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3 REGIÃO DE CACHEU: PORTO DE PARTIDAS DOS

3.5 Vegetação e Fauna

No município de Cacheu, a gestão da flora é regulamentada pela Lei n° 05/2011 de 22 de fevereiro que aprova a Lei de Florestas e fauna bravia.

Na zona costeira as formações vegetais mais predominantes são os manguezais que ocupam aproximadamente 10% do litoral, associados, sobretudo, as zonas baixas. Nas zonas de planaltos baixos até 20 metros de altitude, encontram-se as palmeiras (Elaeisguineensis) e floresta de galeria (7,1%) e as savanas arbustivas litorâneas (2,3%). Nos setores que possuem altimetria mais elevada a partir de 20 até os 100 metros de altitude encontram-se as florestas

secas e semisecas (26,3%), savanas arbóreas (19,2%), assim como uma pequena porção de florestas subúmidas (5,1%) no sul do país, especificamente na zona de Cantanhez (INEC 2009). Embora com um potencial enorme de recursos biológicos que Guiné-Bissau possui, a pressão é enorme e está cada vez mais presente em larga escala enuma dimensão preocupante. Isto é, se levar em consideração o ritmo de degradação avançada pelos vários autores, por exemplo a FAO, aponta que durante o período compreendido entre 1981 a 1985 houve uma perda de solos de 34.000 ha/ano ocasionado por atividades econômicas. O Censo Agrário de 1997 aponta uma diminuição de 625.000 ha de florestas devido a prática da agricultura itinerante e o aumento das superfícies destinadas à plantação de cajueiros e outras atividades de culturas.

Na região de Cacheu há uma vegetação variada e com forte influência humana em determinados locais, a cobertura vegetal que se encontra nesta zona é constituída por plantações cultivadas pelo ser humano e áreas de pomar, cajueiros, palmeiras e cibes. Existem ainda áreas de mata dispersa e fechada/cerrada, sobretudo nas áreas mais próximas do litoral e junto à baia, encontram-se áreas de manguezais.

As áreas de campos são de extrema importância para economia nacional, mas dada a exploração considerada moderna, baseada na exploração de essências de alto valor comercial para a exportação e o abastecimento do mercado interno e nacional,resulta numa acentuada degradação florestal com consequências imprevisíveis para a conservação da diversidade biológica.O setor agrícola sofre imensamente com certas práticas, nomeadamente: a agricultura itinerante, construção de bolanhas de água salgada (áreas alagadas), abertura das estradas, construção de habitações e práticas de caça.

No que diz respeito a construção de casas (habitação), por exemplo, em 1996, foram explorados 145.090 rachas de “cibes”(Borassus aethiopium) nas diferentes regiões do país, sobretudo na zona costeira, mas com maior incidência nas regiões do Sul (Quínara e Tombali) (PEREIRA, 2002).

Essa prática aumentou nos últimos anos no município de Cacheu, sobretudo, na zona de proteção ambiental ou melhor na zona interior do Parque e seu entorno. O habitat dos Cibes constitui áreas degradadas pela urbanização e pelo uso que as populações fazem para obter materiais de construções de casas, entre outros equipamentos. As Figuras 8 e 9 mostram respectivamente o cibe e rachas de cibe.

Figura 8- Cibe (Borassus aethiopium) no municipio de Cacheu.

Fonte: Correia Junior (2018).

Figura 9 - Rachas de cibes no municipio de Cacheu.

Fonte: Correia Junior(2018).

As rachas extraídas dos cibes são vendidas sem nenhum controle ou fiscalização por órgão competente ou entidade responsável.

Segundo Santos (2004), estudos sobre a fauna, no tocante ao planejamento ambiental, tem a função de indicar a qualidade ambiental do meio, escolher e definir áreas a serem protegidas e especificar seu manejo, sendo importante conhecer a estrutura e diversidade

da comunidade faunística. Deve-se levar em consideração a sua composição, a abundância, a frequência, distribuição, dominância e riqueza de espécies; presença de espécies raras, ameaçadas de extinção, exóticas e migratórias; os endemismos; a integridade e diversidade dos habitats e os tipos e graus de perturbação de modo a permitir um melhor estudo da relação entre a diversidade de ambientes e diversidade de faunas.

A autora supracitada ainda salienta que é importante relacionar a distribuição de espécies indicadoras com a localização das atividades humanas para combater ameaças e conflitos existentes.

A gestão da fauna no município de Cacheu, é regulamentada pela lei n° 05/2011, de 22 de fevereiro, que aprova normas sobre florestas e fauna bravia, pela Lei n° 05/11 que homologou a lei de pescas e pelo decreto n° 31/1994 que aprova o Regulamenta da Lei de florestas e fauna. A Lei nº 5/2011, visa promover a gestão durável dos recursos que integram o domínio floresta, otimizar a sua contribuição para o desenvolvimento socioeconômico e cultural, proteção do ambiente e melhorar a vida do povo. A Lei nº 31/1994, trata da efetivação de um serviço de fiscalização permanente ou ocasional das atividades pesqueiras dentro da zona econômica exclusiva, regulamento da pesca artesanal, e da Comissão de Fiscalização Marítima – FISCMAR à fiscalização da qualidade dos produtos de pesca destinados à exportação e ao domínio da fiscalização dos produtos pesqueiros.

A fauna, de um modo geral, é de ambientes marinho, terrestre e aéreo, porém há um fraco registro e cadastro de espécies animais pelas autoridades regionais, bem como pelas autoridades governamentais por meio dos organismos que se encarregam por este setor. Apesar de sua diversidade faunística há uma ameaça enorme sobre fauna local e em toda a região, particularmente em Cacheu, Cantchungo, Pulundo, Calequisse, Caio, Bará Tchur Brique, entre outras aldeias nos aredores de Cacheu. Constata-se a caça clandestina à algumas espécies, destacando-se gazelas – pintada (Tragelaphus scriptus) e de “lala” (Kobus kob), as cabras-de- mato (Silvicapra grimnia, Cephalophus dorsalis.), galinha do mato (Numida melcagris), macacos e muitas outras especíes que se encontram em ameaçadas de extinção.

Com base nos resultados do trabalho de campo, a fauna registrada atinge mais de 35 espécies, com destaque para o macaco cinzento, macaco vermelho, gazela de lala, lebre, onça, saninho terrestre, várias espécies de hiena e morcego.

Nos manguezais a fauna é dominada por caranguejos, cacres (bivalves) e camarões. Nas lagoas encontram-se, lagartos, rãs, pequena diversidade de espécies mais com número maior de peixes de água doce como, por exemplo, a tilápia. Ainda registra-se a ocorrência de aves migratórias, onde se destacam aves limicolas, flamingos, provenientes da Europa e Ásia

que vem passar o inverno quando as condições climáticas são favoráveis neste continente. Salienta-se que existe uma grande variedade de espécies de animais, que não estão registrados em cadastro pelas entidades responsáveis. Também existem espécies consideráveis de animais domésticos, tais como, ovelhas, suínos, galinha do mato, patos, galinhas, cães, gatos, bois, cabritos dentre outros.

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