• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II REVISÃO DE LITERATURA

2.4. Formação de professores e Ensino Orientado para a Aprendizagem Baseada em

2.4.1. Potencialidades da formação inicial de professores para a implementação do Ensino

O Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia (2006) emitiu uma recomendação sobre as competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida, tendo estabelecido as seguintes oito competências necessárias para todos os cidadãos: comunicação na língua materna; comunicação em línguas estrangeiras; competência matemática e competências básicas em Ciência e Tecnologia; competência digital; aprender a aprender; competências sociais e cívicas; espírito de iniciativa e espírito empresarial e sensibilidade e expressão cultural. No mesmo documento é referido que o “pensamento crítico, criatividade, espírito de iniciativa, resolução de problemas, avaliação de riscos, tomada de decisões e gestão construtiva dos sentimentos são elementos importantes nas oito competências essenciais” (Parlamento Europeu e Conselho da União Europeia, 2006, p. 14). A escola e os professores desempenham um papel muito importante no desenvolvimento destas competências nos alunos. Porém, é necessário que se tenha consciência que “muitas destas competências colocam igualmente grandes desafios aos professores, que podem não as ter adquirido durante a sua formação, constituindo-se assim como um referencial para a formação contínua” (CNE, 2013, p. 60).

No relatório técnico elaborado por Ramos, Faria, Ramos F. e Rodrigues (2016), sobre a condição docente em Portugal, é mencionado que os professores correspondem a 28% dos trabalhadores da função pública, constituindo o maior grupo profissional desta administração. Nesse mesmo documento é referido que a percentagem de professores do sexo feminino é superior a 70%, em todos os níveis de ensino, e que se tem verificado ao longo dos últimos anos um envelhecimento do corpo docente:

“Se se estabelecer a comparação, na evolução registada nos últimos anos (2004-2014), entre a percentagem de educadores de infância em exercício com menos de 30 anos e com 50 e mais anos de idade verifica-se um decréscimo significativo do número de educadores com menos de 30 anos, de 15,0% para 5,9%, e um aumento expressivo de educadores com 50 e mais anos, de 10,3% para 37,7%. O mesmo acontece nos restantes níveis de educação e ensino, em que se

confirma também um crescimento da percentagem de docentes com 50 e mais anos de idade e uma diminuição da percentagem de docentes com menos de 30 anos.” (Ramos C., Faria, Ramos F. e Rodrigues, 2016, p. 10).

Ainda neste relatório, é apresentada a média etária dos professores portugueses, no ensino básico e secundário, de 44.7 anos de idade. No que respeita à experiência profissional, em média, os professores portugueses possuem 19.4 anos de experiência, enquanto na OCDE é 16.2 anos (Ramos C., Faria, Ramos F. e Rodrigues, 2016). Relativamente ao nível de qualificação profissional, “os professores portugueses são os que apresentam o nível mais elevado de formação entre os professores da OCDE” (Ramos C., Faria, Ramos F. e Rodrigues, 2016, p. 12), possuindo, em 2013/2014, mais de 80% dos professores portugueses uma licenciatura ou equiparado. Em relação a este indicador importa referir que os atuais níveis de qualificação profissional dos professores portugueses são muito superiores aos da década de 70 e 80, devido a medidas tomadas e a projetos desenvolvidos pelo Ministério da Educação, que procuraram resolver as carências do sistema educativo, a nível do pessoal docente devidamente habilitado, nomeadamente, através da profissionalização de docentes em serviço e da criação de licenciaturas em ensino e nos ramos educacionais, conforme se explorará mais adiante.

Portugal tem assistido a um forte movimento de reformas e alterações da legislação determinadas, muitas vezes, por diretrizes internacionais, principalmente, desde a entrada de Portugal, em 1986, para a Comunidade Económica Europeia, e por “alternância política no governo do país” (Favinha, 2016, p.2). Infelizmente, como refere Favinha (2016), as alterações nas reformas educativas e na legislação portuguesa raramente são fundamentadas por “estudos profundos e sustentados” (p.2). A legislação portuguesa relacionada com a formação de educadores e professores e acesso à profissão foi sofrendo alterações ao longo dos anos, tendo-se realizado diversas mudanças e revogações à legislação em vigor. Seguidamente apresenta-se uma tabela que sistematiza a principal legislação referente à temática em análise.

Quadro 6 - Evolução da legislação portuguesa no âmbito da formação de docentes entre 1986 a 1989

Documento legal Conteúdo principal Lei n.º 46/86 de 14 de outubro,

alterada pelas Leis n.º 115/97 de 19 de setembro, n.º 49/2005 de 30 de agosto e n.º 85/2009 de 27 de agosto.

Lei de Bases do Sistema Educativo que estabelece o quadro geral do sistema educativo.

Decreto-Lei n.º 287/88 de 19 de agosto

Regulamentou a profissionalização em serviço dos professores dos quadros, com nomeação provisória. Esta profissionalização decorria num período de 2 anos escolares, sendo o primeiro ano para as componentes de ciências da educação e o segundo ano de projeto de formação para a ação pedagógica. Os professores que apresentassem seis anos de serviço efetivo, prestado como portadores de habilitação própria, ficavam dispensados do segundo ano.

Decreto-Lei n.º286/89 de 29 de agosto

Aprova os planos curriculares dos ensinos básico e secundário e no artigo 13.º determina a reestruturação dos grupos de docência:

“1 - Em acordo com os princípios definidos na Lei de Bases do Sistema Educativo e com as necessidades decorrentes dos novos planos curriculares, o Ministro da Educação definirá por despacho os grupos e respetivas qualificações para a docência nos ensinos básico e secundário.

2 - Os cursos específicos de formação inicial de professores dos ensinos básico e secundário devem ser organizados de acordo com as qualificações definidas para a docência nos termos do número anterior e em conformidade com o artigo 31.º da Lei de Bases do Sistema Educativo.

3 - O regime de transição para os novos quadros de docência constará de disposições regulamentares a publicar pelo Ministro da Educação.

4 - Embora não podendo os professores em exercício ser afetados nos direitos adquiridos, as novas necessidades do sistema determinam a sua participação em ações de formação contínua que visem não só o complemento, aprofundamento e atualização de conhecimentos e de competências profissionais, como também operações de mobilidade e de reconversão profissional.”

O Quadro 6 apresenta a principal legislação relativa à formação de professores até agosto de 1989. Como se pode verificar pela sua análise, foi apenas em agosto de 1989 que foram definidos os planos curriculares dos cursos específicos de formação inicial de professores dos Ensinos Básico e Secundário para a obtenção de qualificação para a docência. Aos Educadores de Infância não é ainda exigida a frequência de cursos específicos de formação inicial.

A análise do Quadro 7 permite verificar que foi a partir de outubro de 1989 que ficou definido que a qualificação profissional para Educadores de Infância e professores do Ensino Básico e Secundário é obtida através da frequência, com aproveitamento, de cursos específicos de formação inicial de professores.

Quadro 7 - Evolução da legislação portuguesa, no âmbito da formação de docentes entre 1989 a 2000

Documento legal Conteúdo principal Decreto-Lei n.º 344/89 de 11 de

outubro

Veio definir o ordenamento jurídico da formação de educadores de infância e de professores dos ensinos básico e secundário (formação especifica para cada grupo, organização dos cursos, tomando como quadro referencial a Lei de Bases do Sistema Educativo e outra legislação relacionada que se encontrava em vigor). Este documento determina que a qualificação profissional dos educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário é obtida através da frequência, com aproveitamento, de cursos específicos de formação inicial. No entanto, os professores do 3.º ciclo e secundário também poderiam adquirir a qualificação profissional se fossem detentores de habilitação científica para a docência da respetiva área ou especialidade, após a frequência, com aproveitamento, de um curso próprio de pedagogia.

Nesta legislação, no artigo 26.º, ponto 2, é definido que a formação contínua se inicia com um período de indução, que será regulamentado posteriormente mas que deverá ser garantido pelas instituições de formação e que servirá de apoio ao novo docente.

Decreto-Lei n.º 139-A/90 de 28 de abril, alterado pelos Decretos-Lei n.º

105/97 de 29 de abril, 1/98 de 2 de janeiro, 35/2003 de 27 de fevereiro, 121/2005 de 26 de julho, 229/2005 de 29 de dezembro, 224/2006 de 13 de novembro, 15/2007,de 19 de janeiro, 35/2007 de 15 de fevereiro, 270/2009 de 30 de setembro, 75/2010 de 23 de junho, 41/2012,de 21 de fevereiro, pela Lei n.º 80/2013 de 28 de novembro, pelo Decreto- Lei n.º 146/2013 de 22 de outubro, e

pela Lei n.º 7/2014 de 12 de fevereiro.

Aprovou o Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário. Neste documento são clarificados vários assuntos referidos no ECD e é clarificado o que se pretende com o período probatório, em que consiste, como se processa e com que finalidade.

Decreto-Lei n.º 249/92, de 9 de novembro

(com as alterações que lhe foram introduzidas pela Lei n.º 60/93, de

20 de agosto, pelo DL n.º 274/94, de 28 de outubro pelo DL n.º 207/96, de 2 de novembro, pelo DL n.º 155/99, de 10 de maio e pelo DL n.º 15/2007, de 19 de janeiro)

Institui o regime jurídico da formação contínua, estabelecendo as suas finalidades, definindo os princípios que deve obedecer, as áreas em que deve incidir e as modalidades e níveis que pode assumir.

Decreto-Lei n.º 241/2000, de 30 de agosto

Aprovou os perfis específicos de desempenho profissional do educador de infância e do professor do 1.º ciclo do ensino básico.

Porém, é apenas no ano 2000 que são definidos os critérios, genéricos a todos os cursos, que permitem a avaliar a adequação dos cursos aos requisitos de desempenho docente.

A leitura do Quadro 8 permite constatar que é apenas em agosto de 2001 que é aprovado o perfil geral de desempenho profissional dos educadores de infância e professores do ensino básico e secundário, que vai ter um papel crucial na estruturação dos cursos e na sua uniformização.

Quadro 8 - Evolução da legislação portuguesa no âmbito da formação de docentes entre 2000 a 2001

Documento legal Conteúdo principal Deliberação n.º

1488/2000 de 15 de dezembro

O conselho geral do Instituto Nacional de Acreditação da Formação de Professores (INAFOP) homologa os padrões de qualidade da formação inicial de professores. Estes padrões formam um conjunto de critérios que permitem avaliar a adequação do curso aos requisitos do desempenho docente e são genéricos a todos os cursos. Recaem nos seguintes domínios: objetivos profissionais, coordenação e regulação do curso; colaborações e parcerias para o desenvolvimento do curso; currículo do curso; seleção e avaliação dos formandos e certificação da qualificação profissional; pessoal docente e não docente e recursos materiais.

No ponto 3.4 desta deliberação são enumeradas as componentes de formação do currículo do curso que devem ser articuladas entre si: formação cultural, social e ética; formação na especialidade da área de docência; formação educacional e iniciação à prática profissional.

No ponto 3.9 é feita referência ao estágio, sendo comunicado que: “i) é realizado na lecionação de uma ou mais turmas num sistema de coresponsabilização dos formandos com o orientador da escola e a supervisão da instituição formadora, salvaguardando a especificidade de cada nível de educação e ensino; ii) Decorre ao longo de um ano letivo ou equivalente; iii) Envolve a realização de seminários de integração científico-pedagógica e teórico-prática, bem como trabalho de análise e reflexão com os orientadores e com o grupo de estágio.”

Decreto-Lei n.º 240/2001, de 30

de agosto

Aprovou o perfil geral de desempenho profissional do educador de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário e, por isso, assume um papel relevante na estruturação dos cursos que concedem habilitação profissional para a docência e na acreditação dessas formações.

A legislação apresentada no quadro que se segue (Quadro 9) decorre da assinatura da Declaração de Bolonha, em 1999.

Quadro 9 - Evolução da legislação portuguesa no âmbito da formação de docentes entre 2005 e a

atualidade

Documento legal Conteúdo principal Portaria n.º 1097/2005, de 21 de

outubro

Regulou aspetos relacionados com o estágio pedagógico dos cursos de formação inicial de professores do 3.º ciclo e do ensino secundário. Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de

março, alterado pelos Decretos-Lei n.º 107/2008 de 25 de junho, 230/2009 de 14

de setembro e 115/2013 de 7 de agosto

Aprovou o regime jurídico dos graus e diplomas do ensino superior.

Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de janeiro

Procede a alterações ao Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário, nomeadamente, ao nível da formação contínua de professores, sobrevalorizando, por exemplo, as que estão relacionadas com a área de docência do professor.

Quadro 9 – Evolução da legislação portuguesa no âmbito da formação de docentes entre 2005 e a

atualidade (cont.)

Documento legal Conteúdo principal Decreto-Lei n.º 43/2007, de 22

de fevereiro

Fez alterações à estrutura dos ciclos de estudo para atender ao Processo de Bolonha. Substituiu os modelos de formação que se encontravam em vigor por um modelo sequencial, organizado em dois ciclos de estudos.

A habilitação para a docência é apenas habilitação profissional pois deixa de existir a habilitação própria e a habilitação suficiente.

Decreto-Lei n.º 220/2009, de 8 de setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º

79/2014 de 14 de maio

Aprovou o regime jurídico da habilitação profissional para a docência, complementando o Decreto-Lei n.º 43/2007, de 22 de fevereiro.

Despacho n.º 21666/2009, de 28 de setembro

Definiu as regras do período provatório, previsto no Estatuto da Carreira Docente. Explica que o professor deve ser apoiado e acompanhado no plano didático, científico e pedagógico por um professor mentor – professor titular.

Como se pode constatar pela análise dos Quadros 6, 7, 8 e 9, nos últimos anos, a legislação portuguesa relacionada com a formação de educadores e professores, sofreu diversas mudanças e revogações à legislação em vigor. Mais uma vez, estas mudanças constantes da legislação não contribuíram ou contribuem para a estabilidade do Sistema Educativo português. O relatório, com o título “Common European Principles for Teacher Competences and Qualifications” (CE, 2005), expõe um conjunto de princípios que devem ser usados como ferramentas para apoiar o desenvolvimento de políticas educativas a nível nacional e regional. Um dos princípios que é estabelecido é que o ensino deve ser uma profissão: com formação superior; em que se realize uma aprendizagem ao longo da vida; com mobilidade (entre países da União Europeia para desenvolvimento profissional, entre níveis de ensino diferentes e funções diferentes do setor educativo) e baseada em parcerias, por exemplo, entre escolas e indústrias. Piesanen e Välijärvi (2010) também indicam um conjunto de capacidades e competências-chave para os professores que devem ser desenvolvidas na sua formação, a referir: conhecimentos sobre a disciplina; conhecimento pedagógico; integração da teoria e da prática; cooperação e colaboração; avaliação para garantir a qualidade do processo; mobilidade entre culturas, alunos, professores; liderança e aprendizagem ao longo da vida.

Em Portugal e no resto da Europa, a formação dos professores tem sido considerada uma prioridade, porque “uma formação de professores de qualidade contribuirá para melhorar a qualidade do ensino e consequentemente a qualidade das aprendizagens e dos resultados escolares dos alunos” (Flores, 2015, p. 192). Em Portugal, a formação de professores pode ser dividida em dois momentos, antes e depois

da adequação ao Processo de Bolonha. A breve descrição que se segue incide na formação de professores antes da adequação ao Processo de Bolonha porque “a maior parte dos diplomados após as alterações decorrentes do denominado Processo de Bolonha ainda não entraram no sistema: 0.5% dos professores que estão no sistema têm idade inferior a 30 anos (2013/2014)” (Faria, Rodrigues, Gregório & Ferreira, 2016, p. 4). Por conseguinte, o período que interessa incidir neste capítulo é da década de 80 até à adequação dos cursos de ensino ao Processo de Bolonha, pois corresponde ao período em que a maioria dos professores que se encontram a trabalhar no sistema de ensino, público e privado, adquiriram a formação que os habilita profissionalmente.

No final da década de 80, em outubro de 1986, foi publicada a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei n.º46/86, de 14 de outubro) que sinaliza o papel pertinente da formação na competência científica e pedagógica dos professores. No artigo 30.º da referida Lei são definidos os princípios gerais sobre a formação de educadores e de professores:

“1 – A formação de educadores e professores assenta nos seguintes princípios:

a) Formação inicial de nível superior, proporcionando aos educadores e professores de todos os níveis de educação e ensino a informação, os métodos e as técnicas científicos e pedagógicos de base, bem como a formação pessoal e social adequadas ao exercício da função;

b) Formação contínua que complemente e atualize a formação inicial numa perspetiva de educação permanente;

c) Formação flexível que permita a reconversão e mobilidade dos educadores e professores dos diferentes níveis de educação e ensino, nomeadamente o necessário complemento de formação profissional;

d) Formação integrada quer no plano da preparação cientifico-pedagógica quer no da articulação teórico-prática;

e) Formação assente em práticas metodológicas afins das que o educador e o professor vierem a utilizar na prática pedagógica;

f) Formação que, em referência à realidade social estimule uma atitude simultaneamente critica e atuante;

g) Formação que favoreça e estimule a inovação e a investigação, nomeadamente em relação com a atividade educativa;

h) Formação participada que conduza a uma prática reflexiva e continuada de autoinformação e autoaprendizagem.

2 – A orientação e as atividades pedagógicas na educação pré-escolar são asseguradas por educadores de infância, sendo a docência em todos os níveis e ciclos de ensino assegurada por professores detentores de diploma que certifique a formação profissional específica com que se encontram devidamente habilitados para o efeito.”

Relativamente à formação inicial de educadores de infância e de professores dos ensino básico e secundário, na Lei n.º46/86, no artigo 31.º, é disposto o seguinte:

“1 – Os educadores de infância e os docentes dos ensinos básico e secundário adquirem qualificação profissional em cursos específicos destinados à respetiva formação, de acordo com as necessidades curriculares do respetivo nível de educação e ensino, em escolas superiores de educação ou em universidades que disponham de unidades de formação próprias para o efeito, nos termos a seguir definidos:

a) A formação dos educadores de infância e dos professores do 1.º e 2.º ciclos do ensino básico realiza-se em escolas superiores de educação;

b) A formação dos educadores e dos professores referidos na alínea anterior pode ainda ser realizada em universidades, as quais, para o efeito, atribuem os mesmos diplomas que os das escolas superiores de educação;

c) A formação de professores do 3.º ciclo do ensino básico e de professores do ensino secundário realiza-se em universidades.

2 – A formação dos professores de disciplinas de natureza profissional, vocacional ou artística dos ensinos básico ou secundário adquire-se em cursos profissionais adequados, que se ministram em escolas superiores, complementados por uma formação pedagógica.

3 – Podem também adquirir qualificação profissional para professores do 3.º ciclo do ensino básico e para professores do ensino secundário os licenciados que, tendo as habilitações científicas requeridas para o acesso à profissionalização no ensino, obtenham a necessária formação pedagógica em curso adequado.

4 – Os cursos de formação de professores do 2.º e 3.º Ciclos do ensino básico e de professores do ensino secundário serão cursos de licenciatura.

5 – Os cursos de licenciatura para formação de professores do 2.º ciclo do ensino básico realizados nas escolas superiores de educação organizam-se nos termos do n.º 7 do artigo 13.º. 6 – As escolas superiores de educação e as instituições universitárias podem celebrar convénios entre si para a formação de educadores e professores.”

No entanto, foi apenas em 1989, com a publicação dos Decreto-Lei n.º286/89 e Decreto-Lei n.º344/89, relacionados com os planos curriculares e o ordenamento jurídico da formação de Educadores de Infância e de professores dos Ensinos Básico e Secundário, que se iniciaram as licenciaturas em ensino nos ramos educacionais para o Ensino Básico e Secundário, nas instituições de Ensino Superior. Apesar de não existir apenas um currículo nacional para a formação inicial de professores, nem um só modelo estrutural ou organizativo, em Portugal a formação inicial de professores, até à data da adaptação ao Processo de Bolonha, seguiu fundamentalmente dois modelos estruturais:

o modelo sequencial e o modelo integrado (Ferreira & Mota, 2013). Um aspeto comum a ambos os modelos estruturais era o estágio pedagógico, que se realizava no último ano e tinha a duração de um ano letivo. No entanto, estes modelos estruturais diferiam na sua duração (5 ou 6 anos) e na distribuição das disciplinas científicas da especialidade e da educação, ao longo dos anos do curso.

De acordo Esteves (2006), no modelo sequencial, nos primeiros 3 ou 4 anos do curso, a formação incidia nas disciplinas científicas da especialidade e no penúltimo ano incidia nas disciplinas científicas da educação. Os cursos que adotaram este modelo ainda podiam assumir duas configurações distintas pois podiam ter uma duração global mais curta (5 anos = 3 anos da especialidade + 1 ano da educação + 1 ano de estágio), com a obtenção do grau de Licenciado em Ensino, ou uma duração mais longa (6 anos = 4 anos da especialidade + 1 ano da educação + 1 ano de estágio), em que ao fim dos primeiros quatro anos do curso obtinham o grau de licenciado numa dada especialidade