• Nenhum resultado encontrado

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.3 POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA

Em se tratando da concepção de edificações de baixo impacto ambiental, os sistemas de aproveitamento de água de chuva representam soluções de grande importância para a obtenção de um bom desempenho no quesito conservação da água. Dentre as possíveis aplicações de água de chuva em sistemas hidráulico-sanitários domiciliares que não demandam água potável, podem ser citadas: descarga de bacias sanitárias, irrigação de áreas verdes, lavagem de pisos e de carros, lavagem de roupas, abastecimento de fontes e de espelhos de água, e até banho, devendo ser desenvolvido sistemas de tratamento de água compatíveis com os usos que exijam água de melhor qualidade, em caso de usos múltiplos.

O indicador mais comum relativo à quantificação do uso da água em edifícios residenciais é o “consumo diário per capita”, expresso em litros por habitante por dia (L/hab.dia). A agenda 21 propôs como meta de fornecimento de água tratada para 2005 o consumo diário per capita de 40 litros (ONU,1992). Esse valor é semelhante ao proposto pelo Banco Mundial e pela Organização Mundial da Saúde: suprimento mínimo de 20 a 40 litros/pessoa.dia, de acordo com Gonçalves (2006).

Desta forma, considerando apenas a relação entre os possíveis usos de água de chuva e o potencial de suprimento dos sistemas de aproveitamento de água de chuva, pode-se afirmar, avaliando as pesquisas realizadas, que esses sistemas são perfeitamente viáveis.

Villarreal (2004) afirma que na Suécia, as fontes de abastecimento de água potável são provenientes principalmente de águas subterrâneas e de superfície de córregos, rios e lagos. Cerca de 75% das companhias municipais de saneamento suecas dependem de lagos e rios para o abastecimento de água potável, e cerca de 25% utiliza águas subterrâneas. A captação de água de chuva em conjuntos residenciais poderia suprir a necessidade de abastecimento para utilização em descarga sanitária, lavagem de roupas e áreas externas com economia e benefícios ambientais, pois as porcentagens de utilização de água por equipamentos, chegam a 45% do total da água utilizada nas residências, como demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1 – Estimativa de consumo em residência na Suécia

Consumo de água residencial Porcentagem de consumo total

Bacias sanitárias 20%

Lavanderia 15%

Limpeza externa e de veículos 10%

Fonte: Vilarreal (2004)

Outro trabalho que apresenta dados de consumo residencial de água, apresentado no Quadro 2, demonstra que o consumo interno de uma casa nos Estados Unidos se apresenta bastante variável, mas também com grande potencial para o emprego de água não potável em usos menos nobres.

Esta pesquisa foi realizada em doze cidades americanas entre junho de 1996 e março de 1998, envolvendo o monitoramento de 1188 residências com data-loggers, que registravam a vazão a cada 10 segundos. Os dados, posteriormente foram tratados em um programa específico de computador.

Quadro 2 – Estimativa de consumo interno de uma casa nos EUA

Consumo de água residencial Porcentagem do consumo total

Descargas de bacia sanitária 26,0%

Lavagem de roupas 21,7% Chuveiro 16,8% Consumo de torneiras 15,7% Vazamentos em geral 13,7% Lavagem de pratos 1,4% Outros usos 2,2% Total 100%

Fonte: DeOREO et al. (1999)

O consumo de água residencial na Alemanha, no ano de 1988, de acordo com Kong K. W. (2001) apud Tomaz (2003), também apresenta uma grande parcela de consumo

que pode ser suprida por água não potável (Quadro 3). O referido autor destaca que o consumo de água por habitante vem diminuindo ano a ano, com o desenvolvimento de conceitos de construção de baixo impacto sendo que em 1990, a média por habitante era de 145 L/hab.dia e em 1998 atingiu 127 L/hab.dia.

Quadro 3 – Estimativa de consumo interno em residência na Alemanha Consumo de água residencial Porcentagem do consumo total

Chuveiro 36%

Descargas de bacia sanitária 27%

Lavagem de roupas 12%

Pequenos trabalhos 9%

Lavagem de pratos 6%

Limpeza e lavagem de carros 6%

Preparo de alimentos 4%

Total 100%

Fonte: The Rainwater Technology Handbook, 2001, Alemanha, apud Tomaz (2003)

Em uma pesquisa realizada em Goiânia, estado de Goiás, Oliveira et al. (2006) estimaram a porcentagem de utilização de água por equipamento em uma residência unifamiliar, chegando ao resultado apresentado no Quadro 4.

Quadro 4 – Estimativa do consumo interno em edificações unifamiliares em Goiânia – GO Consumo de água residencial Porcentagem do consumo total

Chuveiro 43% Bacia Sanitária 19% Pia 17% Lavadora de roupas 12% Lavatório 6% Outros 3% Total 100%

Fonte: Oliveira et al. (2006)

De acordo com o Sautchuk et al. (2005), o uso de fontes alternativas em edifícios comerciais tem obtido índices de 40% a 60% de economia de água em relação ao consumo anterior quando utilizadas em torres de refrigeração, na irrigação e lavagem de pisos, juntamente com a instalação de equipamentos economizadores, como bacia de 6 litros, reguladores de pressão e vazão, torneiras e registros automáticos.

Hernandes (2007) realizou um experimento na cidade de Ribeirão Preto - SP onde foi instalado um sistema de aproveitamento de água pluvial em uma edificação residencial com 350 m² de área coberta. A água pluvial coletada e armazenada foi utilizada para descarga

em bacias sanitárias, para lavagem de pisos e veículos e irrigação de jardins. A utilização da água de chuva proporcionou uma economia na demanda mensal de água potável da concessionária local, na ordem de 28%.

A SANEAGO, concessionária estadual, monitora desde 2008, um sistema implantado em duas torres residenciais com 68 apartamentos cada uma, na cidade de Goiânia, onde as águas de chuva são utilizadas juntamente com a água distribuída pela concessionária, para utilização em limpeza externa do edifício e para descarga em bacias sanitárias.

Documentos relacionados