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Primeiro caminho percorrido: acesso para construção dos dados

3 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA E A

4.1 CAMINHOS PERCORRIDOS: DESVELANDO O REAL PERCURSO DA FORMAÇÃO

4.1.1 Primeiro caminho percorrido: acesso para construção dos dados

Para contornar o primeiro caminho, o passo inicial foi elaborar o seguimento da investigação. Perante esse planejamento e com a problemática de investigação delimitada, iniciei a pesquisa qualitativa com ênfase no estudo de caso. Lüdke e André (1986, p. 11-17) descrevem a pesquisa qualitativa: “A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento” e para o estudo de caso, afirmam “Quando queremos estudar algo singular, que tenha um valor em si mesmo, devemos escolher o estudo de caso”.

A princípio fiz o levantamento do estudo bibliográfico, Yin (2005, p.3) afirma que, “O caminho começa com uma revisão minuciosa da literatura [...]”, assim, é correto afirmar que o levantamento bibliográfico tem por objetivo conduzir a pesquisa e consiste na apropriação de escolha do método e para delimitar e formular o problema. Nesse mesmo propósito, Paviani (2013, p. 125) afirma, “Pode ocorrer que a revisão da literatura necessária para a delimitação e formulação do problema, conduza o pesquisador a elaborar, a partir de outras leituras e estudos, um quadro teórico específico [...]”. Por esse viés, adentrei na revisão literária como forma de delimitação e formular o problema de pesquisa. Assim, como os teóricos que embasam este estudo, o documento (PME) do município de Garibaldi/RS é, também, relevante dentro da literatura revisada.

Dessa forma, a análise documental é considerada de suma importância para todos os tópicos do estudo de caso. Segundo Yin (2015, p. 111), “Para a pesquisa de estudo de caso, o uso mais importante dos documentos é para corroborar e aumentar a evidência de outras fontes”. O referido autor ressalta, mesmo que os documentos apresentem parcialidades, são considerados úteis. Mas, devem ser utilizados de forma cuidadosa para que não sejam definidos como registros fiéis de fatos ocorridos.

Para Lüdke e André (1986), os documentos podem servir de base a variadas pesquisas, possui a vantagem de ser consultado por inúmeras vezes, dessa forma, faz com que atribua mais segurança aos dados obtidos. Os autores, ainda afirmam, “Os documentos constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser retiradas evidências que fundamentem afirmações e

declarações do pesquisador”. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 39). De fato, o documento (PME) consultado foi de grande valia para as evidências da pesquisa.

O alcance para o estudo qualitativo envolveu quatro professores da disciplina de Língua Inglesa, que lecionam na rede municipal da cidade de Garibaldi/RS, nos Anos Finais do Ensino Fundamental. A delimitação dos sujeitos da pesquisa foi realizada no projeto com o apoio dos professores que fizeram parte da banca de qualificação. Segundo Yin (2010, p. 48), a definição do projeto de pesquisa “[...] é a sequência lógica que conecta os dados empíricos às questões de pesquisa iniciais do estudo e, finalmente, às suas conclusões”. Me embaso no pensamento de Yin (2010), e trago minha compreensão para esse pensamento, o qual discorre que, por meio da sequência lógica dos dados obtidos na construção dos dados que liga as questões da pesquisa inicial, chegando as conclusões do estudo.

Nesse viés, conforme informação da (SMEd) Secretaria Municipal de Educação da cidade de Garibaldi/RS, o quantitativo de professores de Língua Inglesa que atendem nos Anos Finais do Ensino Fundamental, contabilizam quatro professores. Sendo três desses efetivados e um em contrato municipal. Os critérios para seleção dos professores a serem entrevistados partem da indicação das diretoras de suas respectivas escolas referentes ao município da cidade de Garibaldi/RS e aprovação da Secretaria Municipal de Educação desse município, para que fosse realizada a pesquisa com os professores.

Assim, acontece minha primeira visita à Secretaria Municipal de Educação de Garibaldi/RS, me apresento enquanto pesquisadora deste estudo à secretária de educação, Simone Cristina Rosanelli Chies, exponho a carta de apresentação e o termo de concordância institucional para legalização da proposta de investigação deste estudo. Recebo apoio e estímulo para realizar a pesquisa por meio da secretária que compreendeu a temática como importante.

Em sequência, inicio a visitação as quatro escolas nas quais os professores entrevistados lecionam. A SMEd informa a essas instituições de ensino sobre a minha visita e que tenho por objetivo realizar as entrevistas para construção dos dados desta pesquisa. Sob a mesma ordem de apresentação às gestoras das escolas, solicito permissão para me apresentar aos professores de Língua Inglesa com o propósito de apresentar a proposta de entrevista e marcar dia e horário da entrevista a ser definido conforme disponibilidade de cada professor. Vale ressaltar que, a Carta de Apresentação, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foram entregues aos professores, juntamente, com o Termo de Confidencialidade. A partir dessa iniciativa, deixei claramente explicado sobre a relevância da participação desses professores para este estudo e que estão livres para decidirem sobre suas atuações.

Assim, com datas e horários definidos para a realização da investigação, ocorreram os registros das entrevistas por meio de gravação de áudios com duração aproximada de 30 a 45 minutos. De qualquer forma, é interessante salientar que uma das quatro docentes sentiu dificuldade em participar da entrevista, justificando a falta de tempo, mas, mesmo assim, me recebeu com receptividade e a entrevista aconteceu de modo preciso.

Sob essa perspectiva, optei pela entrevista que segundo Ludke e André (1986) é um dos instrumentos básicos para coletar os dados em quase todas as pesquisas do campo das ciências sociais. Esse instrumento cria a relação de reciprocidade entre o pesquisador e o entrevistado, principalmente, quando a entrevista não é totalmente estruturada e que não exige uma ordem rígida de questões. Dessa forma as informações obtidas na entrevista discorrem de forma notável e autêntica. De acordo com essa afirmativa, utilizo nessa pesquisa a entrevista semi- estruturada que contempla um esquema básico que não se constitui em um processo rígido de aplicação e permite ao entrevistador fazer adaptações conforme forem necessárias.

A entrevista semi-estruturada encontra-se no apêndice F, composta por oito perguntas que foram previamente elaboradas. Outras questões, sempre que necessário, foram acrescidas conforme o decorrer da entrevista. Esse instrumento visa identificar o conceito dos professores de Língua Inglesa sobre a formação continuada de professores de Língua Inglesa e a possibilidade dos impactos das tecnologias digitais nesse processo formativo.

De acordo com Ludke e André (1986), a vantagem de utilizar a entrevista para construção dos dados é que essa técnica permite aprofundar informações que outra técnica não consegue fazer. Portanto, uma entrevista bem realizada pode obter informações pessoais e íntima, assim como construir dados em temática de natureza complexa. Essa técnica é realizada de modo exclusivo por permitir correções, esclarecimentos e adaptações, facilitando adquirir as informações desejadas. Segundo Ludke e André (1986, p. 34), ‘Enquanto outros instrumentos têm seu destino selado no momento em que saem das mãos do pesquisador que os elaborou, a entrevista ganha vida ao se iniciar o diálogo entre o entrevistador e o entrevistado”. Assim, o diálogo que acontece entre o pesquisador e o entrevistado é o que dar vida a esse instrumento de pesquisa.

Para tanto, Freire (2016, p. 133) aborda sobre o diálogo e afirma que: “O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação a curiosidade, como inconclusão em permanente movimento na história”. À medida que, o professor se sente inquieto pela curiosidade que o move e está aberto ao diálogo como forma de aprimorar os saberes da prática docente e doa os exemplos da sua própria prática

para o outro refletir e analisar, é se reconhecer como inacabado. Sob essa ótica, após a realização das entrevistas, é a vez de adentrar na construção dos dados que para Yin (2010) não é tarefa fácil de se realizar.

Concernente a essa temática, Yin (2010), afirma que é preciso preparação para dar início à construção dos dados do estudo de caso e que é uma tarefa complexa. O autor afirma que, apesar de muitos investigadores adentrarem no estudo de caso como método de pesquisa, por pensarem que é uma estratégia fácil de conduzir e que necessitam apenas de um pequeno conhecimento de procedimentos técnicos. Então, se a investigação não acontecer de forma bem elaborada, toda a pesquisa pode ser prejudicada.

Conforme essa afirmativa, Yin (2010), elabora informações básicas referentes as habilidades exigidas do bom pesquisador, no estudo de caso: deve ter a capacidade de formular boas questões, assim como, interpretar as respostas; ser um bom ouvinte e não se deixa atrapalhar por suas convicções ideológicas e preconceituosas; deve ser adaptável e flexível para que situações inusitadas possam ser vistas como oportunidades e não como situações ameaçadoras; deve ter noção clara dos assuntos em estudo, mesmo na forma exploratória; deve ter imparcialidade quanto às noções preconcebidas, incluindo as que provém da teoria. Assim, é possível tornar sensível e responsiva às contradições.

A partir desse pressuposto, a construção dos dados aconteceu de forma intensa durante o mês de maio e início do mês de junho de 2019, com deslocamento até às escolas para aplicação das entrevistas. Geralmente, me apresentava na escola com 15 minutos de antecedência da hora combinada. As quatro (4) escolas pertencem a zona urbana de Garibaldi, a escola mais distante do centro da cidade, leva em torno de 15 minutos de carro para chegar. No entanto, não me deparei com dificuldades de acesso para realizar a investigação desta pesquisa. Também, considero a facilidade de acesso, por ser a cidade que estou residindo.

Em um momento posterior a efetuação das entrevistas, com os dados em mãos, faço a transcrição dos áudios. As quatro (4) entrevistas dos professores receberam a numeração sequencial de 1 a 4. Durante os meses de julho e agosto de 2019, fiz o levantamento e iniciei as imersões nos dados.

Os dados construídos no estudo de caso foram organizados para posteriormente serem analisados. As entrevistas foram transcritas e organizadas em tabela do Microsoft Word, conforme a sequência das datas da realização das entrevistas. Elaborei uma outra tabela com dados relacionados ao nome da escola, endereço, telefone, nome da gestora e/ou coordenadora pedagógica, data e horário combinado para a aplicação da entrevista.

A partir dessa organização, entrei em contato por telefone com as escolas e agendei as visitas com as professoras. Ao visitar as escolas, me apresentei e com a carta de apresentação em mãos, mostrei a identificação da pesquisadora e a proposta da pesquisa que foi bem aceita em todas as escolas por gestoras e professoras que tiveram um olhar de relevância para a temática deste estudo. Segue no quadro 1 as escolas que foram cenário das entrevistas. Vale salientar que, utilizo codinomes para denominação das escolas, os quais correspondem as letras A, B, C e D:

Quadro 1- Cenário da construção dos dados ESCOLAS MUNICIPAIS DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA CIDADE DE GARIBALDI/RS

Escola Municipal de Ensino Fundamental A

Escola Municipal de Ensino Fundamental B

Escola Municipal de Ensino Fundamental C

Escola Municipal de Ensino Fundamental D Fonte: elaborado pela autora