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Principais Tipos de Operação do Mercado Secundário

4 MERCADO DE TÍTULOS PÚBLICOS

4.2 VARIAÇÕES DO MERCADO DE TÍTULOS PÚBLICOS

4.2.3 Principais Tipos de Operação do Mercado Secundário

4.2.3.1 Operações compromissadas por um dia (overnight)

O overnight é uma operação desenvolvida dentro do open market, em que o tomador de moeda vende títulos públicos com a condição de recomprá-los no dia seguinte por uma taxa predeterminada, estabelecendo uma operação compromissada entre as partes. Assim, os bancos utilizam o open market para zerar suas posições diante do Banco Central, comprando ou vendendo títulos de carteira própria, de acordo com a falta ou sobra de reservas bancárias. O Banco, neste caso, poderá estar lucrando ou perdendo com uma operação de venda de títulos públicos de sua carteira, dependendo do valor médio das taxas dos contratos de empréstimos que estão operando lastreados em depósitos de conta corrente.

O Banco Central intervém no overnight, comprando ou vendendo títulos públicos, de modo a ajustar os meios de pagamento ao nível de liquidez do mercado, controlando a volatilidade das taxas de juros diárias no mercado financeiro.

É nas operações de overnight de trocas de reservas bancárias lastreadas em títulos públicos federais que se forma o juro primário da economia – taxa Selic, que serve de referência para todas as demais taxas de juros (FORTUNA, 2002, p.96).

4.2.3.2 Operação de compra e venda compromissada de título

A operação de compra e venda compromissada de títulos públicos é uma operação casada na qual o vendedor assume o compromisso de recomprar os títulos vendidos, da mesma forma que o comprador assume o compromisso de revendê-los em uma data futura. Esta data poderá ser anterior ou igual à do vencimento dos títulos em operação. Esta operação é formada, muitas vezes, no interesse de determinada instituição detentora de títulos públicos em recompor o seu caixa por um determinado período. Os preços ajustados para a compra e para a venda dos títulos públicos variarão de contrato para contrato, dependendo das vantagens que cada uma das partes perceber que terá na mudança de posição como detentora de título público ou de moeda.

4.2.3.3 Operação de compra e venda definitiva de títulos

As operações de compra e venda definitivas de títulos públicos são efetuadas entre instituições financeiras e não-financeiras, quando a propriedade dos títulos é transferida de forma definitiva e incondicional. Esta operação é formada quando as ins-tituições operadoras desejam alterar provisoriamente ou definitivamente o seu portfólio de investimentos, ou quando necessitam fazer caixa para cobrir outras operações de natureza financeira.

4.2.3.4 Operação a termo de compra e venda de títulos públicos

Os contratos a termo são acordos de compra ou venda de um ativo em determinada data futura por preço previamente estabelecido. São acordos particulares entre duas instituições financeiras ou entre uma instituição financeira e um cliente.

Os contratos a termo poderão ser formados entre duas instituições não-financeiras e intermediados por uma instituição financeira.

Uma das partes do contrato a termo assume uma posição comprada e concorda em comprar o ativo numa data especificada por certo preço. A contraparte assume uma posição vendida e concorda em vender o ativo na mesma data pelo mesmo preço.

Um contrato a termo para títulos públicos representa, tanto para o comprador como para o vendedor, uma fixação da remuneração do título que está sendo contratado. Esta operação serve muitas vezes para fazer hedge (proteção) para o pagamento de determinada dívida com taxa de juros variáveis. Por exemplo, se determinado agente econômico tem que efetuar o pagamento de determinado valor financeiro corrigido pela taxa Selic em um momento futuro e não deseja correr o risco de variações exageradas na taxa de juros, pode se proteger fazendo um contrato a termo de compra de um título público corrigido pela taxa Selic. Isto lhe garante que na data de vencimento da dívida possuirá uma quantidade de títulos exatamente igual ao valor de sua dívida por um valor que está sendo fixado hoje.

Neste caso, é necessário que ele tenha na outra ponta do negócio um proprietário de títulos públicos que também queira fixar a taxa de remuneração de seus títulos, por um determinado período, temendo um movimento de baixa na taxa de juro Selic.

Os contratos a termo de compra e venda de títulos públicos são conduzidos por instituições financeiras custodiantes dentro do sistema Selic.

TABELA 15 - VENCIMENTOS MAIS NEGOCIADOS NO MERCADO A TERMO

TÍTULO VENCIMENTO

NOTA: O volume financeiro e a quantidade de operações referem-se às médias diárias no mês.

4.2.3.5 Operação com swaps cambiais

As operações de swap permitem que empresas troquem os riscos derivados de determinados tipos de dívidas corrigidas por taxas flutuantes, por taxas fixas ou por outros gêneros de taxa de juros e de correção de ativos existentes no mercado.

Exemplo disso é uma empresa que tenha dívidas em dólar e queira trocar os riscos da variação cambial pelo risco da variação da taxa Selic.

Esta operação é viabilizada promovendo-se o encontro de dois interesses opostos presentes em dois agentes econômicos. Para que determinada empresa possa trocar o seu risco cambial sobre determinado valor de dívida pelo risco da variação da taxa Selic é necessário encontrar alguém que deseje trilhar o caminho oposto, ou seja, trocar risco de variação da taxa Selic por risco da variação cambial.

Quem faz a corretagem desses interesses opostos, mas que se complementam, são as mesas operadoras de derivativos de instituições financeiras autorizadas a operar nesse mercado. Este tipo de mercado é denominado mercado de balcão, uma vez que o encontro entre compradores e vendedores não se faz em um ambiente de bolsa de valores.

O Banco Central opera com swaps cambiais para oferecer hedge cambial ao mercado e, desse modo, interferir nos movimentos excessivos de variação da taxa de câmbio. Em momentos de movimento ascendente da taxa de câmbio o Banco Central oferece swaps cambiais trocando o risco da variação cambial por risco da variação da taxa Selic, e em momentos de forte declínio da taxa de câmbio faz a operação inversa, ou seja, oferece swaps cambiais trocando o risco de variação da taxa Selic pelo risco da variação cambial.

Os agentes privados interessados nesse tipo de operação são aqueles que estão expostos ao risco cambial, tais como exportadores e importadores de produtos, ou aqueles que possuem crédito ou débito em moeda estrangeira a vencer a curto e médio prazos. Também operam no mercado com swaps cambiais emitidas pelo governo especuladores financeiros que fazem apostas em determinadas hipóteses de variação futura das taxas de câmbio e taxa Selic.

A tabela 16, a seguir, apresenta o volume de operações com swaps cambiais conduzidas pelo Banco Central. Os valores positivos representam swaps colocadas ou resgatadas, em que o Banco Central assume uma posição passiva em câmbio, e os valores negativos representam swaps em que o Banco Central assume posição ativa em câmbio.

TABELA 16 OPERAÇÕES DE SWAP DO BANCO CENTRAL -RESGATES E COLOCAÇÕES - 2002-2005