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Prevenção de Acidentes no Trabalho Erro! Indicador não definido

2.1 O Surgimento das Patologias e a Proteção Acidentária Erro! Indicador não

2.2.2 Prevenção de Acidentes no Trabalho Erro! Indicador não definido

De acordo com as normas formalizadas pelo Ministério do Trabalho, em todos os estabelecimentos, cujo número de empregados seja igual ou superior a 20 (vinte), fica o empregador obrigado a constituir uma comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA), a qual deverá ser treinada e aperfeiçoada para instrução dos demais funcionários acerca da prevenção de acidentes de trabalho (CASTRO; LAZZARI, 2012).

À empresa ainda cabe cumprir com as normas de segurança e medicina do trabalho, instruindo seus empregados por meio de treinamentos voltados às precauções que cada empregado deve tomar no sentido de evitar os acidentes de trabalho conforme a sua atividade laboral desenvolvida, adotando as medidas reguladas pelo Ministério do Trabalho, mediante o órgão regional competente (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Todos os empregados devem receber por parte da empresa, de forma gratuita e em perfeito estado de conservação e funcionamento, o equipamento de proteção individual (EPI), obviamente adequado ao tipo de atividade desenvolvida pelo mesmo, sempre que esta oferecer algum risco de acidente ou danos à saúde dos empregados (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Da mesma forma, o empregado, por sua vez, deve sempre observar as normas de segurança e medicina do trabalho, bem como as instruções formalizadas pela empresa perante seus funcionários quanto às prevenções de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, e na falta destes, comunicar o sindicato da categoria ou ainda o órgão regional competente do Ministério do Trabalho para que fiscalize e exija a aplicação de tais normas à empresa, sob pena de multa,

colaborando assim com a sua saúde e também dos seus colegas de serviço (CASTRO; LAZZARI, 2012).

2.3 Doenças Ocupacionais

As doenças ocupacionais são aquelas originadas, ocorridas a partir da atividade laboral desenvolvida pelo empregado. São ocasionadas a partir da constante exposição a agentes físicos, químicos e também biológicos a que o empregado está acometido, podendo também ser desenvolvidas a partir do uso inadequado de novos recursos tecnológicos, possíveis agravantes à saúde humana (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Existem duas classes para classificação das doenças ocupacionais, dividindo- se em doença profissional aquela que decorre de situações comuns às atividades desenvolvidas por determinada categoria de trabalhadores, sendo também denominadas como idiopatias, tecnopatias ou ergopatias. Tais doenças classificam- se como comuns para profissionais da mesma atividade, embora em lugares diferentes. Para uma melhor compreensão, cita-se como exemplo clássico as doenças pulmonares que acometem os mineiros (CASTRO; LAZZARI, 2012).

O segundo grupo na classificação denomina-se doença do trabalho, estando vinculada a este, aquela adquirida ou desenvolvida em razão das condições e fatores específicos em que o trabalho do empregado é realizado. Trazendo um exemplo prático para melhor compreensão, pode-se considerar o caso de um empregado diagnosticado com DORT (Distúrbios do Sistema Osteomuscular Relacionados ao Trabalho), a qual fora originada a partir de lesões por esforço repetitivo, de forma que o trabalho desempenhado pelo empregado de primeiro momento não lhe traz prejuízo a saúde, mas que, com o passar dos anos, a partir da mesma esforço repetitivo vem acometer o desencadeamento desta patologia, ou seja, são problemas típicos desenvolvidos a partir de condições inadequadas sob o prisma da ergonomia (CASTRO; LAZZARI, 2012).

A prevenção para estes casos deve estar baseada na limitação do tempo de exposição ao agente causador na duração da jornada de trabalho, devendo ser

concedida pausas regulares durante as atividades, na alteração dos processos e reorganização das tarefas, de modo a evitar demandas em excesso, e na adequação de máquinas, mobília, equipamentos e ferramentas em geral, de modo a obedecer as normas ergonômicas (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Nestas doenças, são diferentes as características em comparação com as do acidente de trabalho, uma vez que a exterioridade da causa é de forma permanente. No entanto, é óbvio que muitas das doenças são previsíveis, de modo que não dependem de um evento único e de natureza violenta, mas sim, são congênitas ao trabalho desempenhado pela pessoa ao longo do tempo, de forma que estabelece o nexo causal entre a atividade desenvolvida e a doença. Diagnosticado, a Previdência deve reconhecer o acidente de trabalho quando a doença foi originada das práticas laborais, independe desta constar na relação do Regulamento (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Não deve-se confundir com doenças do trabalho as doenças degenerativas, as quais são causadas por agentes endógenos, resultantes na perda gradual da integridade física ou mental da pessoa, podendo ser elas inerentes ao grupo etário do empregado, estando relacionadas ao envelhecimento e as doenças endêmicas, adquiridas em função da região territorial em que se desenvolva, salvo exposição ou contato direto em função do trabalho. Contudo, recentemente, o agravamento de doença degenerativa em função do trabalho, tem sido considerado como doença ocupacional (CASTRO; LAZZARI, 2012).

2.4 Nexo Causal e Concausalidade

Para a caracterização do acidente de trabalho se requer que a patologia, além da incapacidade, tenha relacionamento direto com o exercício das atividades do trabalho, sendo que para esta relação entre o dano sofrido pelo empregado e a atividade laborativa por ele desenvolvida, denomina-se como nexo causal (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Desta forma, o nexo causal é o vínculo fático entre o dano, podendo este ser, incapacidade para o trabalho ou morte, à causa, ou seja, acidente de trabalho ou doença ocupacional (CASTRO; LAZZARI, 2012).

No entanto, para esta caracterização, faz-se necessária uma análise técnica, a ser realizada, obrigatoriamente, por médico perito ou ainda, por junta médica destinada a este tipo de serviço, formada por peritos nesta matéria (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Neste tocante, incumbe-se ainda, à figura do INSS, a investigação do nexo de causalidade mediante perícia médica por ele realizada, devendo este apontar a lesão sofrida e o trabalho desenvolvido, perturbação ou morte e o acidente ou doença, tipificando ou não, o evento como sendo oriundo do trabalho (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Também, equipara-se ao acidente de trabalho a chamada concausa, ou seja, a causa que mesmo não sendo única, veio a produzir lesão que necessite de acompanhamento médico para sua reparação, que contribuiu diretamente para a redução ou perda da capacidade laboral das atividades desenvolvidas pelo empregado, ou ainda, que originou a morte do mesmo (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Assim sendo, a perícia mostra-se fundamental para o desfecho das questões inerentes aos benefícios por incapacidade, sejam eles acidentários ou não, com uma ênfase maior para os primeiros acontecimentos, diante da necessidade de se analisar o nexo de causalidade entre a patologia e as atividades laborativas (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Ressalta-se que não há outro meio de prova que possa suprir a avaliação médica, de modo que a prova técnica em matéria de nexo torna-a única e inteiramente idônea e confiável (CASTRO; LAZZARI, 2012).

A Resolução n° 1.488/98 do Conselho Federal de Medicina, consolidou o procedimento para realização de perícias, de forma que deve ser seguida sejam elas

no âmbito empresarial, no do INSS ou até mesmo em sede de perícia judicial, devendo assim, o profissional de medicina observar os seguintes ditames:

art. 2º Para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e os exames complementares, quando necessários, deve o médico considerar:

I – a história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou investigação de nexo causal;

II – o estudo do local de trabalho;

III – o estudo da organização do trabalho; IV – os dados epidemiológicos;

V – a literatura atualizada;

VI – a ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador exposto a condições agressivas;

VII – a identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes e outros;

VIII – o depoimento e a experiência dos trabalhadores;

IX – os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais, sejam ou não da área de saúde.

(...)

art. 6º São atribuições e deveres do perito-médico de instituições previdenciárias e seguradoras:

I – avaliar a capacidade de trabalho do segurado, através do exame clínico, analisando documentos, provas e laudos referentes ao caso;

II – subsidiar tecnicamente a decisão para a concessão de benefícios;

III – comunicar, por escrito, o resultado do exame médico- pericial ao periciando, com a devida identificação do perito- médico (CRM, nome e matrícula);

IV – orientar o periciando para tratamento quando eventualmente não o estiver fazendo e encaminhá-lo para reabilitação, quando necessária.

(...)

art. 9º Em ações judiciais, o prontuário médico, exames complementares ou outros documentos poderão ser liberados por autorização expressa do próprio assistido.

art. 10º São atribuições e deveres do perito-médico judicial e assistentes técnicos:

I – examinar clinicamente o trabalhador e solicitar os exames complementares necessários;

II – o perito-médico judicial e assistentes técnicos, ao vistoriarem o local de trabalho, devem fazer-se acompanhar, se possível, pelo próprio trabalhador que está sendo objeto da perícia, para melhor conhecimento do seu ambiente de trabalho e função;

III – estabelecer o nexo causal, considerando o exposto no artigo 2° e incisos.

art. 11º Deve o perito-médico judicial fornecer cópia de todos os documentos disponíveis para que os assistentes técnicos elaborem seus pareceres. Caso o perito-médico judicial necessite vistoriar a empresa (locais de trabalho e documentos sob sua guarda), ele deverá informar oficialmente o fato, com a devida antecedência, aos assistentes técnicos das partes (ano, mês, dia e hora da perícia).

Diante do exposto nos dispositivos acima citados, é possível concluir que a perícia que for realizada em juízo, também tem caráter profissional, não diferenciando-se daquelas perícias que estão condicionadas por médicos de empresas ou órgão previdenciária, seja no tocante aos aspectos técnico- procedimentais, ainda quanto aos aspectos ético-profissionais.

Deste modo, mostra-se inteiramente necessária a vistoria do ambiente de trabalho em que tenha ocorrida a incidência do possível nexo de causalidade, de modo a confirmar de fato, se os agentes presentes na área efetivamente possam ter ocasionado a patologia do empregado, sem esquecer que além disso, o exame pericial não se conclui deste modo, devendo ainda, o perito avaliar a história clínica e ocupacional do empregado em questão, mostrando-se este, um item decisivo para qualquer diagnóstico de nexo de causalidade (CASTRO; LAZZARI, 2012).

É recorrente nos dias atuais, a ausência nas demandas acidentárias de laudo conclusivo por parte do perito judicial referente às condições do segurado na época em que o requerimento fora indeferido pelo INSS, de forma que o perito não pode manifestar-se sobre o estado de saúde do segurado em período muito anterior ao da perícia (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Deve-se então buscar, tomando por base todos os documentos comprobatórios existentes, sejam eles, atestados, exames, prontuário médico do segurado e ainda, processo administrativo junto ao INSS, a comprovação, à época do requerimento administrativo, se o caso era de efetiva incapacidade laboral ou não, sendo esta, a função principal da prova pericial (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Conforme exposto anteriormente, as concausas podem figurar anteriores, simultâneas ou posteriores ao acidente, de modo que para efeito de reconhecimento

do direito à concessão do benefício por acidente de trabalho, todos mostram-se de caráter igualitário, ou seja, é irrelevante se a concausa é anterior, simultânea ou posterior ao evento, sendo que em todos os casos, o direito torna-se assegurado (CASTRO; LAZZARI, 2012).

2.5 Comunicação do Acidente de Trabalho

Ocorrido o acidente de trabalho ou caracterizada a doença ocupacional, a fim de que o empregado molestado possa usufruir dos benefícios e serviços gerados a partir destes, compete à empresa comunicar tal ocorrência por meio de uma Comunicação do Acidente de Trabalho (CAT), eximindo desta forma, o empregado ou seus dependentes deste ônus (MARTINS, 2008).

A CAT deve ser formulada pela empresa e esta fica abrigada a alcança-la junto ao INSS até o primeiro dia útil após a ocorrência, e, nos casos de falecimento do empregado, deve-se imediatamente ser feito o comunicado à autoridade policial competente, sob pena de multa relativa aos limites mínimo e máximo do salário de contribuição (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Por ventura, o óbito que advir de acidente de trabalho ou de doença profissional, que venha a ocorrer após a emissão da CAT inicial ou de reabertura, será novamente comunicado ao INSS por meio de CAT de comunicação de óbito, devendo constar a data do óbito e os dados relativos ao acidente inicial (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Vindo a empresa, a deixar de cumprir com sua obrigação na comunicação, o próprio acidentado poderá fazê-la pessoalmente, ou ainda, mediante algum de seus dependentes, bem como a entidade sindical correspondente à sua classe profissional, sendo que para nestes casos, não há a contagem de prazo (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Diante da falta de comunicação do acidente de trabalho por parte da empresa, esta sofrerá pena de multa, a qual poderá ser elevada em até duas vezes a cada reincidência e será reaplicada. Daí então, a comunicação poderá ser feita a

qualquer tempo, devendo sempre observar-se a data de início do auxílio sendo fixada no décimo sexto dia após o acidente, da mesma forma pela figura do empregado ou seu respectivo sindicato (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Emitida a CAT, o INSS fica obrigado a registrá-la, ainda que não ocorra o afastamento do trabalho pelo empregado, configurando-se assim, a obrigação na emissão do documento em todo e qualquer evento que caracterize acidente de trabalho ou doença ocupacional (CASTRO; LAZZARI, 2012).

São várias as situações que envolvem segurados no tocante à proteção acidentária, conforme já exposto anteriormente, no caso de acidente de segurado empregado, a obrigação do encaminhamento da CAT fica sob encargos da empresa empregadora, no entanto, nos casos de trabalhadores avulsos, tal comunicação deverá ser feita pela empresa tomadora do serviço e, na falta dela, pelo sindicato da categoria profissional ou órgão gestor da mão de obra específica (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Nos casos de segurado desempregado, observadas as situações em que a doença profissional ou do trabalho veio a manifestar-se ou fora diagnosticada posteriormente a demissão, deverá o próprio acidentado ou seus dependentes encaminhar a comunicação, a entidade sindical a qual o mesmo estava engajado, o médico que o atendeu ou ainda, qualquer autoridade pública, restando qualificadas as mesmas figuras para o caso de comunicação por parte de segurados em regime especial (CASTRO; LAZZARI, 2012).

De acordo com a lei, o ônus de provar a expedição da CAT é responsabilidade do empregador, nunca do empregado, de forma que a simples emissão da CAT, não caracteriza, por si só, a existência do acidente de trabalho ou da doença ocupacional, de modo que deverá a investigação médica por parte da perícia técnica, concluir sobre a existência ou não, de nexo de causalidade entre a patologia e as atividades desempenhadas pelo empregado (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Para todo empregado vítima de acidente de trabalho está prevista garantia de emprego pelo prazo de doze meses após a cessação do auxílio-doença em virtude do acidente.

O art. 118 da Lei n° 8.213 versa sobre o tema, conforme vejamos:

art. 118. O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de 12 (doze) meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio acidente.

De antemão, a partir do conhecimento do referido artigo, ressalta-se que o mesmo se aplica aos casos de empregados que venham a contrair doença ocupacional, uma vez que a mesma lei, em seu art. 20, versa com clareza sobre a equiparação do acidente de trabalho às doenças ocupacionais (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Desta forma, deve-se aplicar a estabilidade em caráter provisório aos empregados urbanos e rurais, os quais, em virtude de doença ocupacional, tenham ficado afastados das suas atividades laborativas pelo prazo mínimo exigido para a caracterização e obtenção deste direito previsto (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Entretanto, conforme já exposto, deve-se atentar as regras para concessão deste benefício e momento de aquisição desta estabilidade. É a partir do 16° dia de incapacidade laborativa, proveniente do acidente de trabalho ou da doença ocupacional que se obtém o direito à estabilidade (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Caso o segurado tiver sido vítima de acidente de trabalho, porém, não tiver ficado mais do que 15 (quinze) dias incapacitado de suas atividades, não há que se falar em estabilidade (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Configurado o direito à estabilidade conforme exposto, o empregado estará em gozo do benefício, onde seu contrato estará suspenso, não podendo desta forma, ser dispensado (CASTRO; LAZZARI, 2012).

Referida estabilidade, no entanto, não garante a permanência no mesmo local de trabalho em que o empregado veio a adquirir a patologia, da mesma forma, não garante que ele voltará a exercer as mesmas atividades, apenas lhe garante que não poderá ser dispensado sem justa causa por este período temporal (CASTRO; LAZZARI, 2012).

A efetiva fruição desta estabilidade, depende da execução da chamada condição suspensiva, ou seja, o retorno do empregado molestado ao trabalho, o qual será determinado a partir da realização de perícia média junto ao INSS, e considerando as condições do empregado, poderá ser concebida a alta médica, deixando-o apto a voltar a realizar seus serviços (CASTRO; LAZZARI, 2012).

A partir de então, após a perícia considerando o empregado apto, no primeiro dia de retorno ao trabalho é que deverá ser computado a contagem do prazo de doze meses de estabilidade (CASTRO; LAZZARI, 2012).

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