• Nenhum resultado encontrado

E ssa com preensão tinha im plicações em outras áreas; p o r exem plo: C alvino entende que a divergência em questões secundárias não deve servir

No documento Raízes Da Teologia Contemporânea (páginas 92-94)

de pretexto para a divisão da Igreja; afinal, todos, sem exceção, estão envol­

tos p or “algum a nuvenzinha de ignorância” ...

... S ão palavras do A p ó sto lo : ‘T od os qu antos so m o s p erfeito s sin ta m o s o m esm o ; sc a lg o e n ten d eis de m aneira diferente, tam bém isto v o s haverá de revelar o S e n h o r ’ [Fp 3 .1 5 ], N ã o está e le , porventura, a su fic ien tem e n te ind icar que o d issen tim e n to accrca d estas c o u sa s não a ssim n ecessá ria s não d e v e ser m atéria de separação entre c ristãos? P or certo qu e estará em pri­ m eira plana que em todas as co u sa s esteja m o s em acordo; m as, um a v e z que n in gu ém há que não esteja en v o lto de alg u m a n u v en zin h a de ig n o râ n ­ c ia , im p õ e -se que ou n enhum a igreja d e ix em o s , ou p erd o em o s o en g a n o n e ssa s c o u sa s que po ssa m ser ignoradas não so m en te in v io la d a a su m a da relig iã o , m as tam bém aquém da perda da sa lv a çã o .

M as, aqui, não quereria eu patrocinar a erros, seq u er o s m ais d im in u to s, de sorte que ju lg u e d evam ser fom en ta d o s, co m agir co m c o m p la cê n c ia e ser- lh es c o n iv e n te .133 D ig o , porém , que não d e v e m o s por c a u sa d e qu aisqu er d issen tim e n to z in h o s abandonar irrelletid am en te a Igreja, em qu e so m en te se retenha sa lv a e ilib ad a e ssa doutrina, m ercê da qual se m antém firm e a

q u e r o u tro d a e la sse d eles, nos atrai m arav ilh o sam en te, nos d e le ita e nos c o m o v e m ao p o n to de nos a rre b a ta re m ” [João C a lv in o , /U In stitu to s, (1 5 4 1 ), 1.24],

130 Jo ã o C a lv in o , ,4.í In stitu to s, II.2 .I5 . E le acrescen ta: S e o S en h o r n o s quis d este m o d o aju d ad o s p ela o b ra e m in istério d o s ím pios na física, na d ialética, n a m atem ática e nas d em ais áreas d o saber, façam o s uso d estas, p ara q u e não so fram o s o ju sto castig o de nossa d isp li­ c ên cia, se n eg lig en ciarm o s as d á d iv as de D eus nelas g ra c io sa m e n te o fe re c id a s.” (J. C a lv in o , A s

In stitu to s, 11.2.16). (V d. J. C a lv in o , /\.r In stitu ía s, II.2.1 2 -1 7 ).

131 R. H o o y k aas, A R elig iã o e o D e se n v o lv im e n to d a C iência M o d ern a , B rasília, DF., E d ito ra U n iv e rsid a d e d e B rasília, 1988, p. 152.

1,2 J. C a lv in o , B reve T ratado S obre L a S a n to C ena: In: T ratados B reves, B u e n o s A ires/ M é x ico , L a A u ro ra /C a sa U n id a de P u b licacio n es, 1959, p. 46. [Vd. J.l. Packcr, "F u n d a m e n ta lism ”

a n d th e W ord o fG o d , G ran d R ap id s, M ic h ig a n , E crd m an s, 1988 (R ep rin tcd ), p. 34],

113 “P au lo , pois, nos en sin a [E f 5.11] que, q u an d o não rep ro v a m o s os m au s, essa é um a e sp écie d e c o m u n h ã o com as obras in fru tíferas das trev as. É certa m e n te um m odo de agir m uito p e rv e rso q u an d o ccrtas pessoas, b u sc an d o alcan ça r o fav o r h u m an o , in d ire ta m e n te d e sd e n h a m de D eu s; e to d o s são c o n iv e n te s em fa zer co m que seus n eg ó cio s sejam d o ag rad o d o s perv erso s. D av i, co n tu d o , se n te d eferên cia, não tanto pela p esso a d o p erv erso , m as pelas suas o bras. O lio-

in c o lu m id a d e da p ied ad e e c o n se rv a d o é o u so d o s sacram en tos in stitu íd o p e lo S en h o r.134

N ã o v ejo , porém , n enh um a razão por q u e um a igreja, por m a is u n iv ersa l­ m en te corrom pida, d esd e que con ten h a uns p o u co s m em b ros sa n to s, não d e v a ser d en o m in a d a , e m honra d e s s e r em a n esc e n te , d e san to p o v o de D e u s .135

C on tan to q u e a r elig iã o c o n tin u e pura quanto à doutrina e ao cu lto , não d e v e m o s d eix a r-n o s abalar em d em asia ante o s erros e p eca d o s qu e o s h o ­ m en s co m ete m , c o m o se c o m is s o a u n idade da Igreja f o s s e dilacerada. E ntretanto, a ex p e r iên c ia de todas as ép o c a s n o s en sin a qu ão p e rig o sa esta ten tação se torna quando v e m o s a Igreja de D e u s , que d e v e p ro sseg u ir is e n ­ ta d e toda e qu alquer m an ch a p o lu en te e resp lan d ecer e m in corru p tível pureza, nutrindo em seu s e io um grande nú m ero d e hip ócritas ím p io s ou p e ss o a s perversas. ( . . . ) M as C risto, em M ateu s 2 5 .3 2 , c o m ju sta razão a le ­ ga ser seu, c o m toda propriedade, o o fíc io p ecu liar d e separar as o v e lh a s d o s cabritos; e por is s o n o s a d m o esta que d e v e m o s suportar o s m aus, e que não está em n o sso poder corrigi-los, até que as co isa s se tornem am adurecidas e c h e g u e o tem p o próprio d e purificar a Igreja. A o m e sm o tem p o , o s fié is são aqui in tim a d o s, cad a um em su a própria esfera, a em pregar to d o s os seu s e s fo r ç o s para q u e a Igreja de D e u s seja pu rificad a das co rru p çõ es que n ela ainda p ersistem .

( . . . ) O sagrado c eleiro de D eu s não estará perfeitam en te pu rificad o antes do ú ltim o dia, quando C risto, em sua vinda, lançará fora a palha. M as E le já c o m eç o u a fazer isso através da doutrina do seu E van gelh o, qu e cham a c rivo

d e jo e ir a r . N ã o d ev em o s, pois, de form a algum a ser ind iferentes acerca d esse

assunto; ao contrário, d ev e m o s antes m ostrar-nos absolu tam en te sérios, para que to d o s n ós que p rofessam os ser cristãos p o ssa m o s levar um a vida santa e im aculada. A cim a de tudo, porém , o que D e u s aqui declara c o m resp eito a toda injustiça d ev e ficar in d elev elm en te im p resso em n o ssa m em ória; ou seja, que E le os proíbe de entrar em seu santuário, e con d en a sua ím pia presunção em irreverentem ente introm eter-se na so cied a d e dos sa n to s.136

m em q u e vê o p erv erso sendo h onrado, e pelos aplausos do m u n d o se to rn a ain d a m ais o b stin ad o em sua p erv e rsid a d e , e que de bom grado dá seu co n sen tim e n to ou ap ro v a ç ã o , com isso não estará e n a lte c e n d o o vício, em vez da au to rid ad e, c o en v o lv en d o de so b e ran o p o d e r? ” [João C a lv in o , O

L ivro d o s S a lm o s. Vol. 1, (SI 15.1), p. 293").

134 J. C a lv in o , A s In stitu ía s, IV. 1.12. E m outro lugar: “ O n d e se p ro fessav a o C ristian ism o , se ad o ra v a um único D eus, se p raticav am os S acram en to s e se e x ercia alg u m g ên ero de m in istério , ali p erm a n e c ia m as m arcas da Igreja. N em se m p re en co n tram o s nas igrejas tal p u re z a co m o era de se desejar. A in d a a m ais p ura tem suas m áculas, e alg u m as têm não só um as p o u cas m an ch as aqui e ali, m as são q u a se q u e c o m p letam en te defo rm ad a s. N ão d ev em o s ficar tão d e sc o n c e rta d o s pelo en sin o e vida de a lg u m a so c ied ad e que, se não ficam o s sa tisfeito s co m tudo o q u e sc p ro c e d e ali, en tã o p ro n ta m e n te n eg am o s ser ela um a ig reja.” [João C a lv in o , G álatas, S ão P au lo , P aracleto s,

1998, (G1 1.2), p. 25],

115 João C alvino, O L ivro d o s Salm os, São Paulo, P aracletos, 1999, Vol. 2, (SI 50.4), p. 401. 136 Jo ã o C a lv in o , O L ivro d o s S a lm o s, Vol. 1, (SI 15.1), pp. 2 8 7 -2 8 9 .

Ca p ít u l o 2 - A Re f o r m a Pr o t e s t a n t e 101

T od avia, aind a quando a Igreja seja rem issa em seu dever, n ão por is s o será d ireito de cad a um em particular a si p e sso a lm e n te assu m ir a d e c is ã o de se p a ra r-se.137

H á tanla rab u gice em qu ase Iod os e s s e s in d iv íd u o s q u e, estan d o e m seu poder, de bom grado fariam para si su as próprias igrejas, porquanto se torna d ifícil a co m o d a rem -se a os m o d o s das d em a is p e s s o a s .Bs

É in d u b itável que a nós c o m p e te cu ltivar a u n idade da form a a m ais séria, porque Satan ás e stá bem alerta, seja para arrebatar-nos da Igreja, ou para d esa co stu m a r-n o s dela de m aneira fu rtiv a .139

N a sua concepção a hum ildade se constitui num prim eiro passo para

No documento Raízes Da Teologia Contemporânea (páginas 92-94)