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1 A FORMAÇÃO DO PORTUGUÊS DO BRASIL 1 1 Introdução

2. PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

2. 1 Fundamentação teórica

2. 1. 1 Linhas gerais da sociolingüística variacionista

Neste capítulo, são feitas considerações sobre a sociolingüística variacionista, linha teórico-metodológica utilizada neste trabalho, e sobre aquisição e a mudança lingüística. Em seguida, é feito um detalhamento das variáveis (dependente e independentes) e são apresentados dados sobre a utilização do suporte estatístico, o pacote de programas Varbrul.

O objeto de estudo da sociolingüística é a fala viva em seu contexto real, não a língua apenas idealizada, objeto de outros tipos de estudo. Essa ciência estuda fatos lingüísticos propriamente ditos em seus contextos e tem como preocupação explicar a variabilidade lingüística e sua relação com diversos fatores (lingüísticos e sociais) e a interferência dessa variação na mudança lingüística. A sociolingüística considera a heterogeneidade não só comum, mas como uma situação natural ou normal da língua, conforme se pode conferir em Labov (1983: 259):

“... nos últimos anos, temos chegado a nos dar conta de que esta é a situação normal: que a heterogeneidade não só é comum senão que é o resultado de fatores lingüísticos básicos. O que sustentamos é que a ausência de variação estilística e de sistemas de comunicação multiestratificados é que resultaria disfuncional.”

Segundo Labov (1982: 17), a heterogeneidade, objeto do estudo sociolingüístico, é vista como uma heterogeneidade ordenada. Sendo parte

integrante da economia lingüística da comunidade, é necessária para satisfazer as demandas lingüísticas da vida cotidiana e deve ser entendida como distinta da variação livre.

A ocorrência de variantes relaciona-se a traços do ambiente interno e a características externas, do falante e da situação (estilo contextual, status e mobilidade social, etnicidade, sexo, idade). Segundo (Labov, 1982: 18), os estudos demonstram como a escolha de variantes identifica o falante, seu grupo social, sua faixa etária, sexo etc. Labov (1983: 31) afirma que as pressões sociais operam continuamente sobre a linguagem, não desde um passado remoto, mas como uma força imanente que atua constantemente no presente18.

O objeto da descrição lingüística é a gramática da comunidade discursiva: o sistema de comunicação usado na interação social. Um estudo sociolingüístico envolve observação de uma comunidade, levantamento de hipóteses de trabalho, seleção de informantes, coleta, análise e interpretação de dados. Ao analisar uma amostra de língua coletada em uma determinada sincronia, com objetivos de observar a variação/mudança no uso da comunidade, é imprescindível que ela represente a forma comum como essa língua é usada, o seu registro informal.

Na teoria variacionista, a mudança lingüística não é vista como exterior ao sistema, mas como integrante do seu caráter heterogêneo. Para se fazer o estudo da mudança, segundo a teoria variacionista, existe a necessidade de se considerar essa característica da língua, pois toda mudança pressupõe variação (Labov, 1982:20). Dessa forma, podem-se identificar mudanças em progresso, observando-se a concorrência de variantes velhas e novas, fase da mudança em que poderão ser identificados

18

“... las presiones sociales están operando continuamente sobre el lenguaje, no desde un punto remoto del pasado, sino como una fuerza social inmanente que actúa en el presente vivido”.

contextos favorecedores da nova forma e situações em que a forma velha é mantida. A observação da variação em uma sincronia pode, pois, apresentar dados indicadores da mudança.

Na visão de Labov (1994:9), a estabilidade deveria ser a principal característica das línguas, diante do fato de elas serem usadas como instrumento de comunicação. As línguas, no entanto, mudam e a mudança não está associada simplesmente ao desgaste ou erosão devido ao uso.

Uma resposta a que se quer chegar é o que as mudanças buscam. É comum dizer-se que todas elas levam à simplificação, mas, se isso fosse verdade, as línguas estariam cada vez mais simples, mas nem todas as mudanças parecem caminhar nessa direção. Outro aspecto importante a se observar é a avaliação que os falantes fazem sobre a mudança, pois existe a pressuposição de que, sendo considerada como positiva ou como negativa, isso possa interferir no curso de uma mudança.

Os dados dos informantes mais jovens têm propensão de indicar tendências de mudança nas línguas; a observação dos falantes mais velhos, por outro lado, podem ser ricos em registros que sirvam para caracterizar a conservação de traços que caminham para o desuso. Assim, através desse estudo em que se tem acesso a amostras de fala dos dois grupos, pode-se ter um indicador de dados do passado e projeções para o futuro daquela língua. Esse estudo da mudança, com a observação das faixas etárias em uma sincronia, é o que se denomina estudo em tempo aparente (Labov, 1994: 45-6). Para que se confirmem as inferências de mudança feitas nesse tipo de estudo, é necessário que se faça o estudo em tempo real, com a observação de dados de mais de uma sincronia (Labov, 1994:73). Ao se fazer um estudo em tempo real, pode-se optar pelo panel study, com o recontato dos mesmos informantes em outro período de tempo, ou pelo

trend study, em que se contatam outros informantes com as mesmas

características do primeiro grupo, em outra época. Como o primeiro deles é viabilizado normalmente com bem mais dificuldade, ele não é feito com freqüência, pois deve haver uma distância de em média vinte anos entre as sincronias. Ocorre que, nesse período, muitos informantes morrem ou se desinteressam de colaborar com a pesquisa feita anos atrás. Ainda há outros problemas, como mudança de cidade ou de condições, como perda de lucidez, de dentes, etc. Com o estudo em tempo real, pode-se observar se a mudança, prevista no estudo em tempo aparente, se confirmou, se continua o seu percurso, ou se é, ao contrário, a mesma variação atestada anteriormente, demonstrando, dessa forma, ser uma variação estável.

O estudo através das faixas etárias também leva a elucidação de fatos da história da língua e pode-se, dessa forma, utilizar dados do presente para estudar o passado. O uso do presente para explicar o passado depende da identificação de pontos de contato entre fatos lingüísticos, similaridade ou divergência entre eles. É dessa forma que estudos da variação, da mudança e da reconstituição histórica da língua, hoje, fazem parte de uma mesma área.

O estudo da mudança em progresso em uma sincronia, através de dados de gerações diferentes, pode demonstrar:

1) uma variação estável, em que co-ocorrem variantes diversas, sem evidenciar mudança em progresso;

2) uma mudança tomando lugar e conduzindo à diferenciação estrutural significante em duas ou três gerações.

A variação entre os gêneros também é um dado que pode ajudar no estudo da mudança. Segundo Labov (1991:211), em situação de variação

estável, o gênero masculino normalmente usa uma freqüência mais alta de formas da linguagem não padrão que o gênero feminino, e as mulheres são geralmente inovadoras em situação de mudança lingüística (Labov, 1991:215). Mas Labov (1983:374) adverte que será um erro grave construir um princípio geral segundo o qual são as mulheres que encabeçam sempre a mudança lingüística. Lopes (2000) estudou a variação/mudança em tempo aparente e em tempo real da concordância de número no sintagma nominal, na fala de informantes universitários de Salvador. Nesse trabalho, apesar de a diferença encontrada entre as duas sincronias (décadas de 70 e de 90) ser muito pequena, considerou-se a possibilidade de mudança diante do comportamento dos mais jovens, em comparação com os mais velhos, e da constatação de que as mulheres se mostraram mais inovadoras que os homens.

Labov (1983: 374) observa que as mulheres exercem um papel mais direto na transmissão da língua para as crianças:

“Se é certo que se dá uma influência dos pais na linguagem inicial dos meninos, a das mulheres é ainda maior; certamente as mulheres falam aos meninos pequenos mais que os homens e têm uma influência mais direta durante os anos em que as crianças estão formando regras lingüísticas com mais rapidez e eficácia. Parece provável que o ritmo na progressão e na orientação da mudança lingüística devem muito à especial sensibilidade das mulheres diante do conjunto do processo.”

Apesar de Labov (1983:374) referir-se a pesquisas que mostram as mulheres na frente em mudanças fonéticas do inglês, o autor afirma que o

correto não seria generalizar que as mulheres estão sempre encabeçando as mudanças, mas que

“... a diferenciação sexual da fala desempenha com freqüência um papel primordial no mecanismo da evolução lingüìstica”. (Labov, 1983:374).

O nível de escolarização pode ser um dado favorecedor da variação ou da mudança lingüística. Os estudos já realizados mostram que, em casos de mudança, os falantes mais escolarizados privilegiam a forma socialmente mais valorizada e, ao contrário, na fala desses informantes há o desfavorecimento de formas características da fala popular.

Silva e Paiva (1996) falam de três tendências básicas de efeito da escolarização em relação à substituição da forma não padrão pela padrão:

“a) Podem ocorrer casos em que os falantes entram na escola oscilando entre um grande e um pequeno uso da variante padrão, mas a escola „poda‟ a variante não- padrão (...); b) em outros casos, em que a maioria dos falantes entra na escola sem usar a variante padrão, esta é adquirida durante sua escolarização sem que desapareça, porém, a variante não-padrão (...); c) finalmente, uma terceira modalidade ocorre quando os falantes entram na escola apenas com a variante que se considera não- padrão, mas, paulatinamente, substituem essa variante pela considerada padrão.” (Silva e Paiva, 1996:348-9).

O estigma social que as variantes sofrem concorre grandemente para que o efeito da escolarização seja mais ou menos garantido pela atuação dessa instituição. Aquelas variantes mais estigmatizadas são priorizadas

pelo trabalho dos professores, que têm como papel preservar a forma padrão e impedir a mudança, ou seja, a generalização da variante desvalorizada, mas concorrente na língua. Quando a variação/mudança envolve um traço não estigmatizado, comumente não é alvo da escola e, assim, não sofre o efeito da pressão escolar.

As mulheres têm se mostrado mais sensíveis à escolarização que os homens, ou seja, quando mais escolarizadas, elas apresentam mais fortemente que os homens o efeito regulador que esse processo representa. Silva e Paiva (1996:349-50) observam que isso se dá pela forma diferente como os dois grupos se comportam no ambiente escolar: enquanto as meninas, mais freqüentemente, se interessam em ser as melhores alunas, isso não se dá com os meninos, que normalmente se interessam mais pela parte social que a escola traz, o recreio e a camaradagem entre os colegas.

Essas variáveis, como se pode supor, interferem conjuntamente nos usos lingüísticos, não de forma isolada.

2. 1. 2 A aquisição

A hipótese de que a variação da concordância no sintagma nominal do português brasileiro tem como explicação o tipo de aquisição da língua portuguesa pelos negros e pelos índios, no processo de colonização, no Brasil, faz surgir, nessa tese, a necessidade de se fazer um estudo sobre a aquisição. Nesta seção, de início, trata-se de aspectos relativos à aquisição lingüística de uma maneira geral. Em seguida, dar-se-á enfoque à aquisição com dados provenientes de aquisição como segunda língua, com mais divergência e variação e, finalmente, serão observados dados de um

contexto de aquisição com mais de uma gramática, dentro de uma visão gerativa.

Lightfoot (1999) defende que gramática é uma entidade individual e que as pessoas desenvolvem gramáticas, que são representadas nas suas mentes e que caracterizam seu conhecimento lingüístico19. Dessa forma, as gramáticas variam de uma pessoa para outra, resultado de diferentes experiências lingüísticas.

Esse autor mostra que, a despeito de dados tão reduzidos a que a criança se expõe, o que ele chama a “pobreza de estìmulos” (“the poverty of

the stimulus”), a gramática é fixada (Lightfoot, 1999:63). O mistério se

situa exatamente nesse ponto, pois a criança adquire muito mais do que a experiência apresenta como input.

“Ninguém nega que a criança deva extrair informação do seu meio; isso não quer dizer que exista “aprendizagem” no sentido técnico. Meu ponto é que a aquisição da linguagem é muito mais que isso. Crianças reagem a evidências conforme princípios específicos. Não é de todo claro que papel a indução assume. Ela não capacita a criança a determinar qual é a sentença bem formada nem explica como crianças “aprendem” o significado das mais simples palavras. Crianças não têm evidência suficiente para induzir o significado de casa, livro, ou

cidade ou de expressões complexas (…)”20 (Lightfoot, 1999:63)

19 “Individuals grow grammars, which are biological entities represented in people‟s brains and which

characterize their linguistic knowledge.” (p. 49)

20 “Nobody denies that the child must extract information from her environment; it is no revelation that

there is “learning” in that technical sense. My point is that is more to acquisition than this. Children react to evidence in accordance with specific principles. It is not at all clear what role induction plays.

Apesar da “pobreza do estìmulo”, a criança adquire a gramática, devido a certas propriedades do seu equipamento genético que fazem o desenvolvimento da linguagem. O estímulo do ambiente é apenas um “engatilhador”, pois muito do que é obtido no processo é determinado por princípios genéticos, ativados pela experiência. Lightfoot compara a aquisição da gramática ao crescimento dos pêlos: assim como eles nascem sob certas condições, como nìvel de luz, ar e proteìna, “assim, também, um organismo lingüístico regulado biologicamente emerge sob exposição a uma comunidade discursiva qualquer”21.

Na fase de aquisição da linguagem, as características dos dados a que a criança tem acesso são de fundamental importância para a definição do produto final a ser adquirido. A sua competência lingüística, ou seu “fenótipo”, será, pois, o resultado do processamento dos dados lingüísticos primários (DLP), ou triggers, acrescido de facilitações, modificações ou conclusões chegadas a partir de dados da sua faculdade de linguagem, ou seu “genótipo” (Lightfoot, 1999:66), inerente, pois, a todo indivíduo.

Myers-Scotton & Jake (2000a:1054) relacionam a ordem de aquisição da linguagem aos diversos tipos de morfemas, encontrados na estrutura da língua. Os autores apresentam quatro tipos de morfemas:

1) os content morphemes, ou morfemas de conteúdo (os substantivos, os adjetivos, os verbos são exemplos de content morphemes);

e os system morphemes, ou morfemas sistêmicos, podendo ser de três

tipos:

Induction does not enable a child to determine what a well-formed sentence is; nor does it explain how children “learn” the meanings of even the simplest words. Children do not have sufficient evidence to induce the meaning of house, book, or city, or of more complex expressions (…)” (Lightfoot, 1999:63).

21

“( …) just as hair emerges with a certain level of light, air, and protein, so, too, a biologically regulated language organ emerges under exposure to a random speech community.” (Lightfoot, 1999:74).

2) os early system morphemes (em inglês, out e at, em to look out e

to look at);

3) os bridge system morphemes (o morfema de plural –s, em two

tables);

4) os outsider system morphemes (o –s indicador de 3a pessoa em he

works).

Os autores consideram que esse estudo revela a hierarquia em que os diversos fatos da estrutura lingüística são adquiridos tanto em aprendizagem de primeira como de segunda língua.

Segundo Myers-Scotton & Jake (2000a:1055), a produção lingüística inicia-se no nível conceptual (pré-lingüístico), onde são ativados conjuntos de traços semântico-pragmáticos lingüisticamente específicos. Lemas, intermediários entre as intenções e a produção de estruturas sintáticas, são selecionados por esses conjuntos. Os lemas diretamente escolhidos no nível conceptual são a base para os content morphemes, ou morfemas lexicais. Além desse tipo de morfemas, os morfemas de conteúdo, definidos no nível dos lemas, outros são utilizados para concretizar as diversas intenções dos falantes, pois esses primeiros não são suficientes para fazê-lo: são os

system morphemes, ou morfemas gramaticais. Esses, apesar de não serem

morfemas de conteúdo, podem ser selecionados também no nível dos lemas ou, como a maior parte deles, no nível gramatical, ou no formulator. Esse nível é o responsável pela definição das estruturas gramaticais superficiais, pelas relações puramente sistêmicas ou estruturais.

São dois os aspectos que fazem as diferenças básicas entre os content e os system morphemes:

1) o status com respeito à ativação conceptual (ou a fase em que eles são selecionados);

2) a forma como os elementos participam na construção dos constituintes22.

Lemas subjazem os morfemas de conteúdos e são a relação direta entre intenções dos falantes e unidades lingüísticas. Esses lemas, no léxico mental, são diretamente eleitos pelos conjuntos de traços pragmático- semânticos abstratos, salientes no nível conceptual. Outros lemas subjazem a um tipo de system morphem “indiretamente eleito”, o “early system

morphem”, que contém estrutura conceptual essencial para atender às

intenções do falante.23 Podem-se encontrar exemplos do primeiro tipo,

content morphemes, ou morfemas de conteúdo, em

(1) Stella is interested in horticulture. (Myers Scotton & Jake, 2000a:1058).

Stella, interested, horticulture são content morphemes (morfemas de

conteúdo). São elementos que recebem ou projetam regras temáticas (argumento ou predicado).

O modelo identifica três tipos de system morphemes: os early system

morphemes (já referidos), os bridge late system morphemes e os outsider late system morphemes. Os early system morphemes, apesar de serem

ativados no nível dos lemas, juntamente com os morfemas de conteúdo, são

22 “First, morphemes are classified as to their status with respect to conceptual activation. Second, they

are classified according to how their forms participate in building larger constituents.” (Myers-Scotton and Jake, 2000b:3).

23

“The lemmas underlying content morphemes are the direct link between speakers‟intentions and linguistic units. These lemmas in the mental lexicon are directly elected by the bundles of abstract semantic and pragmatic features salient at the conceptual level. These directly-elected lemmas can point to other lemmas that further realize the bundles of semantic and pragmatic features. These other lemmas underlie one type of system morpheme, endirectly-elected early sustem morphemes. In combination with content morphemes, these early system morphemes contain essential conceptual structure for conveying

elementos da estrutura funcional, são elementos estruturais, sistêmicos, não são predicados nem argumentos. Um exemplo desse tipo de morfema é up e o the em

(2) Bora chewed up Lena‟s toy yesterday.

(3) I found the book that you lost yesterday. (Myers Scotton & Jake, 2000a:1063).

Tanto o the, quanto o up estão cumprindo diretamente as intenções do falante. A idéia de definitude do book já é determinada no nível das intenções do falante, assim como o up, que dá uma idéia diferente a chewed também foi definida no mesmo nível (daí serem early). Apesar disso, esses morfemas não recebem nem projetam regras temáticas, não são argumentos nem predicados (daí serem system). Os early system morphemes, então, são morfemas sistêmicos, estruturais, mas que são definidos mais cedo, na fase em que são definidos os morfemas de conteúdo, os content

morphemes, para atender a necessidade desses morfemas, no nível das

intenções.

Os content morphemes e os early system morphemes, juntos, enviam direções para a estruturação das sentenças, no nível gramatical, ou

formulator. Nesse último nível, outros morfemas sistêmicos ou estruturais

também são ativados, os late system morphemes. Os late system

morphemes são definidos apenas no nível funcional ou sistêmico, e são de

dois tipos:

1) bridge late system morphemes, para o que Myers-Scotton & Jake (2000a:1064) apresentam como exemplos as preposições e outros elementos que fazem as relações, atendem apenas às exigências

the speaker‟s intentions. Together, content morphemes and indirectly-elected system morphemes send directions to the formulator to build larger linguistic units.” (Myers Scotton & Jake, 2000b:3)

gramaticais. A análise da concordância no sintagma nominal do português que aqui se faz considera que esse fenômeno estrutural envolve, principalmente, morfemas do tipo bridge late system, além, também, de

early system morphemes, conforme se discute neste trabalho, na análise dos

dados. São, pois, tratados como early system morphemes os morfemas de plural nos nomes quando são os primeiros ou os únicos elementos pluralizáveis do sintagma ou aqueles em elementos anteriores imediatamente ao nome. Consideram-se bridge system morphemes todos os outros morfemas de plural do sintagma, pois eles são pluralizáveis apenas para cumprir orientação gramatical, a da concordância.

2) outsider late system morphemes, que são caracterizados como os

morfemas que dependem de informação gramatical fora do sintagma em que eles ocorrem24. Incluem morfemas verbais como os que indicam

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