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3.2 – Principais problemas encontrados nos Sistemas de Tratamento de Água

Os principais problemas encontrados nos sistemas de tratamento de água e a abordagem realizada por alguns autores podem ser resumidos no Quadro 1.

Quadro 1 – Principais problemas encontrados nos componentes dos sistemas de tratamento

de água abordados por alguns autores.

Componentes dos SiTAs/

Insumos

Autor Problemas

Manancial

Cordeiro (1999) Devido à degradação, proteção a partir da redução de resíduos no tratamento da água Lara et al. (1999) Importância da conservação

Lei n°. 9.433/ 1997 Política Nacional de Recursos Hídricos CETESB (1976), Bernardo

et al. (2002)

Características da água bruta para escolha da tecnologia de tratamento; ensaios de tratabilidade

Ottoni e Ottoni (1999) Fontes de poluição dos corpos de água e escassez

Produtos Químicos

Masschelein (1992);

Cordeiro (1993) Impurezas residuais Barroso e Cordeiro (2001);

Reali (1999)

Baixa qualidade aumenta sólidos suspensos totais e concentração de metais na água CETESB (1976) Transporte, armazenamento e dosagem Mistura rápida e

Floculação Pádua (1994)

Fatores da mistura rápida e da floculação na eficiência da remoção de turbidez

Decantação e

flotação Bernardo et al. (2002)

Fatores que reduzem o desempenho adequado das unidades de decantação e flotação

Filtração Saneamento Básico (1999) Programa de Pesquisa em

Critérios e atividades para limpeza de filtros (tecnologia de filtração em múltiplas etapas)

Desinfecção Bernardo

1 apud Bernardo et

al. (2002)

Formação de trialometanos e organo- halogenados

Resíduos

NBR 10.004/2004 Classificação como resíduo sólido Lei 9.605/1998 Lei de Crimes Ambientais

Cordeiro (1993) Geração, lançamento e disposição Ferreira Filho e Alem

Sobrinho (1998) Recuperação da água de lavagem de filtros e decantadores Conservação de

Energia PROCEL (2005)

Redução do consumo em sistemas de saneamento

Perdas de Água

Monticeli e Martins (1993) Perdas em ETAs Silva et al. (1999); Silva et

al. (2004) Redução no consumo de água Saneamento e Municípios

(2005)

Capacitação de funcionários para redução no consumo de água

1 BERNARDO, L. Tecnologías de tratamiento de agua con filtración rápida. In: SEMINARIO INTERNACIONAL SOBRE SELECIÓN DE TECNOLOGIA PARA EL MEJORAMIENTO DE LA CALIDAD DEL AGUA, 2000, Santiago de Cali. Anais…Santiago de Cali: Universidad del Valle, 2000.

Segundo Cordeiro (2001), os problemas decorrentes do funcionamento inadequado dos Sistemas de Tratamento de Água podem ser classificados em operacionais e ambientais.

Os problemas operacionais são o desperdício de água na limpeza de decantadores e lavagem dos filtros; perdas de mananciais, em função da falta de legislação e controle de poluição, acarretando na perda de qualidade de água, exigindo maiores concentrações de coagulantes e por conseqüência gerando mais resíduos; perda de qualidade da água tratada em função da ressolubilização de metais, provenientes do coagulante, que podem estar presentes nesta e perda de credibilidade da empresa em função dos serviços de baixa qualidade.

Os problemas ambientais, decorrentes da disposição dos resíduos de estações de tratamento de água, podem ser: a classificação do lodo de acordo com a NBR 10.004/2004 como “resíduo sólido”, e ao ser lançado nos corpos de água infringe a Lei 6.938/1981. Desta forma, os gerentes dos sistemas de tratamento de água devem se mostrar atentos aos processos de produção e disposição destes resíduos, pois com atitudes inadequadas podem ser enquadrados na Lei de Crimes Ambientais (Lei n 9.605/1998) e responderem judicialmente por estas ações.

Nos sistemas de tratamento de água também podem ser encontrados problemas decorrentes de erros de projeto, execução e manutenção dos sistemas.

Além desses problemas, é importante destacar o Plano de Segurança da Água (PSA) ou Water Safety Plans (WSP), que é um documento desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde que identifica e prioriza os riscos à saúde presentes nos sistemas de abastecimento de água, no qual encontra-se os SiTAs, avaliando desde o manancial às redes de distribuição, com o objetivo de garantir a qualidade da água distribuída a população atendida pelos sistemas, bem como melhorias na qualidade do serviço prestado. O PSA também estabelece diretrizes para minimizar ou sanar os riscos encontrados e medidas para verificar a eficiência da gestão dos sistemas (WHO, 2005; WHO, 2006).

De acordo com WHO (2006), o PSA compreende principalmente três ações essenciais que são de responsabilidade dos sistemas de abastecimento de água: sistema de avaliação, operação efetiva de monitoramento e gerenciamento, que objetivam a segurança da água, como pode ser verificado na estrutura encontrada na Figura 2.

Fonte: Adaptado de WHO (2006).

Figura 2 – Estrutura para a segurança da água.

No sistema de tratamento de água os aspectos a serem verificados na gestão de riscos de acordo com o PSA são: gestão da bacia hidrográfica do manancial e monitoramento da qualidade da água bruta, prevenindo a poluição; escolha desse manancial; operação do tratamento e da qualidade da água obtida (VIEIRA e MORAIS, 2005; WHO, 2005).

Os programas de apoio são desenvolvidos para subsidiar o PSA. Esses programas podem ser constituídos por procedimentos padrão de operação e podem abarcar treinamento e competência de funcionários; ferramentas de gerenciamento de pessoas; educação de comunidades nas quais as atividades podem influenciar a qualidade da água; calibração e monitoramento de equipamentos; práticas documentadas de higiene no trabalho; registros; sensibilização das partes interessadas, em todos os níveis, para o fornecimento de água potável.

Esses programas ainda podem ser específicos para controlar o acesso de pessoas às partes componentes dos sistemas de abastecimento; desenvolvimento de protocolos de verificação para uso de produtos químicos e materiais empregados no tratamento da água; emprego de equipamentos adequados apenas para o tratamento da água; treinamento e

Plano de Segurança da Água

Sistema de

Avaliação Gerenciamento e Comunicação

Contexto da saúde pública Monitoramento Vigilância Metas baseadas na garantia da Saúde Pública

programas educacionais para pessoas envolvidas na garantia de qualidade da água. (WHO, 2005).

Para implantação do Plano é fundamental formar uma equipe multidisciplinar de profissionais, envolvendo engenheiros, gestores da captação, especialistas em qualidade da água, ambientalistas ou profissionais da saúde pública, operadores, representantes dos consumidores e também profissionais de outras organizações e universidades (WHO, 2006).

O gerenciamento dos sistemas de abastecimento de água necessita abranger a definição de responsabilidades, documentação de procedimentos e desenvolvimento de plano de formação que proporcione qualificação e competência necessária ao pessoal que atua nesse sistema (IWA, 2004).

As pessoas são elemento fundamental dos sistemas de tratamento de água e como verificado, os principais problemas existentes podem ser principalmente decorrentes das ações errôneas dos funcionários que atuam nos SiTAs, e que influem diretamente na qualidade da água, também devido à ausência de visão sistêmica por parte do gestor e conseqüentemente da deficiência na gestão de pessoas.

Para melhor entendimento define-se gestor como o administrador de uma organização, aquele com conhecimentos sistêmicos das empresas. No caso específico dos sistemas de tratamento de água, é aquele que gerencia os procedimentos, o levantamento de necessidades, implantação de programas, e principalmente funcionários que atuam no sistema, por meio da atuação junto aos gerentes dos setores responsáveis por cada atividade.

Como exposto, o sistema de tratamento de água, apesar de fundamental importância para a qualidade de vida e saúde da população, pode acarretar efeitos diretos na saúde e no meio ambiente, conforme observa-se na Figura 3.

Fonte: Adaptado de Soares, Bernardes e Cordeiro Netto (2002).

Figura 3 – Efeitos diretos na saúde e no meio ambiente, decorrentes da implantação de sistemas de tratamento de água.

Meio Ambiente