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4.2 Construção e validação de instrumento segundo PASQUALI (1998)

5.4.4 Pré-teste

Corroborando com Polit e Hungler (1995), Marconi e Lakatos (1996) que frisam que o teste-piloto visa testar o instrumento de pesquisa sobre uma pequena parte da população do "universo" ou da amostra, antes de ser aplicado definitivamente, a fim de evitar que a pesquisa chegue a um resultado falso. Seu objetivo, portanto, é verificar até que ponto esses instrumentos têm realmente condições de garantir resultados isentos de erros.

Streiner e Normam (2001), afirmam que o pré-teste, talvez seja a melhor maneira de garantir que os itens do instrumento sejam compreendidos pela população-alvo.

Pasquali (1998) afirma que antes de partir para uma validação final do instrumento piloto, este deve ser submetido a uma análise teórica dos itens através da análise semântica (população-alvo).

A análise semântica para o autor citado tem como objetivo verificar se todos os itens são compreensíveis para todos os membros da população à qual o instrumento se destina. Devem ser relevantes duas preocupações: “verificar se os itens são inteligíveis para o estrato mais baixo (de habilidade) da população-meta e por isso, a amostra para essa análise deve ser feita com esse estrato; para evitar deselegância na formulação dos itens, a análise semântica deverá ser feita também com uma amostra mais sofisticada (de maior habilidade) da população-meta para garantir a chamada ”validade aparente” do teste”.

Exemplificando, Pasquali (1998) entende por extrato mais baixo, aquele segmento da população-meta que apresenta menor nível de habilidades. Assim, se o teste se destina a uma população que congrega indivíduos do primeiro grau de ensino até universitários, obviamente o estrato mais baixo neste contexto são aqueles do primeiro grau e o mais sofisticado será representado pelos de nível universitário. De qualquer forma, a dificuldade na compreensão dos itens não deve se constituir em fator complicador na resposta dos indivíduos, dado que não se quer medir a compreensão deles, mas sim a magnitude do atributo a que os itens se referem.

A técnica recomendada por Pasquali (1998) para realizar a análise semântica dos itens, por ter se mostrado mais eficaz ao avaliar a compreensão dos

itens do instrumento no pré-teste é fazer a aplicação deste em pequenos grupos de pessoas (três a quatro). Iniciando a aplicação em um sujeito de estrato mais baixo da população-meta, apresentando item por item e pedindo que ele reproduza sua compreensão, porque se supõe que se tal estrato compreende os itens, a posteriori o estrato mais sofisticado também os compreenderá.

O pré-teste teve, assim, o objetivo de verificar a compreensão do instrumento pelos pacientes laringectomizados, testar o sistema de atribuição dos escores e avaliar o tempo de preenchimento. Foi realizado junto a uma amostra de quatro pacientes do GARPO – Laringectomizado, na reunião mensal do grupo que aconteceram na última quarta-feira dos meses de maio e junho de 2002.

Seguindo a recomendação de Pasquali (1998), foram escolhidos como amostra para o pré-teste: um paciente do sexo masculino não alfabetizado acompanhado de seu familiar; uma paciente do sexo feminino com o primeiro grau incompleto; um paciente do sexo masculino com o segundo grau e um paciente do sexo masculino de nível universitário (pós-graduado) da área da saúde, totalizando quatro.

Os pacientes foram convidados a participarem da investigação, assinando o Termo Pós-informado, colocados na sala oito de interação “Maria de Lourdes Gonzaga Gouveia”, após o término da reunião mensal do GARPO – Laringectomizado (Casa número cinco do Campus Universitário da USP – Ribeirão Preto), orientados a lerem cuidadosamente os itens do instrumento, por domínios, e a cada parte, manifestarem verbalmente suas dúvidas quanto à compreensão dos itens, onde a pesquisadora as registrou no próprio instrumento (evitando assim

constrangimento ao indivíduo em escrever). Em seguida, repetiu-se à leitura de todo o instrumento.

O tempo utilizado para o preenchimento foi em média de 40 minutos. O instrumento apresentado aos pacientes laringectomizados e seus familiares nesta etapa foi compreendido, tendo em vista que apenas, uma paciente do sexo feminino com o primeiro grau incompleto, pediu para que fosse colocado no final do instrumento um espaço para sugestões; um paciente do sexo masculino de nível universitário (pós-graduado) da área de saúde (o instrumento para este paciente, a seu pedido, foi entregue no seu local de trabalho) sugeriu que acrescentassem no quarto e último domínio 10 itens que são descritos a seguir já renumerados.

O item 82 “eu estou satisfeito com os tipos de sons que consigo produzir”, item 83 “eu estou satisfeito com o meu tom de voz”, item 84 “eu estou satisfeito com o nível de compreensão da minha fala”, item 85 “eu estou satisfeito com a minha qualidade de comunicação”; item 86 “eu estou satisfeito com a minha comunicação na família”, item 87 “eu estou satisfeito com a minha comunicação no trabalho” e item 88 “eu estou satisfeito com a minha comunicação com os amigos”.

O item 82 alterou a renumeração e a redação de “eu estou satisfeito com a minha comunicação pelo telefone”, para 89 “eu estou satisfeito com a minha comunicação pelo telefone com a família”, o mesmo continuou a acrescentar, item 90 “eu estou satisfeito com a minha comunicação pelo telefone com os amigos” e item 91 “eu estou satisfeito com a minha comunicação pelo telefone com estranhos”.

O item 83 foi renumerado para noventa e 92, o item 93 foi acrescentado “eu estou satisfeito com a minha fluência de comunicação” e renumerando o item 84 para item 94.

Finalmente desmembrando o item nove do primeiro domínio, para 9.1 “se não, escrever a profissão atual”, renumerou o item 9.1 para item 9.2, e retirou o enunciado da parte um “os itens a e b serão preenchidos pela pesquisadora”, para “por favor, responder a todas as perguntas. Observação: quando o paciente não for alfabetizado, é permitida a colaboração de alguém da família (ou a pessoa que preferir)”, lembrando que este instrumento também foi enviado pelo correio para pacientes de outras cidades.

Pasquali (1998) ressalta que nesta fase de pré-teste é importante que o indivíduo com melhor nível educacional da população-alvo verifique o instrumento item a item e como um todo, para evitar que os mesmos se apresentem demasiadamente primitivos e assim perderem a validade aparente: “os itens devem também dar a impressão de seriedade”.

Cabe acrescentar que o instrumento ficou, então, constituído por 94 itens, divididos em quatro domínios descritos a seguir:

O primeiro com 14 itens de um a 14 e quatro sub-itens (9.1, 9.2, 10.1 e 14.1) de identificação do perfil do paciente após a laringectomia total. O segundo com nove itens de 15 a 23 e sete sub-itens (15.1, 18.1, 19.1, 20.1, 21.1, 22.1 e 23.1) de identificação da situação do tratamento cirúrgico.

O terceiro com 56 itens de 24 a 79 de avaliação funcional da comunicação do paciente após a laringectomia total e o quarto com 15 itens de 80 a 94 de avaliação da satisfação da comunicação do paciente após a laringectomia total.

Este sendo denominado agora, o instrumento para realização da coleta de dados (Anexo H). Esta versão foi submetida aos procedimentos empíricos e analíticos.

Cabe ressaltar que os dados obtidos no pré-teste foram desprezados, para não viciar a amostra.

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