• Nenhum resultado encontrado

4 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA REGIÃO DE CACHEU

4.1 Principais tipos de uso e degradação dos manguezais no município de

A planície fluviomarinha do rio Cacheu compreende o trecho que se estende de perto da fronteira norte de Guiné-Bissau com o Senegal, a norte de Contuboel, atravessando de Leste para Oeste as regiões de Bafatá e Oio até a sua foz, onde se encontra oestuário no Oceano Atlântico. O rio Cacheu é o mais setentrional de Guiné-Bissau, com comprimento de 257 km da nascente até a foz, chegando a medir até 97 km de largura no litoral. Nela nascem 4 pequenos rios que são: o rio PequenoSão-Domingo, rio Coboiana, rio Churro e rio Caboi. Como mostra Figura 20.

Figura 20 - Localização da planície fluviomarinha do rio Cacheu.

Fonte: Marinha portuguesa (1953).

Durante o período da Guerra Colonial Portuguesa entre 1963 a 1973, o rio Cacheu foi palco de diversas operações militares. Em 2000, grande parte do estuário do rio foi integrada no Parque Natural dos Tarrafes do rio Cacheu (PNTC), abrangendo uma superfície total de 88.615 ha, dos quais 68% apresentam uma cobertura de manguezal que faz parte daquele que é considerado como sendo o maior bloco de manguezal contínuo da África Ocidental (IBAP, 2002).

No baixo curso do rio Cacheu, devido as suas menores declividades, ocorrem processos de deposição sedimentar, caracterizando-o como um rio de planície. No período de seca, ocorre intensa ocupação das margens de Cacheu pelos pequenos agricultores rurais, a jusante do rio Cacheu. Segundo Silva e Conceição (2011), essa preparação das terras envolve

não só a remoção da mata ciliar e vegetação demangues, o que acaba contribuindo para o assoreamento do seu leito e canais secundários.

Os manguezais possibilitam a existência de várias atividades fundamentais tais como agricultura, extrativismo, pesca e aquicultura.Esses ecossistemas também coexistem com atividades portuárias, vários tipos de indústrias e turismo, estão transformando as zonas costeiras em grandes centros econômicos, provocando impactos ecológicos e sócio-culturais na vida das comunidades costeiras no continente africano, sobre tudo em Guiné-Bissau.

A situação atual de degradação dos manguezais nas regiões costeira guineense está associada aos fatores climáticos e as pressões antrópicas, que ameaçam seriamente esse frágil ecossistema, reduzindo a sua capacidade de suporte. Guiné-Bissau é um país tropical onde é abundante os recursos naturais, muitos deles vulneráveis e sujeitos a degradação, perante uma gestão inadequada ou abusiva da diversidade biológica.

Para Ajonina e Kairo (2008),nos últimos anos, os frequentes impactos das tormentas marítimas, as inundações e os desastres naturais registrados nas áreas costeiras evidenciam a crescente vulnerabilidade em grande parte atribuída à pressão humana. Segundo os autoressupracitados, apesar de alguns governos da região terem iniciado várias políticas de conservação da biodiversidade, a proteção dos manguezais ainda é efetivada de forma inadequada. Sendo assim, manter o balanço entre as necessidades das comunidades costeiras locais e os potenciais ecológicos dos ecossistemas de manguezais remanescentes, como a pescaria, deveria causar um renovado interesse nacional e internacional, tanto ecológico quanto econômico para os manguezais africanos através dos esforços coletivos.

Os ecossistemas de manguezais do estuário das zonas protegidas, incluem-se na parte úmida de Guiné-Bissau, de grande importância regional, tanto por sua diversidade biológica, quanto pela sua relevância socioeconômica para as comunidades locais. São ecossistemas que reúnem condições para a reprodução e crescimento de muitas espécies aquáticas, sobretudo peixes, com grande destaque para o camarão (importante recurso financeiro para o país), assim como aavifauna e outras espécies aquáticas e terrestres.

Atualmente a exploração dos manguezais se intensificou muito no país devido ao corte de manguezais para obtenção de lenhas para defumação do pescado, construções e vedação de casas, onde há ainda a exploração de combé (molusco bivalve), ostras, produção de sal, assim como se desenvolve a pesca. Essas práticas provocam a erosão nas terras baixas e consequentemente provocam efeitos secundários aos fatores climáticos e aos processos de assoreamento.

A diminuição do manguezal está relacionada com a conquista de novos espaços para a rizicultura sobre o solo do mangue, construção de estradas que recortam as áreas dos manguezais e a diminuição de chuvas, sobretudo no norte do país, provocando o aumento da salinidade.

A defesa e a conservação dos manguezais tem sido tratada por inúmeros eventos científicos, ONGs e redes internacionais, pois, esse ecossistema vem sendo continuamente alterado por práticas produtivas de diferentes escalas e promotoras de impactos que comprometem a sua sustentabilidade.

Muitas estradas asfaltadas em Guiné-Bissau foram construídas sem estudo prévio dos impactos ambientais. Por exemplo, o limite de estrada Ingoré, São-Domingos e Varela, que no seu percurso aterram vários braços de rios na sua ligação com o rio Cacheu, secando-os e originando várias perdas dos manguezais e de sua fauna. O mesmo fenômeno se repete com a estrada São-Vicente-Antotinha-Ingoré, onde os canais tradicionais de circulação da água entre as duas partes da estrada foram cortados, tendo como consequência a destruição de vasta área de manguezais. A mesma coisa aconteceu em relação a estrada Bissau-Quinhamel e Bissau- Prabis.

A maioria dos recursos naturais distribuem-se de forma bastante ampla por todo o território. No que diz respeito aos recursos marinhos, no entanto, há uma clara concentração das atividades extrativas em setores decretados como áreas de preservação ambiental em Guiné- Bissau.

O setor norte, que tem uma grande área de manguezal, fica situado numa zona importante no âmbito da conservação ambiental. Estes ecossistemas são utilizados por um número elevado das aldeias, cujos habitantes são de diferentes etnias, inclusive estrangeiros, com os seus hábitos e costumes próprios, bem como as formas de exploração diferentes das tradições dos nativos.

Há indícios que a degradação está acelerando rapidamente, tendo como consequência principal, a ameaça ao manguezal no país, sobre tudo nas áreas mais conservadas, tendo como causa o desmatamento para fins agrícolas. Tais práticas vêm sendo intensificadas pelas ações predatórias da população na busca da sobrevivência e a insaciável satisfação de suas necessidades.

5 ÁREAS PROTEGIDAS DE GUINÉ BISSAU: O PARQUE NATURAL DOS

Documentos relacionados