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Práticas culturais de saída dos alunos da ESMAE

Depois de analisadas as práticas culturais que podem ser individuais e que podem não implicar uma deslocação a um recinto cultural, segue-se a análise das práticas culturais de saída.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 Normalmente não frequenta

1 a 2 vezes por ano 3 a 5 vezes por ano 1 a 2 vezes por mês 3 a 5 vezes por mês Não responde

Concertos de Música Conferências e palestras Espectáculos de Dança Espectáculos de Teatro Exposições de Arte Contemporânea Visita a Museus Sessões de Cinema

Relembra-se que na listagem de práticas apresentada aos alunos, foram colocados 7 dos 10 tipos de eventos que figuravam no conjunto de opções que lhes era fornecido para indicarem os três tipos de eventos que mais frequentemente são incluídos nas propostas culturais apresentadas pelos docentes da ESMAE para as sua práticas culturais.

Na apresentação destes resultados será utilizada a terminologia adoptada para classificar os consumos de Internet, leitura e televisão, assim, no caso das práticas culturais de saída, o espectador Gravíssimo corresponde à subcategoria normalmente não, o Lento à de 1 a 2 vezes por ano, o Andante à de 3 a 5 vezes por ano, o Allegro à de 1 a 2 vezes por mês e o Presto à categoria 3 a 5 vezes por mês.

GRÁFICO 47 – Síntese das práticas culturais de saída

Tendo em consideração os dados apresentados até à altura, o facto do gráfico 47 mostrar que há algum desequilíbrio, em termos de regularidade e de diversidade, nas práticas culturais de saída dos alunos da ESMAE não provoca qualquer espanto. Estes resultados confirmam um conjunto de sinais que, ao longo do estudo, os alunos foram dando.

Os alunos com práticas culturais de tipo Presto não ultrapassam os 16%, no entanto este valor só é atingido porque 54% e 35% dos alunos vão 3 a 5 vezes por mês a, respectivamente, espectáculos de teatro e sessões de cinema. Para se perceber melhor o desequilíbrio, realça-se que as outras categorias presentes nesta subcategoria representam, no seu conjunto, 20% dos alunos e que a mediana desta subcategoria é de 6%.

No outro extremo das práticas culturais encontram-se 13% de alunos de tipo Gravíssimo. As categorias que mais contribuem para o alheamento das saídas culturais destes alunos são as de conferências/palestras, visita a museus, espectáculos de dança e exposições de arte contemporânea.

As subcategorias Lento e Allegro representam em média cada uma 22% dos alunos. A observação do gráfico mostra de forma clara que estes dois grupos de alunos não têm práticas equilibradas. No caso dos alunos Lento, as conferências/palestras e os espectáculos de dança contribuem decisivamente para o aumento de frequência nesta subcategoria. Esta contribuição é tal que no que se refere aos espectáculos de dança o valor chega a atingir o dobro da média de alunos desta subcategoria. Nos alunos Allegro, a situação repete-se com outros protagonistas. As sessões de cinema e os espectáculos de teatro são, como seria de esperar, duas das três categorias que mais contribuem para que a média desta subcategoria não fosse 14% de alunos, no entanto é de sublinhar que os concertos de música também foram decisivos para a média final dos Allegro seja de 22%.

Apesar de não muito distante das subcategorias Lento e Allegro, a subcategoria Andante é, em média, a mais frequente nos alunos, com 24% do total das respostas. Uma análise desta subcategoria permite afirmar que, dentro do desequilíbrio geral, esta acaba por ser a mais homogénea, de tal forma que o valor mediano é exactamente igual ao valor da média.

De entre os alunos que responderam e retirando os alunos que escolheram a subcategoria normalmente não frequenta, os 3 tipos de eventos que são mais vistos pelos alunos da ESMAE são os espectáculos de teatro (99%), as sessões de cinema (93%) e os concertos de música (91%).

Tendo em consideração os resultados obtidos e as respostas mais frequentes, é possível afirmar que globalmente os alunos da ESMAE têm um comportamento Lento face às conferências/palestras e aos espectáculos de dança, são espectadores Andante de exposições de arte contemporânea e visita a museus, espectadores Allegro de concertos de música e espectadores Presto de espectáculos de teatro e sessões de cinema.

Segue-se uma análise em pormenor de algumas das práticas culturais de saída dos alunos. As categorias que vão ser analisadas com maior detalhe serão as de espectáculos de teatro, sessões de cinema e espectáculos de dança. Os motivos da escolha destas 3 categorias já foram apresentados anteriormente, por isso relembra-se só que as duas primeiras são os dois tipos de eventos mais frequentados pelos alunos e a terceira é um dos tipos de evento menos frequentados pelos alunos e um dos menos incluídos nas propostas dos professores para a participação dos alunos na vida cultural da cidade/região.

No que concerne aos espectáculos de teatro, os resultados mostram que são as raparigas quem assiste mais a este tipo de eventos. Sublinhe-se que na subcategoria de espectadores Presto a diferença entre rapazes e raparigas atinge os 20%, que 94% da população feminina assiste a, pelo menos, um espectáculo de teatro por mês e que todos os espectadores de tipo Gravíssimo são do género masculino. Refira-se no entanto que, apesar de terem consumos mais moderados, a subcategoria mais frequente nos rapazes também é a Presto.

Na análise em função da variante do curso, é impossível não começar por sublinhar que a maioria da população de interpretação é espectador de tipo Presto. As diferenças de consumo entre as duas variantes são muitas pois os alunos da variante de interpretação concentraram as suas respostas em 3 subcategorias enquanto que os de produção e design só não utilizaram a subcategoria não responde. Os resultados mostram, por exemplo, que os únicos alunos da ESMAE que têm consumos de espectáculos de teatro Gravíssimo ou Lento são os de produção e design e que a subcategoria mais frequente nesta variante é a Allegro, com 41% dos alunos.

A comparação dos resultados do consumo de espectáculos de teatro em função do ano de frequência revela-se também particularmente interessante.

O primeiro dado que se destaca do gráfico 48 é que à medida que a formação vai evoluindo há um aumento de algumas das subcategorias que correspondem a práticas de menor intensidade de consumo. No último ano de formação há 6% de alunos consumidores Gravíssimo, quando nos alunos do 1º e do 2º ano esta subcategoria não foi utilizada, e na subcategoria Lento há mais 3% de alunos do 3º ano em comparação com os alunos do 1º.

Como é evidente, o aumento de umas subcategorias implica forçosamente diminuições de outras, mas no caso do consumo de espectáculos de teatro o interessante é que as reduções ocorrem de forma muito diversa. O facto da subcategoria Lento, que no 1º ano representava 16% dos alunos, ter deixado de existir no 3º ano e de ter havido uma moderação do consumo Presto em 2% dos alunos, não provocou um aumento significativo do consumo nos alunos finalistas pois foi acompanhado das subidas já mencionadas. Assim, o balanço final de ganhos e perdas origina um saldo positivo de apenas 5% de alunos do 3º ano que assistem mais frequentemente a espectáculos de teatro.

A análise do gráfico 49 poderia resumir-se da seguinte forma: a influência que a ESMAE tem nos alunos no desenvolvimento de um consumo equilibrado de sessões de cinema é praticamente residual, pois o balanço final da diferença de consumo entre os alunos do 1º ano e os alunos do 3º ano não ultrapassa 2% dos alunos. Apesar de no 3º ano haver mais 8% de alunos Presto, a verdade é que também há mais 3% de alunos Gravíssimo e 3% de alunos Lento.

Em função da variante, os resultados revelam que a população de interpretação é mais cinéfila que os alunos de produção e design. Para além de estarem representados com mais 18% na subcategoria Presto, onde chegam aos 45%, e de terem igual representação que os alunos de produção e design na subcategoria Allegro, os alunos de interpretação têm valores inferiores em todas as outras subcategorias, nomeadamente na não responde.

Em média, os alunos de interpretação participam em mais 6 sessões de cinema por ano do que os colegas da outra variante.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% Não responde

Três a cinco vezes por m ês Um a a duas vezes por m ês Três a cinco vezes por ano Um a a duas vezes por ano Norm alm ente não frequenta

3º ano 2º ano 1º ano

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60%

Não responde Três a cinco vezes por m ês Um a a duas vezes por m ês Três a cinco vezes por ano Um a a duas vezes por ano Norm alm ente não frequenta

3º ano 2º ano 1º ano

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60%

Não responde Três a cinco vezes por m ês Um a a duas vezes por m ês Três a cinco vezes por ano Um a a duas vezes por ano Norm alm ente não frequenta

3º ano 2º ano 1º ano

GRÁFICO 48 – Consumo de espectáculos de teatro

GRÁFICO 49 – Consumo de sessões de cinema

Os resultados em função do género mostram que o mais frequente é encontrarmos alunas com hábitos Presto e alunos com hábitos Allegro. A tendência das alunas consumirem mais cinema é reforçada por os rapazes serem mais frequentes que as raparigas nas subcategorias Gravíssimo e Lento, sendo que nesta última há mais 10% de rapazes do que raparigas.

Segue-se por fim a análise da categoria espectáculos de dança.

Os números desta categoria, infelizmente, não deixam margem para dúvidas: os espectáculos de dança não são uma das prioridades das saídas culturais da população da ESMAE, nem tão pouco, pelo menos, uma prática Andante da maioria dos alunos. O mais frequente, representando 44% dos alunos, é encontrarmos espectadores Lento. Não há nenhum aluno que tenha uma prática Presto, há 13% de alunos Allegro, 24% Andante e 18% de alunos Gravíssimo.

Um olhar para os dados em função do género mostra que as raparigas assistem mais frequentemente a espectáculos de dança. Apesar de haver mais 1% de alunos Allegro que alunas, esse facto não é suficiente para, por exemplo, colmatar os 14% de rapazes que há a mais na subcategoria Gravíssimo e os 8% a menos que há na Andante. Como seria de esperar, o mais frequente é encontrar rapazes e raparigas do tipo Lento, sendo as raparigas as mais numerosas nesta subcategoria.

Uma comparação em termos de variante revela que os alunos de interpretação são os mais frequentes nas subcategorias Allegro e Lento e os alunos de produção e design são os mais frequentes nas Andante e Gravíssimo. O balanço final mostra que há 25% de alunos de interpretação que vão mais frequentemente a espectáculos de dança do que os outros alunos.

O gráfico 50 é tão claro que não carece de muitos comentários, pois mostra de forma inequívoca que as práticas culturais na categoria de espectáculos de dança dos alunos finalistas da ESMAE são consideravelmente piores que as dos alunos do 1º ano. Ou seja, se este fosse um estudo longitudinal poder-se-ia afirmar que a ESMAE tem um influência negativa nos seus alunos no que concerne ao consumo espectáculos de dança.

Educação Artística e Práticas Artísticas Amadoras dos alunos

Percebidas as práticas culturais dos alunos da ESMAE, seguem-se os resultados sobre as suas experiências anteriores no âmbito da educação artística e as suas práticas artísticas amadoras na actualidade.

O gráfico 51 revela que a maioria da população da ESMAE teve, ao longo do seu percurso escolar, por sua iniciativa ou dos seus encarregados de educação, acções extracurriculares no âmbito da Educação Artística.

As actividades no âmbito das artes performativas foram claramente as mais frequentes. Em função do género, o número de raparigas que tiveram formação artística ao longo da vida é inferior em 4% relativamente ao número de rapazes, no entanto não deixa de poder ser relevante o facto de o número de rapazes que não respondeu à pergunta ser superior em 16%. A área das artes performativas é indicada por 46% das raparigas e 36% dos rapazes. Salienta-se ainda que na área das artes plásticas/visuais há mais 14% de rapazes do que raparigas e que quando as artes performativas estão associadas às artes plásticas/visuais há mais 15% de raparigas. Assim sendo, tudo parece indicar que as artes performativas podem estar mais associadas ao género feminino e as artes plásticas/visuais ao género masculino.

Numa análise em termos de variantes do curso, verifica-se que há menos 3% de alunos de produção e design que frequentaram formação artística extracurricular, mas houve mais 8% de alunos desta variante que não responderam à pergunta. A maioria dos alunos de interpretação teve formação na área das artes performativas e os alunos de produção e design representam 88% dos alunos que tiveram formação no âmbito das artes plásticas/visuais.

No gráfico 52 salientam-se em primeiro lugar os 50% de respostas negativas. Apesar de 59% das raparigas e 32% dos rapazes terem respondido negativamente a esta pergunta, é importante ter em conta que 88% dos alunos que não responderam são rapazes. De entre os alunos que responderam afirmativamente, a resposta mais frequente, artes performativas, foi dada por 75% dos rapazes e 67% das raparigas. Nas outras duas categorias as raparigas são mais frequentes, no entanto na de artes plásticas/visuais a diferença é só de 1%, ficando muito longe dos 7% que têm a mais na categoria artes plásticas/visuais e artes performativas.

Nos resultados em função da variante do curso, verifica-se que há um equilíbrio muito grande entre as duas variantes no que concerne aos alunos que não responderam – 6% de alunos de interpretação e 5% de alunos de produção e design – e aos alunos que não têm práticas amadoras na actualidade – 48% de interpretação e 51% de produção e design.

Um último olhar comparativo entre os gráficos 51 e 52 mostra que um número muito significativo de alunos que teve no passado actividades de formação artística não tem práticas artísticas amadoras na actualidade. As descidas mais significativas registaram-se nos 58% de alunos de interpretação que tiveram formação artística em artes performativas e nos 14% de alunos de produção e design que tiveram formação artística em artes plásticas/visuais. Observa-se também que os 3% de alunos de interpretação que tiveram educação artística no âmbito das artes plásticas/visuais e os 32% de alunos de produção e design que tiveram educação artística na área das artes performativas mantêm na actualidade práticas artísticas amadoras nessas áreas.

Não 21% Artes perform ativas (Dança/ Música/ Teatro) 44% Artes plásticas/visuais e Artes perform ativas (Dança/ Música/ Teatro) 15% Não responde 7% Artes plásticas e visuais 13% Artes plásticas e visuais 4% Não responde 6% Artes plásticas/visuais e Artes perform ativas (Dança/ Música/ Teatro) 9% Artes perform ativas (Dança/ Música/ Teatro) 31% Não 50%

GRÁFICO 51 – Actividades de formação artística extracurriculares ao longo de todo o percurso escolar

GRÁFICO 52 – Práticas artísticas amadoras na actualidade

Os dois andamentos da apresentação e discussão dos resultados dos questionários implementados no âmbito do estudo Formação em Teatro e Formação de Públicos terminaram.

Segue-se agora, em jeito de conclusão, o confronto de alguns dos resultados obtidos nas duas escolas de teatro que aceitaram participar no estudo, as respostas possíveis às questões de investigação e algumas sugestões e considerações finais. Mais uma vez se realça que as interpretações dos resultados pretendem ser pontos de partida para discussões futuras.

5. CONCLUSÕES