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PROBLEMA 4º PERÍODO 5º PERÍODO 6º PERÍODO 7º PERIODO 8º PERÍODO

Cárie Dentária Odontologia Restauradora I 255 horas Od. Restauradora II 150 horas

Od. Restauradora III 180 horas Odontologia Restauradora IV 120 horas Odontologia Restauradora V 105 horas Doença Periodontal Periodontia 180 horas Lesões tumorais neoplásicas e não neoplásicas Patologia Clínica Odontológica II (Estomatologia) 135 horas Cárie dentária e más oclusões na infância Odontopediatria 150 horas Todos os Problemas Patologia e Clínica I 255 horas Clínica Integrada I 120 horas Clínica Integrada II 150 horas

Clínica Integrada III 135 horas E. P. B. I 30 horas Cult. Religiosa II 45 horas Clínica Integrada IV 180 horas Odontologia Social e Preventiva 90 horas E. P. B. II 30 horas Tabela 18: Disciplinas do Ciclo Profissional do Curso de Odontologia

Fonte: Mendes & Marcos (1985, p. 36)

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Periodonto: conjunto formado pelo osso em que está implantado um dente, formação ligamentar disposta em torno dele e cemento; cemento: camada de tecido ósseo que recobre a raiz dentária.

A avaliação feita, a partir dos levantamentos realizados junto aos clínicos, permitiu definir a função dos procedimentos e o que era necessário para a sua realização, bem como o conteúdo teórico a ser trabalhado, através do qual foram montadas as disciplinas do currículo. Um dos entrevistados afirmou que a montagem do currículo foi um “trabalho braçal”, tipo

crochet, construído ponto a ponto. 40

Das trezentas tarefas listadas, foram destacadas cerca de cento e sessenta que permitiram estabelecer o perfil psicomotor do Clínico Geral, que se pretendia formar, na graduação em Odontologia. O conteúdo das macrodisciplinas foi organizado de acordo com os critérios de complexidade das tarefas e o histórico das doenças. As tarefas e os conteúdos mais elaborados seriam deixados para a formação de especialistas em Cursos de Pós-graduação.41 As demais tarefas foram separadas em subconjuntos, que estruturaram a formação de profissionais de nível médio e auxiliar, oferecida pelo próprio Departamento, e que se definiam na formação do atendente de consultório dentário e técnico em prótese dentária. Essa metodologia de construção e de oferta de formação em diferentes níveis possibilitou ao Departamento vivenciar uma das primeiras experiências brasileiras de formação multiprofissional.

A busca de uma prática odontológica que permitisse, através da padronização, da diminuição de passos e da eliminação do supérfluo, tornar mais simples e mais barato o atendimento odontológico, sem alterar a sua qualidade, fez com que se adotasse o mesmo princípio de racionalidade para dimensionar o planejamento do espaço físico do Departamento que se instalou numa área total de 2000m2, enquanto que as demais instituições estavam sediadas em áreas compreendidas entre 5000m2 e 15000m2.42 Nessa área foi instaurada a primeira clínica de atendimento à comunidade interna, englobando professores, funcionários e seus dependentes, sendo que esse atendimento foi viabilizado através de convênio com o

40 Comparando o Projeto Original, os escritos sobre o Curso até 1982 e os estudos a partir de 1995, encontramos

uma certa discrepância em relação a ordem das etapas da montagem curricular do Curso bem como à terminologia utilizada. Não consideramos, entretanto, tratar-se de uma simples inversão de ordem, em uma ou outra fonte de pesquisa, mas sim de uma adequação de conceitos e linguagem entre o que foi compreendido na época e o que as mesmas pessoas relatam sobre a época. Exemplificando, observamos as seguintes transformações: “tarefas” em “procedimentos”, “problema” em “projeto-problema”, “projeto” em “macro-disciplina” e “integração” é muitas vezes substituída por “articulação”.

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Entretanto a pós-graduação não era preocupação que merecesse, naquele momento, atenção especial dos criadores do curso.

42 Dados retirados de Modelo... (1982). Nesse texto há dados que mostram que o custo aluno/ano do Curso

proposto, considerando -se apenas as atividades de ensino do ciclo profissional, era cerca de 30% inferior ao das escolas federais.

Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, INAMPS. Segundo vários entrevistados:

“O primeiro convênio de uma escola de Odontologia no Brasil com o setor público para a prestação de serviços foi na PUC Minas.” (Professor 2)

“... eu me lembro lá em Campinas, num encontro, tinha muita gente da América Latina, EUA e nós apresentamos o nosso trabalho. Teve gente que saiu assoviando dizendo que isso [assinar um convênio com a Previdência Social] era prostituição, diziam que a Previdência Social era sinônimo de péssima qualidade.” (Professor 3)

“Uma das experiências mais exitosas do ponto de vista da formação do aluno daqui foi a da antiga clínica do INAMPS.” (Professor 8)

Embora o Projeto Original não fizesse menção explícita ao atendimento coletivo, nem tampouco à Odontologia Simplificada, pressupunha “... o ensino de técnicas simplificadas e de métodos de produção acelerados que incrementarão a produtividade dos profissionais.” (Projeto... 1974, p. 36) e a experiência do Departamento acaba sendo uma das pioneiras, no Brasil, na utilização de ambientes racionais e coletivos de trabalho odontológico. Os recursos financeiros recebidos da fundação Kellogg possibilitaram, entre outros itens, o desenvolvimento de um modelo de equipamento simplificado, o “equipo do Departamento”, contribuindo também na instalação das clínicas intra e extramuros. Todas as edificações tiveram como pressuposto a mesma concepção de racionalização de recursos, que alicerçava a nova visão de prática odontológica, que introduziu os Programas de Extensão de Cobertura.

“Foi o primeiro lugar que tentou desenvolver a simplificação até dentro da clínica de ensino, a eliminação de etapas para o aprendizado do aluno, a gente ia direto para a boca do paciente, sem passar pelo ‘modelo’, nenhuma escola do Brasil tinha ainda tido a coragem de eliminar o ‘modelo’. (Professor 6)

O atendimento odontológico das comunidades locais pelos alunos da graduação em Odontologia, supervisionados pelos professores, possibilitaria contemplar a atividade de Extensão, não apenas como uma ação extramuro, apêndice da atividade universitária. O Projeto Original previa apenas uma disciplina, no último período, Clínica Integral, com

atividade extramuro em cinco “clínicas satélites” mas, no terceiro ano após a implantação da primeira clínica extramuro, que levou o nome de José Fernandes de Araújo, em homenagem ao pai de Dom Serafim, dentista-prático, a atividade de extensão passa a ser reconhecida como sendo a própria essência da atividade de ensino. Assim, a prática extramuros, num movimento de fora para dentro, começa a influenciar o ensino intramuros, num movimento inverso da extensão tradicional, pois percebera-se não existir ensino fora das condições reais em que a prática profissional efetivamente acontece. Com a integração do ensino extramural para além da extensão tradicional conseguia-se não apenas romper os muros da Universidade que impede a contaminação do saber oficial pela gritante realidade social, como também permitia inserir-se na realidade social periférica, para além da Av. do Contorno, o cordão sanitário projetado para a Cidade.

O ensino passa a ser ministrado, em parte fora dos limites da Universidade, em diferentes locais sociais como: o espaço urbano integrado, o espaço urbano periférico, o espaço rural concentrado e disperso e outros espaços institucionais como o espaço ambulatorial geral, ambulatorial especializado e hospitalar. Dentro desse programa de Odontologia com a comunidade, viabilizado através de convênios de prestação de serviços, o aluno cumpria cerca de 30% da carga horária do Curso, do quarto ao oitavo período, nas Clínicas relacionadas na tabela 19, a seguir:

Localização Nome da

Clínica Bairro – Região de BH Cidade – Região de MG

Equipos Convênio

Disciplina

Responsável Público Alvo

Gil Mendes Dom Cabral Oeste 15 INAMPS Clínica Integrada II Conveniados José Fernandes

de Araújo

Alto dos

Pinheiros Oeste 8 SES-MG Clínica Integrada III

Escolares – Centro Educacional “Cândida Cabral” São Geraldo São Geraldo Leste 6

Paróquia Associação de Moradores Odontologia Preventiva e Social Moradores do bairro Salviano Gonçalves Ribeiro

Renascença Leste 10 Paróquia de Santo Afonso

Odontopediatria Clínica Integrada IV

Crianças e adultos

Venda Nova Venda Nova Norte 6

Secretaria de Saúde e Bem-Estar

da Prefeitura Municipal de BH

Patologia

Clínica Odontológica I Adultos

Helena Guerra Contagem Grande BH Vetor Oeste

6

móveis SES-MG

Pesquisa “Novo modelo de atenção odontológica ao escolar”

Localização Nome da

Clínica Bairro – Região de BH Cidade – Região de MG

Equipos Convênio

Disciplina

Responsável Público Alvo

Dra. Eva de

Castro Heival Paraíso Leste 10 Paróquia

Propedeutica Clínica II Clínica Integrada I

Adultos da região Campus

Avançado Araçuaí Norte de MG 6

SEPLAN CODEVALE Curso de Especialização em. Odontontologia. Social Comunidades periféricas

Móvel Araçuaí Norte de MG 6

móveis

SEPLAM CODEVALE

Curso de Esp. Odont.

Social Escolares

Tabela 19: Clínicas extra-muros, instaladas entre 1977 e 1982. SEPLAN = Secretaria de Planejamento do Estado de Minas Gerais. CODEVALE = Comissão de desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha.

Com a instauração das clínicas periféricas, surgiu a questão da pesquisa, não prevista no Projeto Original, pois se partia do pressuposto de que pratica-la exigiria laboratórios especiais, equipamentos sofisticados, além de dedicação exclusiva, requisitos esses completamente fora das possibilidades da Universidade e, mais especificamente, do Curso pretendido. Nas clínicas intra e extramuros, a questão da pesquisa foi recolocada e a prestação de serviço passou a ser utilizada como instrumento de ensino, como objeto de estudo, para elaboração de modelos reprodutíveis, praticada nos locais onde se situava a população necessitada. Isso exigia uma reorientação na concepção do pesquisador e do “lócus” da pesquisa.43 Entre as pesquisas desenvolvidas pelo Departamento, nessa época, destacamos:

• Prevenção do câncer bucal;

• Substituição do ouro e cimentos intermediários;

• Equipos odontológicos, resultando na criação de quatro gerações de equipos simplificados;

• Padronização de material e Instrumental odontológico, simplificando todas as técnicas de ensino;

Simplificação de espaço físico, viabilizando layouts de um a oito unidades de atendimento simultâneo44;

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Não se tratava de negar a pesquisa de excelência mas de reconhecer a possibilidade da aplicação do método científico ao trabalho rotineiro, ampliando o limite do espaço de produção de conhecimentos, desenvolvido por diferentes atores, tais como, professores, alunos, pais de alunos e funcionários.

44 O trabalho mais completo sobre esses sistemas simplificados e os sistemas de trabalho encontra -se em Ferreira

(1985), uma publicação de divulgação restrita, da própria PUC, que consiste em uma sistematização das plantas estudadas. O autor indica na bibliografia várias publicações sobre o tema na América Latina e Estados Unidos, com destaque especial para dois eventos: um seminário, realizado em Washington - EUA, em 1979 sobre

• Prótese simplificada, produzindo dentaduras e pontes fixas de acrílico termo-polimerizável;

• Simplificação de sistemas de trabalho odontológicos como sistema de água, de eletricidade, de ar comprimido e de esgoto45;

• Sistema de instalação externa, permitindo a mobilidade do módulo de atendimento.

Apresentamos nas fotos seguintes, exemplos de clínicas móveis, em que a simplificação aparece em vários dos aspectos relatados nas pesquisas do Departamento.

Foto 7: Clínica móvel, utilizando equipamentos simplificados. (“Helena Guerra”).

Ergonometria e Odontologia, incentivado pela OMS e OPS, em que ficou evidenciada a necessidade de ambientes coletivos destinados ao atendimento odontológicos e a I Conferéncia de Facultades y Escuelas de Odontologia de América Latina, realizada em Santo Domingo - México, em 1980. Renato César Ferreira formou-se na primeira turma, em 1978 e leciona até hoje no Curso. Exemplos de plantas desses sistemas simplificados, para três, quatro, seis e oito equipamentos, encontram-se esquematizados no apêndice 5.

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Foto 8: Clínica móvel de odontologia integral ( “Helena Guerra”).

As fotos 7 e 8 mostram os equipamentos simplificados utilizados na clínica Helena Guerra, em Contagem, em duas versões. Observa-se além da utilização de colchonete sobre carteiras unidas para acomodação dos pacientes, a utilização de baldes e bacias na primeira montagem e o uso de faróis de “Brasília”, na iluminação da segunda.

Foto 9: Exemplo de clínica móvel de Odontologia Integral (Grupo Escolar Leopoldo Pereira – Araçuaí – MG).

Na foto 10 é possível observar que uma sala de aula foi transformada em clínica de atendimento odontológico. Destacamos, nas três fotos anteriores, a mobilidade dos módulos de atendimento em que foram utilizados sistemas hidráulicos externos.

Essas pesquisas foram financiadas pela fundação Kellogg, pela Financiadora de Estudos e Projetos, FINEP, pela Secretaria de Estado da Saúde e pela própria PUC Minas e, algumas delas, foram desenvolvidas em conjunto com a Fundação Mariana Resende Costa, que chegou a patentear e comercializar os equipos produzidos. Esses experimentos e seus resultados tornaram o Curso conhecido no Brasil e na América Latina e se consubstanciaram no estabelecimento de vários convênios de prestação de serviço e treinamento46 bem como na visita de professores e representantes de diversas universidades e entidades brasileiras e latino-americanas.47

“Ela [a Odontologia praticada pelo Departamento] passou a ser referência na América Latina para pessoas que queriam conhecer o nosso Modelo para aplicar na Colômbia, Venezuela ... As pessoas vinham aqui ver esse Modelo que se propunha com um custo operacional relativamente baixo, atender o maior número de pessoas, aumentando a produtividade, simplificando os equipamentos e as tarefas.” (Professor 5)

O depoimento do Diretor da Faculdade de Odontologia da PUC de Campinas nos permite verificar o “efeito-demonstração”, que exerceu este Curso:

“Essa Escola, desde a sua fundação, em 1974, tem sido um modelo para as demais Faculdades de Odontologia do Brasil, inclusive para a nossa PUC de Campinas. Nós começamos esse processo de transformação, inspirados na experiência de vocês... ” (Takito, 1986)

Além desse prestígio profissional conquistado e da falta de profissionais verificada nos anos 60, a odontologia começa a atrair as camadas médias e altas da sociedade em busca de ascensão, aumentando enormemente a relação candidato/vaga aos vestibulares dos anos 70. O

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Uma lista de convênios firmados pelo Departamento, ainda que incompleta em função da falta de documentação, é apresentada no apêndice 6. Destacamos no setor público, no início dos anos 80, o convênio, envolvendo a prestação de serviço e a formação de pessoal auxiliar, firmado com a Prefeitura de Belo Horizonte, que desenvolveu um programa de Odontologia Simplificada, baseado nas experiências da PUC Minas e da Universidade de Brasília.

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Entre elas destacamos a Associação Brasileira de Ensino Odontológico, ABENO, Associação Latino Americana de Faculdades de Odontologia, ALAFO e Organização Panamericana de Saúde, OPS.

curso da PUC Minas acompanhou essa tendência, que aliada ao sucesso do Curso, fez com que a relação candidato/vaga, passasse de vinte em 1974, para trinta em 1977 e para quase quarenta, em 1980. Além disso, no início dos anos 80, o Departamento ofereceu, com sucesso, os Cursos de Especialização em Odontologia Social e Clínica Integrada e, insistindo na formação multiprofissional, ofertou Curso de extensão intitulado “Colaboradores em Prótese Odontológica”. Também, em evento promovido pela própria PUC, em 1981, com participação estadual e nacional, o Departamento ofereceu seis cursos de extensão, com quatrocentos e dez matriculados.

Embora o Projeto Original do Departamento não fizesse menção à Odontologia Simplificada, essa denominação passa a ser utilizada, no âmbito do Curso, por volta de 1978, quando começaram a ser introduzidos elementos significativos de simplificação nos atendimentos, resultantes de um trabalho árduo, do próprio Departamento, de experimentação e pesquisa. A primeira idéia de simplificação de equipamentos foi proposta, segundo um dos entrevistados, por um habilidoso funcionário, que ao analisar equipamentos expostos em uma feira montada na própria Escola, teria se disposto a construí-los de forma artesanal. Exatamente nessa época estava em andamento a montagem da clínica São Geraldo, numa igreja antiga do bairro de mesmo nome.48

“Na verdade os equipamentos não eram completos, mas foi feito pela própria Universidade, com refletor de Brasília, motor de enceradeira, o braço foi comprado pronto ... e já nessa época o Eugênio tinha conhecimento da Conferência de Alma-Ata, ele trabalhou muito na Secretaria de Saúde de Montes Claros com essa idéia da Medicina Comunitária, tanto é que essa idéia já existia quando ele pensou em montar a São Geraldo nessa perspectiva de trabalho comunitário, fazendo com que o muro da Universidade não ficasse só aqui.” (Professor 8)

Esse tipo de equipamento acabou sendo um dos pontos mais polêmicos do Projeto Alternativo, destacado inclusive por aqueles que o apoiavam:

“... a primeira vez que eu vi um equipamento simplificado, que foi um dos marcos do Projeto, aquilo me assustou ... Como é que você vai

48 Martins (1993), em sua dissertação intitulada “Saúde bucal, uma necessidade socialmente construída: um

estudo da experiência da clínica odontológica São Geraldo” mostra, entre outros aspectos, a importância dessa clínica comunitária na incorporação dos cuidados com a saúde bucal.

praticar uma odontologia num equipamento desse aqui? Mas logo que eu me formei eu passei a ser professor e fui muito rapidamente comprando a idéia, porque era uma idéia muito sedutora naquele momento, que juntava tudo o que eu acreditava politicamente com a perspectiva profissional.” (Professor 4)

No final dos anos 70, pode-se afirmar que o Departamento estava em plena prática da Odontologia Simplificada, utilizando o atendimento coletivo, a padronização, a diminuição de passos e a eliminação do supérfluo. Conseguia-se, fruto da pesquisa interna, obter um atendimento menos oneroso, viabilizando Programas de Extensão de Cobertura. Um Convênio assinado pelo Departamento com o INAMPS, em 1979, permitiu ao Departamento, além do repasse de verbas, pelos serviços prestados pelas clínicas São Geraldo e Cândida Cabral, o seu engajamento na política Nacional de Saúde. No início dos anos 80 as clínicas foram reformuladas e os equipamentos artesanais foram sendo substituídos por equipamentos, ainda que simplificados, de melhor qualidade. As fotos de 10 a 12, exemplificam clínicas extramuros com essa nova geração de equipamentos.

Foto 11: Exemplo de clínica extra-muros (“Eva Castro Herval”)

Foto 12: Exemplo de clínica extra-muros, em forma de roseta (“Renascença”).

Nas fotos 10 e 11 é possível observar o trabalho a quatro mãos, com a utilização de mão de obra técnico-auxiliar e na foto 12 destacamos o layout de roseta para oito equipamentos do qual voltaremos a tratar no próximo capítulo.

A experiência do Departamento foi destacada na imprensa nacional, especialmente em 1981, por ocasião do VI Congresso Brasileiro de Odontologia, realizado em São Paulo e do lançamento, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, da Campanha da

Fraternidade de 1981, intitulada “Saúde para todos”. Nessa campanha a CNBB defende a medicina preventiva e a medicina alternativa, como solução para universalização do atendimento médico. A Odontologia também se insere no escopo da Campanha da Fraternidade, propondo soluções alternativas como a da PUC Minas, entre outras. 49

Conforme mencionamos, desde a Conferência de Medellín, em 1968, os rumos da Igreja Católica na América Latina, encontravam-se consolidados em favor dos desvalidos, o que se reforçaria ainda mais na III Conferência Geral do Episcopado Latino Americano, realizada em 1979, em Puebla de Los Angeles, no México, que teve como tema central “Evangelização no presente e no futuro da América Latina”. Na Conferência de Puebla, “a opção preferencial pelos pobres” confirmou-se numa perspectiva muito mais abrangente do que o caráter tradicional caritativo-assistencialista, chocando os setores conservadores da Igreja.50 Libânio e Antoniazzi (1993) nos mostram que nos anos 80 era possível distinguir no Brasil, um modelo de Igreja libertador ou latino-americano, inspirado nas conferências de Medellín e Puebla. Na leitura do Documento de Puebla, a partir da opção preferencial dos pobres, Santos explica o significado dado à opção desse modelo de Igreja:

“O documento usa o termo ‘pobre’, no sentido bíblico, isto é, do oprimido, do explorado... Não designa apenas o indivíduo, mas a classe social explorada, a raça marginalizada, o grupo oprimido... ‘Opção’ no sentido de decisão, tomada de partido... Trata-se de uma decisão

política (pois os pobres são fruto de uma estrutura sócio-política

opressora), ética (é um imperativo moral) e evangélica (pois foi essa a opção de Jesus). Finalmente, ‘preferencial’, isto é, a partir do lugar social dos pobres, a partir de baixo, a Igreja procura evangelizar a todos.

49 Influenciada por campanhas de coletas realizadas, em vários países da Europa, durante as quaresmas do início

da década de 60, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, lança a partir de 1964, um projeto anual denominado “Campanha da Fraternidade”, que passou a receber o apoio formal do Papa, a partir de 1970. Os temas da campanha acompanham as tendências progressista e conservadora da Igreja Católica. Até 1972, os temas limitavam-se aos aspectos internos da Igreja, mas a partir de 1973, voltam-se para a realidade social do

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