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CAPÍTULO 1 Revisão bibliográfica

1.4 Probióticos

O termo probiótico é uma palavra relativamente nova que

significa ―para a vida‖. De acordo com a FAO/WHO (2006) probióticos

são definidos como micro-organismos vivos que quando ingeridos em

quantidades apropriadas conferem benefícios à saúde do hospedeiro.

Dessa forma, os alimentos que contêm esses micro-organismos se

enquadram na categoria de alimento funcional (SAAD et al., 2013).

De acordo com Correia, Liboredo e Consoli (2012) os principais

efeitos benéficos atribuídos aos probióticos estão relacionados com o

aumento da mobilidade intestinal, o que evita o crescimento excessivo

de bactérias (modulação da microbiota intestinal), com a melhoria das

funções da barreira intestinal e com a modulação da resposta imune.

Dentre os benefícios relatados na literatura se destacam a proteção

contra patógenos, redução dos níveis de colesterol e pressão arterial,

atividade anticarcinogênica, melhoria na absorção de nutrientes, redução

da intolerância a lactose, alívio da constipação, entre outros

(RANADHEERA; BAINES; ADAMS, 2010; TRIPATHI; GIRI, 2014).

Contudo, é importante salientar que os efeitos benéficos atribuídos aos

probióticos são específicos de cada cepa, ou seja, não existe uma cepa

capaz de proporcionar simultaneamente todos os benefícios

mencionados (WEICHSELBAUM, 2009; MAKINEN et al., 2012;

JUNGERSEN et al., 2014).

A seleção de um micro-organismo para ser empregado como

probiótico é baseada em critérios específicos. Um importante critério é

que deve ser de origem humana, uma vez que normalmente os produtos

são destinados ao consumo humano e visto que estes micro-organismos

adaptam-se melhor em ambiente semelhante ao qual foram isolados.

Ademais, o micro-organismo probiótico deve ser seguro para a saúde

(reconhecido como GRAS - Generally Recognized as Safe); deve

sobreviver à passagem pelo trato gastrointestinal, ou seja, deve ser

resistente a baixos valores de pH e também à ação de enzimas

hidrolíticas; e deve ser capaz de aderir à mucosa intestinal e de inibir a

fixação de bactérias patogênicas (PLESSAS et al., 2012).

A maioria dos probióticos são bactérias pertence aos gêneros

Lactobacillus

ou

Bifidobacterium

(RIVERA-ESPINOZA;

GALLARDO-NAVARRO, 2010; SAAD et al., 2013). Os micro-

organismos pertencentes ao gênero Bifidobacterium são bastonetes

gram-positivos não formadores de esporos, sem motilidade e anaeróbios

estritos. Possuem morfologia variada, podendo ser uniforme ou

bifurcada em forma de Y ou V (RUSSELL et al., 2010; PRASANNA;

GRANDISON; CHARALAMPOPOULOS, 2014). Embora o gênero

Bifidobacterium seja considerado estritamente anaeróbio, existem

algumas cepas capazes de sobreviver em presença de oxigênio. No

entanto, o grau de tolerância ao oxigênio depende da espécie da

bifidobactéria e do meio de cultura, assim como da morfologia celular

(PRASANNA; GRANDISON; CHARALAMPOPOULOS, 2014). O pH

ótimo para o crescimento de Bifidobacterium varia entre 6,0 e 7,0, não

apresentando praticamente nenhum crescimento em pHs abaixo de 4,5 e

acima de 8,5. A temperatura ótima para crescimento está entre 37 e 41

ºC, sendo que as temperaturas mínimas e máximas estão entre 25 e 28

ºC e 43 e 45 ºC, respectivamente (SHAH, 2007; RIVERA-ESPINOZA;

GALLARDO-NAVARRO, 2010). Algumas das espécies deste gênero

empregadas como micro-organismos probióticos são Bifidobacterium

adolescentis,

Bifidobacterium

animalis,

Bifidobacterium

breve,

longum, Bifidobacterium bifidum, Bifidobacterium thermophilus, entre

outras (SAAD et al., 2013).

A cepa Bifidobacterium BB-12

®

, pertence à coleção de culturas

lácteas da empresa Chr. Hansen e foi selecionada especialmente para a

aplicação em produtos lácteos probióticos, uma vez que apresenta alta

tolerância ao oxigênio, boa estabilidade e tolerância ao ácido e bile,

além de não afetar negativamente o sabor e a aparência do alimento. Na

época em que foi isolada, em 1983, foi considerada como pertencente à

espécie Bifidobacterium bifidum. Através de técnicas de classificação

mais

modernas

ela

foi

reclassificada,

primeiramente

como

Bifidobacterium animalis, e depois como uma nova espécie,

Bifidobacterium lactis. Contudo, mais tarde foi demonstrado que a

classificação B. lactis não atendia completamente aos critérios da

espécie e, assim, a nomenclatura foi incluída como uma subespécie.

Portanto, atualmente, a cepa Bifidobacterium BB-12

®

é classificada

como Bifidobacterium animalis subsp. lactis (JUNGERSEN et al.,

2014).

Para que os efeitos benéficos sejam alcançados os micro-

organismos probióticos devem estar presentes em quantidades

apropriadas no alimento e serem ingeridos diariamente (KOMATSU;

BURITI; SAAD, 2008). Assim, a ingestão diária mínima recomendada

deve estar situada entre 10

8

e 10

9

células viáveis, o que pode ser

alcançado com o consumo diário de pelo menos 100 g de um produto

contendo entre 10

6

– 10

7

células viáveis por grama (BOYLSTON et al.,

2004). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) estabelece que a quantidade mínima viável para os

probióticos na recomendação diária do produto pronto para o consumo

deve estar situada na faixa de 10

8

a 10

9

unidades formadoras de colônia

(UFC) e que esta quantidade deve estar declarada no rótulo do alimento.

Valores menores podem ser aceitos, desde que a empresa comprove a

eficácia através de laudo da quantidade mínima viável do micro-

organismo até o final do prazo de validade e teste de resistência da

cultura utilizada à acidez gástrica e aos sais biliares (BRASIL, 2015).

Probióticos têm sido tradicionalmente empregados em produtos

de origem láctea, como iogurtes (NG; YEUNG; TONG, 2011; BEDANI

et al., 2013), diversos tipos de queijos (RODRÍGUES-HUEZO et al.

2014; VERRUCK et al. 2015), sorvetes (PINTO et al., 2012;

BEZERRA et al., 2015) e outras sobremesas (ARAGON-ALEGRO et

al., 2007; BURITI; CASTRO; SAAD, 2010). Contudo, o maior desafio

na produção de alimentos probióticos encontra-se na manutenção da

viabilidade destes micro-organismos, uma vez que sua sobrevivência

está relacionada com uma série de fatores, como pH, exposição ao

oxigênio durante o processamento e embalagem, incompatibilidade com

as bactérias de culturas iniciadoras, e também tempo e temperatura de

estocagem (SHAH, 2007; de VOS et al., 2010). Além disso, depois de

ingeridos os probióticos ainda precisam sobreviver às condições

adversas durante sua passagem pelo trato gastrointestinal para que sejam

capazes de influenciar a composição da microbiota do intestino

(WEICHSELBAUM, 2009). Dessa forma, visando manter a viabilidade

de probióticos durante o processamento, armazenamento e passagem do

alimento pelo trato gastrointestinal métodos como microencapsulação

têm sido amplamente estudados (FRITZEN-FREIRE et al., 2013b;

GEBARA et al., 2013, RAJAM; ANANDHARAMAKRISHNAN,

2014; RIBEIRO et al. 2014).

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