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10. RESULTADOS E DISCUSSÃO

10.5. Pró-atividade em Suportar Fatores Humanos

A linha de frente na promoção de um ambiente mais seguro na manutenção aeronáutica é formada pela gerência e diretoria das organizações. As decisões dessas áreas refletem no comprometimento de toda a equipe envolvida, pois o impacto das mesmas pode, por exemplo, limitar tarefas onde a segurança está exposta a riscos ou manter a execução das mesmas em função de interesses comerciais (CAA, 2002b).

O suporte ativo da diretoria/gerência em palavras e ações para o programa de fatores humanos foi indicado por 60% dos participantes, sendo que 30% concordam completamente e 30% concordam com o mesmo. No entanto, um número razoável dos pesquisados (25%) revelaram não existir qualquer apoio dessa área ao programa de fatores humanos, conforme apresentado no Gráfico 10.15.

GRÁFICO 10.15: Suporte da gestão da empresa ao programa de fatores humanos

Segregando os dados por grupos (Tabela 10.8), a discordância em relação ao apoio da gestão é mais intensa no grupo 01, onde a mesma foi apontada por 40% dos participantes. O inverso dessa situação é verificado pelo valor informado pelos integrantes do grupo 02, sendo que 50% revelaram concordar completamente com a existência de apoio ao programa de fatores humanos por parte da gestão da organização.

TABELA 10.8: Apoio com palavras e ações da gestão ao programa de fatores humanos na manutenção

Alternativas Grupo 01 (%) Grupo 02 (%) Geral (%) Média FAA (%) Média

Discordo completamente 10 0 05 ---

Discordo 40 10 25 ---

Não concordo nem discordo 10 10 10 ---

Concordo 30 30 30 65

A existência de comunicação aberta com os funcionários por parte da gestão é necessária para promover o entendimento e compreensão sobre o assunto fatores humanos dentro da organização. Dessa forma, o comprometimento com as ações de segurança é aumentado, pois todos os membros envolvidos são considerados responsáveis e atuantes perante o programa de fatores humanos da empresa (ICAO, 2003).

A fim de identificar a participação dos funcionários no programa de fatores humanos, os pesquisados foram questionados sobre a existência e funcionamento de um canal de comunicação formal para apresentações de sugestões (Gráfico 10.16). Novamente, a diferença entre o desejável e a prática ficou evidente. A maioria dos participantes discordou da existência de um canal formal de comunicação para a apresentação de sugestões em fatores humanos. Apenas 35% acusaram a existência do mesmo.

GRÁFICO 10.16: Existência de um canal formal para fatores humanos

Quando estratificados em função do porte da empresa, percebe-se que o problema é encontrado principalmente em empresas menores, sendo indicada a falta de canal formal para sugestões em fatores humanos por 70% dos integrantes do grupo 02.

Outro ponto relevante foi a grande diferença encontrada entre a pesquisa feita pelo FAA e os dados obtidos das organizações nacionais. Somando-se as alternativas concordo e concordo completamente, o FAA apresentou um valor de 59%. O mesmo é bem superior ao apresentado pelas empresas participantes, o qual foi de 35%, conforme apresentado na Tabela 10.9. Isso revela a presumível necessidade de avanços por parte das organizações nacionais em relação à criação de mecanismos internos de comunicação sobre fatores humanos.

TABELA 10.9: Existência de meio formal para que funcionários apresentem sugestões sobre questões em fatores humanos

Alternativas Grupo 01 (%) Grupo 02 (%) Geral (%) Média FAA (%) Média

Discordo completamente 10 0 05 ---

Discordo 10 70 40 ---

Não concordo nem discordo 30 10 20 ---

Concordo 40 10 25 59

Concordo completamente 10 10 10

Corroborando com a deficiência do canal de comunicação para apresentação de sugestões sobre o assunto, o Gráfico 10.17 mostra os dados obtidos sobre a existência de reuniões regulares entre o especialista da empresa para fatores humanos e a gerência da organização, os quais revelaram um grande distanciamento entre os mesmos. Nesse caso, somente 5% dos participantes concordaram sobre a presença de contatos regulares entre o especialista e a gerência. A grande maioria, 75% dos participantes, discorda ou discorda completamente sobre a existência de reuniões regulares entre ambos.

GRÁFICO 10.17: Existência de um método formal para comunicação entre o especialista de fatores humanos e a gerência

O reconhecimento da importância da pró-atividade em fatores humanos foi apontada por 70% dos participantes (Gráfico 10.18). No entanto, 10% dos pesquisados afirmaram que o tema não é contemplado explicitamente no orçamento da organização e os outros 90% desconhecem sobre o assunto (Tabela 10.10).

GRÁFICO 10.18: Reconhecimento do valor da pró-atividade do programa de fatores humanos

TABELA 10.10: Existência de provisão no orçamento para as intervenções necessárias em função de fatores humanos.

Alternativas Grupo 01 (%) Grupo 02 (%) Média Geral (%) Média FAA (%)

Sim 0 0 0 12

Não 20 0 10 ---

Não sei 80 100 90 ---

No que tange a participação da empresa em algum programa de segurança para a comunicação voluntária de erros humanos, metade dos pesquisados afirmaram positivamente em relação a participação (50%), a outra metade revelou que não a mesma não participa do referido programa (50%).

Quando separados em grupos, os resultados foram similares. No caso da não participação, os resultados do grupo 01 e do grupo 02 foram respectivamente 40% e 60%. Em relação à resposta positiva de participação, 60% e 40% foram os valores apresentados pelos grupos 01 e 02, respectivamente.

A respeito da participação ativa das organizações em grupos de trabalho sobre fatores humanos nas áreas de governo e indústria, o Gráfico 10.19 mostra que nenhum dos pesquisados concordou com algum nível de participação de sua empresa com as áreas citadas. Do total dos respondentes, 40% desconhecem sobre o assunto, 5% discordam e 55% discordam completamente.

GRÁFICO 10.19: Participação ativa da empresa em grupos de trabalho sobre fatores humanos nas áreas de governo e indústria

Comparados com dados da pesquisa do FAA, a falta de mobilização e discussão sobre o assunto no âmbito governamental e privado pelas empresas nacionais é bastante significativa (Tabela 10.11). Enquanto nenhuma resposta positiva foi obtida pelo presente trabalho, 36% dos respondentes da pesquisa FAA indicaram que os mesmos são participantes ativos em grupos de fatores humanos na indústria e no governo. Esse fato revela que o assunto é pouco difundido nos meios governamentais e empresariais, sendo necessária a criação de estímulos que promovam a interação entre os diferentes grupos envolvidos com o tema. Essa iniciativa aumentaria a troca de experiências e o compartilhamento das melhores práticas abordadas em fatores humanos por diferentes organizações.

TABELA 10.11: Grau de participação ativa da empresa em grupos de trabalho sobre fatores humanos nas áreas de governo e indústria

Alternativas Grupo 01 (%) Grupo 02 (%) Geral (%) Média FAA (%) Média

Discordo completamente 10 100 55 ---

Discordo 10 0 05 ---

Não concordo nem discordo 80 0 40 ---

Concordo 0 0 0 36

Concordo completamente 0 0 0

10.6. Motivação para o Programa de Fatores Humanos e Segurança