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2. PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – PNAE

2.3. Principais mudanças da Lei 11.947/09

As diretrizes da Lei 11.947/09, apresentadas em seu Art. 2o, demonstram com clareza o que deve ser priorizado pelo programa, sendo referência para realização da análise neste trabalho.

Art. 2o São diretrizes da alimentação escolar:

I - o emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a melhoria do rendimento escolar, em conformidade com a sua faixa etária e seu estado de saúde, inclusive dos que necessitam de atenção específica; II - a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de ensino e aprendizagem, que perpassa pelo currículo escolar, abordando o tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis de vida, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional;

III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede pública de educação básica;

IV - a participação da comunidade no controle social, no acompanhamento das ações realizadas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios para garantir a oferta da alimentação escolar saudável e adequada;

V - o apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivos para a aquisição de gêneros alimentícios diversificados, produzidos em âmbito local e preferencialmente

FNDE CAE e Outros Conselhos EEx Secretarias e outros órgãos municipais MEC/MDA Instituições de ensino atendidas Grupos informais Entidade Articuladora Cooperativas e associações e ONGs Produtores Familiares Sociedade Civil Ambiente não governamental Ambiente Governamental EMATER, e outras agências de fomento Entidade Articuladora PNAE CECANE Fornecedores

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pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais, priorizando as comunidades tradicionais indígenas e de remanescentes de quilombos;

VI - o direito à alimentação escolar, visando a garantir segurança alimentar e nutricional dos alunos, com acesso de forma igualitária, respeitando as diferenças biológicas entre idades e condições de saúde dos alunos que necessitem de atenção específica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social (BRASIL, 2009).

Como demonstrado pelas diretrizes da Lei 11.947/09, a legislação trouxe várias questões essenciais para o Programa, deixando claro a importância do objetivo fim do PNAE, que é uma alimentação escolar saudável à disposição dos alunos da rede pública de educação. No entanto, também, são apresentados pontos relevantes e que demonstram outros objetivos incluídos ao Programa, como a educação alimentar e nutricional, a participação da comunidade e a agricultura familiar como fornecedora do PNAE. Assim, vale destacar quatro dimensões distintas de atuação que a Lei formaliza e que representam os principais pontos de atuação do programa:

 a alimentação escolar;

 a educação nutricional e alimentar;

 a participação da comunidade e o controle social, e;

 a aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar.

A alimentação escolar é uma dimensão que trata do objetivo fim do Programa, voltada para a aquisição de gêneros alimentícios de qualidade e com os nutrientes necessários para serem servidos aos alunos da rede pública de educação. Nesse contexto, são abordadas: a qualidade dos produtos; a utilização de produtos naturais e produzidos localmente, respeitando os hábitos alimentares locais; a universalização do atendimento do programa a todos os alunos da rede básica, o que inclui também os alunos do ensino médio que não eram atendidos antes de 2009; a equidade do atendimento; entre outros. O objetivo dessa dimensão é a disponibilização de alimentos para a merenda escolar com o intuito de contribuir para o desenvolvimento saudável dos alunos. Essa dimensão é baseada nas diretrizes I, III e VI.

Merece destaque a diretriz III da legislação que trata da universalização da alimentação escolar para todos os alunos da rede básica de educação, incluindo creches, pré- escolas, ensino básico, ensino fundamental e ensino médio, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Como apontado na diretriz II, a educação alimentar e nutricional recebe maior atenção, buscando incluir a segurança alimentar e nutricional como parte importante do aprendizado que os alunos recebem dentro das escolas. Destaca-se a relevância dessa educação, sendo

40 percebido pela sociedade brasileira como necessário apresentar aos alunos a importância da alimentação saudável e natural.

A participação da comunidade, apresentada no inciso IV, já era uma preocupação anterior à Lei, como visto no histórico do PNAE, com a exigência da criação do Conselho de Alimentação Escolar para recebimento dos recursos. A partir da importância de instâncias de participação da sociedade em políticas públicas, a Lei reforça o papel e a atuação do Conselho, como ator no processo de implementação do Programa, bem como o papel da sociedade como agente fiscalizador, e que pode contribuir para o desenvolvimento de programas.

Já a aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar, tratada no inciso V da Lei 11.947/09, se refere ao objetivo de promover a alimentação saudável respeitando os hábitos locais em conjunto com a fortificação do segmento da agricultura familiar. O programa passa a ter fornecedores locais, com produtos naturais e de qualidade, e os agricultores familiares passam a ter um mercado para entregar sua produção, sendo benéfico para ambas as partes.

Sobre a dimensão que discute a agricultura familiar, o Programa passou a ter uma linha de atuação, voltada para o desenvolvimento local e fomento da agricultura familiar, uma vez que a Lei trouxe a obrigatoriedade da aquisição de, no mínimo, 30% dos gêneros alimentícios, destinados à merenda escolar, da agricultura familiar. Com base nisso, o Programa se caracteriza como uma política de segurança nutricional e alimentar, e possui uma clara intenção de fortificar o segmento dos produtores da agricultura familiar através da aquisição de gêneros alimentícios (SANTOS et al., 2012).

Todos esses pontos transformam e modificam a política pública e, consequentemente, sua implementação, podendo ser encontradas dificuldades e desafios no processo, exigindo esforços da gestão do Programa para execução do mesmo.

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