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Potência aeróbia relativa à MC (mL·MC 1 ·min 1 )

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.3 Características do teste de esforço e dos parâmetros ventilatórios

5.3.2 Parâmetros ventilatórios: ventilação, potência aeróbia absoluta e relativa

5.3.2.2 Potência aeróbia relativa à MC (mL·MC 1 ·min 1 )

O comportamento da potência aeróbia relativa à massa corporal total (MC), está representado na Figura 12. Os resultados demonstram que a potência aeróbia de rapazes e moças apresentou um comportamento distinto daqueles observados para os valores absolutos. Enquanto os rapazes apresentaram um aumento progressivo, porém discreto, do V&O2 com o passar dos anos, as moças apresentaram um comportamento com leve tendência a diminuição dos valores médios com o passar dos anos. Os rapazes apresentaram valores médios estatisticamente mais elevados do que as moças em todos os grupos etários analisados.

48,8 51,8 51,2 53,3 53,1 55,3 54,5 42,9 41,2 42,9 43,3 43,8 41,6 44,9 30 35 40 45 50 55 60 65 70 10 11 12 13 14 15 16 Idade (anos) VO 2 (m L.kg -1.m in -1) Mas Fem * * * * * * * *p<0,05

FIGURA 12 – Curvas de distância do VO2 (mL·kg-1·min-1) de crianças e adolescentes de ambos os sexos.

Estes resultados parecem demonstrar um efeito espúrio da massa corporal nos resultados da potência aeróbia relativa, conforme alertou TANNER (1949), principalmente quando se analisa os resultados apresentados pelas moças. Isso porque a variação dos ganhos no V&O2 absoluto foi de 107% e 66%, para rapazes e moças, respectivamente, contrastando enormemente com valores da potência aeróbia relativos à massa corporal, que foram de 12% para rapazes e, de apenas 1% para moças, no mesmo período analisado. Por outro lado, as diferenças entre os sexos, para cada grupo etário isoladamente, variaram na ordem de 15% aos 10 e 11 anos, 23% aos 12 e 13 anos, sendo mais elevadas do que nas idades de 10 a 14 anos para o V&O2 em valores absolutos; as mesmas diferenças proporcionais foram observadas entre 14 e 16 anos, na ordem de 28%.

Esses resultados podem ser parcialmente explicados pela massa corporal ter sido mais elevada entre as moças na maior parte dos grupos etários, principalmente nas idades de 12 e 13 anos, ao mesmo tempo em que os valores médios do V&O2 absoluto terem sido mais baixos em todos os anos, em relação aos rapazes. Conseqüentemente, os valores médios da potência aeróbia absoluta foram estatisticamente mais elevados em todas as idades para os rapazes.

Um aspecto relevante está na relação dos valores do V&O2 (L·min-1) e do tempo de corrida na esteira, pois foi encontrado um coeficiente de 0,56 (p<0,001) entre os valores absolutos para os rapazes, e de 0,43 (p<0,001) para as moças. Por outro lado, quando os valores do V&O2 (mL·kg-1·min-1) foram analisados, ocorreu uma mudança entre as mesmas relações, pois os coeficientes saltaram para 0,79 (p<0,001) e 0,67 (p<0,001) para rapazes moças respectivamente. Enquanto o tempo de corrida exerceu uma relação moderada com os valores absolutos do V&O2, essa relação passou a ser elevada para a potência aeróbia relativa, numa demonstração evidente de que um maior tempo de corrida pode estar associado a estágios maturacionais mais avançados, independentemente da idade. Ou seja, uma massa corporal mais elevada, para um mesmo grupo etário, permitiu ao executante do teste suportar maiores cargas do esforço.

Na literatura internacional, os resultados são distintos. Por exemplo, no estudo de ARMSTRONG et al. (1991), por exemplo, ao analisarem a relação da potência aeróbia relativa e a idade, verificaram que entre os rapazes não ocorreu qualquer relação, pois os

valores médios apresentaram um comportamento estável. Por outro lado, entre as moças, essa relação foi negativa (r = -0,26, p<0,05), ou seja, os valores médios tornaram-se mais baixos com o passar dos anos. No estudo de KEMPER e VERSCHUUR (1987), os resultados da potência aeróbia relativa a MC-1 demonstraram que entre os rapazes também não houve ganhos, enquanto que entre as moças as médias caíram em torno de 11%, como observado nos estudos anteriores.

Numa outra perspectiva, McMURRAY, HARREL, BANGDIWALA e HU (2003), avaliaram a relação entre a potência aeróbia relativa e os níveis de atividade física. Os resultados demonstraram que para todas as idades as moças tinham níveis de atividade física e de V&O2 (mL·kg-1·min-1) mais baixos que os rapazes. Mesmo entre as moças e rapazes mais ativos e com maiores níveis de potência aeróbia, a potência aeróbia relativa diminuiu paulatinamente com o passar dos anos, sendo mais acentuada entre as moças (18%) que entre os rapazes (7%).

No Brasil, poucos estudos apresentaram resultados da potência aeróbia para crianças e adolescentes mediante teste de esforço máximo, tanto em esteira quanto em cicloergômetro. Utilizando-se do primeiro tipo de ergômetro, RODRIGUES et al. (2006) apresentaram resultados médios da potência aeróbia relativa (mL·kg-1·min-1) para crianças e adolescentes de Vitória (ES). Foram avaliados 177 rapazes e 203 moças com idade de 10 a 14 anos, e os resultados indicaram que para todas as idades os rapazes apresentaram valores médios do V&O2 estatisticamente mais elevados que os das moças. No período, o ganho médio entre os rapazes foi de apenas 14%, enquanto entre as moças ocorreu uma diminuição na ordem de 4%. As diferenças entre os sexos variaram de 13% aos 10 anos e a 35% aos 14 anos (14% e 28%, respectivamente, no presente estudo). Quando os resultados para ambos os sexos foram analisados no mesmo período etário, os ganhos médios foram superiores ao do presente estudo em relação aos rapazes (14% e 9%), mas semelhantes entre as moças (diminuição de 4% em ambos os estudos). As diferenças entre os sexos foram proporcionalmente idênticas aos 10 anos e muito próximas aos 14 anos, demonstrando que o comportamento observado no presente estudo está de acordo com dados da literatura.

Utilizando-se dos segundo tipo de ergômetro, DUARTE e DUARTE (1989) observaram que os rapazes apresentaram valores médios mais elevados que as moças em todas as idades, porém com diferenças estatisticamente significantes a partir dos 14 anos, tanto em

valores absolutos quanto relativos. No caso dos valores absolutos, os resultados demonstraram um aumento mais acentuado entre os rapazes com o passar dos anos, com ganhos médios de 91% dos 10 aos 18 anos e de 73% apenas até os 16 anos. Os ganhos médios para as moças foram de 20% aos 18 e de 26% aos 16 anos. Em termos relativos (kg-1), os resultados inverteram a tendência, pois os rapazes mantiveram suas médias estáveis ao longo dos anos enquanto as moças as diminuíram no mesmo período, inclusive quando considerados os resultados dos 10 aos 16 anos. Exemplo disso é que o ganho médio para os rapazes foi de apenas 2%, enquanto para as moças as perdas foram de quase 32% até os 18 anos, e 29% considerando os resultados até os 16 anos para as moças.