em vista a transparência da ação de Josué e Nicolas junto ao Sinarm.

RESPOSTA: LETRA A

A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas será efetivada mediante autorização do SINARM.

A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no Decreto n. 5.123/2006.

QUESTÃO (CESPE/2013; STF; Técnico Judiciário – Segurança Judiciária)

Julgue os itens a seguir, à luz do Estatuto do Desarmamento. Nesse sentido, considere que a sigla SINARM, sempre que empregada, refere-se ao Sistema Nacional de Armas.

Respeitadas as exigências legais, a comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas prescinde de autorização prévia do SINARM.

RESPOSTA: ERRADO

Professor, há algum prazo para que SINARM se manifeste sobre o requerimento de aquisição de arma de fogo? SIM, nos termos do § 6.º do art. 4.º, a expedição da autorização será concedida, ou recusada, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.

Fique ligado: São 30 dias ÚTEIS.

3.2 Registro

Efetuada a aquisição, o interessado deverá observar a regra do artigo 3.º do Estatuto do Desarmamento, que estabelece a obrigatoriedade do registro da arma de fogo no órgão competente.

A definição do órgão competente para registro está relacionada com a classificação da arma de fogo:

 ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO: Compete à Polícia Federal, após a anuência do SINARM, com validade em todo o território nacional.  ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO: Compete ao Comando do

(11)

Mas professor, como eu identifico uma arma de fogo de uso permitido ou restrito?

O rol de armas de uso permitido, proibido ou restrito é disciplinado em ato do Chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do Exército (art. 23 da Lei n. 10.826/2003). Trata-se, pois, de norma penal em branco. Atualmente, o rol de armas de uso permitido está previsto no artigo 17 do Decreto n. 3.665/2000:

Art. 17. São de uso permitido:

I - armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .25 Auto, .32 Auto, .32 S&W, .38 SPL e .380 Auto;

II - armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .32-20, .38-40 e .44-40;

III - armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automáticas, calibre doze ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior do que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros; as de menor calibre, com qualquer comprimento de cano, e suas munições de uso permitido; IV - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou inferior a seis milímetros e suas munições de uso permitido;

V - armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas, que utilizem cartuchos contendo exclusivamente pólvora;

VI - armas para uso industrial ou que utilizem projéteis anestésicos para uso veterinário;

VII - dispositivos óticos de pontaria com aumento menor que seis vezes e diâmetro da objetiva menor que trinta e seis milímetros;

VIII - cartuchos vazios, semi-carregados ou carregados a chumbo granulado, conhecidos como "cartuchos de caça", destinados a armas de fogo de alma lisa de calibre permitido; IX - blindagens balísticas para munições de uso permitido; X - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo de porte de uso permitido, tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e

(12)

O certificado de registro de arma de fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

Se liga na jurisprudência:

É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou possuir arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no estatuto do Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão competente. (STJ - RHC 70.141/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 07/02/2017, DJe 16/02/2017).

3.3 Autorização para o porte

É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para:

I – os integrantes das forças armadas;

II – os integrantes dos órgãos definidos no artigo 144 da Constituição Federal (polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária federal; polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares); III - os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;

IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;

V - os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

VI – os integrantes dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal;

VII - os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;

(13)

VIII - as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei;

IX - para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental;

X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário;

XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.

Fique ligado! O Partido Verde (PV) propôs uma Ação Direta de

Inconstitucionalidade (ADI n. 5.538/DF) em face de disposições do artigo 6.º, incisos III e IV, da Lei n. 10.826/2003. Sustenta que as normas do Estatuto do Desarmamento, ao conferirem tratamento distinto ao porte de arma de fogo de guardas municipais, com base no número de habitantes do município ao qual pertençam, violou o princípio da igualdade e o pacto federativo. Aduz que o número de habitantes é critério falho e inidôneo para determinar se guardas municipais podem portar arma.

A Procuradoria-Geral da República emitiu parecer contrário à declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos legais questionados, aduzindo que a restrição (i) não ofende o art. 144, § 8 o , da Constituição, pois não impede tais agentes de proteger bens, serviços e instalações desses entes federativos; (ii) não influencia na estrutura orgânica dos municípios, pois a proibição do porte de arma de fogo não alcança a independência das instituições locais; e (iii) não fere a isonomia, porquanto advém justamente da diferença existente no plano fático, consistente na deficiente qualificação profissional dos integrantes das guardas municipais de grande parte dos municípios com menos de 500.000 habitantes, quando comparada às cidades com maior número de habitantes. AÇÃO PENDENTE DE JULGAMENTO.

(14)

A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.

Essa autorização poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial limitada, devendo o requerente:

a) demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade

profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;

b) comprovar idoneidade, ocupação lícita e residência certa, bem como

comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo;

c) apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como

seu devido registro no órgão competente.

ATENÇÃO: Caso o indivíduo seja detido ou abordado em estado de

embriaguez ou sob efeitos de substâncias químicas ou alucinógenas a autorização de porte de arma de fogo perderá automaticamente sua eficácia (art. 10, § 2.º, da Lei n. 10.826/2003).

QUESTÃO (CESPE/2014; Polícia Federal; Agente administrativo)

No que diz respeito ao Estatuto do Desarmamento, julgue o seguinte item. Para obter porte de arma de fogo de uso permitido, agente da Polícia Federal deve apresentar, entre outros documentos, comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo.

RESPOSTA: ERRADO

Art. 6º., § 4.º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4º, ficam DISPENSADOS do cumprimento do disposto nos incisos I (comprovação de inidoneidade), II (comprovação de ocupação lícita e residência certa) e III (comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo) do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei

QUESTÃO (CESPE/2017; TRF-1.ª Região; Técnico Judiciário – Segurança

e Transporte)

Considerando o que dispõe a Lei n. 10.826/2003 — Estatuto do Desarmamento — sobre a posse e o porte de armas de fogo e de munição para determinados servidores dos quadros de pessoas do Poder Judiciário, julgue o item a seguir.

(15)

O servidor da área de segurança de um tribunal, no exercício da atividade, poderá optar pelo porte e pelo uso de arma de fogo de propriedade particular, desde que a arma esteja registrada.

RESPOSTA: ERRADO

Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições

descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e

guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição.

OBS.: O titular de porte de arma de fogo para defesa pessoal

concedido nos termos do art. 10 do Estatuto do Desarmamento, não poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela adentrar ou permanecer em locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas em virtude de eventos de qualquer natureza. A inobservância implicará na cassação do porte de arma de fogo e na apreensão da arma, pela autoridade competente, que adotará as medidas legais pertinentes.

Aos residentes em áreas rurais, maior de 25 anos de idade que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência. O caçador que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido.

Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que estejam: i) submetidos a regime de dedicação exclusiva; ii) sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; iii) subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno.

(16)

O porte de trânsito para desportistas, colecionadores e caçadores é concedido pelo Comando do Exército, nos termos do artigo 32 do Decreto n. 5.123/2004:

Art. 32. O Porte de Trânsito das armas de fogo de colecionadores e caçadores será expedido pelo Comando do Exército.

Parágrafo único. Os colecionadores e caçadores transportarão suas armas desmuniciadas.

3.4 Ausência do registro ou de autorização para o porte e

adequação típica

ESPÉCIE DE ARMA TIPIFICAÇÃO Arma permitida – ausência de

registro

Posse ilegal de arma de fogo – artigo 12

Arma permitida – ausência de autorização para o porte

Porte ilegal de arma de fogo – artigo 14

Arma de uso restrito – ausência de registro ou ausência de autorização para o porte

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito – artigo 16

Atenção: A Lei n. 13.497/2017 alterou a redação do parágrafo único do art. 1.º da Lei n. 8.072/90 prevendo que também é considerado como crime hediondo o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

4. DOS CRIMES E DAS PENAS

4.1 POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:

(17)

4.1.1 Conceitos

ARMA DE FOGO: arma que arremessa projéteis empregando a força

expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil (art. 3.º, XIII, do Decreto n. 3.665/2000).

ACESSÓRIO DE ARMA: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a

melhoria do desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma (art. 3.º, II, do Decreto n. 3.665/2000).

MUNIÇÃO: artefato completo, pronto para carregamento e disparo de

uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros efeitos especiais (art. 3.º, LXIV, do Decreto n. 3.665/2000).

4.1.2 Objetividade jurídica

Protege-se a incolumidade pública, mais especificamente a segurança pública, além de tutelar o controle sobre a propriedade de armas de fogo.

4.1.3 Sujeito ativo

Qualquer pessoa.

4.1.4 Sujeito passivo

A coletividade (crime vago).

4.1.5 Consumação e tentativa

A consumação ocorre no momento em que a arma entra na residência ou no estabelecimento comercial. Cuida-se de crime permanente, razão pela qual: a) será possível a prisão em flagrante, enquanto não cessada a permanência; b) o curso do prazo prescricional somente se inicia com a

(18)

cessação da permanência; c) sobrevindo lei penal mais gravosa enquanto não cessada a permanência, poderá ser aplicada ao caso.

Se liga na jurisprudência:

Esta Corte Superior firmou entendimento no sentido de que os delitos de porte ou posse de arma de fogo, acessório ou munição, possuem natureza de crime de perigo abstrato, tendo como objeto jurídico a segurança coletiva, não se exigindo comprovação da potencialidade lesiva, prescindindo, portanto, de exame pericial. (STJ - HC 413.902/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 05/12/2017, DJe 18/12/2017)

É cabível a tentativa.

ATENÇÃO: Nos casos em que o agente mantém arma de fogo, sem

renovar o registro, o STJ entende que não configura o crime previsto no artigo 12 do Estatuto do Desarmamento, mas mera infração administrativa:

Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. A conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal. (STJ - APn 686/AP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2015, DJe 29/10/2015).

4.1.6 Abolitio criminis temporária

O artigo 30 do Estatuto do Desarmamento (com a redação dada, sucessivamente, pelas Leis n. 10.884/2004, 11.118/2005, 11.191/2005, 11.706/2008 e 11.922/2009) concedeu prazo aos possuidores e proprietários de armas de fogo de uso permitido ainda não registradas para que solicitassem o registro até o dia 31 de dezembro de 2009, mediante apresentação de nota fiscal ou outro comprovante de sua origem lícita, pelos meios de prova em direito admitidos.

(19)

Por isso, doutrina e jurisprudência tem entendido que as pessoas que tenham sido flagradas antes de 31 de dezembro de 2009 com arma de fogo de uso permitido no interior da própria residência ou estabelecimento comercial, sem o registro, não podem ser punidas, porque a boa-fé é presumida, de modo que se deve pressupor que iriam solicitar o registro da arma dentro do prazo.

Caro aluno(a), no tocante à abolitio criminis é bom você ficar atento à seguinte distinção:

- No caso de posse de arma de fogo de uso permitido e numeração raspada (o que equivale à arma de fogo de uso restrito), bem como as armas de fogo de uso restrito, a abolitio criminis temporária terminou em 23/10/2005. Veja a súmula 513 do STJ:

Súmula 513-STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n.

10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.

- No caso de posse de arma de fogo de uso permitido, o prazo previsto no artigo 30 do Estatuto do Desarmamento foi prorrogado para 31 de dezembro de 2009 (STJ - HC 310369/SP).

4.1.7 Questões relacionadas à pena

Em razão da pena mínima cominada não ultrapassar 01 (um) ano, cabível a suspensão condicional do processo, nos termos do artigo 89 da Lei n. 9.099/95.

Uma vez que a pena privativa de liberdade máxima não é superior a 04 (quatro) anos, a autoridade policial poderá conceder fiança (artigo 322 do CPP).

Por fim, vale registrar que é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, desde que preenchidos os requisitos legais do artigo 44 do Código Penal.

(20)

4.2 OMISSÃO DE CAUTELA

Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

4.2.1 Objetividade jurídica

A figura prevista no caput do artigo 13 tutela a incolumidade pública em face do perigo decorrente do apoderamento da arma de fogo por pessoa despreparada, bem como a própria integridade física do menor de idade ou deficiente mental.

Por sua vez, a figura equiparada constante do parágrafo único protege a veracidade dos cadastros de arma de fogo perante o Sinarm e o registro perante o órgão competente.

4.2.2 Sujeito ativo

A conduta descrita no caput do artigo 13 pode ser praticada por qualquer pessoa que tenha a posse ou propriedade de arma de fogo, ou seja, cuida-se de crime comum.

Por sua vez, a figura delitiva prevista no parágrafo único do artigo 13 só pode ser cometida pelo proprietário ou pelo diretor responsável por empresa de segurança ou de transporte de valores. Trata-se de crime próprio.

(21)

Tem-se como sujeitos passivos a coletividade (tanto para a figura do caput, quanto do parágrafo único), bem como o menor ou deficiente mental que se apodere da arma de fogo (caput).

4.2.4 Elemento subjetivo

Regra geral, os crimes do Estatuto do Desarmamento são dolosos. No entanto, o crime de omissão de cautela é culposo, eis que é um típico caso de negligência.

4.2.5 Consumação e tentativa

A consumação do crime previsto no caput ocorre no momento em que o menor de idade ou doente mental se apodera da arma de fogo (perigo abstrato). Esse delito não é de mera conduta, e sim material. Desse modo, se alguém deixa uma arma em local de fácil apossamento por uma das pessoas ali mencionadas na lei, mas isso não ocorre, não se aperfeiçoa o crime.

Já com relação ao parágrafo único, o crime se consuma após o decurso do prazo de 24 (vinte e quatro) horas.

Por se tratar de crime culposo, não é admissível a tentativa.

4.2.6 Concurso de crimes

Caso o agente tenha a posse ilegal de arma de fogo e a deixe ao alcance de um menor, responde pelos delitos de posse ilegal de arma de fogo (art. 12) e omissão de cautela (art. 13) em concurso material, nos termos do artigo 69 do Código Penal.

QUESTÃO (IBADE/2017; PC-AC; Delegado de Polícia)

Acerca do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003), assinale a alternativa correta.

a) O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é inafiançável.

b) O proprietário responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo

(22)

que esteja sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato, incorrerá no crime de omissão de cautela.

c) De acordo com a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, aquele que mantiver em seu poder uma arma de fogo de calibre permitido com registro vencido, incorrerá na prática do crime de porte ilegal de arma de fogo.

d) No crime de comércio ilegal de arma de fogo. a pena é aumentada em um terço se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

e) O crime de omissão de cautela consiste em deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 14 (catorze) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse.

RESPOSTA: LETRA B

QUESTÃO (CS-UFG/2017; TJGO; Juiz Leigo)

Dentre os crime tipificados na Lei n. 10.826/2003, é de menor potencial ofensivo o crime de

a) omissão de cautela.

b) posse irregular de arma de fogo de uso permitido. c) porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. d) disparo de arma de fogo.

e) comércio ilegal de arma de fogo. RESPOSTA: LETRA A

4.3 PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente.

(23)

4.3.1 Objetividade jurídica

Tutela-se a incolumidade pública.

4.3.2 Sujeito ativo

É crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

OBS.: O artigo 20 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) traz uma causa de aumento de pena quando o crime é praticado por um dos integrantes dos órgãos e empresas constantes dos artigos 6.º, 7.º e 8.º da Lei:

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e

8o desta Lei.

4.3.3 Sujeito passivo

É a coletividade, cuida-se de crime vago.

Se liga nos conceitos!

O que são crimes com sujeito

passivo em massa?

Crime como sujeito passivo em massa é aquele praticado contra sujeitos indeterminados, sendo também conhecidos como crimes vagos, uma vez que possuem como vítima um ente destituído de personalidade jurídica.

4.4.4 Conduta

A conduta típica vem expressa por treze verbos, traduzindo tipo misto alternativo, no qual a realização de mais de um comportamento pelo mesmo agente implicará num único delito.

Professor, enterrar a arma de fogo no quintal da própria casa configura o delito de posse ou porte?

Segundo o STJ, comprovado nos autos, pelos laudos de apreensão, que as armas do paciente (uma delas utilizada no crime) estavam enterradas no jardim de sua casa, não há como se pretender a desclassificação para

(24)

o delito de posse de arma (art. 12 da Lei 10.826/03), porquanto a conduta do paciente subsume-se ao tipo descrito no art. 14 da referida lei (porte ilegal de arma de uso permitido, na modalidade de ocultação). (HC 72.035/MS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 09/10/2007, DJ 05/11/2007, p. 307)

4.4.5 Consumação e tentativa

O crime é de perigo abstrato, em que a lei presume, de forma absoluta, a existência do risco causado à coletividade por parte de quem, sem autorização, porta arma de fogo, acessório ou munição. É desnecessário provar que o agente tenha causado perigo a pessoa determinada.

OBS.: A jurisprudência fixou entendimento de que o porte concomitante

de mais de uma arma de fogo caracteriza situação única de risco à coletividade, e, assim, o agente só responde por um delito, não se aplicando a regra do concurso formal. O juiz pode levar em consideração a quantidade de armas na fixação da pena-base.

Em tese, é admissível a tentativa, embora de difícil configuração ante a multiplicidade de condutas incriminadas.

4.4.6 Arma desmuniciada

Professor, portar arma de fogo desmuniciada configura o crime previsto no artigo 14 do Estatuto do Desarmamento?

A resposta é positiva. A jurisprudência do STJ, pacificada nos autos do AgRg nos EAREsp n. 260.556/SC, é no sentido de que o crime previsto no artigo 14 da Lei n. 10.826/2003 é de perigo abstrato, sendo irrelevante o fato de a arma estar desmuniciada ou, até mesmo, desmontada, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, e sim a segurança pública e a paz social, colocados em risco com o porte de arma de fogo sem autorização ou em desacordo com determinação legal, revelando-se despicienda a comprovação do potencial ofensivo do artefato através de laudo pericial.

Bom, entendi que o crime de porte de arma de fogo é de perigo abstrato e que, em razão disso, não é necessária a realização de laudo pericial para atestar a potencialidade lesiva da arma. Mas professor, o que acontece

(25)

caso seja realizado o laudo pericial e este ateste que a arma é inepta a disparar?

Se liga na jurisprudência:

RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO E MUNIÇÕES DE USO PROIBIDO. ART. 16, CAPUT, DA LEI Nº 10.826/2003. INEFICÁCIA DA ARMA DE FOGO ATESTADA POR LAUDO PERICIAL. MUNIÇÕES DEFLAGRADAS E PERCUTIDAS. AUSÊNCIA DE POTENCIALIDADE LESIVA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ABSOLVIÇÃO MANTIDA.

1. A Terceira Seção desta Corte pacificou entendimento no sentido de que o tipo penal de posse ou porte ilegal de arma de fogo cuida-se de delito de mera conduta ou de perigo abstrato, sendo irrelevante a demonstração de seu efetivo caráter ofensivo.

2. Na hipótese, contudo, em que demonstrada por laudo

pericial a total ineficácia da arma de fogo (inapta a disparar) e das munições apreendidas (deflagradas e percutidas), deve ser reconhecida a atipicidade da conduta perpetrada, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio.

3. Recurso especial improvido. (REsp 1451397/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 15/09/2015, DJe 01/10/2015)

4.4.7 Armas de brinquedo

As armas de brinquedo, simulacros ou réplicas não constituem armas de fogo, de modo que o seu porte não está abrangido na figura penal.

O Estatuto do Desarmamento se limita a proibir (sem prever sanção penal) a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que possam com estas se confundir, exceto para instrução, adestramento ou coleção, desde que autorizados pelo Comando do Exército (art. 26).

Se liga na jurisprudência:

Desde o cancelamento da Súmula n. 174 deste Superior Tribunal, consolidou-se o entendimento de que o emprego de

(26)

simulacro de arma de fogo não constitui motivo apto para a configuração da causa especial de aumento de pena prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, por ausência de maior risco para a integridade física da vítima, prestando-se, tão somente, para caracterizar a elementar "grave ameaça" do delito de roubo. (STJ - HC 270.092/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/08/2015, DJe 08/09/2015)

4.4.8 Transporte de arma de fogo no interior do veículo

A jurisprudência do STJ firmou entendimento no sentido de que os veículos utilizados para o exercício de profissão nãos e confundem com o local de trabalho, a fim de caracterizar o delito de posse de arma de fogo, pois estes – caminhão ou táxi – são meros instrumentos profissionais.

Se liga na jurisprudência:

A conduta fática incontroversa do agente taxista que transporta, no veículo de sua propriedade (táxi), arma de fogo de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, é suficiente para caracterizar o delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, previsto no art. 14 da Lei 10.826/2003, afastando-se o reconhecimento do crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei 10.826/2003), uma vez que o táxi, ainda que seja instrumento de trabalho, não pode ser equiparável a seu local de trabalho. Precedentes do STJ. (STJ - AgRg no REsp 1341025/MG, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 06/08/2013, DJe 13/05/2014)

QUESTÃO (FUNCAB/2016; PC-PA; Delegado de Polícia Civil)

Durante uma operação policial de rotina, policiais rodoviários federais abordam o caminhão conduzido por Teotônio. Revistado o veículo, encontram um revólver calibre 38, contendo munições intactas em seu tambor, escondido no porta-luvas. Os policiais constatam, ainda, que a numeração de série do revólver não está visível, sendo certo que perícia posterior concluiria que o desaparecimento se deu por oxidação natural, decorrente da ação do tempo. Questionado, Teotônio revela não possuir

(27)

porte de arma e sequer tem o instrumento registrado em seu nome. Afirma, também, que a arma fora adquirida para que pudesse se proteger, pois um desafeto o ameaçara, prometendo-lhe agressão física futura. Nesse contexto, é correto afirmar que Teotônio:

a) cometeu crime de porte de arma de fogo de uso permitido.

b) cometeu crime de porte ou posse de arma de fogo com numeração suprimida.

c) cometeu crime de posse de arma de fogo de uso permitido. d) não cometeu crime.

e) cometeu crime de porte ou posse de arma fogo de uso restrito. RESPOSTA: LETRA A

4.4.9 O porte ilegal de arma de fogo deve ser absorvido pelo

crime de homicídio?

Imagine o seguinte caso: Um indivíduo, utilizando uma arma de fogo, atira e mata alguém. Haverá homicídio e porte ilegal de arma de fogo ou apenas homicídio? Aplica-se o princípio da consunção?

A resposta a tais indagações somente pode ser dada após a análise de cada caso concreto.

Relembrando! De acordo com o princípio da consunção, ou da absorção, o fato mais amplo e grave consome, absorve os demais fatos menos amplos e grave, os quais atuam como meio normal de preparação ou execução daquele, ou ainda como seu mero exaurimento. Por tal razão, aplica-se somente a lei que o tipifica: lex consumens derrogat legi consumptae.

Vamos voltar a questão.

Hipótese 1: O crime de porte não será absorvido se ficar provado nos autos que o agente portava ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades antes ou depois do homicídio e que ele não se utilizou da arma tão somente para praticar o assassinato. EX.: durante a instrução ficou comprovado que o agente comprou a arma de fogo meses antes do crime e que a ostentava pelo bairro.

Hipótese 2: Se não houver provas de que o réu já portava a arma antes do homicídio ou se ficar provado que ele a utilizou somente para matar a vítima. Ex.: o agente compra a arma de fogo e, em seguida, dirige-se até a casa da vítima, e contra ela desfere disparos, matando-a.

Portanto, como já dito, para saber se aplica, ou não, o princípio da consunção é necessário analisar o caso concreto.

(28)

O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão no sentido de que os crimes previstos nos artigos 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003 são de perigo abstrato, sendo suficiente a prática do núcleo, por exemplo, “portar” a munição, sem autorização legal, para a caracterização da infração penal, pois são condutas que colocam em risco a incolumidade pública, independentemente de a munição vir ou não desacompanhada de arma de fogo.

O crime de posse ou porte irregular de munição de uso permitido, independentemente da quantidade, e ainda que desacompanhada da respectiva arma de fogo, é delito de perigo abstrato, sendo punido antes mesmo que represente qualquer lesão ou perigo concreto de lesão, não havendo que se falar em atipicidade material da conduta (AgRg no RHC 86.862/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe 28/02/2018).

ATENÇÃO! O STF já considerou atípica a conduta do agente que portava

uma munição como pingente, sem possuir arma de fogo (Vide HC 133984/MG, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/05/2016).

4.4.11 Crime inafiançável

Dispõe expressamente o parágrafo único que o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é inafiançável, salvo quando a arma estiver registrada em nome do agente.

O dispositivo legal foi declarado inconstitucional pelo STF, que, no julgamento da ADI 3.112-1, considerou desarrazoada a vedação, ao fundamento de que tais delitos não poderiam ser equiparados ao terrorismo, à prática de tortura, ao tráfico ilícito de entorpecentes ou aos crimes hediondos.

Portanto, o crime em comento é suscetível de fiança e de liberdade provisória sem fiança.

4.5 DISPARO DE ARMA DE FOGO

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:

(29)

4.5.1 Objetividade jurídica

A proteção da incolumidade pública, representada pela segurança coletiva.

4.5.2 Sujeito ativo

Qualquer pessoa.

Se o delito for cometido por qualquer das pessoas elencadas nos artigos 6.º, 7.º e 8º da Lei, a pena será aumentada em metade (art. 20).

4.5.3 Sujeito passivo

A coletividade. Ou seja, cuida-se de crime vago ou crime com sujeito passivo em massa.

4.5.4 Conduta

A conduta vem expressa pelos verbos “disparar” e “acionar”. O número de disparos é irrelevante. Trata-se de tipo penal subsidiário, já que o crime somente ocorre se a conduta não tiver por finalidade a prática de outro crime.

4.5.5 Consumação e tentativa

A consumação ocorre no momento em que é efetuado o disparo ou quando a munição é acionada por qualquer outro modo.

É possível a tentativa.

4.5.6 Porte ilegal e disparo de arma de fogo

Professor, no caso de porte ilegal e disparo de arma de fogo é cabível a aplicação do princípio da consunção?

Para responder a tal indagação, também deveremos analisar o caso concreto.

Se restar comprovado que os crimes de porte ilegal e disparo de arma de fogo ocorreram no mesmo contexto fático e diante do nexo de dependência entre as condutas, sendo o primeiro meio para a execução

(30)

do segundo delito, cabível a aplicação do princípio da consunção (STJ – AgRg no AREsp 635891/SC, DJe 25/05/2016).

Contudo, se forem praticados em contextos distintos, momentos diversos, não se aplica o princípio: A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que não se aplica o princípio da consunção quando os delitos de posse ilegal de arma de fogo e disparo de arma em via pública são praticados em momentos diversos, em contexto distintos. (STJ – AgRg no AREsp 754716/PR, DJe 19/12/2017).

4.6 POSSE E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO

RESTRITO

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;

II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;

III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;

V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e

VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.

OBS.: Quando se tratar de arma de fogo de uso restrito, tanto a posse quanto o porte estão tipificados no artigo 16 da Lei.

(31)

4.6.1 Objetividade jurídica

A proteção da incolumidade pública, representada pela segurança coletiva.

4.6.2 Sujeito ativo

O crime pode ser praticado por qualquer pessoa.

Vale lembrar, mais uma vez, da causa de aumento de pena prevista no artigo 20 do Estatuto do Desarmamento.

4.6.3 Sujeito passivo

O sujeito passivo é a coletividade.

4.6.4 Elemento normativo do tipo

O tipo penal contém um elemento normativo: sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. É possível, portanto, o porte e a posse de arma de fogo de uso restrito quando o agente possuir autorização para tanto (porte) ou registro (posse).

A aquisição de arma de fogo de uso restrito deve ser concedida pelo Comando do Exército e seu registro também será feito nesse órgão.

4.6.5 Conduta

A conduta típica vem expressa por 14 (quatorze) verbos, traduzindo tipo misto alternativo, no qual a realização de mais de um comportamento pelo mesmo agente implicará um único delito.

Indiferente, também, para a configuração do delito, estar a arma de fogo desmuniciada por ocasião da apreensão.

4.6.6 Consumação e tentativa

O crime se consuma com a prática de uma ou mais condutas previstas no tipo penal.

Cuida-se de crime de perigo abstrato, a lei presume o perigo com a prática de qualquer uma das condutas descritas no artigo 16.

(32)

4.6.7 Figuras equiparas

No artigo 16, parágrafo único, o legislador descreve vários tipos penais autônomos, sendo que cada um deles possui condutas típicas e objetos materiais próprios, tendo sido aproveitadas tão somente as penas do artigo 16, caput. Não há, assim, nenhuma exigência de que essas condutas típicas sejam relacionadas a arma de uso proibido ou restrito. Caros alunos, a memorização dos incisos do parágrafo único é de fundamental importância para sua prova.

Aqui, vou trabalhar com vocês dois incisos que entendo relevantes:

01) Inciso III – Posse, detenção, fabricação ou emprego de artefato explosivo ou incendiário.

Explosivo é, em sentido amplo, um material extremamente instável, que pode se decompor rapidamente, formando produtos estáveis. Esse processo é denominado de explosão e é acompanhado por uma intensa liberação de energia, que pode ser feita sob diversas formas e gera uma considerável destruição decorrente dessa energia.

Em razão disso, o STJ já decidiu:

2. Não será considerado explosivo o artefato que,

embora ativado por explosivo, não projete e nem disperse fragmentos perigosos como metal, vidro ou plástico quebradiço, não possuindo, portanto, considerável potencial de destruição.

3. Para a adequação típica do delito em questão, exige-se que o objeto material do delito, qual seja, o artefato explosivo, seja capaz de gerar alguma destruição, não podendo ser

tipificado neste crime a posse de granada de gás lacrimogêneo/pimenta, porém, não impedindo eventual

tipificação em outro crime.

4. Recurso especial improvido. (REsp 1627028/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/02/2017, DJe 03/03/2017)

02) Inciso IV - Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado.

Quem suprime ou modifica responde pelo inciso I, enquanto quem porta, possui, adquiri, transporta ou fornece responde pelo inciso IV.

(33)

Conforme já decidiu o STF, para a caracterização do crime previsto no artigo 16, parágrafo único, inciso IV, do Estatuto do Desarmamento, é irrelevante se a arma de fogo é de uso permitido ou restrito, bastando que o identificador esteja suprimido.

Se liga na jurisprudência:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ART. 16,

PARÁGRAFO ÚNICO, IV, DA LEI N. 10.826/2003. POSSE DE ARMA DE USO PERMITIDO COM NUMERAÇÃO RASPADA. EQUIPARAÇÃO À DE USO RESTRITO. CRIME

PRATICADO APÓS 23-10-2005, FORA DO PERÍODO DA VACATIO LEGIS. TIPICIDADE DA CONDUTA.

1. Conforme o posicionamento firmado pelo STJ no julgamento do Recurso Especial 1.311.408/RN, eleito como representativo da controvérsia, o termo final da incidência da abolitio criminis temporária constante dos arts. 30 e 32 da Lei 10.826/2003, no que toca à conduta de possuir armas de fogo de uso restrito ou de uso permitido com a numeração suprimida ou raspada, é 23 de outubro de 2005, pois tais hipóteses não foram alcançadas pela prorrogação do prazo de descriminalização previsto na Lei n. 11.706/2008.

2. É típica, pois, a conduta atribuída aos agravantes, porquanto ocorrida em 20-1-2008, data posterior ao termo final da abolitio criminis temporária quanto ao referido tipo de armamento.

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1359671/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 30/09/2014)

4.6.8 Rol dos crimes hediondos

ATENÇÃO CONCURSEIROS!!

A Lei n. 13.497/2017 alterou a redação do parágrafo único do artigo 1.º da Lei n. 8.072/90 prevendo que também é considerado como crime hediondo o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento.

Por ser mais gravosa, a Lei n. 13.497/2017 não tem efeitos retroativos.

(34)

4.7.1 Posse não registrada de arma de fogo

4.7.2 Porte ilegal de arma de fogo

4.8 COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO

P osse o re gis tr ada de ar ma de f og o na própria casa ou comércio arma de uso permitido art. 12 arma de uso

proibido ou restrito art. 16, caput

em casa ou comércio alheios

arma de uso

permitido art. 14 arma de uso

proibido ou restrito art. 16, caput em casa ou comércio arma raspada de qualquer espécie art. 16, parágrafo único, IV

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permitido

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arma de uso

proibido ou restrito

art. 16, caput

arma raspada de

qualquer espécie

art. 16, parágrafo

único, IV

(35)

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.

4.8.1 Objetividade jurídica

Tutela-se, mais uma vez, a incolumidade pública, representada pela segurança coletiva.

4.8.2 Sujeito ativo

Cuida-se de crime próprio, já que o tipo penal exige que o delito seja cometido por comerciante ou industrial.

O parágrafo único equiparou à atividade comercial ou industrial qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.

Caso o delito seja praticado por qualquer das pessoas elencadas nos artigos 6.º, 7.º e 8.º da Lei, a pena será aumentada em metade (art. 20).

4.8.3 Sujeito passivo

A coletividade.

4.8.4 Objeto material

Arma de fogo, acessório ou munição, seja de uso permitido ou proibido ou restrito. Se a arma de fogo, acessório ou munição for de uso proibido ou restrito, a pena é aumentada de metade, conforme disposto no artigo 19 do Estatuto do Desarmamento:

(36)

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

4.8.5 Consumação e tentativa

Trata-se de crime de mera conduta, a consumação ocorre no momento da ação, independente de qualquer resultado.

Em tese, é possível a tentativa.

4.8.6 Vedação à liberdade provisória

O artigo 21 do Estatuto do Desarmamento proíbe a concessão de liberdade provisória ao crime em análise. Contudo, o STF declarou a inconstitucionalidade desse dispositivo (ADI n. 3112).

4.9 TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

4.9.1 Objetividade jurídica

Protege-se a segurança pública, a fim de evitar o comércio internacional de armas de fogo, acessórios ou munições.

4.9.2 Sujeito ativo

Pode ser praticado por qualquer pessoa.

Se o delito for cometido por qualquer das pessoas elencadas no artigo 6.º, 7.º e 8.º da Lei, a pena será aumentada em metade (art. 20).

Não se tratando dos indivíduos acima mencionados, mas sendo funcionário público, responderá também pelo crime de corrupção passiva, caso tenha recebido alguma vantagem para facilitar a entrada ou saída de arma no território nacional.

(37)

4.9.3 Sujeito passivo

A coletividade.

4.9.4 Consumação e tentativa

Na modalidade de conduta “importar”, consuma-se com o efetivo ingresso da arma de fogo, acessório ou munição no País. Na modalidade de conduta “exportar”, com a efetiva saída do objeto material do País. São hipóteses de crime instantâneo. Na conduta “favorecer” a entrada ou saída do território nacional, consuma-se com o efetivo favorecimento, que pode ser praticado por ação ou por omissão do agente.

É possível a tentativa.

5. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR OS CRIMES

PREVISTOS NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO

O fato de a Polícia Federal ser o órgão responsável pelos registros das armas de fogo e pela expedição de autorizações para o porte, e de o SINARM (órgão do Ministério da Justiça) ser o responsável pelo cadastramento das armas de fogo, não faz com que a competência para os crimes previstos na Lei n. 10.826/2003 seja da Justiça Federal.

Se liga na jurisprudência:

Em se tratando de tráfico internacional de munições ou armas, cumpre firmar a competência da Justiça Federal para conhecer do tema, já que o Estado brasileiro é signatário de instrumento internacional (Protocolo contra a Fabricação e o Tráfico Ilícitos de Armas de Fogo, suas Peças e Componentes e Munições – complementando a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional -, promulgado pelo Decreto n. 5.941, de 26/10/2006), no qual se comprometeu a tipificar a conduta como crime. (STJ -AgRg

no Ag 1389833/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe 25/04/2013).

(38)

PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME AMBIENTAL E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO. AUSÊNCIA DE CONEXÃO PROCESSUAL. CONCURSO DE CRIMES QUE NÃO IMPLICA NECESSARIAMENTE CONEXÃO. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 122/STJ.

I - Não obstante a verificação dos crimes tenha ocorrido no mesmo contexto fático, não há elementos para se indicar a existência de conexão processual que atraia a competência da Justiça Federal, nos termos do Enunciado n. 122, da Súmula do Superior Tribunal de Justiça.

II - A competência para o processamento do crime do art. 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/03 deve recair sobre a Justiça Estadual, não havendo se falar em prejuízo à instrução com a cisão dos processos, pois a consumação dos crimes imputados se deu em momentos diferentes.

Conflito conhecido para declarar a competência do d. Juízo de Direito da 2ª Vara de Bocaiúva- MG para apuração do crime previsto no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/03. (STJ - CC 140.649/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2015, DJe 09/11/2015).

6. QUESTÕES COMENTADAS

01 – (FCC/2014; TRF – 4.ª Região; Técnico Judiciário – Segurança e

Transporte). De acordo com o Estatuto do Desarmamento, quanto ao registro de arma de fogo,

a) dentre outros requisitos, o interessado, para renovar o Certificado de Registro de Arma de Fogo, deverá periodicamente, a cada cinco anos, apresentar documento comprobatório de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma do Estatuto do Desarmamento e sua regulamentação.

b) o Certificado de Registro de Arma de Fogo será expedido pela Polícia Civil dos Estados e do Distrito Federal.

c) o Certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo em seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento.

d) as armas de fogo de uso restrito serão registradas na Polícia Federal, na forma do Estatuto do Desarmamento e sua regulamentação.

Referências

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