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Possibilidades de reuso e minimização de água

5.3. Avaliação

5.3.1. Possibilidades de reuso e minimização de água

A Legislação Federal exige que para cada 10 animais/h, deve-se ter 1 m de comprimento de tanque. Como na empresa, hoje, são abatidos 400 animais/h, seriam necessários 26 m de comprimento de tanque de escaldagem, além disso, o suíno deve permanecer dentro do tanque em um período de 3 a 5 minutos. Quanto ao consumo de água no tanque, a legislação pede a renovação total do volume a cada oito horas trabalhadas. O volume atual do tanque é de 45 m3.

O comprimento do tanque nessa indústria é de 40 m e o tempo de permanência do suíno no tanque é de 6 minutos e 20 segundos, o que demonstra que o tanque de escaldagem é um possível ponto de implantação da P+L, visto que com a redução do tanque, se reduzirá significativamente o consumo de água neste ponto.

Na Tabela 10 estão os dados do tanque como é hoje e como seria após a redução de comprimento.

Tabela 10 – Dados do tanque de escaldagem antes e após proposta de redução Local: Tanque de escaldagem Comprimento do Tanque Volume do Tanque Consumo de Água* (m) (m3) (m3/dia) Comprimento Atual 40,0 45,0 90,0 Comprimento Legislação 26,0 29,2 58,4

* Consumo de água exigido pela Legislação.

Com comprimento atual de 40 m e capacidade de 45 m³, para uma renovação do tanque a cada 8 horas, seria necessário pelo menos 90 m3/dia de água, visto que o abate de suínos funciona com dois turnos por dia, de oito horas cada turno. Considerando a redução para 26 m de comprimento, pode-se reduzir o consumo para aproximadamente 58,4 m3/dia, que leva a uma redução de 6,6 m3/dia.

Com a redução do volume do tanque, facilitaria também a renovação de água do mesmo, conforme a legislação.

Para definir o tempo de permanência ideal do suíno no tanque, foram feitos testes regulando o tempo de passagem e a qualidade do suíno após passar pelo tanque de escaldagem. Isso porque, no caso de o suíno ficar muito tempo dentro do tanque, ocorre a queima da pele do mesmo, sendo necessário o seu descarte à fábrica de subprodutos. Ou, no caso de pouco tempo de permanência do suíno no tanque, não é feito corretamente a retirada dos pêlos. Com a redução do tanque para 26 m o tempo de permanência do suíno no tanque estaria em torno de 4 minutos, ou seja, estaria de acordo com a legislação, não causando danos ao produto.

Figura 6: Desenho esquemático do tanque de escaldagem de suínos 13,80 m

Figura 7: Imagem do tanque de escaldagem de suínos B. Chuveiros e torneiras

Nas torneiras e chuveiros existentes na empresa, propõe-se a instalação de bicos arejadores, o que pode reduzir consideravelmente o consumo de água nesses pontos, visto que cada torneira consome aproximadamente 7,35 m3/dia, sendo um total de 77 torneiras para limpeza de mãos, somente no setor de evisceração de aves.

Além dos chuveiros existentes dentro do processo de abate de suínos, há também chuveiros nas baias ou pocilgas, locais onde os suínos permanecem após a recepção na fábrica. Nesses locais existem chuveiros com a finalidade de limpeza e de manter a temperatura ambiente adequada. Os chuveiros das baias consomem em média 5,2 m3/dia, sendo que durante o abate cerca de 30 chuveiros permanecem constantemente ligados.

Figura 8: Imagem de uma torneira de lavar mãos C. Reuso de água na calha da Inspeção Federal (calha da IF)

A calha da Inspeção Federal ou calha da IF é uma calha coletora e transportadora de resíduos e vísceras de frangos da evisceração das aves. Essa calha consome atualmente 236 m3/dia de água potável, que sai através de uma tubulação perfurada nas laterais da calha. A finalidade dessa água é transportar esses resíduos à fábrica de subprodutos (FSP). Sendo assim, propõe-se a utilização de água com qualidade menos nobre Na mesma, por exemplo, a água de reuso do pré-cliller, que tem DQO inferior a água da calha da IF (Tabela 5). Porém, para evitar problemas de mau cheiro e entupimentos nas tubulações é necessário a passar a água do pré-chiller por filtragem antes de reutilizá-la na calha da IF.

D. Reuso da água de resfriamento das bombas de vácuo, do degelo das câmaras de resfriamento e da água dos condensadores de vapor de amônia

De acordo com as tabelas 11, 12 e 13, os efluentes de bombas de vácuo, dos condensadores, de degelo das câmaras e túneis de resfriamento apresentam características físico-químicas parecidas. E por não entrarem em contato com produtos alimentícios, circulando apenas por equipamentos, essas possíveis fontes de água de reuso podem ser agrupadas, após tratamento para melhorar sua qualidade (como filtração em filtro de areia, com possível tratamento com leite de cal – abrandamento ou carvão ativado), sendo reutilizada nos condensadores. Outra possibilidade seria utilizar para o resfriamento das bombas de vácuo, ou ainda envia-las diretamente para o tratamento secundário (dispensando o tratamento primário), o que resultaria em economia em termos de custos de produtos químicos e energia.

A qualidade recomendada para água de condensadores e os resultados das análises físico-químicas e microbiológicas da água dos condensadores da empresa, encontram-se na Tabela 11, a seguir.

Tabela 11 – Padrões de qualidade recomendados para águas dos condensadores de

acordo com MANCUSO e os resultados das análises da água dos condensadores.

Parâmetro Padrão Resultados Unidade Alcalinidade 350 52 mg/L CaCO3 Alumínio 0,1 1 mg/L Al Bicarbonatos 24 56,7 mg/L CaCO3 Cálcio 50 60 mg/L Ca Cloretos 500 30,4 mg/L Cl DBO5 25 20 mg/L DQO 75 65 mg/L Dureza 650 207 mg/L CaCO3 Ferro 0,5 1 mg/L Fe Fosfatos 4 0,1 mg/L PO4 Magnésio 0,5 7,6 mg/L Mg Manganês 0,5 0,1 mg/L Mn MBAS ( * ) 1 0,9 mg/L Nitrogênio amoniacal 1 0,2 mg/L N pH 6,0 - 9,0 6,7 um. Sílica 50 42 mg/L SiO2

Sólidos dissolvidos totais 500 124 mg/L Sólidos suspensos totais 100 93,3 mg/L

Sulfatos 200 24 mg/L SO4

Turbidez 50 6 UNT *

* MBAS: Substâncias ativas ao azul de metileno (indicador do teor de detergentes); UNT: Unidade nefelométrica de turbidez.

Tabela 12 – Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas da água do

degelo de câmaras de resfriamento

Análise Físico-química Resultado Alcalinidade parcial [ppm] 0,1 Alcalinidade total [mg/L CaCO3] 40,0

Alumínio [mg/L] 18,0 Bicarbonatos [mg/L] 16,0 Cálcio [mg/L] 14,2 Cloretos [mg/L] 11,0 Condutividade [µS/cm] 85,0 DBO5 [mg/L] 16,0

Detergentes (Surfactantes aniônicos) [mg/L] 0,7

DQO [mg/L] 42,0 Dureza [mg/L CaCO3] 39,0 Ferro [mg/L] 1,4 Fósforo total [mg/L] 0,2 Magnésio [mg/L] 0,5 Manganês [mg/L] 0,0 Nitrogênio Amoniacal [mg/L] 0,4 Óleos e graxas [mg/L] 13,1 pH 6,8 Sílica [mg/L] 14,0 Sólidos totais [mg/L] 83,33 Sólidos fixos [mg/L] 3,33 Sólidos voláteis [mg/L] 73,33 Sólidos suspensos totais [mg/L] 23,33 Sólidos suspensos fixos [mg/L] 0 Sólidos suspensos voláteis [mg/L] 3,33 Sólidos dissolvidos totais [mg/L] 16,67 Sólidos dissolvidos fixos [mg/L] 0 Sólidos dissolvidos voláteis [mg/L] 13,33 Sulfatos [mg/L de SO4 (2-)] 14,9

Temperatura [0C] 3,0

Turbidez [UT] 2,2

Zinco [mg/L] 0,3

Coliformes Totais (100 mL) [ufc/ml] 0,0 Coliformes Fecais (100 mL) 0,0

Tabela 13 – Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas da água de

resfriamento das bombas de vácuo

Análise Físico-química Resultados Alcalinidade parcial [ppm] 0,0 Alcalinidade total [mg/L CaCO3] 22,0

Alumínio [mg/L] 15,7 Bicarbonatos [mg/L] 21,0 Cálcio [mg/L] 22,3 Cloretos [mg/L] 9,0 Condutividade [µS/cm] 75,6 DBO5 [mg/L] 9,8

Detergentes (Surfactantes aniônicos) [mg/L] 0,1

DQO [mg/L] 26,0 Dureza [mg/L CaCO3] 59,1 Ferro [mg/L] 1,5 Fósforo total [mg/L] 0,1 Magnésio [mg/L] 0,2 Manganês [mg/L] 0,0 Nitrogênio Amoniacal [mg/L] 0,3 Óleos e graxas [mg/L] 20,2 pH 6,5 Sílica [mg/L] 14,3 Sólidos totais [mg/L] 90,0 Sólidos fixos [mg/L] 40,0 Sólidos voláteis [mg/L] 50,0 Sólidos suspensos totais [mg/L] 36,7 Sólidos suspensos fixos [mg/L] 33,3 Sólidos suspensos voláteis [mg/L] 3,3 Sólidos dissolvidos totais [mg/L] 20,0 Sólidos dissolvidos fixos [mg/L] 3,3 Sólidos dissolvidos voláteis [mg/L] 4,0 Sulfatos [mg/L de SO4 (2-)] 4,2

Temperatura [0C] 28,9

Turbidez [UT] 1,9

Zinco [mg/L] 0,1

Pesquisa Coliformes Totais (100 mL)[ufc/ml] 23,0 Pesquisa Coliformes Fecais (100 mL) 20,0 E. Controle de vazamentos em torneiras e tubulações em geral

Durante as visitas aos setores da empresa, principalmente o setor de evisceração de aves, onde há diversas torneiras, verificou-se a grande quantidade de vazamentos nas mesmas. A falta de manutenção adequada nessas torneiras leva a um desperdício de água considerável, visto que cada torneira consome aproximadamente 7,35 m3/dia, sendo um total de 77 torneiras para limpeza de mãos, somente no setor de evisceração de aves.

Com o intuito de reduzir esse desperdício, propõe-se uma manutenção periódica das torneiras e tubulações com vazamentos.

Outros dois pontos de consumo de água potável na indústria que poderia ser substituído por água de reuso, é a limpeza de calçadas e as descargas sanitárias.

Os critérios de qualidade de água necessários para esses fins, encontram-se na Tabela 14.

Tabela 14 – Critérios de qualidade de água de reuso para fins urbanos e domésticos

compatível com o uso em descargas sanitárias, lavagem de pátios e rega de jardins.

Parâmetro de Controle Unidade Limite Agentes tensoativos mg/L 0,2

Cloretos ppm ≤600

-1-

Cloro residual ppm 0,5 -2- Coliformes fecais UFC/100mL Ausentes Coliformes totais UFC/100mL ≤2,2

Cor aparente UC ≤15

DQO mg/L O2 ≤60

Materiais flutuantes e espumas - Ausentes Nematodos intestinais Ovo/L ≤1

Odor - Ausentes

Óleos e graxas Mg/L Ausentes Oxigênio Dissolvido mg de O2/L

Condições aeróbias

Patógenos UFC/L Ausentes

pH - 6,5 – 8,3

Sólidos Suspensos Totais ppm ≤5,0 Sólidos sedimentáveis ppm Ausentes

Turbidez UNT ( * ) ≤5,0

-1-: Concentração não prejudicial às plantas sensíveis ao cloreto; -2-

: Concentração medida na ponta da rede de distribuição considerada adequada para inibir regrouth de microrganismos na rede distribuidora.

Fonte: MANCUSO et al, 2003.

G. Possibilidades de Minimização consumo água nos chillers e chuveiros de limpeza das carcaças de frango

. Chillers de miúdos:

Segundo a legislação, * Portaria Nº 210 de 10 de Novembro de 1998, ANEXO 1, capítulo 4 – Particularidades quanto às instalações e equipamentos, item 4.5 – Pré- resfriamento, tópico 4.5.9:

“Os miúdos devem ser pré-resfriados em resfriadores contínuos, por imersão, tipo rosca sem fim, obtendo temperatura máxima de 4ºC e renovação constante de água, no sentido contrário aos movimentos dos miúdos, na proporção mínima de 1,5 litros por quilograma”.

Sendo os chillers de miúdos:

9 Chiller de fígado (5617 kg/dia);

9 Chiller de moelas (11284 kg/dia);

9 Chiller de pescoço (7900 kg/dia);

9 Chiller de pés grau A (média = 6288 Kg/Dia);

9 Chiller de pés grau B (média = 6132 Kg/Dia);

Tabela 15 – Possibilidades de redução de consumo de água nos chillers de

miúdos para o abate atual de 330.000 frangos por dia

Chiller

Vazão exigida pela legislação vigente -1-

Consumo atual Possibilidade de

redução

Possibilidade de redução [%]

-2-

[m3/h] [m3/dia] [m3/h] [m3/dia] [m3/h] [m3/dia]

Pés A 0,46 9,43 2,89 59,74 2,43 50,30 84,21 Pés B 0,44 9,20 1,54 31,89 1,10 22,69 71,15 Moelas 0,82 16,93 1,80 95,91 0,98 78,99 82,35 Fígado 0,41 8,43 1,80 25,84 1,39 17,41 67,39 Pescoço 0,57 11,85 1,68 34,76 1,11 22,91 65,91 Coração 0,17 3,43 0,99 20,59 0,83 17,16 83,33 TOTAL 3,54 73,37 10,03 217,65 6,49 209,46 96,24 -1-

Portaria Nº 210 de 10 de Novembro de 1998 – Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e Higiênico-sanitária de Carne de Aves.

-2-

Média do consumo do dia 06/02/08.

Figura 11: Imagem do chiller de cortes

· Chuveiros de limpeza de carcaças, pré-chiller e chiller de frangos:

Segundo a legislação, * Portaria Nº 210 de 10 de Novembro de 1998, ANEXO 1, capítulo 4 – Particularidades quanto às instalações e equipamentos, item 4.4 –

Evisceração, tópico 4.4.19 – Lavagem final por aspersão das carcaças após evisceração, sub-tópico 4.4.19.1 e 4.4.19.2:

“Exige-se a instalação de hidrômetro para controle de volume da água consumida, de no mínimo de 1,5 (um litro e meio) por carcaça, quando se trata de pré-resfriamento por imersão em água”.

Também, segundo a legislação, * Portaria Nº 210 de 10 de Novembro de 1998, ANEXO 1, capítulo 4 – Particularidades quanto às instalações e equipamentos, item 4.5 – Pré - resfriamento, tópico 4.5.2:

“A renovação de água ou água gelada dos resfriadores contínuo tipo rosca sem fim, durante os trabalhos, deverá ser constante e em sentido contrário à movimentação das carcaças (contracorrente), na proporção mínima de 1,5 (um e meio) litros por carcaça no primeiro estágio (pré-chiller) e 1,0 (um) litro no último estágio (chiller)”.

Abaixo se encontra a Tabela 16, que apresenta as possibilidades de redução do consumo de água nesses pontos em análise.

Tabela 16 – Possibilidades de redução de consumo de água nos chuveiros de limpeza

de carcaças e pré-chiller e chiller de frangos para o abate atual de 330.000 frangos por dia

Local

Vazão exigida pela legislação vigente -1- Consumo atual Possibilidade de redução Possibilidade de redução [%] -2

[m3/h] [m3/dia] [m3/h] [m3/dia] [m3/h] [m3/dia] Pré-

chiller 23,91 495 39,86 825 15,94 330 40

Chiller 15,94 330 35,07 726 19,13 396 54,55

Chuveiro 23,91 495 43,04 891 19,13 396 44,44

Total 63,76 1320 117,97 2442 54,2 1122 117,65

-1- Portaria Nº 210 de 10 de Novembro de 1998 – Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e

Higiênico-sanitária de Carne de Aves.

-2- Média do consumo dos dias 29/03 a 02/04/08.

· Controle da vazão de água dos chuveiros de lavagem das carcaças de frangos, através de sistema automatizado:

Substituição dos hidrômetros e implantação de um controle lógico programável (CLP) e válvulas proporcionais, que através de interface possibilita a visualização, alteração e controle com a importação de dados de vazão para um computador.

Figura 12: Imagem do chuveiro de lavagem das carcaças de frango H. Reuso da água do túnel Fessmann para refrigeração de bombas de vácuo

Na fábrica existem 13 bombas de vácuo que consomem 320 m³/dia de água tratada, sendo que, desse total, 200 m³ são enviados diretamente para o tratamento de efluentes e 120 m³ originários da salsicharia são utilizados para lavagem de gaiolas de aves, para depois também serem enviados ao tratamento de efluentes.

Os dois túneis Fessmann existentes na empresa consomem 21 m³/h (369m³/dia) para resfriar salsichas e depois essa água é levada para o tratamento de efluentes.

Portanto, propõe-se fazer o reaproveitamento da água utilizada para resfriar salsichas para resfriar as bombas de vácuo, além de ser utilizada na limpeza das gaiolas. A água excedente dos túneis Fessmann vai diretamente para o tratamento de efluentes.

Nas saídas de água de resfriamento de salsicha dos túneis, propõe-se implantar cubas com peneiras estáticas para filtrar a água e separar os resíduos de salsicha.

Para tal será necessário a instalação de um tanque coletor dessa água e de duas bombas de 5 cv (uma para reserva), além das instalações de tubulações para alimentar a refrigeração das bombas de vácuo.

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