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O modelo proposto neste estudo visa a investigação dos movimentos de variáveis de crédito, em especial da carteira da Finep, em relação à choques característicos de momentos de crise, seja no combate à crise, seja em reações de mercado e da economia como um todo. Ou seja, o estudo das funções de reação do mercado de crédito, apresentando uma resposta de como seria o caráter (anti/pró)cíclico da Finep, bancos públicos e privados brasileiros e BNDES.

Atenção especial foi dada às operações de crédito da Finep considerando seu papel no Brasil como um agente público de incentivo à inovação pelas empresas por meio de financiamentos subsidiados. Sendo verificada se há evidências que a Finep aja de maneira cíclica ou não. Paralelamente, como contra factuais foram elaborados os outros modelos com as mesmas variáveis de controle para testar se estes tem a mesma tendência que o modelo Finep.

Ao longo do estudo para a preparação desta dissertação, foram gerados alguns modelos que pudessem explicar o caráter cíclico destes bancos. Diante dos resultados gerados, os modelos abaixo foram os que geraram resultados estatísticos mais convincentes sobre o comportamento das variáveis.

Primeiramente a estacionariedade das séries foi verificada pelo teste de Dickey-Fuller Aumentado (ADF), averiguando a presença de raiz unitária nas séries através do software Eviews. Este teste verifica a hipótese nula de existir uma raiz unitária contra a hipótese alternativa de que a série é estacionária, evitando a modelagem de uma regressão espúria. Todas as variáveis do capítulo anterior apresentaram resultados de estacionariedade. Esta verificação também foi realizada por meio da visualização gráfica (vide gráficos das variáveis em anexo).

Ainda por intermédio do software EViews obtivemos os resultados abaixo pelo método OLS, com a matriz de correção de Newey-West. Cabe esclarecer que para as equações que resultaram em um ou mais coeficientes não significantes, foram geradas outras equações com a retirada destes coeficientes. Esta segunda rodada de geração de modelos apresentou os mesmos resultados no que diz respeito aos sinais para os coeficientes outrora significantes.

Tabela 2

Resumo dos resultados das regressões estimadas

Coeficiente (p-valor)

C X1 X2 X3 X4 X5

Modelo de

Concessão Constante Concessão defasada Tributária Receita Taxa de Juros Recolhimento Compulsório Indicador de Crise Finep (2,60%) 1,1548 0,5788 (0%) (4,91%) -0,0206 (5,30%) -0,8843 (3,71%) -0,0081 (7,30%) 0,35 Bancos públicos 0,666 (0%) 5,90E-06 (98,24%) (1,76%) -0,0207 (1,62%) -0,0268 (1,54%) -0,0115 (0,09%) 0,8041 Bancos públicos * 0,6659 (0%) (1,76%) -0,0207 (1,57%) -0,0268 (1,52%) -0,0115 (0,08%) 0,8042 BNDES 2,3515 (0%) (25,88%) 0,0027 (0,44%) -0,0342 (0,04%) -1,4559 (77,93%) -0,0019 (3,82%) 0,4572 BNDES * 2,3036 (0%) (0,30%) -0,0354 (0,04%) -1,4331 (1,71%) 0,509 Bancos privados 1,4706 (0%) (36,26%) 0,0013 0,0138 (27%) (5,38%) -0,0456 (1,24%) -0,0168 (5,50%) -0,7407 Bancos privados * 1,4697 (0%) (5,31%) -0,0462 (1,31%) -0,0157 (5,58%) -0,7351

Elaboração própria. Fonte: Banco Central do Brasil

* Modelos gerados excluindo-se os coeficientes não significantes dos modelos anteriores

No quadro resultado da modelagem econométrica, temos que os coeficientes foram estatisticamente significantes aos níveis usuais de 1%, 5% e 10%, assim

como alguns coeficientes não significantes para os modelos Bancos públicos, BNDES e Bancos privados.

- Modelo Finep:

Como podemos verificar, a resposta do modelo Finep para variáveis independentes combinadas no período foi satisfatória ao nível de 10% de significância para todos os coeficientes, sendo compatível com a intuição econômica. Vejamos os sinais dos coeficientes:

X1: demandas por financiamentos no mês imediatamente anterior implicam em

aumento das demandas no mês corrente

X2: arrecadações tributárias baixas denotam cenário de crise econômica. A

defasagem serviria como uma medida de sensibilidade dos agentes, que diante de incertezas ou oportunidades, podem reduzir ou aumentar a demanda de crédito. O sinal negativo demonstra que, neste modelo, a Finep tem característica anticíclica.

X3: esta variável está em nível e demonstra que taxas de juros mais altas implicam

numa redução pela demanda de crédito. O sinal negativo demonstra o efeito preço da variável taxa de juros.

X4: apesar da Finep não ser supervisionada pelo BCB, temos argumentos para

entender que mudanças das exigências de recolhimento compulsório influenciam na tomada de crédito pelos clientes da Finep. Ora, como ocorreu no período da crise de 2008 uma redução da exigência, aumentou-se a oferta monetária na economia. Este aumento da liquidez torna os bancos mais competitivos, inclusive a Finep e mais clientes demandam produtos desta empresa. O sinal negativo demonstra que, neste modelo, a Finep tem característica anticíclica.

X5: os indicadores estão defasados, o que é razoável para que os agentes possam

tomar decisões sobre o que fazer em cenários de pouca ou profunda crise. O resultado aparentemente pode ser contra intuitivo, porém diante de outros ajustes que não puderam ser modelados e janelas de oportunidade os empresários podem requerer crédito para seus negócios. O sinal positivo demonstra que, neste modelo, a Finep tem característica anticíclica.

- Modelo Bancos públicos:

Para este modelo, temos que o coeficiente da variável independente defasada não mostrou-se estatisticamente significante. Os demais tiveram seus p-valores enquadrados nos níveis de significância usuais (5%). Como pode ser observado, os sinais dos demais coeficientes são os mesmos do modelo Finep, expressando os mesmos resultados para a primeira diferença do saldo das operações de crédito para empresas do setor privado industrial.

- Modelo BNDES:

Das cinco variáveis de controle, o coeficiente da variável independente defasada e o recolhimento compulsório tiveram seu coeficiente com o p-valor acima de 10%, não sendo estatisticamente significantes. As demais ficaram enquadradas nos níveis de significância usuais (5%). Para este modelo também tivemos o resultado do experimento satisfatório e esperado como um contra factual para o modelo Finep. A direção dos sinais também é mesma, corroborando a hipótese de anticiclicidade principalmente no que diz respeito ao somatório dos indicadores e expressando os mesmos resultados para a primeira diferença do volume crédito - Recursos direcionados.

- Modelo Bancos privados:

Este modelo teve duas variáveis (Y defasado e receita tributária) estatisticamente não significantes. Para as variáveis taxa de juros e recolhimento compulsório os sinais foram os mesmos do modelo anterior, o que naturalmente representaria uma sensibilidade da governança privada num banco. O destaque deste modelo é no tocante ao somatório dos indicadores ter apresentado um sinal negativo. Esse movimento corrobora todo o argumento apresentado ao longo desta dissertação, no sentido de que a fase descendente do ciclo no Brasil se caracterizou pela forte desaceleração das operações dos bancos privados. Isto é, em cenários de

crise (quanto mais alto o valor do somatório dos indicadores), os bancos privados retraem a concessão de crédito.

Diante desses resultados temos que, apesar de alguns coeficientes serem estatisticamente insignificantes para os modelos denotados como contra factuais, a reação para demanda de produtos creditícios vinculados a projetos de inovação reagem de maneira equivalente aos demais produtos de outras instituições públicas.

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