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5.2 Reconhecimento da confiança em cada atividade

5.2.1 Pré-processamento e transformação: variáveis relacionadas à confiança

Para a identificação da confiança os atributos temporais utilizados foram o tempo para a definição dos pontos-chave do problema e para elaboração da hipótese. Entretanto, a forma de categorização foi diferente da utilizada no modelo relacionado ao esforço, descrito na seção 5.1.1. No caso da confiança, busca-se verificar se o estudante apresentou um tempo considerado normal ou se este foi muito acima dos demais, do que poderia ser considerado normal para a atividade em questão.

É possível inferir que ao exibir um tempo muito acima do esperado, o aluno demonstra insegurança, estar confuso, indeciso na resolução ou não entender o que é proposto, situações que podem indicar uma baixa confiança para elaborar e postar o conteúdo solicitado. Outra hipótese é que um tempo excessivo pode indicar uma dificuldade de agir autonomamente, caracterizando assim, uma baixa independência, enfatizando a relação entre confiança e independência citada anteriormente. Considerando que a problematização envolve uma mudança na forma de resolver a atividade, um estímulo para um comportamento ativo, tempos

acima do normal podem indicar que o estudante está pouco confiante na sua capacidade apresentar uma especificação coerente e completa, ou não assimilou totalmente o método adotado.

Considerando estas hipóteses, optou-se por classificar os tempos em duas categorias, NORMAL e ACIMA, sendo esta última a classe que indica menor confiança. Analisando as amostras de tempos de cada atividade foram analisadas duas possibilidades para categorização, o uso da média ou da mediana de cada atividade. Foi possível verificar que em algumas atividades os valores destas duas medidas eram próximos, enquanto em outras estavam distantes.

Como o principal objetivo é capturar valores que estejam fora do padrão, muito acima do que é esperado, a estratégia adotada foi calcular o valor dobrado da média, ou seja, calcula- se a média dos tempos da atividade e compara-se o tempo de cada aluno com este valor, sendo caracterizados como tempos acima do normal os que forem maiores do que o dobro da média. Avaliações empíricas e testes com amostras de dados demonstraram que a média poderia ser usada, mas que seria necessária uma regra adicional. Foi possível constatar que em algumas amostras o valor da média era bastante alto, em função de alguns alunos apresentarem tempos altíssimos. Para evitar que alguns destes registros fossem classificados como normais, foi criada uma regra complementar, que determinou que valores acima de 60 (uma hora) fossem sempre categorizados como acima do normal. A determinação deste limite foi feita de forma empírica, observando os dados coletados e levando em consideração a complexidade dos problemas, que é bem menor em disciplinas introdutórias como Algoritmos e Programação, na qual os dados foram coletados.

A maioria das atividades apresentou um número baixo de tempos acima do normal, entretanto, problemas mais complexos apresentaram um número um pouco superior, como mostra a tabela 20, que representa os tempos de dois exercícios do estudo de caso. No primeiro exercício, menos de 5% das atividades tiveram tempos acima, enquanto na atividade 11, aproximadamente 40% ficou nesta categoria.

Para a confiança foram utilizados ainda alguns atributos que já foram relacionados e detalhados no modelo para reconhecimento do esforço por atividade, como, por exemplo, o nível de compreensão e a proporção do tempo gasto nas duas primeiras etapas em relação ao tempo total da atividade.

Tabela 20 – Tempos e determinação da classe para reconhecimento da confiança

Exercício 1 Exercício 11 Aluno Tempo Classe Tempo Classe

Aluno 1 7 NORMAL 9 NORMAL

Aluno 2 17 NORMAL 90 ACIMA

Aluno 3 15 NORMAL 120 ACIMA

Aluno 4 15 NORMAL 3 NORMAL

Aluno 5 21 NORMAL 7 NORMAL

Aluno 6 16 NORMAL 135 ACIMA

Aluno 7 23 NORMAL 6 NORMAL

Aluno 8 13 NORMAL 42 NORMAL

Aluno 9 12 NORMAL 13 NORMAL

Aluno 10 15 NORMAL 160 ACIMA

Aluno 11 28 NORMAL 157 ACIMA

Aluno 12 14 NORMAL 180 ACIMA

Aluno 13 15 NORMAL 9 NORMAL

Aluno 14 1 NORMAL 10 NORMAL

Aluno 15 14 NORMAL 12 NORMAL

Aluno 16 15 NORMAL 160 ACIMA

Aluno 17 38 ACIMA 52 NORMAL

Aluno 18 11 NORMAL 26 NORMAL

Aluno 19 16 NORMAL 15 NORMAL

Aluno 20 16 NORMAL 39 NORMAL

Aluno 21 17 NORMAL 141 ACIMA

Aluno 22 18 NORMAL 148 ACIMA

Aluno 23 33 NORMAL 150 ACIMA

Aluno 24 14 NORMAL 14 NORMAL

Aluno 25 15 NORMAL 9 NORMAL

Aluno 26 14 NORMAL 14 NORMAL

Aluno 27 4 NORMAL 15 NORMAL

Aluno 28 29 NORMAL 131 ACIMA

Média 16,6 68,1

Fonte: Elaborado pelo autor

Com relação aos acessos às dicas e ao pseudocódigo, a estratégia adotada no pré- processamento foi apenas registrar se ocorreu acesso ou não, não sendo adotada uma medida do número de vezes que a dica foi lida. A conversão envolve simplesmente gerar um caractere (“S” ou “N”) a partir dos registros das ações dos usuários na base do sistema.

Outro dado coletado para indicar a confiança diz respeito ao número de vezes que um estudante inicia, para e retoma a atividade, o que no caso dos logs do ambiente Moodle gera um registro específico. No PROALG o estudante pode clicar no botão para parar o exercício,

sair da página ou retornar ao menu. Estes registros foram usados para gerar o atributo que inicialmente foi denominado de retomadas.

Assim como nos demais atributos, foi definida uma regra para discretização dos valores desta variável. Foram definidas três classes possíveis, que indicaram que não houve retomada (NENHUMA), que houve uma ou duas retomadas (POUCAS), ou que o estudante parou e retornou mais de duas vezes (MUITAS). Os valores utilizados para definição das categorias foram definidos empiricamente, a partir de uma análise dos dados coletados, considerando que uma maior linearidade, menor número de entradas e saídas pode ser considerada como uma característica associada a um maior grau de confiança.

Ao final da atividade foi solictado que o aluno avaliasse a dificuldade da atividade, a partir de três opções possíveis, fácil, difícil ou médio. Esta avaliação foi inserida no sistema PROALG como uma ação obrigatória para finalizar a tarefa, portanto, todos os estudante devem selecionar uma das alternativas para entregar a atividade. Este atributo consiste em um autorrelato do estudante sobre a sua percepção a respeito de cada um dos exercícios realizados, o que pode indicar se ele está mais confiante na sua capacidade de resolução, por ter achado fácil ou se a confiança é menor, por ter encontrado dificuldades durante a resolução.

Segundo Fayad e (2006) o pré-processamento inclui em muitos casos o preenchimento de dados faltantes, em algumas entradas. Durante o estudo piloto não foi solicitada uma avaliação da complexidade da atividade, embora os estudantes pudessem se manifestar em fóruns criados para este fim. Em algumas atividades foi possível inferir o grau de dificuldade na opinião do aluno pela sua manifestação, porém em outros não havia informações disponíveis para determinar o valor desta variável. Nestes casos foi utilizada uma distribuição proporcional, compatível com os registros coletados no estudo de caso, como estratégia para preencher os valores faltantes para esta variável. Atividades cuja complexidade era menor na maioria dos casos foi avaliada como fácil pelos discentes, ao contrário das atividades de maior complexidade.

A seguir serão apresentadas as variáveis usadas no reconhecimento da confiança em cada atividade:

 Tempo para definição dos pontos-chave do problema (classe_tp_prob_cf): classificação indicando se o tempo foi NORMAL ou ACIMA.

 Tempo para a definição da hipótese (classe_tp_hip_cf): segue o mesmo padrão de classificação do tempo para o problema.

 Proporção de tempo das duas primeiras etapas em relação a escrita do código (classe_prop_ph): utiliza-se a mesma classificação definida para a identificação do

esforço, indicando se o tempo é “PROPORCIONAL” ou

“DESPROPORCIONAL”.

 Acesso à dica 1 (visualizou_dica1): indica se o aluno acessou a primeira dica (S) ou não (N).

 Acesso à dica 2 (visualizou_dica2): indica se o aluno acessou a segunda dica (S) ou não (N).

 Acesso ao pseudocódigo (visualizou_pseudo): indica se o aluno acessou o pseudocódigo (S) ou não (N).

 Nível de compreensão (classe_nivel_compreensao): avaliação da compreensão demostrada pelo aluno, a partir da descrição dos pontos-chave e da hipótese. É utilizado o mesmo o padrão de classificação, alto, médio e baixo, que é empregado na identificação do esforço. É uma avaliação qualitativa do resultado da análise e descrição do problema e da hipótese e um nível mais baixo de compreensão pode indicar um grau de confiança menor do estudante.

 Avaliação do grau de dificuldade feito pelo estudante (classe_avaliacao_aluno): resposta do estudante para cada atividade, indicando se achou fácil, médio ou difícil.

 Número de retomadas (classe_retomadas): indica se forma muitas, poucas ou nenhuma retomada.