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PREFERÊNCIA DOS BANCOS POR OPERAÇÕES DE TESOURARIA E O CARÁTER CONSERVADOR DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

5 OS DETERMINANTES DA EVOLUÇÃO DO VOLUME DE CRÉDITO NA ECONOMIA BRASILEIRA: UM ENFOQUE PÓS-KEYNESIANO

5.1 PREFERÊNCIA DOS BANCOS POR OPERAÇÕES DE TESOURARIA E O CARÁTER CONSERVADOR DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

A explicação para a retração, em termos reais, das operações de crédito não pode ser encontrada na restrição de oferta, visto que na abordagem pós-keynesiana da firma bancária a oferta de moeda é endógena. De acordo com tal vertente do pensamento econômico (pós-keynesiana) a curva de oferta monetária é horizontal no espaço definido pelos eixos da taxa de juros e da quantidade de moeda (FREITAS, 1999, p.115). Assim, a oferta de crédito é resposta à demanda do público, dada a capacidade dos bancos de atuarem dos dois lados do balanço (ativo e passivo) sendo capazes de financiarem seus ativos.

A oferta de moeda torna-se interdependente da demanda por moeda (daí deriva o caráter endógeno da moeda) As autoridades monetárias não têm um controle absoluto sobre a quantidade de moeda disponível na economia, influenciando indiretamente o volume de intermediação financeira, procurando afetar as condições de custo e a disponibilidade de reservas dos bancos. Através da manipulação da taxa de juros e do nível de reservas bancárias, podem influir no volume e no preço do crédito bancário, sendo que o resultado final sobre o volume de oferta de crédito resulta das respostas do sistema bancário às variações nas taxas de rentabilidade de suas diferentes operações ativas. A base de reservas, levando em conta as condições gerais de acesso à liquidez estabelecidas pelo banco central, que limitam ou expandem a capacidade de captação de recursos por parte dos bancos, pode se expandir endogenamente de modo a atender as demandas por empréstimos por parte do público, desde que seja rentável para as instituições bancárias (PAULA, 1998, p.11).

Buscar a explicação para o comportamento das operações de crédito analisando o lado da demanda não parece plausível visto que durante o período analisado houve crescimento econômico, ainda que pequeno, e este é um determinante da demanda por crédito. Embora sejam importante ressaltar que as elevadas taxas de juros praticadas no mercado financeiro nacional sejam um inibidor da demanda por créditos bancários.

Tendo como base a preferência pela liquidez de Keynes (1988) na qual os agentes econômicos, inclusive os bancos, possuem preferência pela liquidez, compondo seu portifólio de aplicações em termos do trade-off entre retornos e risco, mudanças nas expectativas dos bancos, que agem sob condições de incertezas não-probabilísticas, inerentes à própria característica da atividade bancária, afetam a estrutura das suas aplicações. Assim, as formas como os bancos projetam o ambiente econômico influênciam sua estrutura patrimonial, visto que os bancos, segundo o enfoque pós-keynesiano, agem de forma ativa dos dois lados do balanço, tomando suas decisões orientadas pela expectativa de maiores lucros.

Com a expectativa de um ambiente econômico favorável, os bancos tendem a privilegiar a rentabilidade à liquidez, adotando uma postura mais ousada expondo-se mais ao risco da atividade bancária. Tendo uma perspectiva otimista, os bancos aumentam a participação dos adiantamentos e empréstimos, para tanto agem de forma ativa no lado dos passivos via técnicas de administração de passivos, como a introdução de novos produtos e serviços financeiros (inovações financeiras) a fim de captarem mais recursos.

Em suma, os agentes financeiros ao terem expectativas favoráveis com relação ao ambiente econômico tendem a diminuir a relação entre ativos líquidos/ativos ilíquidos, favorecendo, sobretudo, o aumento dos empréstimos.

Diante de um ambiente de incertezas quanto à estabilidade econômica, os bancos adotam uma postura mais conservadora, agindo de forma defensiva no que se refere às suas aplicações.

Segundo Minsky em Paula (2003), em um cenário de crise, os bancos amplificam a mesma, pois expressam mais profundamente sua preferência pela liquidez, ou seja, os bancos aumentam a relação ativos líquidos/ativos ilíquidos, ou seja, as instituições financeiras tendem a privilegiar títulos do governo a adiantamentos e empréstimos tornado-se mais cautelosos na concessão de créditos.

Em particular, os bancos expressarão suas posturas mais conservadoras, procurando diminuir sua exposição aos riscos da atividade bancária, uma vez que seu estado de confiança sobre as perspectivas da economia e dos negócios se deteriora e os riscos percebidos aumentam (PAULA, 2003, p.145).

Ressalta-se que o período que sucedeu à implantação do Plano Real foi caracterizado pela estabilidade dos níveis de preços, ou seja, estabilidade monetária. Entretanto é importante levar em consideração que no período analisado houve algumas conturbações conjunturais que afetaram as formulações das expectativas dos bancos, e conseqüentemente, o seu comportamento. A postura adotada pelos bancos afetou a concessão de crédito na economia brasileira. Dentre algumas convulsões de caráter conjuntural, destacam-se a crise bancária de 1995-1996, a crise econômica no leste asiático em 1997, a mudança do regime cambial em 1999, a crise política e econômica na Argentina, a crise energética nacional além das incertezas causadas pelos atentados terroristas em 2001 e as incertezas quanto às eleições presidências de 2002 que foram reforçadas pelas variações ascedentes da trajetória das taxas de juros.

Tais abalos implicaram na manutenção da postura conservadora do sistema financeiro em suas operações ativas, por meio da seletividade do crédito e da preferência pelas operações de tesouraria, evidenciando sua preferência por liquidez. Apesar de no período analisado ter havido estabilidade monetária não houve estabilidade econômica o que levou o sistema financeiro a operar na lógica do curto prazo, tendo preferência por liquidez, adotando uma postura mais defensiva.

No primeiro momento do Real os bancos exploraram o contexto de forte crescimento econômico e o aumento na demanda por crédito, para compensarem as perdas das receitas inflacionárias. Dessa forma os bancos atenderam ao aumento da demanda por crédito dos agentes econômicos, adotando uma postura financeira mais ousada. No segundo momento, a partir da crise bancária de 1995 e, posteriormente, com a crise externa de 1997/98, os bancos passaram a adotar uma postura mais defensiva, expressão de sua maior preferência pela liquidez (PAULA, 2001, p. 287). Tal postura se manteve com a mudança do regime cambial em 1999 e com as incertezas com relação à eleição em 2002.

É importante salientar que no caso brasileiro a preferência por operações de tesouraria se intensifica, justamente pela alta rentabilidade dos títulos públicos nacionais. Durante o período analisado a taxa de juros básica da economia situou-se em patamares bastante elevados. Devido ao fato da mesma representar um custo de oportunidade para os bancos entre conceder crédito ou investir em títulos de dívida pública, o comportamento da taxa básica de juros influenciou a oferta de crédito no período, visto que esses ativos oferecem elevadas taxas de juros. A taxa básica de juros situou-se em termos nominais em 25,8% ao ano em média no período analisado. Desta forma a taxa de juros da economia brasileira gerou uma disfunção no mercado de crédito, isto é, os bancos preferem investir em títulos públicos, ao invés de realizar operações de crédito.

Com base em Oreiro (2005) o aumento da taxa de juros básica irá levar o banco a reduzir o volume de crédito oferecido ás empresas, aumentando dessa forma o nível de racionamento de crédito. Tal fato ocorre porque “um aumento da taxa básica de juros irá aumentar a rentabilidade total dos ativos defensivos (título do governo) estimulando os bancos a aumentar a sua posição líquida defensiva” (OREIRO, 2005, p. 129).

Sendo assim a explicação para o comportamento da oferta de crédito encontra força na medida em que os bancos são instituições empresariais submetidas a lógica de valorização do capital, portanto visam lucro.Para tanto, os bancos administram seus passivos e ativos objetivando maior

rentabilidade. No caso brasileiro, aliam sua preferência por ativos líquidos com a alta rentabilidade dos títulos públicos federais.

Os bancos, como todos os outros agentes, possuem preferência pela liquidez e expectativas em relação ao futuro, que norteiam as estratégias que traçam em sua busca incessante de valorização. [...]. Como o propósito dos bancos em se manter líquidos depende de sua consideração otimista ou pessimista sobre o estado dos negócios ao longo do ciclo econômico, é possível que, em certas circunstâncias, decidam racionar o crédito, refreando o crescimento econômico ou mesmo conduzindo à regressão da produção e do investimento. De igual modo, podem privilegiar o financiamento da circulação financeira, financiando os agentes especuladores ou suas próprias atividades especulativas. (FREITAS, 1999, p. 131).

Um fato relevante para justificar comportamento dos bancos e do crédito no período em que a economia se estabilizava foram às medidas introduzidas pelas autoridades monetárias a fim de minimizar o risco sistêmico e aquelas voltadas para ajustar o sistema bancário brasileiro as exigências do Acordo da Basiléia I.

Com relação aos ajustes estruturais do sistema financeiro destacaram-se a regulamentação do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), dos Proes (Programa de Incentivo á Redução do Setor Público Estadual á Atividade Bancária) e o redesenho das linhas de ação para reestruturar o setor financeiro, notadamente os bancos oficiais e estaduais, destacando a implantação do processo de privatização de instituições financeiras.

A adoção do Acordo da Basiléia com intuito de homogeneizar as regras do sistema financeiro nacional com as regras internacionais, adequação do grau de alavancagem do patrimônio líquido ao grau de risco da carteira transparência das demonstrações financeiras e baratear o custo de captação no exterior alterou o comportamento dos bancos e de suas aplicações.

A adesão do país ao Acordo ocorreu em agosto de 1994 com a Resolução nº2.099 do Bacen. Tal Resolução estabeleceu que a alavancagem do sistema financeiro seria de 12,5 o que equivale a 8% a razão capital-ativo. A Resolução também estabeleceu classificações de risco dos ativos com ponderação de 0%,20%,50% e 100%. Ressalta-se que os títulos públicos federais são considerados de risco nulo e as operações de empréstimos e financiamento são consideradas de risco normal, tendo ponderação de 100%.

Soares (2001) explica bem as conseqüências de Resolução nº2.099 do Banco Central no que se refere à composição dos passivos e ativos dos bancos.

Em função dessa Resolução, tem-se que, para cada R$ 100,00 que os bancos apliquem em créditos, necessitam ter R$ 8,00 de capital [patrimônio líquido]. Por outro lado, para cada R$ 100,00 aplicados em títulos do governo federal, não necessitam comprometer nada do seu patrimônio. Esta é a maneira de dizer que esses ativos são considerados livres de risco e que conseqüentemente, nenhum capital seria necessário para sustentá-los (SOARES, 2001 p. 31).

O critério de ponderação zero para os financiamentos destinados ao governo federal é danoso a performance do sistema econômico. À medida que o Banco Central considera esse critério de ponderação para os títulos públicos, exigindo percentuais mínimos de capitalização para o sistema financeiro, criará interesses para que desloquem recursos da atividade produtiva para o setor público.(MALAN; MAIA, 1998, p.29). Ocorre dessa forma o deslocamento das aplicações em créditos para o financiamento da dívida pública.

Em junho de 1997 a Resolução nº 2.399 exigiu que a razão capital-ativo aumentasse de 8%, razão recomendada pelo Acordo da Basiléia, para 10%. Essa norma implicou na redução da capacidade de alavancagem dos bancos de 12,5 para 10 vezes o patrimônio líquido (PL). Em novembro do mesmo ano foi editada a Circular nº 2.784 de 27/11/1997 que elevou mais uma vez a razão capital-ativo para 11%. Dessa forma, houve mais uma redução na capacidade de alavancagem do sistema financeiro que foi reduzido para 9,09 vezes o PL. A partir dessas duas normas, para cada

R$ 100,00 que os bancos apliquem em empréstimos necessitam manter não mais R$ 8,00 em patrimônio líquido, e sim R$ 11,00.

Medidas que aumentem a necessidade de elevação do capital mínimo ponderado pelo risco agem limitando a oferta de crédito. Caso os bancos optarem por não aumentarem seu capital, a fim de apresentar um índice de maior lucratividade para seus acionistas, diminui o limite dos mesmos para aplicação de crédito. Ressalta-se a exigência da razão capital/ativo de 11% se mantêm até os dias atuais, ou seja, a alavancagem do sistema financeiro é de 9,09 vezes o PL6.

Desta forma medidas que alterem a exigência da razão capital-ativo afetam a realocação dos recursos das aplicações bancárias favorecendo os ativos de pequena ponderação visto que com o aumento de tal razão o setor bancário ou deve aumentar o seu capital ou deve reduzir seus ativos considerados de risco normal, notadamente suas operações de crédito, realocando suas aplicações para ativos de ponderação de risco zero, principalmente títulos da dívida pública federal.

Os títulos públicos federais são considerados de risco zero o que implica que o aumento da participação dos mesmos na estrutura dos ativos das instituições financeiras não requer a necessidade de aumento de capital em contrapartida. Sendo assim, além de apresentarem liquidez e possuírem alta rentabilidade os títulos públicos nacionais possuem risco zero não necessitando assim, de capital para financiá-lo.

A análise da estrutura de ativos do sistema financeiro comprova tal argumento, conforme demonstra a Tabela 1, referente à composição dos ativos do SFN entre 1995 e 2004.

Tabela 1 – Estrutura dos ativos do sistema financeiro nacional em % (1995 a 2004) Discriminação 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 aplicações interfinanceiras de liquidez 22,7 24,1 20,0 16,7 12,7 13,0 12,8 15,5 16,8 16,0 Operações de crédito e Arrendamento Mercantil 31,7 30,4 25,4 26,4 26,0 27,0 24,4 23,7 24,7 26,5 Operações de tesouraria 13,3 15,9 21,1 22,2 23,9 23,1 28,0 25,2 24,9 23,7 Permanente 11,9 9,8 10,0 12,1 12,5 11,6 10,6 10,3 10,7 10,5 Outros ativos* 20,4 19,8 23,4 22,5 25,0 25,3 24,1 25,2 23,0 23,3

OBS : outros inclui operações cambiais,com derivativos,dentre outros

aplicações em tesouraria são aplicações financeiras de curtíssimo prazo, sobretudo com títulos públicos Fonte: DEPEC - Banco Central do Brasil

Observamos que as aplicações em tesouraria, aplicações de curtíssimo prazo, apresentaram significativa expansão no período. Em 1995 as operações em tesouraria correspondiam a 13,3% do ativo do sistema financeiro nacional. Entretanto em 2004 as aplicações em tesouraria correspondiam a 23,7% do total do ativo, crescimento de 10,4 pontos percentuais. Em contrapartida a participação das aplicações em operações de crédito e arrendamento mercantil no total do ativo do sistema financeiro diminuiu entre 1995 e 2004. No ano de 1995 as operações de crédito e arrendamento mercantil representavam 31,7% do ativo do sistema financeiro, em 2004, sua participação no total do ativo reduziu para 26,5%, queda de 5,2 pontos percentuais. Observamos assim, um efeito deslocamento, pois parcela considerável das aplicações do sistema financeiro nacional é consumida na rolagem da dívida interna, que cresceu significativamente nos últimos anos (Figura 15).

Figura 15. Evolução da dívida líquida do setor público como proporção do PIB Fonte: Tesouro Nacional

O indicador do sistema financeiro nacional, a alavancagem das operações de crédito (número de vezes em que as operações de crédito são superiores ao patrimônio líquido), revela uma retração no período observado (Tabela 2), evidenciando a menor expansão das operações de crédito diante da maior capitalização desse setor econômico. Ou seja, o comportamento do setor bancário se manteve conservador quanto à concessão de novos empréstimos expressando a maior cautela dos bancos.

Tabela 2 – Alavancagem das operações de crédito – razão empréstimos e financiamentos por patrimônio líquido (1995 a 2004)

Discriminação (ano) 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Sistema financeiro nacional 6,7 4,4 4,5 3,4 3 3,3 2,7 2,6 2,3 2,5

Fonte: DEPEC - Banco Central

Em suma, o grande fator determinante para a retração dos saldos das operações de crédito na economia brasileira se deve a postura conservadora do sistema financeiro nacional que privilegia as aplicações em títulos da dívida federal à concessão de crédito dado que aqueles são ativos que possuem propriedades bastantes atrativas quais sejam liquidez, rentabilidade e segurança. Essa

0 10 20 30 40 50 60 70

jul/94 jul/95 jul/96 jul/97 jul/98 jul/99 jul/00 jul/01 jul/02 jul/03 jul/04

alta liquidez, inclusive, favorece rápidas mudanças de posição em função de alterações do grau de risco e da rentabilidade dos ativos concorrentes.

6 CONCLUSÕES

Durante o período de alta inflação o sistema financeiro brasileiro adaptou tanto sua estrutura patrimonial quanto sua estratégia visando explorar as oportunidades do ganho inflacionário. No ambiente de alta inflação as receitas com a inflação se caracterizaram como as principais fontes de recursos para o setor bancário brasileiro.

Com a introdução do Plano Real e, consequentemente, a estabilização monetária, esperava-se que a oferta de crédito na economia fosse aumentar. Argumento este, justificado pelo fato dos bancos ao perderem sua principal fonte de receita tenderiam a buscar novas fontes de recursos e essa seria a ampliação da oferta de crédito em suas operações ativas.

A análise do comportamento temporal da oferta de crédito, em termos reais, na economia brasileira contradiz tal argumento. A análise da evolução dos saldos das operações de crédito no período 1995-2004 nos mostra que a mesma apresentou uma tendência decrescente, ou seja, o aumento dos preços superou o aumento dos saldos das operações de crédito.

Uma importante constatação foi a evolução ascendente dos saldos das operações de crédito concedidos às pessoas físicas. Esse comportamento reforça o argumento de que o sistema financeiro nacional opera na lógica de curto prazo, explorando as oportunidades de obter maiores lucros, visto as altas taxas de juros cobradas nas operações de crédito destinadas a este segmento, cuja característica é se tratar de operações de curto prazo.

Destaca-se também que a redução da participação do sistema financeiro público na concessão de créditos não foi acompanhada pela maior participação do sistema financeiro privado, apesar do patrimônio líquido do mesmo ter aumentado durante o período.

Esse comportamento é justificado com base nas estratégias e postura do setor bancário no período analisado. Com base no referencial teórico pós-keynesiano da firma bancária, os bancos têm preferência pela liquidez tendendo assim, a privilegiar as operações de tesouraria em detrimento as operações de crédito. Deste modo o setor bancário conforma seu portifólio de acordo com o trade-off liquidez e rentabilidade.

Ressalta-se que no período analisado apesar de ter havido uma estabilidade monetária, controle inflacionário, não houve estabilidade econômica. No período houve algumas conturbações conjunturais que criaram um ambiente de incerteza levando os bancos a reforçarem sua posição conservadora privilegiando as operações com títulos públicos. No caso brasileiro a preferência natural dos bancos por operações de tesouraria é reforçada pela alta rentabilidade dos títulos da dívida pública que rendem juros reais elevados e são considerados de risco zero. Desta forma a elevada taxa de juros básica da economia brasileira gerou uma disfunção no mercado de crédito, isto é, os bancos preferem investir em títulos públicos, ao invés de emprestar para o público, perdendo assim uma de suas principais funções numa economia monetária que é o financiamento do dispêndio produtivo.

Nestas circunstâncias a potencialidade de expansão da economia brasileira torna-se limitada pela restrição de financiamento, sobretudo aos setores produtivos, visto que os bancos têm papel central no estabelecimento das condições de financiamento na economia.

Assim se faz necessário a adoção de medidas que aumente o volume de crédito na economia brasileira e direcione os para os setores produtivos.

A condição necessária para alavancar as operações de crédito é a redução das taxas de juros, embora não suficiente, visto que essas são bastante elevadas e impossibilitam o investimento produtivo além de causar um deslocamento das aplicações dos bancos para os títulos públicos. É necessária tambémm, adoção de medidas que limitem as aplicações em títulos públicos federais a fim de evitar o deslocamento de parcela significativa das aplicações do sistema financeiro em títulos da dívida. Ressalta-se que isso requer também uma redução do giro da dívida pública concomitantemente à sua rentabilidade.

REFERÊNCIAS

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Organização do sistema financeiro nacional: sua criação, evolução e estágio atual. Dezembro, 1993, mimeo.

__________. Programa de redução da participação do setor público estadual na atividade

bancária. Julho, 1998a, mimeo.

__________. A supervisão bancária no Brasil. Disponível em: < http://www.bcb.gov.br >. Setembro, 1998b. Acesso em: 10/08/04

__________. Análise do ajuste do sistema financeiro no Brasil. Disponível em: < www.fazenda.gov.br >. Maio, 1997. Acesso em: 10/08/04

___________. Indicadores de crédito (Séries temporais). Disponível em: <

http://www4.bcb.gov.br/pec/series/port/ >. Acesso em mai.-jun. 2005.

BARROS, J. R. M.; ALMEIDA Jr., M. F. A reestruturação do sistema financeiro no Brasil. Disponível em : < http://www.fazenda.gov.br >l. Agosto, 1996. Acesso em: 21/05/04

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