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SUMÁRIO

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.4 Potássio.

O potássio ocorre em duas formas no solo; uma das formas é como componente da fase sólida e a outra como íon K+ na solução do solo (Meurer & Inda Jr., 2004). O potássio pode

fazer parte da estrutura dos minerais primários, secundários (k-estrutural) ou adsorvido na superfície de argilominerais e de compostos orgânicos (k-trocável). Além disso, pode estar adsorvido as superfícies internas de argilominerais com camada 2:1 (k-fixado). Com a expansão dessas camadas e liberados os íons de K, podem ser trocados por íons de Ca ou Mg, em alguns solos, o aumento de íons de K em solução (adubação potássica) provoca o deslocamento dos íons de Ca e Mg das entre camadas ocorrendo à fixação de K. O K presente na solução está em equilíbrio rápido com o k-trocável, e o K não trocável é utilizado para caracterizar todas as formas de potássio que não estão em equilíbrio rápido com o K da solução. No caso de solos que tem como argilomineral predominante a caulinita como são os solos do planalto, o K-trocável pode ser a principal reserva deste nutriente. Tem-se verificado que o esgotamento de K em solução pela absorção das plantas pode provocar a liberação de K de formas não trocáveis, mesmo naqueles solos que apresentam um bom suprimento de K- trocável. Quando se tem solo menos desenvolvido, os minerais, juntamente com o K-trocável presente na superfície dos argilominerais poderiam ser uma fonte importante deste nutriente para as plantas, uma vez que os minerais primários, através da dissolução mantenham o equilíbrio do K entre a fase sólida e a solução do solo.

A disponibilidade de K para as plantas, por tanto, varia conforme o tipo e a quantidade de minerais primários e secundários presentes no solo e o tipo de ligação química entre o potássio e os demais elementos que constituem estes minerais (Meurer & Inda Jr., 2004).

O K disponível para as plantas, isto é, o K na forma trocável, esta ligada a fase sólida por ligações fracas, motivo pelo qual pode ser facilmente quantificado pelos diferentes métodos de analises de solo (Mehlich-1, Mehlich-3, Resina, Bray e Olsen). Normalmente o K

trocável tem correlação significativa com os parâmetros das plantas (Oliveira, 1970; Mielniczuk & Selbach,1978).

Dependendo de características tais como, grau de desenvolvimento, material de origem e tipo de argilominerais, a dinâmica do potássio no solo pode ser variável de solo para solo (Mielniczuk, 1982) afetando o manejo da adubação potássica e a resposta das culturas. Além disso, a consideração de outros fatores que afetam a disponibilidade do potássio no solo para as plantas pode ajudar para melhorar a capacidade preditiva dos métodos de avaliações que atualmente estão sendo utilizados. Nos estados de RS e de SC, foram realizados pesquisas (Wietholter,1996; Scherer,1998; Silva & Meurer, 1998) demonstrando que a resposta das culturas ao potássio depende da relação entre o K extraído pelo extrator Mehlich-1(k-trocável + k-solução) e a capacidade de troca de cátions (CTC) do solo. Esta CTC do solo, depende do teor e do tipo de argila presente o qual afeta o poder tampão de potássio que é a relação entre a quantidade de potássio na forma sólida e a quantidade de potássio presente na solução. Por tanto, quando se tem solos com maior CTC, o mesmo retêm mais potássio na fase sólida e tem uma maior capacidade de manter alto o K da solução e, com isso, maior poder tampão de potássio.

Considerando tudo isso, as faixas de interpretação dos teores de potássio obtiveram-se em função das classes de CTC do solo a pH 7,0 e os teores de suficiência de potássio isto é, os teores críticos que são de 45,60 e 80 mg dm-3

, respectivamente, para solos das classes de CTC

igual ou menor do que 5,0 cmolc dm-3 , de 5,1 a 15,0 cmolc dm-3 e maior do que 15,0 cmolc dm- 3 .

As plantas absorvem o K da solução do solo, principalmente por difusão e fluxo de massa, ambos mecanismos de suprimento de nutrientes são muito influenciado pela umidade do solo. O potássio tem mobilidade no solo, e com isso, pode ser redistribuído no perfil do solo pelo fluxo de água, isto é, mobilidade vertical. Considerando que o mesmo é um nutriente requerido em grandes quantidades, especialmente naquelas de alta produção de massa verde., Kleper & Anghinoni (1995) evidenciaram que mesmo com a aplicação a lanço observaram alta concentração de K próximo à linha de semeadura e, ao mesmo tempo, diminuição da concentração do nutriente na entrelinhas. Dessa maneira a variabilidade vertical e horizontal dos teores de K, normalmente, é menor do que a do fósforo (Anghinoni & Salet, 1998; Schlindwein & Anghinoni, 2000).

A exportação de K nos grãos quantificada na forma de K2O, está em torno de 20 kg t-1

para a soja, e é considerada muito maior , quando se comparado com outras culturas como o trigo e o milho, onde a exportação está em torno de 6 kg t-1 Comissao.,(2004). Para que se

obtenha altos rendimentos e se mantenha a fertilidade do solo, em sistemas de cultura com o predomínio da soja, deve ser prevista uma adequada fertilização com K, considerando que o mesmo é requerido e exportado em grandes quantidades por esta cultura (Amado et al, 2007)

Apesar disso, estudos realizados no sul do Brasil têm verificado pequenas respostas à aplicação de K. Estes resultados podem ser interpretados com base na capacidade das reservas de K do solo de manter o equilíbrio com a solução do solo, e com isso atender os requerimentos das plantas (Oliveira et al., 1971; Meurer & Anghinoni,1993; Silva et al.,1995). Entretanto, não se tem muitos estudos a campo com experimentos de longa duração que determinem o nível crítico e a resposta das culturas à aplicação de K no sistema plantio direto (Brunetto et al., 2005).

O efeito da rotação de culturas que foram usadas nestes experimentos é um fator a ser considerado. Dessa maneira, a alternativa do cultivo da soja, que possui elevada demanda e exportação de K, com as culturas com baixa demanda e exportação e, portanto com elevada capacidade de ciclagem, contribui para o aumento da eficiência da fertilização. Neste sentido, a demanda da cultura da soja pode estar sendo suprida pelo residual da adubação utilizada em outras culturas como milho, sorgo, trigo e aveia.

O nível de suficiência e as faixas de fertilidade propostas para o potássio no RS, foram criticados por Schlindwein (2003) e Schlindwein & Gianello (2004), pelo fato de que a mesma foi calibrada com base no sistema convencional de preparo e, considerando que atualmente a maior parte da área de cultivo da soja encontra-se sob sistema plantio direto. Entre as principais variações observadas, destaca-se entre elas a amostragem de solo que passou a ser feita na camada de solo de maior concentração de K, isto é, na profundidade de 0-10 cm, onde as culturas apresentam atualmente um maior rendimento, e conseqüentemente necessitam de mais nutrientes para o seu desenvolvimento. No estudo de calibração realizado por Schlindwein (2003), onde alem do maior teor crítico verificado, também as faixas de fertilidade foram mais amplas e, em média, as doses de K para soja foram maiores do que às recomendadas pela Comissão ...(2004).

A partir de 1987, as tabelas de recomendações de adubação de K, em média mantiveram aproximadamente as mesmas doses propostas nas tabelas da Universidade..(1973), ou aumentaram apenas nas faixas de maior fertilidade, como foi verificado nas recomendações de Siqueira et al., (1987) e da Comissão ...(1989, 1995), visando à reposição de nutriente para soja, trigo e milho com rendimentos acima das atuais médias estaduais. Essas doses mais altas de K não foram suficientes para elevar a fertilidade do solo até o teor crítico no período de três cultivos, seguindo a filosofia de recomendações de adubação, contudo os teores de K no

solo têm aumentado nos últimos anos. Mas devemos considerar, que neste período houve modificações no processo de coleta e amostragem do solo, que a mesma passou de 0-17/20cm para 0-10cm de profundidade ocorrendo reduções de perdas de solo e nutrientes por erosão devido à adoção do sistema plantio direto (Bertol et al., 1997; Seganfredo et al., 1997).

Atualmente nas recomendações vigentes da Comissão ..(2004) as doses para o potássio são recomendadas tanto para a correção da fertilidade, quando o teor no solo se encontra abaixo do teor crítico, visando atender à necessidade da cultura que se baseia no rendimento esperado e que geralmente são maiores para a soja e o milho e menores para o trigo. As maiores doses de potássio recomendadas para a soja, a partir de 2004, devem proporcionar aumentos de rendimento e também dos teores desse nutriente no solo.

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