• Nenhum resultado encontrado

3 PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES DA HISTÓRIA DO RADIODIFUSÃO EDUCATIVA E AS RELAÇÕES ESTABELECIDAS COM SISTEMAS

EDUCATIVOS RADIOFÔNICOS NO BRASIL

O objetivo desta seção é reconstituir a história da radiodifusão e a relação estabelecida com os sistemas educativos radiofônicos no Brasil. Para isto, o saber constituído no referido contexto perpassa pelas inúmeras práticas culturais e representações sobre a alfabetização de educandos jovens e adultos no Brasil e na Região Norte.

Autores como Horta (1972), Coelho (2016), Certeau (2014), Chartier (1990, 1991), Fávero (2006), Wanderley (2000), Paiva (2003), Souza (2007) e Escolano (2017), nos ajudam a repensar os discursos, as práticas culturais, o lugar de produção histórica sobre a alfabetização de jovens e adultos no Brasil, a história do rádio e sua relação com os sistemas educativos radiofônicos sob o viés da cultura escolar e cultura material escolar que apresentam as instituições por meio de normas, as finalidades e os sujeitos nos diferentes lugares e espaços no período desta pesquisa e os objetos e seus usos estabelecidos para uma escola radiofônica.

Os sistemas educativos radiofônicos da região Norte e específico de Bragança tem um vínculo com outros sistemas de diversas regiões do Brasil e também com as ações populares da igreja católica no Nordeste Paraense e com as escolas radiofônicas da Colômbia. Por isso, neste capítulo, articulamos a história da radiodifusão e dos sistemas educativos radiofônicos do Brasil como forma de compreender: qual a relação estabelecida entre a história do rádio educativo e os sistemas educativos radiofônicos no Brasil? Esta relação nos deu base para descobrir o funcionamento de uma escola radiofônica, a necessidade de um ensino com a presença dos monitores constituído por uma recepção organizada, um ensino sem a presença do monitor pelo ato de operar por uma recepção individual; a relação da exposição internacional da radiodifusão no Rio de Janeiro e o crescimento de um ensino radiofônico com práticas culturais isoladas e oficializadas pelo Ministério de Educação e Cultura com as campanhas de alfabetização, são algumas das práticas culturais que nos conduz para a construção deste capítulo.

A compreensão sobre práticas e representações de alfabetização de jovens e adultos foram delineados pelo seguinte viés: professores idealizadores que defendiam uma radiodifusão com caráter educativo; o desenvolvimento por uma radiodifusão com atividades particulares em alguns estados e mais tarde oficializadas pelo governo; a institucionalização das campanhas de alfabetização e a criação de sistemas educativos e escolas radiofônicas criadas por padres bispos, alunos, monitores e outros segmentos.

As diferentes representações dos agentes sociais sobre uma radiodifusão educativa, tanto, pelos órgãos oficiais como o Ministério da Educação quanto por outros segmentos como o

Movimento de Educação de Base criado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil da igreja católica, nos permitem reconstituir as práticas culturais sobre à alfabetização aos educandos jovens e adultos, num contexto de saberes peculiares as escolas radiofônicas do Brasil e da Região Norte.

A história da Radiodifusão educativa no contexto brasileiro se confunde com a história da própria radiodifusão brasileira. A Radiodifusão deve ser pensada como “a transmissão destinada a uma multidão de ouvintes, para os quais um programa regular, previsto e anunciado com antecedência é preparado e transmitido por outros” (HORTA, 1972, p. 74). Esta relação entre ouvintes e quem organiza os programas na rádio por meio de seus conhecimentos propicia uma prática cultural de radiodifusão sonora peculiar aos diferentes modos de aprendizagem e ensino, distinguindo-se assim de outros instrumentos de radiocomunicação, tais como a radiotelegrafia e radiotelefonia.

A radiodifusão educativa é vista como um dos meios de comunicações mais modernos na sociedade brasileira e é praticada por inúmeros consumidores que as utilizam para a informação e a formação. Neste âmbito, segundo de Certeau (2014), o consumo dos praticantes ordinários (consumistas) é uma ação cultural organizada e institucionalizada, onde se desdobra em contornos oficiais concebidos por criatividades e fissuras produtoras e, simultaneamente, instauradoras de novos anseios na sociedade moderna.

Um dos primeiros registros sobre a transmissão de uma radiodifusão como novo meio de comunicação ao mundo foi concebido no dia 01 de novembro de 1920 pelo Dr. Frank Conrad, do Pittsburgh, na Pensilvânia, Estados Unidos da América (EUA). Nesse contexto, o rádio serviu como base para irradiar os resultados eleitorais da eleição de Warren Gamalielb Harding para a presidência dos EUA. Esses resultados eram transmitidos por telefone à emissora e se tornou um sucesso surpreendente para sua propagação em diversos países (HORTA, 1972).

No Brasil, em 1922, ocorre de forma precária, as primeiras práticas de radiodifusão na praia Vermelha e no alto do Corcovado, em consonância com as comemorações da inauguração da Exposição Internacional do Centenário da Independência no dia 07 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro. Estas experiências apresentavam um transmissor de pequena potência montado pelas companhias americanas Western e Westinghouse Eletric Internacional e pela Companhia Telefônica Brasileira que irradiava músicas, conferências e palestras pelos auto - falantes (em formato de trompas). A transmissão contava com a ajuda de apenas 80 aparelhos receptores36

36 Coelho (2016, p. 33) discorda que esta experiência de radiofonia tenha sido caracterizada com uma comunicação pública de radiodifusão, “tendo em vista sua característica de recepção em espaço aberto por meio de alto-falantes e, ainda, o número insignificante de aparelhos individuais” [...] Esta relação se deve pela insuficiência das

advindos dos EUA e distribuídos no Rio de Janeiro especificadamente instalados nas praças públicas de Niterói e Petrópolis. Mais tarde ao terminar a exposição da Independência os transmissores foram devolvidos ao país de origem (HORTA, 1972).

Segundo Coelho (2016), a Exposição Internacional do Centenário da Independência, além de apresentar a inauguração dos serviços de radiotelephonia e telephone autofalante, representava o símbolo da modernidade e o progresso do Brasil no contexto econômico internacional. Era preciso desconstruir, a nível internacional, a imagem do país centrado no latifúndio, na monocultura e na escravidão. Assim, nesta exposição internacional37 a radiotelephonia trazia consigo um discurso onde o Brasil estava acompanhando o ritmo da modernidade, uma vez que a inauguração da radiotelephonia acontecia após dois anos das experiências iniciais dos EUA com as primeiras transmissões mundiais.

Tais exposições são constituídas desde o século XIX, segundo Souza (2007), como as vitrines do progresso, onde passam a ter um caráter de exposições pedagógicas no interior das Exposições Universais, isto porque possuíam os objetos industriais mais avançados dos países. Além disso, as práticas culturais desenvolvidas tanto os EUA quanto os países europeus em relação aos materiais escolares mudam seu sentido, pois os objetos industriais deixam de ser simples produtos da indústria e são ressignificados para o campo da educação nas exposições pedagógicas e, podemos dizer ainda, que, no início do século XX, os materiais da escola representaram o desenvolvimento econômico e social do Ocidente, onde as tecnologias de ensino estavam relacionadas ao espetáculo da indústria.

Tanto no século XIX quanto no século XX, as exposições universais têm uma difusão ideológica pelo avanço da técnica e da ciência, constituídas como as verdadeiras celebrações da sociedade burguesa. Por isso, tais exposições ao trazerem inúmeros visitantes, exibem também a indústria moderna, seu cunho pedagógico com os materiais e promovem as disputas, as comparações, representadas pelas diferentes nações civilizadas, como afirma Souza (2007). As representações de um amplo e variado mostruário de materialidades, presente nas exposições universais, são vistas, por Escolano (2017), como uma projeção que faz uso do micromundo e visual da escola pelos instrumentos a serem implementados nos sistemas nacionais de educação para o ensino. Assim, esta cultura material, no universo escolar, carrega

emissoras. Na praia Vermelha, por exemplo, a utilização do rádio era por Telegrafia, o que dificultava um projeto de radiodifusão neste contexto.

37 Coelho (2016, p. 30) menciona que as exposições internacionais poderiam ser identificadas como as “vitrines do progresso”, estas tinham como objetivo mostrar as realizações dos países que selecionavam aquilo que era mais adequado à celebração da modernidade universal”. Nesse caso, aqui, a radiotelephonia era um dos artefatos culturais da modernidade no período de 1930, o qual iria modificar os diferentes modos de ensino, aprendizagem, valores e símbolos na formação do povo brasileiro.

uma cultura empírica com as diferentes invenções a serem articuladas na educação, forjada ainda, pela experiência cotidiana dos agentes sociais com o uso dos objetos escolares.

Podemos afirmar que as exposições contribuíram e contribuem para a compreensão sobre a estrutura e forma dos materiais escolares, os métodos inseridos em seu uso, as propostas de educação planejadas pelos programas educativos, os acessórios utilizados para o uso dos objetos, os sentidos e significados presente em cada objeto. Assim, as exposições universais e ou internacionais, inclusive a de radiodifusão no Brasil, nos permitiu identificar os objetos de consumo para o rádio que circulavam desde 1922 até sua aquisição para os sistemas radiofônicos, como por exemplo, o microfone utilizado para as aulas dos professores – locutores, como veremos no próximo capítulo.

No período de 1920, a República vivia um ideário de ordem e progresso constituído numa relação do homem e ciência que caminhavam lado a lado para o desenvolvimento de um Estado Científico. Por isso, as experiências europeias consolidadas pelo positivismo e evolucionismo serão refletidas como berço do desenvolvimento para o Brasil no âmbito do bem-estar moral e material da sociedade, pois além da radiotelefonia que estava entre o símbolo de modernidade como um meio de comunicação oral mais inovador na sociedade brasileira, surgiam também os intelectuais da ciência que tinham o intuito de libertar o país dos percalços associados ao passado colonial (COELHO, 2016).

Horta (1972) nos diz que os discursos sobre a modernidade em relação à radiodifusão no Brasil foi se expandindo entre o período de 1929 a 1969. A tabela a seguir demonstra o desenvolvimento em ano, de número de emissoras inauguradas e do número de estações de radiodifusoras:

Tabela 1 – Desenvolvimento da Radiodifusão no Brasil

Fonte: Tabela reelaborada a partir do texto de Horta (1972, p. 82).

O desenvolvimento da Radiodifusão no Brasil, de quatro em quatro anos, foi crescendo no sentido de atender as necessidades dos ouvintes nas regiões brasileiras e ampliar o próprio consumo dos objetos de comunicações nas emissoras.

De 1926 a 1940, o número de emissoras inauguradas é de 72 contando com um total de 134 emissoras de Radiodifusão. De 1941 a 1969 este número se expande com 915 emissoras inauguradas, contabilizando um total de 3.406 em todo o território nacional. Nesta lógica as primeiras práticas de radiodifusão se concentram num discurso sobre um ensino movido por um ideário de educação popular direcionado ao ensino primário e destinado à população infantil nas regiões urbanas, que trazia consigo os aspectos do ensino e cultura, fomentado por diversas experiências isoladas e oficializadas pelo governo. De 1941 até 1969, o número de radiodifusão aumenta porque vão surgindo outras práticas desenvolvidas pelo governo, em prol agora da educação de jovens e adultos, mediados por meio das campanhas de alfabetização e a criação de sistemas educativos radiofônicos.

Uma das primeiras experiências mais incisiva sobre radiodifusão educativa foi com a Rádio Sociedade Brasileira do Rio de Janeiro (PRA2) fundada em 1923. Esta rádio criada nos salões da Associação Brasileira de Ciências- (ABC) teve seus primeiros idealizadores do rádio o presidente Henrique Morize, que já estava à frente da ABC, e como membros diretores: Edgard Roquette Pinto, Demócrito Lartigau Seabra, Carlos Guinle, Luiz Betim Paes Leme, Alvaro Ozório de Almeida, Francisco Lafayette, Mário de Souza e Ângelo da Costa Lima, estes

tinham o ideário pela ciência pura; ou seja, organização de práticas de comunicação programadas em torno da ciência e da cultura38 (COELHO, 2016).

Para Horta (1972), com o desenvolvimento da radiodifusão no Brasil – a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada na Academia Brasileira de Ciências da Escola Politécnica em 20 de abril de 1923, passa a ter em sua transmissão um caráter educativo. Visualizasse isto conforme os objetivos iniciais no Estatuto, em seu art. 3º:

A rádio Sociedade, fundada para fins exclusivamente científicos, técnicos, artísticos e de pura educação popular, não se envolverá jamais em nenhum assunto de natureza profissional, industrial, comercial ou político [...] “A rádio deve levar a cada canto um pouco de educação, de ensino e alegria...” trabalhando “pela cultura dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil. (HORTA, 1972, p. 81).

Com estes objetivos iniciais obtém-se o desenvolvimento de uma radiodifusão educativa com a finalidade de irradiar uma prática cultural constituída para “fins científicos, artísticos e de pura educação popular” no sentido de contribuir para o progresso do país, por meio de contextos de formação e educação aos ouvintes da Rádio sem nenhuma finalidade comercial, política, industrial ou profissional.

É nítido que em 1923 as programações de radiodifusão educativa eram destinadas para as famílias educarem as crianças sobre lições de higiene e saúde, assim a família obteria uma instrução para educar as crianças por meio de um instrumento de comunicação oral que favorecia o acesso à cultura e à formação dos ouvintes nos diferentes contextos. Em seus estudos Coelho (2016), destaca a intensificação do rádio no território brasileiro como progresso physico, moral e intelectual do povo que serão beneficiados sobre a produção do conhecimento relacionados ao cuidado da saúde, da vida e sobre as discussões em torno da cultura como elemento essencial para atender as necessidades da população.

As programações educativas da Rádio Sociedade, entre cursos, lições, palestras tinham a frente também, o professor Álvaro Salgado. Este desenvolvia os seguintes cursos para os ouvintes:

38 Os primeiros tempos da rádio se perpetuou num contexto de conflitos entre os idealizadores que defendiam uma ciência aplicada e uma ciência pura. Os pesquisadores que produziam o conhecimento pela ciência aplicada tinham como base a corrente positivista como teoria principal, onde todo saber deveria ser dotado de uma objetividade capaz de desvendar as leis que regem a realidade. Assim este grupo era formado por engenheiro, médicos e professores que visavam o progresso do país, pelas práticas do sanitarismo e do higienismo. Entretanto, os idealizadores da ciência pura, inclusive aqueles que compunham as radiodifusão educativas, como a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, idealizavam uma produção do conhecimento pela ciência e cultura; ou seja, utilizavam as programações para desenvolver as práticas sobre “número de informação, notícias de interesse geral, pequenas conferências literárias, artísticas e científicas, números dedicados às crenças (lições de coisas, histórias etc.), poesias e música vocal e instrumental”, a ciência sobre discussões de sanitarismo e higienismo também existia, mas com base no interesse do povo e suas reais necessidades culturais (COELHO, 2016, p. 32)

Os cursos incluíam Literatura Francesa, Literatura Inglesa, Esperanto, Rádio Telegrafia e Telefonia e Silvicultura Prática; as lições eram de Português, Francês, Italiano, Geografia, História Natural, Física e Química. Entre as palestras Seriadas encontramos uma série dirigida às mães (Escola de Mães), e uma série de atributos da Gente Brasileira. A programação incluía, além disto, um “Quarto de Hora Literário” e um Quarto de Hora Infantil”. (HORTA, 1972, p. 84).

A programação educativa da rádio sociedade, seja pelos cursos e lições, seja pelas palestras e quarto de hora literário, permitiam por meio da radiotelefonia ouvir, receber as mensagens e opiniões para facilitar a compreensão de cada programação. Entretanto, o professor e idealizador Roquette Pinto não estava satisfeito com este tipo de programação devido a produção do conhecimento científico e literário exigir um certo nível cultural e de saber do ouvinte e, até então, na prática, não existia uma radiodifusão educativa pelo caráter popular, cuja finalidade era ajudar milhares de pessoas analfabetas. Esta ausência de uma educação com caráter popular se deve também porque “não havia nenhuma preocupação com um contato direto e pessoal com o ouvinte, não havendo assim uma relação de recepção organizada39 que oriente os alunos” (HORTA, 1972, p. 84).

Coelho (2016) considera que a Rádio Sociedade tinha um compromisso com o progresso intelectual da população, e isto perpassava por uma elite intelectual financeira, que poderiam ter acesso aos aparelhos de rádio. Esta elite representava a população capaz de contribuir com o desenvolvimento da nação - patriótico, enquanto que o popular era visto como os sujeitos que necessitavam de uma orientação de uma classe mais consciente e culta. A classe popular era vista como sujeitos incapazes de compreender e adquirir o rádio, pois era preciso obter conhecimentos inclusive sobre física para manipular o rádio, desde a bateria, seus fios, suas antenas e melhor localização para a sintonia.

Pela preocupação da relação do ouvinte com o rádio, Roquette Pinto foi representado como o professor idealista do primeiro período da radiodifusão educativa no Brasil (1922- 1930), pois entre o seu ideal de projetar uma radiodifusão num movimento de educação popular com recepção organizada e a distância das práticas culturais imersas na irradiação individual, de uma recepção individual. Os discursos proferidos apresentavam uma defasagem entre o que se promulgava, a teoria, e o que realmente se fazia na prática. Mais tarde, Roquette Pinto vai criar novas estratégias educativas para continuar com seu ideário sobre o desenvolvimento e valorização da educação popular por meio da Rádio Sociedade (HORTA, 1972).

A radiodifusão educativa é um veículo de ensino que possui uma ação programada para o conhecimento dos ouvintes, na qual, diversos elementos são necessários para se pensar uma programação radio educativa, entre eles, podemos registrar:

Tabela 2 – Reelaboração do texto sobre elementos básicos de uma Programação radio educativo. Elementos Descritor (es) de organização da programação

Audiência

Para que qualquer produção para radiodifusão possa ser planejada é necessária uma perspectiva clara da audiência a que vai servir. A radiodifusão educativa deve se inserir nos interesses e vivências daqueles aos quais pretende atingir, falando a sua linguagem. Programa O conteúdo do programa depende do objetivo em vista e da

audiência. A forma depende de elementos especiais condicionados pela natureza do conteúdo e pelos recursos disponíveis para a realização do programa.

Transmissão

A questão da transmissão está estreitamente ligada à da audiência. Não basta que o programa esteja no ar; é necessário que ele realmente atinja aqueles para os quais foi preparado. Isto implica em uma grande preocupação quanto ao horário de transmissão. Supõe também repetições em casos de emergência, se se trata de uma programação seriada ou de um curso.

Recepção

A preocupação com a recepção é fundamental para o êxito de um programa rádio educativo. Podemos distinguir duas formas de recepção:

a) Recepção Individual: o aluno, isoladamente, recebe as aulas emitidas. Neste caso a mensagem deve ser capaz de ser interpretada à medida que é recebida, para que o aluno seja estimulado a reagir diante da emissão. Aqui o manual complementar do aluno se torna indispensável;

b) Recepção Organizada: os alunos, reunidos com um monitor, instrutor ou professor, recebem a mensagem educativa. O monitor é a figura-chave de todo o processo. As intervenções permitem comprovar a compreensão, retificar erros de interpretação e insistir sobre as ideias fundamentais transmitidas. Para isto se faz necessário um treinamento especial do monitor para o trabalho. Material de

acompanhamento

Na radiodifusão educativa é imprescindível a existência de material de acompanhamento, tanto para o monitor (no caso de recepção organizada), como para alunos [...].

Avaliação

A finalidade da avaliação é definir até que ponto os objetivos propostos estão sendo atingidos. Assim, para se realizar qualquer processo de avaliação é necessária uma definição clara dos objetivos que se intenta a atingir. No trabalho de radiodifusão educativa a avaliação deve estar presente em todas as fases. [...]

Avaliação constante deve ajudar a descobrir pontos positivos e as falhas a remover; durante a transmissão, a avaliação deve possibilitar o conhecimento das reações dos alunos, ao fim dos cursos se faz necessário a avaliação geral dos resultados obtidos [...].

Fonte: Horta (1972, p.76-77)

Identificamos que existem diversos elementos pedagógicos para operacionalizar uma programação radio educativa. Na estrutura referente a audiência a forma de organização sobre uma produção de radiodifusão deve ser planejada com a finalidade de adequar uma linguagem acessível, a partir dos interesses e vivências dos sujeitos, para atingir uma audiência dos ouvintes pelo rádio.