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2.3 Em Portugal — Legisla¸c˜ao relevante para a Educa¸c˜ao Especial

2.3.1 Princ´ıpios do Decreto-Lei n 319/91 de 31 de Agosto

O termo Necessidades Educativas Especiais (NEE), vem responder ao princ´ıpio da progressiva democratiza¸c˜ao das sociedades, reflectindo o postulado na filosofia da Integra¸c˜ao/Inclus˜ao, proporcionando uma igualdade de direitos, nomeadamente, no que diz respeito “`a n˜ao discrimina¸c˜ao de direitos por raz˜oes de ra¸ca, religi˜ao, opini˜ao, caracter´ısticas intelectuais e f´ısicas a toda a crian¸ca e adolescente em idade esco- lar”, [15].

A escola deve promover a prepara¸c˜ao, de todas as crian¸cas, incluindo as portado- ras de NEE, para a vida, tornando-as aut´onomas, socialmente ´uteis, integradas na comunidade e felizes.

Este decreto estabelece os princ´ıpios a adoptar com os alunos com necessidades edu- cativas especiais, no princ´ıpio da adaptabilidade da escola `as necessidades do dis- cente, estipulando a possibilidade do uso de equipamentos especiais de compensa¸c˜ao, adapta¸c˜oes materiais e curriculares, condi¸c˜oes especiais de matr´ıcula, de frequˆencia e de avalia¸c˜ao, adequa¸c˜ao na organiza¸c˜ao de turmas ou classes e no recurso ao apoio pedag´ogico acrescido.

A evolu¸c˜ao dos conceitos relacionados com a Educa¸c˜ao Especial, que se tem proces- sado na generalidade dos pa´ıses, as profundas transforma¸c˜oes verificadas no sistema educativo portuguˆes decorrentes da publica¸c˜ao da Lei de Bases do Sistema Educa- tivo, as recomenda¸c˜oes relativas ao acesso dos alunos deficientes ao sistema regular de ensino emanadas de organismos internacionais a que Portugal est´a vinculado e, finalmente, a experiˆencia acumulada durante estes anos levam a considerar os diplomas vigentes ultrapassados e de alcance limitado.

Com efeito, foi considerada no Decreto-Lei 319/91 a evolu¸c˜ao dos conceitos resul- tantes do desenvolvimento das experiˆencias de integra¸c˜ao, havendo a salientar:

• A substitui¸c˜ao da classifica¸c˜ao em diferentes categorias, baseada em decis˜oes de foro m´edico, pelo conceito de alunos com necessidades educativas especiais ´e, baseado em crit´erios pedag´ogicos;

• A crescente responsabiliza¸c˜ao da escola regular pelos problemas dos alunos com deficiˆencia ou com dificuldades de aprendizagem;

• Responsabilizar a Escola pela procura de respostas educativas eficazes;

• A abertura da escola a alunos com necessidades educativas especiais, numa perspectiva de escolas para todos ´e: O mais expl´ıcito reconhecimento do papel dos pais na orienta¸c˜ao educativa dos seus filhos;

• A consagra¸c˜ao, por fim, de um conjunto de medidas cuja aplica¸c˜ao deve ser ponderada de acordo com o princ´ıpio de que a educa¸c˜ao dos alunos com necessi- dades educativas especiais deve processar-se no meio menos restritivo poss´ıvel, pelo que cada uma das medidas s´o deve ser adoptada quando se revele indis- pens´avel para atingir os objectivos educacionais definidos.

N˜ao podemos esquecer que a filosofia de Integra¸c˜ao/Inclus˜ao tem a ver com uma Pol´ıtica Educativa ligada a uma evolu¸c˜ao hist´orica do conceito de Igualdade de Oportunidades de Educa¸c˜ao e que est´a integrada num conceito mais amplo, o de sociedade inclusiva, onde todo o cidad˜ao, ´e cidad˜ao de pleno direito n˜ao pela sua igualdade, mas pela aceita¸c˜ao da sua diferen¸ca, [16].

Entende-se que inclus˜ao e participa¸c˜ao s˜ao essenciais `a dignidade e ao pleno exerc´ıcio dos direitos humanos.

O Decreto-Lei n. 319/91 veio:

• Introduzir o conceito de “necessidades educativas especiais”, baseado em crit´erios pedag´ogicos, propondo a descategoriza¸c˜ao;

• Privilegiar a m´axima integra¸c˜ao do aluno com NEE na Escola regular;

• Responsabilizar a Escola pela procura de respostas educativas eficazes;

• Refor¸car o papel dos pais na educa¸c˜ao dos seus filhos, determinando direitos e deveres que lhes s˜ao conferidos para esse fim.

Para que esta Inclus˜ao aconte¸ca deve formar-se uma equipa multidisciplinar onde todos os elementos colaborem e troquem informa¸c˜ao entre si. Nessa equipa cada um conhece o seu papel e a sua fun¸c˜ao de acordo com a sua ´area de influˆencia. O trabalho deve ter organiza¸c˜ao, planifica¸c˜ao e interven¸c˜ao educativa. Deve ser criada uma metodologia de ensino com estrat´egias e com recurso a materiais e instrumentos necess´arios para atender e dar a todos um ensino de qualidade.

Ainda segundo este Decreto-Lei deve ser assegurado aos alunos com NEE o direito a uma educa¸c˜ao gratuita, igual para todos e de qualidade, estabelecendo a indi- vidualiza¸c˜ao de interven¸c˜oes educativas. Introduzem-se o conceito e a pr´atica dos curr´ıculos adaptados e alternativos, mediante e atrav´es de Programas Educativos Individuais (PEI) e de programas educativos (PE), como processos de diversifica¸c˜ao curricular e acesso ao curr´ıculo, com o objectivo de responder `as necessidades educa- tivas desses alunos. O conceito de meio menos restritivo poss´ıvel (MMRP) ´e tamb´em introduzido com este diploma, significando que a crian¸ca com NEE deve ser educada com a crian¸ca sem NEE e o seu afastamento dos ambientes educacionais regulares

deve ocorrer somente quando a natureza ou a gravidade da problem´atica assim o exigir. Assim, sempre que poss´ıvel, os servi¸cos a prestar devem decorrer nas escolas regulares de ensino.

Nesta perspectiva podemos representar os tipos e as formas dos servi¸cos prestados da seguinte forma:

1. Integra¸c˜ao total e exclusiva na sala de aula, com o professor de apoio; o aluno participa em todas as actividades desenvolvidas dentro da sala de aula rece- bendo apoio directo ou indirecto de um professor de Educa¸c˜ao Especial (PEE) sempre que este o necessita;

2. Integra¸c˜ao total na sala de aula, complementada com apoio espec´ıfico em sala de recursos pr´opria (sala de recursos); o aluno participa em todas as activida- des desenvolvidas dentro da sala de aula, sendo exposto a todas as mat´erias curriculares, tendo uma estimula¸c˜ao de certas ´areas deficit´arias por um PEE na sala de recursos;

3. Integra¸c˜ao total na sala de aula com curr´ıculo adaptado e sem apoio de profes- sor de Educa¸c˜ao Especial; o aluno participa em todas as actividades desenvol- vidas dentro da sala de aula, sendo elaborado pelo PER (Professor do Ensino Regular), um PE (programa educativo) adaptado `as capacidades do aluno;

4. Integra¸c˜ao total na sala de aula com curr´ıculo adaptado, com apoio de pro- fessor de Educa¸c˜ao Especial; o aluno participa em todas as actividades desen- volvidas dentro da sala de aula, sendo elaborado um PE (programa educativo adaptado), pela PEE “que superintende na sua execu¸c˜ao” participando todos os t´ecnicos respons´aveis pela sua execu¸c˜ao. O PE ´e elaborado de acordo com as capacidades do aluno e baseado no curr´ıculo normal;

5. Integra¸c˜ao total na sala de aula com curr´ıculo adaptado, e com alternˆancia entre sala de recursos pr´opria e sala do ensino regular; o aluno participa em todas as actividades desenvolvidas dentro da sala de aula, sendo elaborado um programa educativo adaptado (PE), de acordo com as suas capacidades e as suas ´areas fracas e ´areas fortes, podendo o aluno ser levado para a sala de

recursos, em tempo extra-escolar ou em tempo lectivo, quando for necess´ario estimular o aluno especificamente numa ´area fraca;

6. Integra¸c˜ao parcial em actividades do curr´ıculo normal, mais curr´ıculo alterna- tivo na sala de recursos; o aluno participa em certas actividades dentro da sala de aula, sendo retirado para a sala de recursos onde s˜ao desenvolvidas outras ´areas, por um PEE, no sentido de desenvolver o mais poss´ıvel as capacidades do aluno;

7. Integra¸c˜ao parcial em actividades de ´ındole social, mais curr´ıculo alternativo em sala de apoio permanente (SAP). O aluno s´o participa em actividades de ´ındole social, dentro da sala de aula, nos recreios ou em festas organizadas pela escola, permanecendo a maior parte do tempo na SAP onde ´e desenvolvido um trabalho espec´ıfico, no sentido de desenvolver ao m´aximo as capacidades do aluno.