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5. RESULTADOS

5.1. A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

5.1.1. Princípios

princípios pavimentam e dão condições para que os dois princípios realmente inovadores da Política de Resíduos Sólidos promovam a verdadeira mudança em nossa sociedade baseadas nos conceitos da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e a ecoeficiência. Deve-se compatibilizar o fornecimento de bens e serviços qualificados, a preços competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, com a redução dos seus impactos ambientais. Isto implica em consumir recursos naturais a níveis, no mínimo, equivalentes à capacidade de sustentação estimada do planeta. Somente quando passarmos da condição de uma sociedade de consumo para uma sociedade ecoeficiente, que se preocupa com os níveis de poluição e dos estoques de recursos ambientais que serão deixados para as gerações futuras, é que estaremos no caminho do desenvolvimento sustentável.

Os princípios da prevenção, da precaução, da razoabilidade e da proporcionalidade já são aplicados no contexto da Política Nacional de Meio Ambiente, e são considerados essenciais para a aplicação da Lei de Crimes Ambientais, visando prevenir atividades potencialmente poluidoras de se instalarem e justificando a utilização de metas de redução e prevenção da geração de resíduos sólidos.

Os princípios do poluidor-pagador e do protetor-recebedor também são utilizados na esfera ambiental quando o assunto trata de instrumentos de gestão ambiental do tipo econômico ou de mercado. Em linhas gerais, punem-se os empreendedores poluidores com o aumento das taxas de poluição, enquanto as empresas que têm uma gestão ambiental eficiente, que colocam no mercado produtos recicláveis ou sem adição de substâncias tóxicas, têm uma redução das suas taxas ambientais cobradas pelo uso de recursos ambientais e de poluição.

A abrangência da PNRS é ampla, envolvendo não apenas o poder público e suas esferas de execução, mas também todos os atores do setor produtivo, ou seja, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes.

Claramente influenciada pela legislação de resíduos sólidos da União Europeia, a lei brasileira internaliza a hierarquia de tratamento dos resíduos a partir da não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, até a disposição final ambientalmente adequada dos rejeito.

Existe também o estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto, abordagem prevista hoje norma ISO 14.040 - Gestão Ambiental, mas que teve início nos Estados Unidos da América, e conhecida como abordagem

“do berço ao túmulo” (do inglês, cradle to grave).

Com relação às definições contidas na lei, é importante destacar algumas, começando pela definição de “resíduos sólidos” (art. 3°, inciso XVI):

“resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;”

Os resíduos perigosos são definidos no art. 13, que apresenta a classificação dos resíduos. Os resíduos podem ser classificados por sua origem ou por sua periculosidade. Pela origem, a lei faz distinção dos principais tipos de resíduos gerados, quais sejam: resíduos sólidos urbanos (que são os resíduos domiciliares e de limpeza pública), resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço, dos serviços públicos de saneamento básico, industriais, de serviços de saúde, da construção civil, agrossilvopastoris, de serviços de transporte e os de mineração. Pela sua periculosidade, os resíduos perigosos apresentam a seguinte definição:

“resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;”

A Lei aqui inova, e agrega “norma técnica” como regulamentadora de critério previsto em lei, ação que até o momento era feita somente por

regulamento ou resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Por outro lado, cabe lembrar que apenas as normas técnicas citadas em regulamento ou resolução podem ser utilizadas para se determinar quando um resíduo é perigoso. Neste caso, apenas a Associação Brasileira de Normas Técnicas possui esta atribuição. A norma ABNT nº 10.004/04 - Classificação de Resíduos apresenta a metodologia de ensaio e amostragem para determinar quando um resíduo é considerado perigoso ou não, sendo considerada como critério para classificação dos resíduos pelos órgãos ambientais licenciadores.

As Resoluções CONAMA nº 313/02, que dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais, nº 358/05, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde, e nº 452/12, que dispõe sobre os procedimentos de controle da importação de resíduos, conforme as normas adotadas pela Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito, citam a ABNT 10.004/04 como única metodologia para classificação dos resíduos.

A destinação de resíduos compreende a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético, bem como outras destinações admitidas pelos órgãos públicos competentes. A disposição final, por sua vez, é a distribuição ordenada de rejeitos em aterros.

Os rejeitos são classificados no Art. 3º, inciso XV da seguinte forma:

“resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada”.

Apesar do conceito de “rejeitos” não estar presente nas legislações europeia ou americana, aqueles países propõem a redução da destinação de resíduos para aterros, enquanto nossa legislação prevê a redução da geração de rejeitos.

A definição de geradores de resíduos sólidos é ampla, e abrange todas as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, cujas atividades geram resíduos sólidos, inclusive por meio do consumo.

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