• Nenhum resultado encontrado

3.2 O PRINCÍPIO DO CONTEXTO EM OS FUNDAMENTOS DA ARITMÉTICA: AS

3.3.5 O princípio sintático

Wrigtht, em Frege’s conception of numbers as objects, interpreta o princípio do contexto como uma tese da prioridade das categorias sintática sobre as categorias ontológicas.

Primeiro (…) o princípio contém uma correção para o atomismo semântico do empiricismo (…) Frege captou... que uma descrição satisfatória do sentido de qualquer expressão subsentencial deve tornar sua contribuição simples para o significado das frases em que aparece (…) O segundo …aspecto do Principio do Contexto: a tese da prioridade de categorias sintáticas sobre ontológicas. De acordo com esta tese, a questão se uma expressão particular é uma candidata a se referir a um objeto é totalmente uma questão do tipo de papel sintático que ela desempenha em sentenças completas (…) Apenas quando mantemos esta tese em mente se torna possível entender Frege (ao longo da carreira) (…) o platonismo teórico dos números (…)90

90 WRIGHT, Crispin. The Context Principle. In: Frege’s Conception of Numbers as Objects. Aberdeen

Wrigtht interpreta a expressão ‘Bedeutung’ como referência ou denotação discordando da tradução de Os Fundamentos da Aritmética de Austin para o inglês.

O que então é o Principio do Contexto? Uma segunda sugestão seria baseada em observar que a palavra alemã que Austin aqui traduz como “meaning (significado)” é na verdade Bedeutung, termo de Frege para reference (referência) em oposição a sense (sentido). O Principio deveria então ser interpretado por isso como um alerta não contra perguntar pelo sentido de uma palavra isolada mas contra pedir após sua referência, isto é, pedir que seja mostrado o que uma palavra significa, “isoladamente”? Esta sugestão não parece melhor. Por um motivo, o que exatamente o Princípio, assim interpretado, nos alerta esta longe de ser claro.91

A ideia de que as categorias sintáticas têm prioridade sobre as categorias ontológicas é sustentada por inúmeras passagens de Os Fundamentos da Aritmética.

Por exemplo, um objeto é o sujeito de uma sentença que expressa um juízo que tem um conteúdo singular. Um conceito é um predicado de uma tal sentença. Além desses, Frege apresenta outros critérios sintáticos para defender a tese de que os números são objetos: os numerais não são precedidos nem por plural, nem por artigo indefinido; eles são precedidos apenas pelo artigo definido; aparecem em sentenças que expressam uma relação de identidade e como esta relação é de primeira ordem, então os números significam um objeto.

É entretanto o Princípio do Contexto que é inicialmente o que mais confunde (...) A primeira vista parece endossar a ideia que, confrontado com a necessidade de explicar o sentido de um tipo

the empiricists. …Frege grasped…that a satisfactory account of the meaning of any subsentential expression must make plain its contribution to the meanings of sentences in which it features.…[T]he second…aspect of the Context Principle: the thesis of the priority of syntactic over ontological categories. According to this thesis, the question whether a particular expression is a candidate to refer to an object is entirely a matter of the sort of syntactic role which it plays in whole sentences.…Only when we keep this thesis in mind does it become possible to understand Frege’s… [career-long] number theoretic platonism…)

91 Idem. p.9. What, then, is the force of the Context Principle? A second suggestion would be based

on noticing that the German word which Austin here translates as ‘meaning’ is in fact Bedeutung, Frege’s term for reference as opposed to sense. Should the Principle be interpreted therefore as a caution not against asking for the meaning of a word in isolation but against asking after its reference, that is, asking to be shown what a word stands for, ‘in isolation’? This suggestion looks hardly any better. For one thing, what exactly the Principle, so interpreted, cautions us against is far from clear.

particular de expressão subsentencial, fazemos tudo o que pode razoavelmente ser solicitado de nós se fixarmos o significado de certos contextos sentenciais em que ocorrem expressões desse tipo (...) É admitidamente obscuro porque qualquer filósofo endossaria a política geral de definição contextual. Mas é certo em todo caso que esta não pode ser a correta interpretação da intenção do Princípio do Contexto92.

A análise lógica dos enunciados numéricos leva ao resultado de que a indicação numérica contém um enunciado sobre um conceito. Frege rejeita a suposição de que os números são conceitos de segunda ordem, pois, recorrendo a critérios sintáticos, ele caracteriza os números como objetos autônomos. A determinação dos números como objetos autônomos deve excluir o uso de um termo numérico como predicado ou atributo, como ele explica no §60. Apenas pode- se empreender uma caracterização geral da identidade numérica se forem fixadas as condições de verdade de uma equação numérica e é apenas dessa maneira que estará justificada, do ponto de vista científico, a associação a um número individual, um termo numérico como o seu nome próprio.

A tese da prioridade sintática afirma que se uma expressão particular é um candidato a referir um objeto, é uma questão do tipo de papel sintático que ele exerce na sentença. Se um termo se comporta sintaticamente como um termo singular ou como um nome próprio em uma sentença com o sentido assegurado, então, se a sentença é verdadeira, o termo tem como referente um objeto. Mas apenas se reconhece o papel sintático exercido por um termo no contexto de uma proposição.