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“Artur”, filme documentário, é o projecto final do Mestrado em Som e Imagem, especialização em Cinema e Audiovisual. Composto por uma equipa base de seis pessoas – Flávio Pires (realizador), Fernando Ribeiro e Mafalda Castelo- Branco (produtores), Nuno Almeida e Nuno Castilho (editores) e Tiago Carvalho (director de fotografia). Este projecto tem como objectivo principal dar a conhecer o realizador português Artur Ramadas. Esta personagem é fictícia, por isso a equipa teve de tomar diversas decisões em termos artísticos e logísticos de maneira a que levasse o espectador a duvidar se, na realidade, este realizador existia ou não. Por essa razão, a produção teve o papel importante de tornar possível e credível esta “nova” realidade.

O projecto está realizado sob a forma de um mockumentary onde se desconstrói cronologicamente a vida de uma personagem fictícia através do recurso a linguagens narrativas como a entrevista, a filmagem de arquivo, o registo fotográfico e o vídeo caseiro. O realizador Artur Ramadas é-nos dado a conhecer através de entrevistas a realizadores de cinema, críticos, personalidades públicas e pessoas que, de alguma forma, estiveram envolvidas na sua vida.

Visto que um dos objectivos principais era tornar credível uma personagem fictícia, a produção teve de ser cuidada e bem estruturada, principalmente durante a fase de pós-produção (que irá ser abordada mais à frente no subcapítulo 4.3 – “Artur” existe: divulgação) onde é tratada a divulgação. Como todos os projectos, “Artur” teve também uma pré-produção, onde o produtor teve de estar em constante contacto com o realizador. Procura saber o que ele pretende e de que maneira deseja que o projecto se realize. Surgem oito etapas distintas nesta primeira

fase: criação de um breakdown56 do argumento (que locais tem, se é de dia ou de

noite, quantas personagens são, em que ano se passa a acção e respectivos adereços); preparar um planeamento (quando as filmagens devem ser realizadas – ver apêndices 2, 3 e 4); criar um orçamento e um cash-flow (de maneira a poder prever-se e controlar-se quanto é que se vai gastar durante a pré-produção, a produção e a pós-produção – ver apêndices 5 e 6); organizar a equipa técnica (de acordo com as exigências do projecto, é importante definir a equipa com quem se vai trabalhar – ver apêndice 7); encontrar e assegurar locais (o realizador procura os locais e é dever do produtor assegurá-lo, caso contrário tem de ter um local que funcione como um plano B); tratar da direcção de arte (o produtor arranja a equipa que, juntamente com o realizador, vai criar o ambiente que o realizador deseja ter para o seu filme); realizar um casting (o produtor prepara audições de maneira a que o realizador possa escolher o seu elenco – ver apêndice 8) e fazer ensaios (na fase final da pré-produção, o produtor organiza a equipa para poder fazer os ensaios, enquanto o realizador fala com os actores).

A produção do projecto “Artur” foi um desafio em diversos aspectos. Isto porque o documentário passa por várias décadas (desde os anos 60 até aos dias de hoje) e, por isso, foi necessário pensar-se nas roupas de época, nos penteados, no estilo de filmagem e no género de som e música. Para além disso, é um documentário com várias testemunhas que falam acerca de Artur Ramadas e também com personagens dos próprios filmes do realizador, o que implicou que este projecto tivesse uma equipa artística com cerca de doze actores diferentes (ver apêndice 9) que participavam em pequenos momentos do filme. Apesar de termos um orçamento de 8.765€ (euros) era necessário estar tudo planeado para que não faltasse nada durante as diversas fases do projecto. Por isso mesmo, os pagamentos dos actores tiveram de ser estipulados de acordo com a importância e a quantidade de vezes que surgiam no filme. Muitas das vezes foi necessário efectuar diversas filmagens de arquivo, o que implicou que os actores precisassem de estar reunidos

56 Documento que resulta da análise de um argumento, onde se colocam informações como adereços, guarda-roupa, locais,

uns com os outros (mesmo que isso não estivesse previsto nas cenas principais do argumento) para justificar certos acontecimentos e conhecimentos de Artur Ramadas. Este aspecto foi tido em conta durante a planificação do projecto, de forma a que pudéssemos filmar as cenas sem que os actores tivessem de se deslocar diversas vezes de forma salteada e de maneira a que, se fosse necessário, pudessem encontrar-se com outros actores. De tal forma que maior parte do elenco não se conhece entre si.

Visto ser um filme do tipo Segundo Cinema, por ser de autor e não ser feito para grandes massas, mas sim para uma audiência mais reduzida (visto não ter muita acção fisiológica e se tratar de algo quase informativo e emocional), foi necessário encontrarem-se apoios. Ao longo da pré-produção, foram feitos diversos contactos a empresas que pudessem apoiar o projecto. Para procurar as instituições que apoiam as artes em Portugal, foram utilizados sítios na Internet como “meiosepublicidade.pt”, “dn.sapo.pt”, “portugalvideo.com” e “universia.pt”. Segundo estes sítios, as empresas investidoras nas artes são os bancos portugueses Caixa Geral de Depósitos, Millennium BCP e BES. De seguida são as empresas de telecomunicações TMN, Vodafone e Optimus. Para além destas instituições, a SONAE também tenta manter as artes a par. No entanto, nenhuma destas empresas aceitou apoiar o documentário por várias razões: justificavam-se que a proposta não estava contemplada nas áreas de implementação da empresa; explicavam que por ser um mockumentary e por se estar a tentar criar uma realidade nova (inventar uma pessoa), não permitiam a associação da marca a iniciativas com estas características; ou simplesmente não respondiam. Apesar disso, foram conseguidos diversos apoios, não a nível monetário, mas sim a nível de ajuda à produção. São os casos: do Cabeleireiro Jorge Lima, que tratou os cabelos do elenco para diversas épocas gratuitamente; da empresa Filinto Mota, que garantiu o empréstimo de duas viaturas para a produção (uma com nove lugares, com possibilidade de se retirarem para facilidade de arrumações e outra com cinco lugares); dos restaurantes Douro e Pérola d’Arroteia que fizeram descontos nas refeições; do Teatro Nacional de São João e do Instituto Politécnico E.S.M.A.E. (Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo) que emprestaram roupas de

diversas épocas; do Casino da Póvoa e dos Hotéis Fénix que permitiram as filmagens nos seus espaços. Já na fase de divulgação, o patrocínio da Citylab foi um dos últimos a surgir. Garantiam a impressão de sessenta cartazes e seiscentos panfletos e a produção apenas precisou de pagar uma quantia simbólica de 50€ (euros).

Durante a formação da equipa, e apesar de todos os elementos serem importantes para a realização filme, a direcção artística e a maquilhagem/caracterização foram dois dos elementos importantes que foi necessário conseguir para a criação deste filme. Como o documentário se passa ao longo de vários anos, foi necessário uma pesquisa a nível de guarda-roupa e decoração de locais que conferissem veracidade e verosimilhança. Para além disso, a personagem principal – Artur Ramadas – surge-nos ao longo de vários anos, o que implicava o seu envelhecimento. Por estas razões a Maria João Guedes e a Rita Silva, directora artística e maquilhadora/caracterizadora respectivamente, foram dois elementos que contribuíram para a credibilidade do documentário.

Com tudo estruturado e planeado, faltava apenas passar à prática.

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