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Princípios Institucionais

Nesse sentido, ensina João Francisco Sauwen Filho (1999, p. 209):

Deve-se, entretanto, observar que o princípio da unidade é entendido como apenas existente dentro de cada desdobramento do Ministério Público listado no art. 128, da vigente Constituição Federal, não prevalecendo a unidade entre o Ministério Público da União e os Estados, nem de um estadual diante dos demais.

Sendo assim, o Ministério Público deve ser entendido como uma instituição una, dentro dos desdobramentos previstos no artigo 128 da Constituição Federal, pois em caso de uma infração federal, somente o Ministério Público Federal terá atribuição para a propositura da respectiva ação penal, em caso de infração relativa às relações de trabalho, é o Ministério Público do Trabalho que terá atribuição para início da ação.

Deve ser ressaltado, ainda, que a chefia do Ministério Público é antes administrativa que funcional, pois o Ministério Público também é orientado pelo princípio da independência funcional.

Dessa forma, o princípio da unidade apenas tem incidência sobre as questões de cunho eminentemente administrativas, como por exemplo, solução de conflito de atribuição, imposição de medidas disciplinares, etc.

4.2.2 Princípio da indivisibilidade

O segundo princípio institucional do Ministério Público é o da indivisibilidade, pelo qual seus membros podem ser substituídos uns pelos outros, sempre de acordo com a forma estabelecida em lei.

Por força desse princípio, um membro do Ministério Público poderá ser substituído por outro quando for necessário, como por exemplo, licenças, férias, impedimentos, remoção, aposentadoria, morte, etc, sem que com isso seja prejudicada a atividade da Instituição, já que os atos devem ser compreendidos como se produzidos pela Instituição e não pelo seu agente. (JATAHY, 2009, p. 142).

Valter Foleto Santin (2001, p. 198) ensina que:

A indivisibilidade significa que a instituição é um todo indivisível é único o ofício de Ministério Público, podendo um membro ser substituído por outro da mesma carreira e ramo (membro do Ministério Público Federal por outro membro do mesmo ramo; membro do Ministério Público do Estado de São Paulo, por outro membro do Ministério Público de São Paulo, não do Paraná nem de outro Estado, vice-versa), sem que interfira no desempenho das funções.

É assim, um princípio decorrente do princípio da unidade, pois não há como se falar em indivisibilidade sem se falar em unidade, sendo assim princípios correlatos.

Dessa forma, os membros do Ministério Público podem ser substituídos uns pelos outros, sempre na forma prevista em lei, sem que se perca o sentido de unidade, pelo qual a Instituição também é orientada, uma vez que ―a personalidade de cada um de seus membros é absorvida por sua função‖ (CABRAL NETO, 1974 apud SANTIN, 2001, p. 198)

Frise-se que o princípio da indivisibilidade não tem o condão de validar atos praticados por membro sem atribuição, já que ―os atos praticados pelo substituto só podem ser aproveitados se não violarem o princípio do promotor natural‖ (MAZZILLI, 2004, p. 34).

4.2.3 Princípio da independência funcional

O princípio da independência funcional garante ao membro do Ministério Público a liberdade de atuação para exercer suas funções, ou seja, não depende de ordens de outros membros da Instituição para a realização das funções que lhe são atribuídas.

Nesse sentido, ensina Hugo Nigro Mazzili (2004, p. 34):

No Ministério Público, o princípio da independência funcional significa que cada membro e cada órgão do Ministério público gozam de independência para exercer suas funções em face dos outros membros e órgãos da mesma instituição. Isso significa que, no exercício da atividade-fim do Ministério Público, cada qual deles pode tomar as decisões últimas colocadas em suas mãos pela constituição Federal e pelas leis, sem se ater a ordens de outros membros ou órgãos da mesma instituição.

Assim, pode exercer suas funções sem sofrer qualquer influência hierarquicamente superior ou de governantes, obedecendo apenas a lei e o seu livre convencimento.

Note-se, porém, que a independência funcional refere-se apenas à atividade-fim da instituição. Ou seja, ao oferecer uma denúncia ou ao recorrer, o membro do Ministério Público não sofre qualquer influência de órgãos superiores.

Todavia, em relação aos atos da atividade-meio, como por exemplo, licenças, férias, imposição de medidas disciplinares, o Parquet deve obediência ao seu superior hierárquico, já que a instituição também é orientada pelo princípio da unidade.

No mesmo sentido, Valter Foleto Santin (2001, p. 199):

A hierarquia é apenas administrativa, não podendo o chefe da instituição determinar como deva agir o membro oficiante, muito menos em qual sentido. A chefia do Procurador-Geral é administrativa, não funcional. [...]

Evidentemente, a autonomia não é absoluta. Os membros do Ministério Público devem acatar as decisões dos órgãos da administração superior (art. 43, XIV, da Lei Federal nº 8.625/1993), de natureza administrativa e não processual. Não se insere no âmbito da independência funcional as decisões de caráter administrativo relativas à revisão de promoção de arquivamento de Inquérito Policial (pelo Procurador-Geral) ou de inquérito civil (pelo Conselho Superior) ou de imposição de sanções disciplinares, pelos órgãos superiores.

Observa-se assim, que a hierarquia no Ministério Público é apenas administrativa, pois os seus membros atuam com total liberdade funcional, devendo respeito apenas às normas constitucionais e infraconstitucionais e sua consciência.

5 A POLÍCIA

De acordo com Julio Fabbrini Mirabete (2008, p. 57), a Polícia é uma instituição de direito público destinada a manter e a recobrar, junto à sociedade e na medida dos recursos de que dispõe, a paz pública ou a segurança individual.

José Frederico Marques (2000, p. 158) diz que a Polícia é função essencial do Estado e dela se serve a administração para limitar o exercício das atividades individuais, com o objetivo de garantir o bem geral e o interesse público.

Assim, nos dias de hoje a expressão Polícia é utilizada para designar a instituição incumbida de manter a ordem e a segurança pública, mediante limitações impostas à atividade individual.

Todavia, nem sempre a palavra Polícia teve o sentido que tem na atualidade. Nos séculos XVIII e XIX era utilizada para designar a administração civil interna de um Estado, relacionava-se ao governo, à administração de uma cidade.

Valter Foleto Santin (2001, p. 49) diz que na noção greco-latina, o vocábulo significava governo civil, organização política, administração e o governo da pólis, cidade ou Estado.

Com o passar do tempo a expressão passou a representar a ação do governo tendente a manter a ordem pública.