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Princípios ergonómicos com vista a optimização dos processos

No documento Universidade Nova de Lisboa (páginas 137-142)

Capítulo III ESTADO ACTUAL “AS IS”

4.2. Oportunidades e Propostas de Melhoria

4.2.2.1. Princípios ergonómicos com vista a optimização dos processos

A optimização de um processo, para além de todos os seus intervenientes, tem no factor humano e máquina, áreas de grande impacto no desempenho global do processo.

A melhoria de um processo que incide na força humana, poderá estar relacionado com procedimentos de trabalho, sequências de actividades, entre outras. Contudo, a eficiência de um operador está directamente ligado ao seu ambiente de trabalho, nomeadamente, desde ruído, posições desadequadas, exposição a elementos prejudiciais, etc.

Neste contexto, pretende-se associar a esta reengenharia e optimização de processos a índole ergonómica, considerando o impacto directo desta área na eficiência e eficácia de qualquer processo envolvendo mão-de-obra directa MOD.

Do ponto de vista ergonómico numa concepção ajustada do ponto de vista ergonómico de um posto de trabalho tem impacto directo na produtividade, segurança e saúde do operador/a e, consequentemente, da organização. Apesar disso, a maior parte dos postos de trabalho são concebidos sem atender a medidas antropométricas adequadas.

Segundo um estudo conduzido por Gaylord Bridegan (2009: 30)., ergonomista certificado, foi possível verificar que uma empresa procedendo a mudanças ergonómicas no

layout do seu escritório obteve resultados surpreendentes. As faltas ao trabalho, em geral,

caíram de 4% para 1%. Os índices de erro na preparação de documentos caíram de 25% para 11%. O tempo de utilização dos equipamentos de informática aumentou de 60% para 86% do expediente. Esses resultados significaram um aumento em tempo útil de trabalho de mais de 40%. Relatórios sobre desconforto na postura mostraram um declínio marcante em frequência, gravidade e duração. Muitas outras empresas conseguiram resultados semelhantes.

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a) Identificação da Oportunidade de Melhoria

Durante a observação dos processos foi possível identificar situações de cariz ergonómico, mas com influência directa no tempo de ciclo (cycle time) do processo. Foram, então, identificadas duas situações.

Situação 1 – Através do process walkthrough realizado, foi constatado que todos os processos associados a análises FQ (MP, ME e PA) pressupunham constantes movimentações dos analistas pelo CQ. O trabalho de bancada pode envolver o manuseamento de objectos de volume e peso reduzidos ou elevados. Para além disso o trabalho de bancada implica, na maioria das vezes, trabalho de precisão, nomeadamente “pipetagens” e trasfegas de líquido para recipientes.

Juntando as constantes movimentações dos analistas e o trabalho de bancada normalmente realizado, o analista está sujeito a posturas estáticas prolongadas bastante severas, pois encontra-se submetido a longos períodos na postura “em pé”.

Pode ser previsto um aumento significativo da fadiga do analista ao longo do horário laboral que tem, obrigatoriamente, repercussões na sua produtividade.

Em ergonomia, para além do conceito de postura, existem também os conceitos de frequência e duração. Neste sentido o estudo conduzido durante o análise de PA permitiu concluir que durante um ciclo, 80% do tempo o analista tem uma postura em pé adoptando uma postura sentado apenas em 20% do tempo. Enquanto está em pé, 79% do tempo é dispendido numa postura estática, figura IV.20.

Figura IV. 20 - Análise postural do analista durante um ciclo

Situação 2 – Recorrendo novamente ao process walkthrough quando da análise de PA, foi possível verificar que o transporte de recipientes de grande volume e peso era feito sem

Tempo de ciclo observado

20% Postura sentado 80% Postura em Pé

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qualquer auxílio, pelo que o peso era inteiramente suportado pelo analista. Se se tiver em conta a predominância de analistas do sexo feminino, este factor é ainda mais agravado.

b) Proposta de Melhoria

Para a situação 1, em que o analista faz numerosas deslocações quando da realização de análises físico-químicas, a proposta de criação de valor passa por munir a bancada de trabalho com um banco de características especiais, que garanta a minimização do impacto de posturas severas. Pela descrição anterior, do tipo de posturas e tarefas que caracterizam o posto de trabalho (bancada), o banco a adquirir deverá possuir as seguintes características:

 Garantir elevada liberdade de movimentos para o analista;  Garantir uma ampla área de trabalho;

 Garantir que possam ser realizadas forças elevadas com os pés bem apoiados no chão e uso do peso do corpo;

 Garantir que esteja munido de sistema de travagem ou, então, não ter rodas;  Garantir que possa ser ajustada para acomodação de qualquer analista à

bancada de trabalho, segundo as medidas antropométricas da ISO 14738:2002(E)15.

Segundo Cabeças (2005) as medidas antropométricas para postos de trabalho com as características pretendidas são as que constam na figura IV.21:

15 ISO responsável pelos requisitos antropométricos para a concepção de estações de trabalho com máquinas

116 Legenda:

 A: Trabalhos de precisão fina (coordenação manual) com elevada acuidade visual (Máx 1584 mm; Min 1053 mm);

 A: Trabalhos de precisão média com média acuidade visual (Máx 1225 mm; Min 960 mm);

 A: Movimentação de objectos pesados, movimentos com os membros superiores, baixa acuidade visual (Máx 1105 mm; Min 867 mm);

 B: Largura para pernas;

 C: Profundidade à altura do joelho;  D: Profundidade à altura do tornozelo;

 F: Altura regulável da cadeira de encosto (Máx 840 mm; Min 630 mm).

 Ângulo α (15º) – Correspondendo ao ângulo óptimo entre o assento do banco e a coluna do operador.

Figura IV. 21 - Medidas antropométricas

Fonte: Adaptado de Cabeças (2005)

Assim, todas as bancadas deveriam estar munida de um banco semi-sentado com apoio lombar e, com regulação para acomodar todo o tipo de analistas desde o P5 ao P95 (ver Glossário), como o que a figura IV.22 permite visualizar um banco com estas características.

Figura IV. 22 - Banco semi-sentado

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Para a situação 2, em que os analistas têm que transportar grandes volumes e pesos, a proposta de valor passa por disponibilizar aos analistas uma ferramenta que os ajude a transportar recipientes de grande volume e peso. O auxílio será providenciado por um carrinho (figura IV.23) com estrutura suficiente para comportar os volumes transportados no CQ (balões de 15 litros).

Figura IV. 23 - Carrinho para transporte de recipientes

Fonte: http://www.onepointesolutions.com/wp-content/uploads/2009/05/transport_cart_01.jpg c) Análise comparativa entre o estado actual e o estado futuro proposto

No estado actual o trabalho de bancada é feito principalmente em pé, podendo, raras vezes, ser utilizada uma cadeira de rodas. No estado futuro, ao munir a bancada de trabalho com o banco semi-sentado, garante-se para o operador:

 A redução da fadiga precoce na região lombar e pernas;  O alívio da pressão nos discos intervertebrais;

 A prevenção de dores de coxas, pernas e pés;  A diminuição de edemas e varizes

 A redução da actividade músculo-lombar.

Estas características possibilitam o aumento da satisfação do analista traduzindo-se num aumento da sua eficiência e eficácia e, consequentemente, num aumento de produtividade, que permitem gerar mais lucro para a organização.

O transporte de recipientes de peso elevado transportado actualmente pelo analista empregando força corporal, passará no estado futuro a ser feito através de um carrinho designado para o efeito, providenciando os benefícios supramencionados.

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No documento Universidade Nova de Lisboa (páginas 137-142)

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