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Pré-dimensionamento de elementos estruturais

No documento João Pedro Monteiro Serafim (páginas 79-84)

4 ANÁLISE DE PONTES SUSPENSAS

4.7 Pré-dimensionamento de elementos estruturais

Para serem obtidas as ações provocadas pelas sobrecargas no pré-dimensionamento, é preciso numa primeira fase proceder-se ao dimensionamento dos elementos estruturais presentes numa ponte suspensa. Este dimensionamento recai sobre os parâmetros geométricos que cada elemento estrutural irá conter, podendo mais tarde serem utilizados no pré-dimensionamento das ações provocadas pela sobrecarga. Deste modo, esta secção irá abordar os pendurais e os cabos.

 Pendural

O dimensionamento dos pendurais, requer numa fase inicial, a determinação de uma estimativa preliminar da força que transita do tabuleiro para o cabo. Sendo o pendural o elemento intermédio de ligação entre estes dois elementos, a sua geometria assume grande importância. Um dimensionamento inadequado deste elemento poderá levar à rotura, retirando assim estabilidade à estrutura podendo provocar colapso.

Se esta força for provocada por uma carga distribuída, esta irá ser a que está contida no espaçamento entre pendurais . Se a carga aplicada for uma carga pontual , esta pode ser transformada numa carga uniforme, distribuída ao longo de uma distância trinta vezes superior à altura do tabuleiro (Figura 4.14).

As aproximações aqui apresentadas são muito grosseiras face aos valores que no final de projeto se esperam obter. Contudo, são as aproximações necessárias à obtenção de uma primeira geometria para o pendural.

Figura 4.14 – Distribuição de forças no tabuleiro para o pré-dimensionamento da geometria do pendural [4]. Assim, é possível perceber que a força absorvida pelo pendural, assumindo a ação de todas as cargas sobre o tabuleiro, pode ser obtida recorrendo à equação:

( ) (4.65)

onde é a força instalada no pendural devido ao conjunto de cargas contidas no tabuleiro. Esta expressão pode posteriormente ser simplificada se alguma destas cargas não estiver a ser implementada sobre a estrutura, sendo que, quando a única carga atuante é uma carga distribuída seja ela sobrecarga ou carga permanente, a equação acima reduz-se à expressão:

( ) (4.66)

Considerando uma carga unitária pontual, a equação (4.65) assume a forma:

(4.67)

Admitindo que a tensão de cedência do pendural é a tensão de cedência do aço ( ), obtém-se a área da secção transversal do pendural ( ). Esta resulta da divisão da força presente no pendural ( ) pela tensão de cedência do aço ( ) e determina-se a equação que permite obter a área da secção transversal de um pendural:

. /

(4.68) Admitindo que os pendurais têm uma secção circular, o diâmetro desta secção pode ser obtido recorrendo à expressão:

√ (4.69)

O diâmetro do pendural ( ) é então determinado, tendo em conta o conjunto de cargas atuantes presentes na estrutura. Contudo, pode também proceder-se ao dimensionamento inverso do cabo,

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escolhendo a secção do mesmo e calculando a ação ( ), obtendo a tensão de cedência, ou seja, efetua- se um pré-dimensionamento condicionado à escolha do material constituinte.

 Cabo

O pré-dimensionamento da secção transversal do cabo principal é efetuado em duas fases. Uma primeira, onde se obtêm as reações provenientes de elementos estruturais devidas às cargas atuantes e sobrecargas (presentes no tabuleiro e peso próprio do mesmo, ignorando o peso próprio dos pendurais, por ser muito inferior ao dos restantes elementos) e uma segunda fase onde estas reações são usadas para se obter a área ideal do cabo de forma a resistir as ações atuantes. Há que ter em conta que de forma a evitar problemas de fadiga, a tensão máxima que é utilizada nos cabos é de 200 MPa.

Na primeira fase é necessário determinar duas forças: a força axial máxima presente no cabo ( ) e o impulso horizontal ( ) (Figura 4.15).

Figura 4.15 – Equilíbrio de forças presente no cabo no topo da torre [4].

A força é calculada considerando que, tanto as cargas permanentes devido ao peso próprio dos elementos estruturais, como as sobrecargas e devidas ao tráfego, são aplicadas ao tabuleiro.

Para a obtenção da tensão máxima presente no cabo ( ) é necessário considerar o peso próprio do cabo principal (Figura 4.16). Esta parcela denominada por está apresentada no modelo de carregamento utilizado para a determinação das parcelas e .

Figura 4.16 - Modelo de carregamento utilizado na obtenção dos esforços apresentados [4].

Nesta figura estão representados todos os esforços atuantes necessários para a obtenção do pré- dimensionamento da área do cabo. A partir das equações de equilíbrio é possível então determinar a equação que permite calcular a força horizontal presente no cabo principal:

( ) (4.70)

Segundo [4], a força máxima de um cabo principal pode ser obtida por:

√( )

(4.71)

Introduzindo a equação (4.70) na equação (4.71) e resolvendo-a, deduz-se a expressão simplificada para a obtenção da força máxima de tensão atuante no cabo:

,( ) -

(4.72)

A equação (4.72) considera que o perfil existente no cabo é parabólico, sendo que não consideram-se as deformações que a estrutura sofre devido à atuação de sobrecargas.

Transformando a força máxima no cabo em e o peso próprio do cabo em em

, onde representa a área do cabo e a densidade do material constituinte do cabo, obtém-se

a expressão que permite calcular a área do cabo que resista às ações atuantes: ,( ) -√

(4.73)

e o diâmetro correspondente a esta área, este diâmetro , é obtido pela expressão:

√ (4.74)

O diâmetro dos cabos laterais, recorre à máxima tensão no vão lateral como mostrado na Figura 4.15, calculado por:

(4.75)

onde é o ângulo que o cabo faz com uma reta tangente ao ponto onde este se situa, desta forma a área do cabo lateral é obtida através da expressão:

(4.76)

Aplicando a equação (4.75) na equação (4.76) determina-se a seguinte expressão:

(4.77)

Nesta situação pode também encontrar-se o diâmetro do cabo à qual corresponde esta área, efetuando uma expressão análoga à equação (4.74).

A área que irá ser adotada para o cabo, terá que ser a maior área obtida entre a equação (4.73) e (4.77) para que seja possível uniformizar toda a secção do cabo.

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Relembra-se que a secção que é obtida desta forma é sobredimensionada, pois é admitido que todo o carregamento (cargas permanentes + sobrecargas) são transmitidas na totalidade para o cabo. Tal facto não se comprova sendo que existe uma parte da sobrecarga que é transmitida para a viga.

No documento João Pedro Monteiro Serafim (páginas 79-84)